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O QUE É PELÍCULA CINEMATOGRÁFICA

Película cinematográfica

A película cinematográfica, frequentemente chamada apenas de película ou filme, é o suporte físico que possibilitou o nascimento e a consolidação da arte do cinema. Trata-se de um material fotossensível especialmente desenvolvido para registrar imagens em movimento, distinto dos filmes fotográficos comuns tanto por sua estrutura quanto por sua dimensão. Diferentemente dos rolos menores utilizados em câmeras fotográficas, as películas destinadas ao cinema são produzidas em grandes rolos contínuos, permitindo longas sequências de gravação sem interrupção. Ao longo das décadas, nomes como a americana Kodak e a japonesa Fuji tornaram-se sinônimos de excelência na fabricação desse tipo de material, dominando o mercado mundial e estabelecendo padrões de qualidade visual e estabilidade química.

Os formatos da película variam conforme a bitola, ou seja, a largura do rolo. Entre as medidas mais célebres estão os 35 mm16 mm e Super-8, cada um associado a períodos, estilos e orçamentos distintos da produção cinematográfica. Além disso, há versões desenvolvidas para filmes monocromáticos e outras projetadas para registro em cores, cada qual com suas especificidades químicas e estéticas.

Elementos do filme

Independentemente do tamanho ou do tipo de suporte, toda película cinematográfica é composta por quatro componentes fundamentais.

fotograma, ou quadro, é a unidade mínima da imagem em movimento. Cada fotograma corresponde a uma fotografia individual, capturada em um formato retangular, normalmente na proporção 1.33:1 (ou 4:3). Quando projetados em sequência a uma velocidade padronizada de 24 quadros por segundo, taxa estabelecida desde 1927, esses quadros criam no espectador a ilusão contínua de movimento, base da magia cinematográfica.

As perfurações, pequenas aberturas ao longo das bordas do filme, cumprem a função mecânica de guiar a película com precisão tanto na câmera de filmagem quanto no projetor. Elas garantem o alinhamento perfeito entre as imagens e o sincronismo da projeção.

pista de som ocupa uma estreita faixa lateral do filme e contém as informações auditivas correspondentes à imagem. Essa trilha pode ser óptica, visível como uma linha sinuosa de tom escuro ao lado dos quadros, ou magnética, quando composta por uma faixa marrom sensível ao magnetismo.

Por fim, a numeração de borda, ou edge code, consiste em uma sequência de números impressos periodicamente nas margens da película. Essa marcação serve para identificar trechos específicos durante a edição e o processamento laboratorial. A partir de 1991, esses números passaram a incluir códigos de barras, permitindo a leitura automatizada e facilitando o controle de cópias e versões.

Bitola

A bitola cinematográfica é a medida que define a largura física da película, normalmente expressa em milímetros, e representa um dos elementos mais determinantes da qualidade visual e da aplicação técnica do filme. Essa dimensão influencia diretamente a resolução, o detalhamento da imagem e o tipo de equipamento necessário para filmagem e projeção. Ao longo da história do cinema, diferentes bitolas foram utilizadas, mas as que se consolidaram como padrões mundiais são as de 8 mm, 16 mm, 35 mm e 70 mm. Outras variações, como 9,5 mm, 22 mm ou 56 mm,  existiram principalmente nas primeiras décadas do cinema mudo, mas acabaram perdendo relevância diante da padronização industrial.

Tipos comuns:

8 mm

O formato 8 mm, também conhecido como Standard 8, surgiu em 1932, criado pela Kodak durante a Grande Depressão, como alternativa mais acessível ao filme de 16 mm. Destinado principalmente ao uso doméstico e amador, tornou-se um marco na popularização do cinema caseiro, permitindo que famílias e entusiastas registrassem o cotidiano em movimento.

