5 FILMES QUE TODO FONOAUDIÓLOGO PRECISA ASSISTIR
ORIGENS
Um dos primeiros registros da dificuldade de expressão que temos notícia se encontra na Bíblia. No livro de Êxodo 4:10, em uma conversa com Deus, Moisés é orientado para falar com o Faraó. Traduções diferentes do texto dizem que Moisés não tinha o dom da palavra e a língua pesada. Interpretações apontam que Moisés teria um problema com a fala, seja a dificuldade de lembrar do idioma egípcio para se comunicar com o Faraó ou até mesmo a gagueira, o que sugeriria o termo “língua pesada”.
Outro registro interessante é a trajetória do orador Grego Demóstenes. Ainda criança, ficou órfão de pai e sua herança foi usurpada por seus tutores. Pouco tempo depois viu um orador chamado Calístrato reverter através da oratória um veredito que parecia desfavorável a quem Calistrato defendia. Decidiu então ser orador, entretanto, Demóstenes era gago. Através de exercícios como declamação de poemas com pequenas pedras dentro de sua boca (que foi referenciada na nossa dica de filme), venceu essa dificuldade e se tornou ao lado do Romano Cícero, um dos maiores oradores da Antiguidade Clássica.
O QUE É
A Fonoaudiologia é a ciência que tem como objeto de estudo as funções neurovegetativas (mastigação, deglutição e aspectos funcionais da respiração) e a comunicação humana neurológica mais complexa que o sistema nervoso pode processar, no que se refere ao seu desenvolvimento, aperfeiçoamento, distúrbios e diferenças, em relação aos aspectos envolvidos na função auditiva periférica e central, na função vestibular, na função cognitiva, na linguagem oral e escrita, na fala, na fluência, na voz, nas funções estomatognáticas, orofaciais e na deglutição."
O fonoaudiólogo é um profissional da saúde e atua em pesquisa, orientação, perícias, prevenção, avaliação, diagnóstico e tratamento fonoaudiológico na área da comunicação oral e escrita, voz, audição e equilíbrio, sistema nervoso e sistema estomatognático incluindo a região cervicofacial. Este profissional tem ampla autonomia, não sendo subordinado ou mero auxiliar de outras áreas do conhecimento ou especialidades, pode atuar sozinho ou em conjunto com outros profissionais de saúde em clínicas, hospitais,centros especializados em diagnósticos, institutos gerais de perícia, centros de referência em saúde do trabalhador, como auxiliar do poder judiciário no âmbito das perícias judiciais que envolvem a área da audição, fala e linguagem, equilíbrio e demais áreas correlatas, nas esferas cível, trabalhista e criminal, em creches, escolas (comuns e especiais) e comunidades, incluindo o Programa de Saúde da Família, unidades básicas de saúde, unidades de referência para a média e alta complexidade de procedimentos do SUS, emissoras de rádio e televisão, teatro, atendimento domiciliar, empresas de próteses auditivas, indústrias, centros de habilitação e reabilitação, entre outros.
Esta é uma pequena homenagem a estes profissionais.
Vamos aos filmes:
O MILAGRE DE ANNE SULLIVAN (1962)
Título original: The Miracle Worker
Direção: Arthur Penn
Roteiro: William Gibson
Elenco: Anne Bancroft, Patty Duke, Victor Jory
Duração: 106 min
País de origem: EUA
A incansável tarefa de Anne Sullivan , uma professora, ao tentar fazer com que Helen Keller, uma garota cega, surda e muda, se adapte e entenda (pelo menos em parte) as coisas que a cercam. Para isto entra em confronto com os pais da menina, que sempre sentiram pena da filha e a mimaram, sem nunca terem lhe ensinado algo nem lhe tratado como qualquer criança.
O milagre de Anne Sullivan, é baseado na história real de Helen Keller, uma menina que, após uma grave doença infantil, ficou surda e cega. O roteiro do filme foi elaborado a partir das memórias escritas pela própria Keller, e acompanha os anos inicias da educação da menina junto com a professora Anne Sullivan.
Por não ter recebido nenhum tipo de educação, Helen Keller não sabe como se comunicar; vive esclusa da sociedade e até mesmo do convívio familiar. Helen vive em um mundo sem som, sem escrita e sem luz; isso faz com que ela não tenha conhecimento do mundo que a cerca, é tratada em momentos como um animal doméstico, em outros como uma menina selvagem. Reduzida em sua condição de “estranha”, Helen era apenas um problema a ser relevado e levado embora.
BLACK (2005)
Título original: Idem
Direção: Sanjay Leela Bhansali
Roteiro: Sanjay Leela Bhansali
Elenco: Amitabh Bachchan, Rani Mukerji, Shernaz Patel
Duração: 122 min
País de origem: Índia
Gira em torno de uma garota cega e surda, e seu relacionamento com o professor que mais tarde se desenvolve a doença de Alzheimer. A primeira metade do filme é uma adaptação da autobiografia de Helen Keller - "A história da minha vida", livro que inspirou o filme O milagre de Anne Sullivan (The Miracle Worker), filme estadunidense de 1962, do gênero drama biográfico, dirigido por Arthur Penn.
Black ganhou o Melhor Filme no Prêmio Hindi no National Film Awards. Black foi o filme mais premiado de todos os tempos no Filmfare Awards, ganhando onze prêmios e batendo o recorde anterior titulares: Dilwale Dulhania Le Jayenge (1995) e Devdas (2002), de dez vitórias cada.
