FOME DE VIVER (1983) - FILM REVIEW
Grandes diretores cinematográficos dão identidade às suas filmografias, tornando seus filmes facilmente identificáveis. Fome de viver, primeiro filme dirigido por Tony Scott, que para muitos é seu melhor filme, se aproxima mais das obras do irmão, Ridley, principalmente no apuro visual do que os demais filmes de sua excelente carreira. Em 1983, Ridley já havia lançado os influentes Os duelistas, Alien, o 8º passageiro e Blade Runner.
Para o bem ou para o mal, Tony usou suas habilidades para dirigir comercias para imprimir dinamismo às suas histórias. Mas hoje vou falar do filme que catapultou sua obra: Fome de viver. Na história, acompanhamos Miriam Blaylock (Catherine Deneuve), uma vampira que consegue se manter "viva" e bela através dos séculos com o sangue dos seus amantes. Em retribuição, os jovens e as moças que se envolvem com ela não envelhecem, até Miriam ter tirado bastante sangue deles.
Infelizmente seu atual parceiro, John (David Bowie), está tendo um envelhecimento extremamente rápido e a expectativa de vida é de apenas 24 horas. Desesperado, ele procura a ajuda da médica Sarah Roberts (Susan Sarandon), que é especialista em envelhecimento prematuro. A idade da vampira Miriam Blaylock era de seis mil anos. O tempo que ela foi amante de John Blaylock foi de trezentos anos. Ou seja, bastante tempo para se importar.
O produtor Richard Shepherd queria que Alan Parker dirigisse Fome de Viver. Foi o próprio Parker quem o convenceu a contratar Tony Scott, se baseando nos comerciais que já havia feito. Este filme é dedicado em memória do irmão de Tony Scott, Frank Scott. O irmão mais velho de Tony, Ridley Scott, dedicou Blade Runner: O Caçador de Androides (1982) a Frank. Ele faleceu de câncer aos 45 anos.
Enquanto o livro ainda estava em forma manuscrita, o produtor Richard Shepherd leu o romance original de Whitley Strieber, em 1980, e posteriormente adquiriu os direitos para adaptá-lo como filme. Ele foi publicado pela primeira vez em 1981 e o filme veio ao mundo 2 anos depois. Strieber, teve outras obras adaptadas para o cinema, como Lobos (1981) e Estranhos Visitantes (1989).
O maquiador Antony Clavet, que ficou famoso no mundo da moda por seu trabalho na Vogue italiana, foi trazido para o projeto após ser apresentado ao diretor por Milena Canonero. Seu trabalho no filme é estupendo. Assustadoramente perfeito. O envelhecimento de Bowie, curto na tela, é simplesmente fenomenal para um filme lançado em 1983.
Tony Scott citou a fotografia de Irving Penn como uma grande influência no estilo visual do filme. O diretor de fotografia de Fome de viver, Stephen Goldblatt, seguiu uma carreira mais pop, trabalhando em obras como O Enigma da Pirâmide e Máquina Mortífera. Em seus próximos filmes, Scott usaria Jeffrey L. Kimball, para imprimir sua paleta de cores tendendo para o amarelado, com tons degradês, enquanto Fome de viver ressalta o visual azulado, característico dos filmes de Ridley Scott.
Em O Outro Lado de Hollywood (1995), o documentário de 1995 sobre a história da homossexualidade no cinema, a atriz Susan Sarandon disse que o roteiro de Fome de Viver (1983) originalmente pedia que ela ficasse comprovadamente bêbada antes de ela cena de sexo com Catherine Deneuve, mas Sarandon pediu que ela fosse alterada para que sua personagem tomasse apenas um gole de vinho e entornasse o resto do copo.
Ela disse que queria deixar claro que sua personagem estava escolhendo fazer sexo com Miriam em vez de fazê-lo por causa do álcool, e também porque "você não teria que ficar bêbado para dormir Catherine Deneuve, não importa o que sua história sexual até aquele ponto tinha sido. "
O final do filme foi alterado para permitir a possibilidade de sequências e uma franquia, algo comum ao gênero de filmes de terror, mas nenhuma delas jamais se concretizou. Mas uma série de TV, com duas temporadas e o próprio Bowie, veio ao mundo entre 1997 e 2000, focando em Terence Stamp (na primeira) e David Bowie (na segunda). O romancista Whitley Strieber escreveu duas sequências de seu romance "The Hunger". Eles foram "O Último Vampiro" (2001) e "O Sonho de Lilith: Um Conto da Vida de Vampiro" (2003), mas como dito, nenhum dos dois jamais foi filmado.
Uma obra definitivamente essencial na carreira de Scott.