Sendo a mais estreita entre as bitolas comercializadas, o 8 mm oferecia um equilíbrio entre economia e praticidade. Apesar da limitação em qualidade quando comparado a formatos maiores, sua simplicidade o tornou o preferido por décadas, até ser substituído pelo Super-8 nos anos 1960 — um aprimoramento técnico que aumentava a área útil da imagem e a definição, alcançando cerca de 1.500 linhas horizontais.

Características técnicas: o filme possui 8 mm de largura, com fotogramas de 4,88 x 3,68 mm em proporção 1,33:1. Cada quadro é separado por 3,81 mm, e há uma perfuração por fotograma, medindo 1,83 x 1,27 mm. O espaço reservado para a trilha sonora é de 0,75 mm, e a projeção ocorre a 24 quadros por segundo (ou 10,16 cm/s). Um metro de película contém cerca de 236 fotogramas, o que resulta em aproximadamente 16 minutos e 23 segundos de exibição para um rolo de 100 metros.

Super-8

Super-8 (ou Super 8 mm) foi desenvolvido e lançado pela Kodak em 1965, como evolução direta do antigo padrão 8 mm. Embora mantenha a mesma largura de 8 milímetros, o formato apresenta perfurações menores, o que amplia a área disponível para a imagem e, consequentemente, melhora sua nitidez. Além disso, o Super-8 inclui um espaço lateral dedicado à pista magnética de som, possibilitando sincronização entre imagem e áudio, um avanço significativo para produções amadoras e experimentais.

Sistema Kodak e cartucho

A inovação do Super-8 não se limitou à qualidade visual: seu sistema de cartucho plástico selado tornou o processo de filmagem mais simples e rápido. Cada cartucho continha 50 pés (aprox. 15 metros) de filme, divididos entre o rolo virgem e o rolo exposto, permitindo cerca de 2 minutos e 30 segundos de filmagem a 24 quadros por segundo ou 3 minutos e 20 segundos a 18 quadros. O design dispensava o manuseio direto da película e incluía um código de entalhes que informava automaticamente à câmera a sensibilidade ISO do filme.

Durante um breve período, a Kodak chegou a fabricar cartuchos de 200 pés (aprox. 61 metros), destinados a câmeras profissionais.

Negativo e cor

Tradicionalmente, o Super-8 era um filme reversível, ou seja, a mesma película captava e revelava a imagem positiva, pronta para projeção. A partir dos anos 1990, a Kodak introduziu versões negativas, voltadas à pós-produção digital e transferência via telecine, utilizadas em videoclipes, publicidade e cinema independente.

As emulsões mais populares eram balanceadas para luz de tungstênio (3400K), mas as câmeras traziam uma chave de ajuste para luz do dia (5500K), facilitando filmagens em ambientes internos e externos com o mesmo cartucho.

Som

O sistema original do Super-8 era silencioso, mas em 1973 foi lançada a versão sonora, equipada com pista magnética e câmeras capazes de gravar áudio sincronizado. Essas câmeras possuíam espaço interno ampliado e cabeças magnéticas de gravação, embora continuassem compatíveis com os cartuchos silenciosos. No entanto, o processo exigia um material químico para fixar a trilha magnética, posteriormente considerado nocivo ao meio ambiente, o que levou a Kodak a descontinuar a produção de filmes sonoros em 1997.

Situação atual

Mesmo em plena era digital, o Super-8 continua vivo como símbolo de estética retrô e textura analógica. A Kodak ainda fabrica versões reversíveis e negativas, tanto em preto e branco quanto coloridas. O lendário Kodachrome foi descontinuado em 2005, dando lugar ao Ektachrome ISO 64, enquanto emulsões como Plus-X (ISO 100) e Tri-X (ISO 200) seguem disponíveis para o preto e branco. Mais recentemente, a série Vision, com sensibilidades ISO 200 e ISO 500, ampliou as possibilidades de filmagem em baixa luz, garantindo que o Super-8 siga como uma ponte nostálgica entre o cinema artesanal e a inovação contemporânea.

