PARAMOUNT PICTURES - A HISTÓRIA DO ESTÚDIO
Um dos gigantes de Hollywood
A Paramount Pictures figura entre os estúdios mais tradicionais e influentes da história do cinema americano. Criada por Adolph Zukor, em 1912, a empresa adotou o nome Paramount em 1925 e atravessou décadas como sinônimo de inovação, glamour e bilheterias de sucesso. Das salas escuras dos anos 20, passando por superproduções da década de 40, até os blockbusters dos anos 70, o estúdio sempre buscou se reinventar para enfrentar os desafios do mercado. Hoje, aposta em tecnologia e novas formas de contar histórias para manter-se relevante no século XXI.
As origens
Tudo começou quando Zukor, imigrante húngaro que chegou a trabalhar como faxineiro, se apaixonou pelo cinema. Apostando em pequenas salas populares conhecidas como nickelodeons, ele conquistou o público da classe trabalhadora. Em 1912, Zukor se uniu aos irmãos Daniel e Charles Frohman para fundar a Famous Players Film Company. A estreia aconteceu com Rainha Elizabeth, estrelado por Sarah Bernhardt, exibido no Lyceum Theatre. Em pouco tempo, a companhia já acumulava diversas produções.
No ano seguinte, a Famous Players se aliou à Jesse L. Lasky Feature Play Company, criada por Jesse L. Lasky em parceria com Samuel Goldwyn, Oscar Apfel e Cecil B. DeMille, este último responsável por The Squaw Man, considerado o primeiro longa-metragem do cinema americano. Juntas, as companhias criaram uma joint-venture chamada Paramount Pictures Corporation, com apoio de W. W. Hodkinson, dono de salas de cinema em Utah. Foi ele quem trocou o nome da rede de “Progressive” para “Paramount” e criou o famoso logotipo da montanha, inspirado no Pico Pikes, no Colorado. A Paramount foi pioneira ao atuar como distribuidora nacional, quando ainda era comum que a exibição fosse limitada a acordos regionais.
Em 1916, as duas empresas se fundiram na Famous Players-Lasky, com Zukor como presidente e Lasky como vice. Goldwyn deixou o grupo para abrir sua própria produtora, a Goldwyn Films, embrião da futura Metro-Goldwyn-Mayer. Com base em Hollywood, a companhia expandiu rapidamente, criando uma rede de distribuição que levava seus filmes a centenas de salas pelo mundo.
Estrelas e expansão
A força da Paramount se consolidou graças a contratos com nomes de peso como Mary Pickford, Douglas Fairbanks, Gloria Swanson e Rudolph Valentino. Em 1925, a fusão com a Publix, controlada pela Balaban & Katz, deu origem ao nome Paramount Pictures e ampliou ainda mais sua rede de salas e setores de produção. A empresa chegou a operar mais de mil cinemas, um feito histórico para a época.
Mas o crescimento acelerado teve um preço. O estúdio acumulou dívidas milionárias em hipotecas de salas de exibição, situação que se agravou com a Grande Depressão. Para superar a crise, a Paramount apostou em bilheterias sólidas, como os filmes estrelados por Mae West — caso de Santa Não Sou e Uma Dama de Outro Mundo, além das comédias dos Irmãos Marx, como Hotel da Fuzarca e Gênios da Pelota. Graças a esses sucessos, a empresa se manteve de pé e, ao final dos anos 30, controlava toda a cadeia de produção, distribuição e exibição.
Durante o período, episódios controversos também vieram à tona. Segundo o livro The Collaboration: Hollywood’s Pact With Hitler, do jornalista Ben Urwand, a Paramount demitiu funcionários judeus para não perder lucros no mercado alemão, alinhando-se aos interesses do regime nazista.
A era de ouro
A grande virada ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, quando o estúdio viveu seu auge de popularidade e faturamento. Sob a presidência de Barney Balaban e a direção de Y. Frank Freeman, a Paramount apostou em rostos conhecidos do rádio, como Bing Crosby e Bob Hope, e consolidou parcerias com cineastas como Cecil B. DeMille e Preston Sturges.