As críticas que Black recebeu na maioria positivas. As atuações de Rani Mukerji e Ayesha Kapoor foram especialmente elogiadas pela crítica. Richard Corliss, da revista Time escolheu como um dos melhores filmes de 2005. Foi também listado como o número um na Indiatimes - Lista dos 25 Melhores Filmes da Bollywood.
DO LUTO À LUTA (2005)
Título original: Idem
Direção: Evaldo Mocarzel
Roteiro: Evaldo Mocarzel
Elenco: Carlos Ebert, Ariel Goldenberg
Duração: 75 min
País de origem: Brasil
Uma análise das deficiências e potencialidades da Síndrome de Down, problema genético que atinge cerca de 8 mil bebês a cada ano no Brasil. A Síndrome de Down é sem dúvida um problema, mas as soluções são bem mais simples do que se imagina, principalmente quando são deixados de lado os preconceitos e estigmas sociais.
Atuação fonoaudiológica para estes pacientes é na articulação da fala e estímulos para a linguagem bem articulada e discursiva; quanto às dificuldades do portador de Síndrome de Down, inicialmente a rejeição dos pais em alguns casos, que na minha concepção já é um impacto psicológico, até mesmo na vida intra-uterina do bebê; depois que nasce se a intervenção iniciar na pré-aquisição da linguagem, este indivíduo terá vida praticamente normal, ao contrário daquele indivíduo que não o tem desde o princípio de seu desenvolvimento; outra dificuldade é que no ambiente social alguns deles não se inserem dependendo do grau de desenvolvimento, por isso gosto da ideia do quanto antes este indivíduo for posicionado no ambiente comum, mais breve e natural será a integridade de todos no mesmo ambiente social.
As possibilidades do portador de Síndrome de Down ser independente em todos os sentidos, vai depender da sua capacidade, por isso o estímulo precoce destes pacientes será imprescindível ao seu desenvolvimento e seu sucesso. O momento de mais preconceito é quando o indivíduo é estereotipado e subestimado sem ser ouvido. Este portador por vezes é discriminado e rejeitado pelos próprios pais.
O ESCAFANDRO E A BORBOLETA (2007)
Título original: Le scaphandre et le papillon
Direção: Julian Schnabel
Roteiro: Ronald Harwood
Elenco: Mathieu Amalric, Emmanuelle Seigner, Marie-Josée Croze
Duração: 112 min
País de origem: França
O filme o Escafandro e a Borboleta relata um caso muito comum, mas nem todos conhecem a sua verdadeira realidade, ou seja, estar na pele de uma pessoas que tiveram um derrame cerebral. Todas as etapas desde o primeiro despertar até sua morte. Sua vida é afetada de todas as maneiras, ele deixa de ser independente e passa a ser dependente de outros, sejam médicos, fisioterapeutas, fonoaudióloga e enfermeiros.
A fonoaudióloga trabalha com ele sua comunicação, ela elabora uma alternativa de se comunicar, onde sua única fonte de comunicação eram piscadas feitas com o olho esquerdo. Isso foi possível pela sua lucidez, seu cognitivo não foi afetado.
A comunicação alternativa/aumentativa para uma pessoa que não tem a capacidade de se comunicar normalmente passa a ser o único meio de interação, seja com a família, amigos, terapeutas. O processo é lento e requer muita dedicação de todos principalmente da família ou cuidador.
Não devemos deixar de dar essa chance a alguém que necessite de algum meio para se comunicar. No caso do filme, foi de suma importância a introdução da fonoaudióloga na sua vida pós derrame cerebral, desta maneira ele pode expressar seus sentimentos, angustias e sabedorias. Nesse filme não foi demonstrado o aspecto familiar juntamente com o paciente, porque a sua vida antes do acidente era afetada no aspecto familiar. Então, o papel dos familiares seria interagir de todas as maneiras com o paciente e adaptar sua casa para a futura estadia do mesmo.
Ao ver o filme entendemos como é difícil estar preso no próprio corpo e o quanto devemos ajudá-lo. Às vezes os profissionais da área da saúde se esquecem que os pacientes são seres humanos e não base de estudo. Tratá-los com dignidade, respeito e competência irá qualificar a reabilitação melhorando a qualidade de vida da pessoa.
O DISCURSO DO REI (2010)
Título original: The King's Speech
Direção: Tom Hooper
Roteiro: David Seidler
Elenco: Colin Firth, Geoffrey Rush, Helena Bonham Carter
Duração: 118 min
País de origem: Reino Unido
O príncipe Albert, conhecido como “Bertie” por sua família, tinha gagueira persistente. O distúrbio iniciou na infância e o acompanhou por toda a vida. Por força do ofício, ele precisava falar em público. Ninguém sabia como ajudá-lo a amenizar a dificuldade, até ele começar a trabalhar com o fonoaudiólogo australiano Lionel Logue. A história está retratada no filme O Discurso do Rei.
O fato de o fonoaudiólogo no filme usar alguns métodos não convencionais tornou o filme bastante agradável e colocou o personagem na posição de herói.
No filme, George (Colin Firth) é gago desde os 4 anos. Este é um sério problema para um integrante da realiza britânica, que frequentemente precisa fazer discursos. George procurou diversos médicos, mas nenhum deles trouxe resultados eficazes. Quando sua esposa, Elizabeth (Helena Bonham Carter), o leva até Lionel Logue (Geoffrey Rush), um terapeuta de fala de método pouco convencional, George está desesperançoso. Lionel se coloca de igual para igual com George e atua também como seu psicólogo, de forma a tornar-se seu amigo. Seus exercícios e métodos fazem com que George adquira autoconfiança para cumprir o maior de seus desafios: assumir a coroa, após a abdicação de seu irmão David (Guy Pearce).