Sistema Single-8 da Fuji

Em 1965, o mesmo ano em que a Kodak revolucionava o mercado com o lançamento do Super-8, a Fuji Film apresentou ao mundo uma alternativa engenhosa: o Single-8. Embora os dois formatos compartilhassem exatamente as mesmas dimensões de quadro, perfurações e espaço reservado para a trilha sonora, o sistema da Fuji diferenciava-se por sua base de poliéster, material mais fino, durável e resistente do que o celuloide usado no Super-8.

Outra distinção fundamental estava no design do cartucho. Enquanto o Super-8 armazenava o filme virgem e o exposto em eixos coaxiais, o Single-8 dispunha esses compartimentos lado a lado, em um corpo mais estreito e alongado. Essa arquitetura conferia praticidade mecânica, mas também tornava os dois sistemas incompatíveis na filmagem, as câmeras de um formato não aceitavam cartuchos do outro. No entanto, a montagem e a projeção eram totalmente compatíveis, permitindo que filmes Single-8 fossem exibidos nos mesmos projetores usados para Super-8.

Embora tenha conquistado uma base fiel de usuários, o Single-8 nunca atingiu a popularidade do seu concorrente americano. Ainda assim, resistiu ao tempo: em 2007, a própria Fuji continuava a produzir películas desse formato, que podiam ser reveladas em diversos laboratórios especializados ao redor do mundo.

Super-8 Duplo (DS8)

Super-8 Duplo, ou DS8, representou uma variação técnica curiosa surgida entre as décadas de 1970 e 1980. O filme, de 16 mm de largura, trazia perfurações idênticas às do Super-8, permitindo que uma câmera especial o utilizasse duas vezes, uma para cada lado da película. Após a filmagem, o material era revelado e cortado ao meio, originando duas tiras independentes de Super-8 prontas para projeção.

Essa configuração, com perfurações em ambos os lados, proporcionava uma imagem mais estável e menos propensa a tremulações, uma melhoria técnica apreciada por cineastas que buscavam resultados mais consistentes dentro do universo amador.

Equipamentos

A produção de câmeras Super-8 encerrou-se definitivamente no início dos anos 1990, tendo como últimas representantes as máquinas da marca russa Quarz, conhecidas no mercado norte-americano como Kinoflex. Apesar do fim da fabricação industrial, o formato sobreviveu em um vasto mercado de equipamentos usados, com câmeras de marcas lendárias como Canon, Minolta e Bauer, hoje encontradas a preços acessíveis entre colecionadores e artistas visuais.

Algumas empresas especializadas, como a Pro8mm (EUA), Wittner-Kinotechnik (Alemanha) e Kahlfilm (Alemanha), continuam a recortar e perfurar películas virgens de fabricantes como KodakFuji e Orwo, embalando-as novamente em cartuchos Super-8. Ironicamente, embora a demanda tenha diminuído drasticamente, nunca houve tanta variedade de emulsões Super-8 disponíveis quanto hoje. Entretanto, pouquíssimas lojas ainda vendem o material fisicamente, o Reino Unido é um dos raros lugares onde ainda é possível encontrá-lo com alguma facilidade.

Rumores recentes apontaram até mesmo que a Coreia do Norte estaria produzindo câmeras e filmes Super-8. Autoridades do país confirmaram a informação, mas como não há previsão de exportação, esses equipamentos só poderiam ser adquiridos diretamente em Pyongyang.

Artigo popular

Super-8 nasceu com uma vocação clara: ser o formato do cinema amador. Ideal para registrar eventos familiares, viagens e momentos cotidianos, ele combinava baixo custo e simplicidade de uso, oferecendo uma qualidade de imagem surpreendente para um público que jamais teria acesso às bitolas profissionais de 35 mm e 16 mm.

