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RUAS DE FOGO (1984) - FILM REVIEW

 
Ruas de fogo.

Texto: M.V.Pacheco

Revisão: Thais A.F. Melo


Tesão define Ruas de Fogo. A trilha sonora, embalada por um Ry Cooder inspiradíssimo, nos joga na história, que é uma mistura de nostalgia com tristeza. A nostalgia é óbvia, e se dá por ser um filme dos anos 80. A tristeza vai por conta da constatação de que o tempo passou e para o elenco, em sua maioria, para pior. Só a atriz Diane Lane continua deslumbrante e talentosa, no alto de seus 55 anos (faz 56 dia 22 de janeiro).

Mas quanto ao elenco: Michael Paré, o galã com estilo meio James Dean, foi de chef de cozinha em Nova York a carreira de ator num pulo. E ele fez vários filmes muito legais como Eddie, o Ídolo Pop, este “Ruas de Fogo”, Execução Sumária e Estação 44: O Refúgio dos Exterminadores, até que começou a fazer filmes fracos, inexpressivos, se tornando uma espécie de Jason Stathan piorado. Rick Moranis, o marcante ator com cara de bobalhão, fez filmes memoráveis como Os Caça-Fantasmas, A Pequena Loja dos Horrores, S.O.S.: Tem um Louco Solto no Espaço, Querida, Encolhi as Crianças, O Tiro que não Saiu pela Culatra, mas por uma tragédia pessoal, que foi a morte precoce de sua esposa Ann Belsky em 1991, ele deixou a carreira para cuidar dos dois filhos, pois ele não conseguia conciliar as profissões de pai, mãe e ator. Repare como o auge dos atores foi nos anos 80.


Bill Paxton, que fez uma carreira relativamente sólida, participando de sucessos marcantes como Twister, Titanic, Tombstone, Aliens - O resgate, faleceu precocemente devido a uma cirurgia. Ele sofreu um Acidente vascular cerebral após reparo de um aneurisma da aorta e a cirurgia de substituição da válvula aórtica.

Amy Madigan, que ainda atua, teve seu auge também nos anos 80, com filmes memoráveis como O Dia Seguinte, A Baía do Ódio, Um Lugar no Coração, A Coragem de uma Mulher, Campo dos Sonhos, Quem Vê Cara Não Vê Coração. Depois disto, sua carreira caiu no esquecimento do grande público, ainda que ela faça filmes quase todo ano. Diane Lane é a única do elenco feminino que continua marcante e vou fazer um post separado em sua homenagem.



Voltando ao elenco masculino, Willem Dafoe continua o mesmo estranho e talentoso ator, que fez vários filmes marcantes nos anos 80 como Platoon, Viver e Morrer em Los Angeles, Fome de Viver, Saigon: Império da Violência, A Última Tentação de Cristo, Mississippi em Chamas, Triunfo do Espírito, Nascido em 4 de julho. Rick Rossovich, fez O Exterminador do Futuro, Top Gun: Ases Indomáveis (seu papel mais marcante), Resgate Infernal, Roxanne e tal como Amy Madigan, continua atuando, mas passa desapercebido do grande público. 



Deborah Van Valkenburgh (quem?) fez Selvagens da Noite, O Rei da Montanha, Síndrome do Mal (de ninguém menos que William Friedkin) e sumiu (também do público, pois continua atuando). E Paul Mones (quem? - parte 2), o vilão da semana de Tuff Turf (leia sobre o filme abaixo e se espante como ele mudou!!!), largou a carreira e virou um guru.

E nem preciso falar de Walter Hill, o diretor, que nos anos 80 fez Cavalgada dos Proscritos, O Confronto Final, 48 Horas, Ruas de Fogo, Chuva de Milhões, A Encruzilhada, O Limite da Traição, Inferno Vermelho e Um Rosto sem Passado. Resumindo: os anos 80 eram realmente incríveis, mas o tempo passou e hoje só nos resta sermos nostálgicos.



Ruas de Fogo mostra a cantora de rock Ellen Aim (Diane Lane), que retorna à sua cidade para um show e é sequestrada pelos Bombers, uma gangue de motoqueiros liderada por Raven Shaddock (Willem Dafoe). Reva Cody (Deborah Van Valkenburgh) envia um telegrama a seu irmão Tom Cody (Michael Paré), ex-namorado de Ellen, pedindo que ele volte à cidade. Juntamente com o produtor e atual namorado de Ellen, Billy Fish (Rick Moranis) e com a ex-soldado McCoy (Amy Madigan), Tom enfrenta a violência das gangues para resgatá-la das mãos dos Bombers.