O sucesso, no entanto, começou a sofrer abalos no final da década de 40. Uma decisão da Suprema Corte determinou que o estúdio se desfizesse de sua rede de salas, acabando com o monopólio que garantia lucros robustos. Restou concentrar esforços apenas na produção e distribuição.
Crises e retomadas
Apesar de inovações como o sistema VistaVision, as décadas seguintes foram de altos e baixos. A escassez de estrelas comprometeu a bilheteria, que sobreviveu graças a sucessos pontuais como Sem Lei, Sem Alma e Becket, o Favorito do Rei, além de filmes estrelados por Elvis Presley. Ainda assim, prejuízos se acumulavam e, em meados dos anos 60, Balaban deixou o comando.
Foi então que a Gulf & Western Industries adquiriu a Paramount, entregando a missão de revitalizá-la ao ex-ator Robert Evans. Apesar de alguns fracassos, caso de Os Aventureiros do Ouro e Lili, Minha Adorável Espiã, Evans marcou ponto com o sucesso de O Bebê de Rosemary, de Roman Polanski, e, principalmente, com Love Story – Uma História de Amor, que virou um fenômeno de público e crítica.
Mas foi com O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola, lançado em 1972, que o estúdio iniciou uma fase de renascimento. Sob a liderança de Barry Diller e Frank Mancuso, vieram sucessos como Star Trek e as comédias de Eddie Murphy, além de seriados de TV que ajudaram a Paramount a recuperar seu lugar entre os grandes de Hollywood.
Líder de bilheteria
Os anos 70 e 80 foram marcados por grandes vitórias. Em meados da década de 80, a Paramount dominou as bilheteiras, emplacando sucessos como Top Gun – Ases Indomáveis e Crocodilo Dundee. Em 1989, a Gulf & Western rebatizou o conglomerado para Paramount Communications, que acabou vendido para a Viacom em 1994, reforçando a marca como potência global.
Sob a presidência de Brad Grey, a Paramount entrou nos anos 2000 com força total, produzindo sucessos de bilheteria e colecionando prêmios. Filmes como Rango, Thor, Kung Fu Panda, Super 8, Transformers: O Lado Oculto da Lua e Capitão América bateram recordes de arrecadação e consolidaram a marca no novo século.
Um legado centenário
Hoje, a Paramount é o quarto estúdio mais antigo do mundo, atrás apenas da Universal, Pathé e Gaumont. Adolph Zukor, seu fundador, não ficou marcado apenas por sua visão empreendedora, mas também por sua longevidade: viveu até os 103 anos, uma marca quase tão duradoura quanto a própria montanha que virou símbolo do estúdio.
O estúdio
No lendário endereço da Melrose Avenue, em Hollywood, ergue-se um dos portões mais icônicos da história do cinema. O arco de entrada da Paramount dá acesso ao único grande estúdio de Hollywood que ainda opera exatamente onde começou.
O tradicional tour, pago, começa em um café que abriga também uma lojinha de produtos oficiais. Durante cerca de duas horas, visitantes percorrem o estúdio em carrinhos elétricos, semelhantes aos usados em campos de golfe. O passeio inclui paradas nos famosos sound stages, cada um identificado por números e placas que lembram produções históricas gravadas ali. Alguns sets de séries de TV também podem ser visitados, além de curiosidades de bastidores, como a reutilização de cenas de Pearl Harbor em Transformers.
Em algumas áreas é permitido fotografar, mas os cenários internos permanecem restritos. O passeio atrai fãs do cinema que aproveitam para sentar nos bancos usados em Forrest Gump ou para fazer pedidos em frente ao majestoso portão principal, uma tradição para quem passa por lá.
Não é raro dar de cara com uma celebridade em plena atividade. Afinal, aquele é o local de trabalho de atores, diretores e técnicos que mantêm viva a história da Paramount.
Presente no Brasil desde meados da década de 80, a Paramount iniciou suas atividades no país em parceria com a Universal, através da CIC Vídeo, responsável pela distribuição de fitas VHS. Com o fim dessa joint venture, a Paramount Home Entertainment (Brasil) Ltda foi criada em 2001 como parte da divisão internacional do estúdio. No país, a marca também se associou à Rede Telecine, garantindo presença na TV por assinatura.