Durante as décadas de 1970 e 1980, o Super-8 ultrapassou o âmbito doméstico e se tornou o formato preferido de estudantes de cinema, artistas experimentais e cineastas independentes, transformando-se em uma ponte entre o amadorismo e a expressão autoral. Nos anos 1970, diversos festivais de cinema criaram seções exclusivas para obras realizadas nesse formato, algumas delas ativas até hoje. No Brasil, o Festival de Gramado mantém uma mostra competitiva dedicada ao Super-8, responsável por revelar duas gerações de cineastas que ajudaram a moldar a identidade do cinema nacional.

Com a ascensão do vídeo analógico nos anos 1990, o uso doméstico do Super-8 praticamente desapareceu. Ainda assim, sua estética nostálgica e textura granulada continuaram a inspirar profissionais do audiovisual. O formato passou a ser usado em videoclipes, comerciais e sequências estilizadas de longas-metragens, assumindo uma função artística deliberada.

Diretores consagrados como Wim Wenders e Oliver Stone recorreram ao Super-8 para criar atmosferas específicas, enquanto nomes ligados ao cinema independente, como Derek JarmanGuy Maddin e Nathan Shiff, exploraram o formato como meio de experimentação poética. Nos Estados Unidos, Mark Pirro tornou-se um ícone do movimento ao exibir seu filme A Polish Vampire in Burbank três vezes no USA Channel, feito inédito para uma produção Super-8.

Em 2005, o curta-metragem The Man Who Met Himself, de Ben Crowe, entrou para a história ao se tornar o primeiro filme inteiramente rodado em Super-8 a competir oficialmente no Festival de Cannes.

9,5 mm

O formato 9,5 mm, introduzido em 1922 pela francesa Pathé Frères como parte do sistema Pathé Baby, representou um dos primeiros esforços em democratizar o acesso ao cinema doméstico. Desenvolvido inicialmente para a exibição de cópias comerciais em residências, logo ganhou sua própria câmera simples, permitindo a filmagem amadora.

O 9,5 mm tornou-se extremamente popular na Europa, especialmente na França e no Reino Unido, permanecendo ativo por várias décadas. Estima-se que mais de 300 mil projetores tenham sido produzidos, e uma vasta coleção de filmes comerciais chegou a ser lançada nesse formato. Ainda hoje, pequenos grupos de entusiastas mantêm viva essa bitola, restaurando câmeras e projetores históricos.

16 mm

Com uma definição aproximada de 3K (ou cerca de 3.000 linhas horizontais), o filme 16 mm surgiu em 1923 pelas mãos da Kodak, voltado inicialmente ao público amador e doméstico. No entanto, a simplicidade e o custo reduzido do formato o transformaram, ao longo de décadas, na principal ferramenta de produção de documentários, filmes independentes, obras experimentais e materiais educativos. A versatilidade do 16 mm teve papel essencial no desenvolvimento e na democratização da linguagem cinematográfica.

Durante boa parte do século XX, cópias em 16 mm de produções originalmente filmadas em 35 mm circulavam amplamente no chamado circuito alternativo, cineclubes, escolas, instituições culturais e grupos de estudo. Essa difusão permitia que obras inacessíveis ao grande público fossem exibidas em diferentes contextos. Contudo, com a ascensão do vídeo nos anos 1980, o formato perdeu espaço: as cópias tornaram-se escassas, e o uso dos projetores de 16 mm praticamente desapareceu.

Mesmo assim, o formato segue vivo em nichos específicos. Alguns realizadores ainda recorrem ao 16 mm por sua textura orgânica e custo mais baixo em comparação ao 35 mm, especialmente em videoclipes, comerciais e documentários. O lançamento do Super-16, em 1971, ampliou seu potencial: ele permite a ampliação óptica ou digital para 35 mm, tornando-se uma opção viável também para longas-metragens independentes que buscam exibição comercial.