O filme é parte de uma trilogia criada por Walter Hill chamada "As aventuras de Tom Cody". As histórias seguintes - chamadas The Far City (A cidade distante, em tradução livre) e Cody's Return (O Retorno de Cody) chegaram a ser escritas, mas não foram filmadas por conta dos baixos valores arrecadados com o primeiro. Uma sequência não-oficial, chamada "Estrada para o Inferno", foi filmada em 2008, dirigida por Albert Pyun e com Michael Paré no papel de Cody. A irmã dele, feita pela atriz Deborah Van Valkenburgh, também voltou para o papel.


Como muitos cinéfilos (e cinéfilas) da minha época, conheci o filme na Tela Quente, quando passou em 1989. Curiosamente, no mesmo ano, assisti na mesma sessão de filmes Top Gun (citado acima, como Rick) e Platoon (com Dafoe). A Tela Quente, em seus primeiros anos, era uma verdadeira aula de cinema contemporâneo (logicamente, dos anos 80). 

A trilha sonora envelheceu tão bem, que ao rever o filme, a vontade é pegar meu disco de vinil que comprei na época com muito sacrifício, e fazer um passeio de volta aos anos 80. Lembro que eu fazia ginástica na época e algumas músicas do filme eram figuras essenciais nos toca fitas da academia. E um detalhe curioso: eram aulas de aeróbica. Bons tempos. Não se faz anos 80 como antigamente. E isto é triste e nostálgico.


Em contrapartida, era o auge do macho alfa. O gostosão que bate em mulher lança frases de efeitos da profundidade de um pires ("- Vou embora, mas se precisar de mim, é só chamar"), e o filme termina com uma briga típica dos anos 80, com o mocinho e o vilão brigando com alguma ferramenta estilosa e pouco prática, como machados, martelos, motosserras. 

Além das mulheres, terem um estereótipo de jovens indefesas sequestradas pelos vilões, que necessitam dos seus príncipes encantados para resgatá-las. No caso de Ruas de Fogo, é ainda pior, pois o "príncipe” é pago e quando o serviço acaba e vai embora. Desprezo total.


Outro estereótipo típico da época eram atrizes, notadamente homossexuais em cena, como Amy Madigan neste filme, transparecerem sua orientação sexual apenas pela roupa e corte de cabelo. Digamos, de forma explícita para nós, hoje, 2020, mas que um jovem dos anos 80 não enxergava. Outros tempos, mas que hoje, quem não sabe separar as coisas, talvez não tenha a mesma admiração.

Walter Hill relutou em escalar Diane Lane, porque ele sentiu que ela era jovem demais para o papel. Hill conheceu Lane na cidade de Nova York e ela fez o teste para ele em calças de couro pretas, uma blusa de malha preta e botas de salto alto. Ele ficou surpreso com seu compromisso total de se vender como uma estrela do rock 'n' roll. Walter Hill ficou tão impressionado com o trabalho de Diane Lane no filme que ele escreveu cenas adicionais para ela durante as filmagens. A personagem de Ellen Aim foi descrita como uma mulher de 28 anos e Diane Lane a fez aos 18 anos.


Os Attackers eram os companheiros de banda da realidade de Laurie Sargent , que deu a voz de Ellen Aim. A banda se chamava Face to Face e eles tocavam principalmente músicas "new wave" na região de Boston. O grupo se separou em 1988. A dançarina de bar do Torchy foi a dupla de dança de Jennifer Beals em Flashdance: Em Ritmo de Embalo. O nome dela é Marine Jahan. James Horner escreveu três partituras originais diferentes para este filme antes de finalmente deixar o projeto em favor do compositor preferido do diretor Walter Hill, Ry Cooder, que cá entre nós, foi a melhor escolha.

O título veio de uma música escrita e gravada por Bruce Springsteen em seu álbum "Darkness On The Edge Of Town" chamada 'Streets of fire'. Os planos originais eram que a música aparecesse na trilha sonora do filme, mas quando Springsteen descobriu que a música seria gravada por outros vocalistas, ele retirou a permissão para que ela fosse usada. 


O conceito surgiu durante a produção de 48 Horas (1982), que reuniu o diretor Walter Hill com os produtores Lawrence Gordon e Joel Silver e o roteirista Larry Gross, que trabalharam juntos nessa produção. O nome do clube "Torchy's" também é visto em 48 Horas (1982) e Caçador de Morte (1978), dirigidos por Hill e Mensageiro da Morte (1979), dirigido por Fred Walton.

Como falei acima, tesão define Ruas de Fogo. E não é um fogo que possa perder...


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