WILLIAM FRIEDKIN (29/08/1935) BIOGRAFIA
William Friedkin (Chicago, 29 de agosto de 1935) é um premiado cineasta estadunidense. Dirigiu dois grandes filmes da década de 1970: Operação França e o clássico do horror O Exorcista.
Tem a sua estrela na Calçada da Fama, no Hollywood Boulevard.
Friedkin nunca foi de medir palavras. É considerado um sujeito de temperamento explosivo e imprevisível. Ele confessa que usava essa fama para evitar problemas com produtores e estúdios. Não foram poucas as vezes em que fingiu ser maluco e violento só para assustar executivos.
No set de filmagem, uma de suas técnicas para extrair uma interpretação mais convincente de atores era surpreendê-los com tabefes no rosto (Friedkin diz que só usou essa técnica pitoresca três vezes na carreira).
Suas brigas com atores e fotógrafos são lendárias: ele despediu o compositor Lalo Schifrin de “O Exorcista” no meio da gravação da trilha sonora, diante da orquestra, e brigou com Max Von Sydow, o mitológico ator dos filmes de Bergman. Quando Von Sydow não conseguiu atuar convincentemente numa cena de “O Exorcista”, Friedkin simplesmente o mandou para casa e reescreveu a cena para que outro ator fosse o protagonista.
No set de “Operação França”, o diretor entrou em choque com Gene Hackman, então um ator desconhecido. Para provocar explosões de fúria em Hackman, que interpretava o intempestivo detetive “Popeye” Doyle, Friedkin o xingava por trás da câmera e fazia comentários grosseiros que tiravam o ator do sério. “Quando você vê Gene espancando alguém no filme, ele estava reagindo a mim, pode acreditar!”
O processo de pesquisa para seus filmes era intenso. Quando fez “Parceiros da Noite”, em que Al Pacino interpretava um policial infiltrado no submundo gay de Nova York, Friedkin passou meses freqüentando clubes de sadomasoquismo, inclusive usando, segundo ele próprio conta, sungas de couro e outros apetrechos. Brigou tanto com Pacino que o ator, até hoje, se recusa a falar do filme.
A famosa perseguição de um carro ao metrô em “Operação França” só ficou do jeito que Friedkin queria depois que ele, em meio a um porre com o dublê, disse que ele era covarde e desafiou o sujeito a mostrar que podia fazer melhor. “Ah é? Você quer ver o que é dirigir?”, retrucou o dublê, torto de bebida. “Eu faço, mas você vai sentado no banco da frente.” Friedkin aceitou o desafio: na manhã seguinte, o dublê dirigiu um carro a 150 km por hora por 30 quarteirões no Brooklyn, passando por cima de calçadas e apavorando pedestres. Com Friedkin no banco da frente, segurando a câmera.
Friedkin conta que pediu para o produtor contratar, para o papel do vilão em “Operação França”, Paco Rabal, que havia trabalhado com Luis Buñuel em “A Bela da Tarde”. mas o produtor contratou, por engano, Fernando Rey, que também havia trabalhado com Buñuel, mas em “Tristana”. O engano só foi descoberto na véspera da filmagem, quando Friedkin encontrou Rey: “Não lembrava que você usava cavanhaque!” Em 1971, Friedkin tornou-se o mais jovem diretor a vencer o Óscar, com 32 anos de idade. Anos depois, foi descoberto que, na verdade, ele nasceu em 1935, e não em 1939, como o diretor insistia em afirmar.
Num dia das filmagens de Operação França, o ator Gene Hackman, não mais suportando o perfeccionismo e o autoritarismo de Friedkin, abandonou o "set" para não trocar socos com o diretor.
Friedkin usava várias crueldades para extrair interpretações contundentes dos atores e atrizes. Em O Exorcista, por exemplo, durante as filmagens da seqüência em que o Padre Karras ouve atentamente a gravação da garota possuída pelo demônio, o que, em seguida, o faz tomar um susto com o barulho do telefone, o diretor disparou um tiro de revólver perto do ator Jason Miller, que, desavisado, assustou-se de verdade. A cena foi incluída no filme.
Muitos dizem que Friedkin, após seu sucesso com Operação França e O Exorcista, tornou-se arrogante e insuportável.
Ainda no meio dos anos 1970, o diretor pensou em realizar um filme sobre alienígenas e Atlântida, mas acabou engavetando o projeto ao saber do início da produção de Contatos Imediatos do Terceiro Grau, de Spielberg.
Em 1985, o diretor Michael Mann acusou Friedkin de plagiar muitos aspectos da sua série de televisão Miami Vice em Viver e Morrer em Los Angeles. Mann perdeu o processo.