Características técnicas:

Largura do filme: 16 mm
Tamanho do fotograma: 10,26 x 7,49 mm
Proporção do fotograma: 1,37:1
Diagonal do fotograma: 12,70 mm
Distância entre fotogramas: 7,62 mm
Perfurações por fotograma: 1 (positivo) ou 1 + 1 (negativo)
Tamanho da perfuração: 1,83 x 1,27 mm
Faixa reservada ao som: 1,80 mm
Velocidade de projeção: 24 qps ou 18,29 cm/s
Fotogramas por metro: 131
Duração de 100 m de filme: 9 minutos e 6 segundos


35 mm

A bitola de 35 mm, concebida por George Eastman em 1889, nasceu inicialmente para uso fotográfico, mas logo se tornou a espinha dorsal do cinema. Os irmãos Lumière utilizaram esse formato em suas primeiras projeções públicas, em 1895, e poucos anos depois, em 1899, o padrão de perfuração foi oficialmente estabelecido. Em 1927, a película foi adaptada para incluir trilhas sonoras ópticas, consolidando o 35 mm como o formato profissional universal, tanto na era do cinema mudo quanto no período sonoro.

Mesmo com o avanço das tecnologias digitais, o 35 mm permanece o padrão de excelência em grande parte do mundo. Ele é amplamente empregado em longas-metragens, comerciais, videoclipes e séries de televisão, principalmente nos Estados Unidos. Até mesmo o cinema IMAX, em determinadas produções, utiliza negativos de 35 mm que são posteriormente ampliados e remasterizados.

A definição exata do 35 mm é um tema amplamente debatido. A Kodak estima sua resolução equivalente a 6K (cerca de 6.000 linhas horizontais), enquanto especialistas da IMAX afirmam que seus negativos podem atingir até 18K em casos específicos. Essa capacidade de retenção de detalhe e textura garante ao formato um valor artístico que a tecnologia digital ainda busca igualar.

Características técnicas:

Largura do filme: 35 mm
Tamanho do fotograma: 22,05 × 16,03 mm
Proporção do fotograma: 1,37:1
Diagonal do fotograma: 27,26 mm
Distância entre fotogramas: 19,00 mm
Perfurações por fotograma: 4 + 4 (duas fileiras laterais)
Tamanho da perfuração: 2,79 × 1,98 mm
Faixa reservada ao som: 2,13 mm
Velocidade de projeção: 24 qps ou 45,60 cm/s
Fotogramas por metro: 53
Duração de 100 m de filme: 3 minutos e 40 segundos


70 mm

Introduzido na década de 1950, o filme 70 mm representou a busca por uma experiência cinematográfica grandiosa. Desenvolvido para produções épicas e de grande escala, oferecia imagens de nitidez e profundidade incomparáveis, com um fotograma mais de duas vezes mais largo que o do 35 mm tradicional e espaço para seis faixas de áudio, um feito impressionante para a época, muito antes do som digital.

Nas câmeras, o negativo original tem 65 mm de largura; a cópia para projeção, com 70 mm, inclui um acréscimo de 5 mm destinado às trilhas sonoras magnéticas. Embora versões recentes empreguem áudio digital, a maioria das cópias em circulação pertence ao período analógico. Cada quadro do 70 mm possui cinco perfurações e uma razão de aspecto de 2.20:1. Por sua complexidade técnica, poucas salas de cinema são equipadas para exibir esse formato, razão pela qual muitos filmes rodados em 70 mm são exibidos em versões reduzidas de 35 mm ou convertidos para projeção digital.

A partir dos anos 1970, o 70 mm deixou de ser usado como formato de filmagem e passou a ser destinado principalmente a cópias de exibição. No Brasil, desde 1993, não há mais cinemas capazes de projetá-lo. Ainda assim, o formato se mantém como símbolo máximo de qualidade visual, sobretudo nas projeções IMAX, cujos negativos chegam a registrar o equivalente a 18K, cerca de 252 megapixels de resolução.