Iniciativas digitais e reestruturações
No início dos anos 2000, a Paramount se uniu a outros grandes estúdios. como Buena Vista, Fox, Columbia, MGM, Universal, DreamWorks, Artisan, Lionsgate e Warner, para criar o Digital Cinema Initiatives. O projeto, coordenado por Tom McGrath, executivo da Paramount, definiu padrões técnicos para a transição do cinema analógico para a projeção digital. McGrath também liderou os primeiros passos do estúdio na adoção do Blu-ray.
Como é comum em Hollywood, fusões e cisões moldam a trajetória do estúdio. No início de 2006, a Viacom, então controladora da Paramount, passou por uma divisão que resultou na criação da CBS Corporation e de uma nova Viacom, cada uma com parte do extenso portfólio de canais, estúdios e redes. A Paramount permaneceu sob o guarda-chuva da Viacom, enquanto a CBS ficou com as operações de TV aberta, canais premium e parques temáticos.
Em dezembro de 2005, a Paramount oficializou a compra da DreamWorks SKG, estúdio fundado por nomes de peso como Steven Spielberg, Jeffrey Katzenberg e David Geffen. A negociação excluiu a DreamWorks Animation, braço mais lucrativo do grupo.
A divisão internacional United International Pictures (UIP) foi reorganizada. Em mercados como Austrália, Brasil, França, Irlanda, México, Nova Zelândia e Reino Unido, a Paramount assumiu o controle das operações, enquanto em outros países a Universal ficou com a distribuição.
Três anos depois, os executivos da DreamWorks anunciaram a saída da Paramount, relançando a marca de forma independente. A DreamWorks Animation manteve o nome original, licenciando a marca para a nova empresa. Enquanto isso, a Paramount se desfez de outra divisão histórica: a Famous Music, responsável por trilhas sonoras clássicas, foi vendida para a Sony/ATV Music Publishing, encerrando uma era de oito décadas de ligação com a música.
Logotipo: A Montanha e as Estrelas da Paramount
O famoso símbolo da montanha, que abre quase todos os filmes da Paramount, é o logotipo mais antigo ainda em exibição nos cinemas do mundo. Conhecida como a “Montanha Majestosa”, essa imagem surgiu em 1914, esboçada pelo próprio W. W. Hodkinson, um dos fundadores e primeiro presidente da companhia. A inspiração inicial veio do Ben Lomond, montanha localizada em Utah, estado natal de Hodkinson. Anos depois, o desenho foi atualizado, ganhando traços mais realistas e baseando-se no pico Artesonraju, na Cordilheira dos Andes, no Peru.
As estrelas simbolizavam os atores e atrizes contratados pela Paramount nos primeiros anos do estúdio. A intenção era adicionar novas estrelas conforme mais artistas passassem a fazer parte do elenco. Porém, o sucesso cada vez maior tornou essa ideia impossível de manter. O logotipo original exibia 24 estrelas, uma para cada artista contratado em 1916. Com o tempo, esse número caiu discretamente para 22, mas a razão exata para essa redução permanece desconhecida.
A montanha retratada é inspirada na Ben Lomond, em Utah, lugar onde Hodkinson, um dos fundadores, abriu suas primeiras salas de cinema. Enquanto o logotipo tradicional exibe 22 estrelas, algumas variações, como a da plataforma Paramount Plus, usam outra contagem. Muitos acreditam que as 13 estrelas do Paramount Plus representam o número de letras no nome “Paramount Plus”.
A Evolução do Logotipo da Paramount
A famosa montanha cercada por estrelas passou por mudanças sutis ao longo das décadas. O estúdio adaptou seu símbolo para diferentes fases, criando versões que contam um pouco de sua trajetória.
1914
O primeiro logotipo da Paramount era bem diferente do que se conhece hoje. Não havia montanha nem estrelas. O símbolo era formado por um brasão com coroa, o nome da empresa e o lema em latim “In Excelsis”. Essa versão refletia o estilo artístico da época, mas logo foi substituída pelo visual que se tornaria um ícone.
