O SILÊNCIO DO LAGO (1988-1993) - FILM REVIEW
Em um passado pouco distante (anos 30) era comum o diretor realizar dois filmes iguais ao mesmo tempo, porém falado em outra língua, a fim de explorar melhor o mercado daquele país. Por vezes, usavam alguns atores nativos para o resultado ser melhor apreciado. Por tanto, um caso como "O silêncio do lago" não é novidade. A diferença está nos 5 anos de diferença, que resulta em um resultado inferior para a versão americana. Mas não menos interessante.
"O silêncio do lago" de 1988 mostra Rex Hofman (Gene Bervoets) e a namorada Saskia Wagter (Johanna ter Steege) viajando pela França em férias. Saskia desaparece misteriosamente num posto de gasolina e a partir de então ele dedica sua vida a encontrá-la, ainda muito atormentado pelo acontecido. Anos mais tarde, após a polícia já ter encerrado o caso, Rex é abordado por Raymond Lemorne (Bernard-Pierre Donnadieu), o suposto sequestrador, que lhe faz uma intrigante proposta.
Baseado no romance "O Ovo de Ouro", do jornalista holandês Tim Krabbé. Ele escreveu o romance baseado na história de um artigo de jornal que leu sobre uma turista que desapareceu de uma viagem de ônibus depois de comprar chiclete em um posto de gasolina na França. A polícia havia procurado por duas noites sem encontrar vestígios da menina. Dez anos depois, Krabbé fez uma extensa pesquisa e descobriu que a garota havia aparecido viva e bem um dia depois; ela simplesmente havia embarcado no ônibus errado. Krabbé até ligou para ela para agradecê-la por fornecer a inspiração para a história.
Na época, Entertainment Weekly classificou este como o 25º filme mais assustador de todos os tempos. Ele despertou interesse de ninguém menos que Stanley Kubrick. Segundo o diretor George Sluizer, Kubrick ligou para ele depois de ver o filme para dizer que era a obra mais aterrorizante que ele já havia visto. Ele o tinha visto dez vezes na época e ficou impressionado com a estrutura e o final do filme, bem como a atuação da atriz Johanna ter Steege.
"O silêncio do lago" de 1993 não muda a história, mas o elenco popular ganhou mais acesso, inclusive de nós, "brazileiros" adeptos ao cinema americano. Na época, quando acontecia algo assim, era mais provável de chegar às locadoras a versão americana. George Sluizer não errou no remake, mas o clima "frio" do original parece combinar mais com a trama.
Com orçamento de 20 milhões de dólares, o remake norte-americano custou mais de 10 vezes mais que o Lago de 88. Investimento caro não?
O maior B.O. das versões é o final. Quando George Sluizer foi informado de que poderia dirigir uma versão americana, colocaram a condição de que o final fosse mudado porque o público americano não aprovaria o original. No final original, Jeff deixa Rita sem dizer para onde foi. Jeff morre no caixão e Barney sobrevive sem ser pego.
O remake americano foi fortemente criticado por seu final feliz. O original holandês teve um final semelhante roteirizado e filmado, mas nunca foi usado. O diretor Sluizer assinou um acordo contratual com o produtor da 20th Century Fox, Joe Roth, para manter o final original. Quando Roth foi para a Disney durante a produção, o contrato foi cancelado.
George Sluizer
Falecido em 20 de setembro de 2014, o diretor, nascido na França, chegou a afirmar que testemunhou o então ministro da Defesa israelense, Ariel Sharon, atirando pessoalmente em duas crianças palestinas à queima-roupa perto do campo de refugiados de Sabra-Shatilla em 1982.
Durante a sua formação como cineasta, estudou com Jean Renoir e Alain Resnais na Academia de Cinema de Paris entre 1954 e 1956. Mas isto não traduziu em uma memorável filmografia. Os filmes realmente necessários para serem discutidos são estes dois do post. Há outro bastante curioso chamado Dark Blood.
O filme ficou inacabado devido à morte do ator River Phoenix em 31 de outubro de 1993, 11 dias antes da data prevista para a conclusão. Algo em torno de 80% do filme foi filmado quando o ator morreu.
Segundo o diretor George Sluizer, o filme inacabado ficou guardado no depósito da seguradora até 1999, quando eles consideraram destruir os negativos, pois estavam cansados de pagar taxas de armazenamento. Com a ajuda de alguns associados, Sluizer conseguiu pegar o filme.
A saúde do diretor teve um rápido declínio desde 2007, quando ele sobreviveu a um aneurisma da aorta e foi diagnosticado com doença arterial. Sabendo que sua condição era terminal, ele decidiu fazer um esforço conjunto para tentar fazer uma versão 'final' deste filme usando a filmagem original que foi retirada de onde estava armazenada em Londres, Inglaterra.
Em maio de 2012, o diretor Sluizer decidiu financiar sua pós-produção para finalizar 'Dark Blood' através do site www.cinecrowd.nl. Para o lançamento de 2012, o diretor George Sluizer preencheu as cenas restantes narrando o próprio roteiro.
Dark Blood foi exibido pela primeira vez em 27 de setembro de 2012 no Festival de Cinema da Holanda. Embora a família Phoenix não tenha oferecido apoio e tenha deixado claro que não teria nada a ver com o filme, é relatado que a mãe de River Phoenix desejou tudo de bom aos cineastas.
Em uma entrevista antes de morrer em 2014, ele disse: "Os negativos ainda eram bons, mas parte do som precisava ser reconstruído e regravado. E apenas 65% da história foi filmada ... então a história teve que ser reescrita ." Tendo arrecadado alguns milhares de dólares para completar o projeto, ele conseguiu montar uma versão bem razoável da edição desejada.
Dark Blood ficou sendo seu derradeiro projeto lançado. Mas sem dúvidas, ele será sempre lembrando por O silêncio do lago, independente do que você preferir.