Características técnicas:

Largura do filme: 65 mm (negativo) / 70 mm (positivo)
Tamanho do fotograma: 52,63 x 23,00 mm
Proporção do fotograma: 2,29:1
Diagonal do fotograma: 57,44 mm
Distância entre fotogramas: 23,75 mm
Perfurações por fotograma: 5 + 5 (uma série de cada lado)
Tamanho da perfuração: 2,79 x 1,98 mm
Faixa reservada ao som: 9,60 mm
Velocidade de projeção: 24 qps ou 57,00 cm/s
Fotogramas por metro: 42
Duração de 100 m de filme: 2 minutos e 55 segundos


IMAX 

O sistema IMAX (abreviação de Image Maximum) é um formato cinematográfico desenvolvido pela empresa canadense IMAX Corporation, projetado para exibir imagens com dimensões e definição muito superiores às dos sistemas convencionais de projeção. As telas IMAX tradicionais medem cerca de 22 metros de largura por 16 metros de altura, mas podem ser ainda maiores, proporcionando uma imersão visual incomparável. A partir de 2008, o IMAX consolidou-se como o formato mais amplamente empregado em exibições de grande escala e produções especiais. Em março de 2007, existiam cerca de 280 salas IMAX distribuídas por 39 países, aproximadamente 60% delas no Canadá e nos Estados Unidos, número que cresceu para mais de 400 nos Estados Unidos em 2014, refletindo a expansão contínua do formato tanto em espaços comerciais quanto educacionais.

Com o tempo, o IMAX evoluiu em diferentes variações: o IMAX Dome, que projeta a imagem em 180° sobre uma superfície hemisférica; o IMAX 3D, voltado para exibições tridimensionais; e o IMAX Digital, que adaptou a tecnologia às salas modernas com projetores eletrônicos. A maior tela de IMAX Dome do mundo pertence ao Big Cinemas IMAX, em Mumbai (Índia), com 1.180 m² de área de projeção, enquanto a maior tela retangular está no IMAX Theatre Sydney, na Austrália, com 1.051 m².

A resolução dos sistemas IMAX varia de acordo com o tipo de projeção: as versões digitais convencionais alcançam cerca de 4K, ajustadas para parecerem maiores em escala, enquanto os complexos de projeção especializados podem atingir resoluções de até 10.000 por 7.000 pixels. Os filmes podem ser captados tanto em película de 35 mm quanto de 70 mm, dependendo do projeto e da finalidade de exibição.

História

O desejo de expandir o impacto visual do cinema é quase tão antigo quanto o próprio meio. Em 1929, a Fox introduziu o Fox Grandeur, o primeiro sistema de 70 mm, que, apesar de promissor, foi rapidamente abandonado. Décadas depois, na efervescência tecnológica dos anos 1950, surgiram o CinemaScope (1953) e o VistaVision (1954), que ampliaram o potencial da película de 35 mm. Nessa mesma época, o Cinerama (1952) encantou o público com projeções de múltiplos projetores, embora sua complexidade de instalação tenha limitado a adoção em larga escala.

A gênese do IMAX ocorreu em 1967, durante a Expo 67, em Montreal. Produções experimentais como In the Labyrinth, de Roman Kroitor, e Man and the Polar Regions, de Graeme Ferguson, utilizaram sistemas de múltiplas telas, mas enfrentaram sérios desafios técnicos. Motivados a encontrar uma solução mais simples e eficaz, Kroitor, Ferguson e outros colaboradores fundaram uma empresa chamada Multiscreen, dedicada a desenvolver uma nova abordagem de projeção.

O avanço veio com a invenção de um sistema de projeção e filmagem de câmera única, baseado na tecnologia “Rolling Loop”, criada por Peter Ronald Wright Jones, um engenheiro australiano. Essa inovação permitiu o transporte suave do filme e a reprodução de imagens muito maiores e mais estáveis. Quando os fundadores perceberam que uma única imagem em tela gigante tinha mais impacto do que várias menores, decidiram mudar o foco da empresa e rebatizá-la como IMAX.