1916
Em 1916, a Paramount apresentou os primeiros elementos que definiriam sua marca. Um desenho da montanha Ben Lomond virou o destaque, encoberto por nuvens e com a palavra “Pictures” escrita em estilo manuscrito. Acima, o nome Paramount aparecia em arco, rodeado por estrelas de cinco pontas, antecipando o formato que se consolidaria.
1917
No ano seguinte, o logotipo recebeu ajustes. O arco de estrelas ficou mais fechado e a silhueta da montanha ganhou contornos mais fortes. A tipografia também foi levemente alterada para facilitar a leitura, mantendo o estilo original. Foi em 1917 que as 24 estrelas apareceram oficialmente, representando o grupo de artistas que integravam o estúdio.
1967
No final dos anos 1960, a Paramount simplificou seu símbolo, removendo as nuvens ao redor da montanha e retirando a palavra “Pictures”. O número de estrelas também diminuiu, mas os motivos nunca foram esclarecidos. Essa versão só apareceu nos cinemas em 1975.
2022
Hoje, o logotipo da Paramount ainda lembra o modelo de 1967, mas costuma ser exibido em tons de azul em vez de preto e branco. A palavra “Pictures” às vezes reaparece em versões comemorativas. Atualmente, o fundo do logotipo pode mudar de cor, acompanhando a estética de cada filme. As estrelas, por sua vez, ganharam animações que giram ao redor da montanha, dando um ar moderno ao símbolo clássico.
O Símbolo da Paramount
O logotipo da Paramount é um marco na história do cinema, gravado na memória de gerações de cinéfilos. Mesmo com alterações ao longo dos anos, a montanha e as estrelas permanecem como essência da marca. A montanha vai além de uma paisagem: representa a solidez da trajetória da Paramount. Já as estrelas homenageiam o elenco de talentos que ajudou a construir esse legado e simbolizam a busca contínua por inovação.
As Cores do Logotipo da Paramount
Como mencionado, as cores do logotipo variam de acordo com o contexto de uso. Ao longo do tempo, a marca já apareceu em amarelo, dourado, vermelho e verde. Entretanto, a combinação principal segue sendo o azul e o branco. O tom de azul, próximo do código #0064FF, é o mais usado nas versões oficiais.
A Tipografia do Logotipo
A fonte do logotipo sempre manteve um ar decorativo, com traços que lembram a escrita à mão. Ajustes sutis ao longo dos anos tornaram as letras mais legíveis, sem perder o charme original. Hoje, a tipografia se assemelha bastante à Edwardian Script Alt bold, embora alguns designers apontem semelhanças com a coleção Peak Sans.
Buscando explorar nichos de mercado, a Paramount criou em 2010 a Insurge Pictures, dedicada a filmes de baixo orçamento. Porém, com os resultados abaixo do esperado, a marca foi descontinuada em 2015. Por outro lado, o sucesso do longa animado Rango impulsionou a criação de uma nova divisão de animação, recolocando a Paramount no mercado que não explorava desde o fechamento dos estúdios Famous/Paramount Cartoon Studios, na década de 60.
Em 2013, a Disney, após comprar a Lucasfilm, assumiu os direitos de distribuição de novos filmes de Indiana Jones, mas a Paramount manteve o controle dos quatro primeiros longas e segue participando financeiramente das produções futuras.
Em 2017, Jim Gianopulos assumiu o comando da Paramount, sucedendo Brad Grey. No ano seguinte, o estúdio firmou um acordo de produção com a Netflix, tornando-se o primeiro grande estúdio de Hollywood a abraçar oficialmente o streaming como estratégia de distribuição.
Em 2019, Viacom e CBS, separadas desde 2006, voltaram a se unir, formando a ViacomCBS. O movimento incluiu a aquisição de parte da Miramax, ampliando o catálogo da Paramount com mais de setecentos títulos. A nova fase também impulsionou o lançamento do serviço de streaming Paramount+, que carrega o peso de uma marca centenária, mas atualizada para concorrer no mercado digital.