O primeiro filme exibido no formato foi Tiger Child, apresentado na Expo ’70, em Osaka, Japão. Logo depois, em 1971, inaugurou-se o primeiro cinema permanente IMAX, o Cinesphere, localizado no Ontario Place, em Toronto, com a estreia de North of Superior. Essa sala histórica permanece ativa até hoje, embora o complexo tenha passado por longos períodos de reforma.

Aspectos técnicos:

Câmera

O sistema IMAX alcança sua extraordinária qualidade visual graças ao uso de quadros de imagem muito maiores do que os formatos tradicionais. Enquanto um fotograma de 35 mm pode registrar cerca de 6K de resolução, o IMAX é capaz de atingir o equivalente a 18K, garantindo uma definição e uma profundidade de detalhes notavelmente superiores.

Isso é possível porque a película de 65 mm usada nas câmeras IMAX se desloca horizontalmente, ocupando 15 perfurações por quadro, três vezes mais área de exposição do que a usada em sistemas convencionais, com uma velocidade de aproximadamente 102,7 metros por minuto. Em contraste, câmeras tradicionais de 65 mm movem o filme verticalmente, com apenas cinco perfurações por quadro (34 metros por minuto), enquanto o 35 mm utiliza quatro perfurações por quadro (27,4 metros por minuto).

O quadro do IMAX mede 69,6 mm por 48,5 mm, quase o triplo da área útil de um fotograma padrão de 65 mm (48,5 mm x 22,1 mm). Para manter a taxa de 24 quadros por segundo, o sistema IMAX utiliza cerca de três vezes mais película do que o cinema convencional, resultando em uma imagem de impacto monumental, com brilho, nitidez e realismo incomparáveis.

Filme

O formato cinematográfico IMAX é conhecido tecnicamente como 15/70, denominação que faz referência às 15 perfurações por fotograma e à largura de 70 milímetros do filme utilizado. A dimensão e o peso desse material exigem um sistema de projeção horizontal, os chamados platters, em vez dos tradicionais rolos verticais. Esses pratos podem variar entre 1,2 e 1,83 metros de diâmetro, comportando entre 1 e 2 horas e 45 minutos de filme, e podem pesar até 250 quilos quando carregados com uma película de longa-metragem.

O IMAX utiliza um tipo especial de filme de impressão baseado em ESTAR, um material plástico desenvolvido pela Kodak que garante estabilidade dimensional e resistência superiores à base tradicional de acetato. Essa característica é essencial para o sistema de registro por pinos usado nas câmeras e projetores IMAX, que exige extrema precisão: qualquer variação mínima no tamanho, espessura ou formato dos furos de perfuração poderia comprometer a estabilidade da imagem. O filme ESTAR, por não sofrer alteração durante o processamento químico, assegura a fidelidade da projeção mesmo após várias exibições.

IMAX 3D

Para gerar a sensação de profundidade característica do IMAX 3D, o sistema utiliza duas lentes independentes, correspondendo à visão de cada olho humano, separadas por uma distância média de 64 milímetros, o mesmo espaçamento entre nossos olhos. Cada lente grava sua própria imagem, criando dois rolos de filme distintos (um para o olho esquerdo e outro para o direito), que são projetados simultaneamente. Essa combinação resulta na ilusão tridimensional sobre uma superfície bidimensional. A câmera IMAX 3D, no entanto, é extremamente robusta: com mais de 113 quilos, ela é difícil de manusear em filmagens de campo, o que limita seu uso a produções planejadas ou ambientes controlados.

Diversas produções comerciais foram adaptadas para exibição nesse formato, como Monstros vs. AlienígenasTá Chovendo HambúrguerU2 3DAvatarShrek Forever AfterAlice no País das Maravilhas (2010) e Resident Evil 4: Recomeço. Essas versões ampliam a imersão visual do público, ainda que demandem complexos processos de projeção.

Existem dois métodos principais para criar o efeito tridimensional. O primeiro é o sistema de polarização, em que cada imagem (esquerda e direita) é projetada com polarizações lineares distintas sobre a tela. Os óculos especiais utilizados pelo espectador contêm lentes com filtros polarizados nas mesmas orientações, fazendo com que cada olho veja apenas a imagem correspondente, resultando em uma fusão estereoscópica perfeita.

O segundo método utiliza óculos com obturadores LCD, sincronizados eletronicamente com o projetor. Nesse sistema, as imagens para o olho direito e esquerdo são alternadas rapidamente, 96 quadros por segundo, ou seja, 48 para cada olho, enquanto as lentes dos óculos se tornam alternadamente opacas e transparentes, bloqueando e liberando a passagem da luz de acordo com o sincronismo do filme, que continua a rodar a 24 quadros por segundo.

Apesar da sofisticação técnica, o IMAX 3D enfrenta desafios inerentes ao seu formato. O efeito tridimensional não ultrapassa os limites físicos da tela, exigindo superfícies de projeção amplas o bastante para preencher o campo de visão periférico do espectador. Além disso, o tamanho do negativo IMAX, muito maior que o convencional, reduz drasticamente a profundidade de campo, o que pode causar certo desconforto visual em cenas fora de foco. Esse problema, no entanto, não afeta imagens geradas por computador, pois a profundidade pode ser manipulada digitalmente para manter toda a cena nítida. Ainda que alguns argumentem que isso reduz o valor estético da profundidade seletiva intencional, o fato é que, diante do tamanho imersivo da tela IMAX, o foco contínuo torna-se uma necessidade prática para preservar o conforto visual do público.

IMAX DIGITAL

IMAX Digital surgiu em 2008 como uma versão mais acessível e compacta do sistema original. Essa tecnologia utiliza projetores digitais de alta performance, substituindo os enormes rolos de filme físico e permitindo a exibição de conteúdo IMAX em cinemas multiplex convencionais. algo impensável com o equipamento analógico tradicional. Apesar disso, vale destacar que não existem câmeras digitais IMAX: as filmagens continuam sendo realizadas em película e posteriormente digitalizadas.

O sistema digital pode exibir tanto conteúdos convencionais quanto filmes em 3D e versões específicas do formato IMAX. Uma das principais vantagens do modelo é a logística simplificada, sem necessidade de transporte e manuseio de películas pesadas, além de reduzir significativamente o espaço necessário para a instalação do projetor.

Por outro lado, a qualidade de imagem é inferior à obtida com o IMAX analógico de 70 mm. As telas utilizadas em instalações digitais são menores, e a projeção emprega dois projetores de resolução 2K que sobrepõem as imagens para aumentar a nitidez e o brilho, alcançando um resultado um pouco superior ao do cinema digital comum, mas ainda distante da fidelidade óptica do filme original.

IMAX HD

Entre as variantes do sistema, destaca-se o IMAX HD, uma versão experimental que opera a 48 quadros por segundo, o dobro da taxa tradicional de 24 qps. Essa cadência mais alta tem como objetivo suavizar o movimento das imagens e reduzir a distorção de movimento, efeito conhecido como motion blur, resultando em uma sensação de realismo mais fluida e natural.

IMAX HD foi testado pela primeira vez durante a Exposição Universal de Sevilha, em 1992, com o filme Momentum, exibido no pavilhão do Canadá. Apesar da qualidade excepcional da imagem, os altos custos de produção e manutenção inviabilizaram a adoção em larga escala. Ainda assim, algumas salas, especialmente no Canadá, chegaram a ser adaptadas para o novo formato, e o sistema foi temporariamente mantido em funcionamento em atrações temáticas, como o “Soarin’ Over California”, no parque da Disney, na Califórnia, que continua a empregar a tecnologia de alta taxa de quadros em suas projeções.

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