ALEJANDRO BRUGUÉS - RESPONDE ÀS 7 PERGUNTAS CAPITAIS
Alejandro Brugués é um diretor e roteirista argentino nascido em 21 de agosto de 1976, Buenos Aires, Argentina. Brugués estudou na Escola San Antonio de los Baños e fez sua estreia na direção com o filme de 2006, Pertences Pessoais, que ele filmou em Cuba.
Ele dirigiu uma das produções de zumbis mais cultuadas das últimas décadas: Juan dos Mortos (2011). O filme foi exibido em primeira mão no Brasil no Festival do Rio 2011. Conquistou diversos prêmios pelo mundo, entre eles o da audiência no Miami Film Festival 2012, e Prêmio do Público, Melhor Ator e Melhor Roteiro no Fantasporto Festival Internacional do Cinema do Porto, Portugal, 2012.
Boa sessão:
1) “Ninguém vai bater mais forte do que a vida. Não importa
como você bate e sim o quanto aguenta apanhar e continuar lutando; o quanto
pode suportar e seguir em frente. Assim é a vida.” disse Rocky Balboa. O caminho até o eventual sucesso não
é fácil, principalmente na concorrida Indústria Cinematográfica. Conte como foi
seu início de carreira.
A.B.: Meu início foi em Havana, onde estudei roteirização na escola de cinema. Aquela formação foi fundamental, porque me deu não apenas a base técnica, mas também o contato com colegas e professores que respiravam cinema o tempo todo. Quando me formei, comecei a trabalhar como roteirista, o que me permitiu aprender na prática como estruturar histórias, criar personagens que soassem autênticos e entender a dinâmica da indústria, ainda que de forma local. Antes de me tornar diretor, escrevi três roteiros...
M.V.: Frutas en el café (2005), Bailando chachacha
(2005) e Tres veces dos (2004).
A.B.: Exatamente. Cada um deles
foi um exercício diferente, uma espécie de laboratório para testar ideias,
estilos e vozes narrativas. Embora não fossem projetos grandiosos, foram
essenciais para que eu percebesse que minha verdadeira vontade era estar também
atrás da câmera, conduzindo a visão completa da história. Esse período de
transição entre roteirista e diretor foi marcado por muitos desafios, mas
também pela certeza de que o caminho, por mais difícil que fosse, era
exatamente o que eu queria seguir.
2) "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.". Considerando a reflexão, há alguma experiência em sua vida dedicada à arte que foi especialmente marcante?
A.B.: É difícil escolher apenas uma experiência. Na verdade, foram muitas! Cada novo filme que faço é como mergulhar em um universo diferente, cheio de descobertas e desafios. Tento sempre evitar a repetição, porque acredito que o cinema deve me surpreender tanto quanto espero surpreender o público.
Gosto de pensar em cada produção como uma ida a um parque de diversões: em um dia você sobe em uma montanha-russa, no outro, experimenta a casa do terror, ou talvez um carrossel. Cada projeto tem seu próprio ritmo, seus sustos, suas alegrias, sua adrenalina. Essa sensação de estar sempre diante de algo novo é o que torna meu trabalho tão especial e marcante para mim. Não importa quantos filmes eu faça, sempre procuro essa emoção de estar entrando em um ‘brinquedo’ diferente.
3) Fazer cinema envolve muitas variáveis. Esforço, investimento, paixão, talento... E a sinergia destes elementos faz o resultado. Qual trabalho em sua carreira considera o melhor?
A.B.: Seria como escolher um de seus filhos
M.V.: A escolha de Sofia.
A.B.: Exato.
M.V.: Mas eu escolho por você: Juan dos Mortos.
A.B.: Ótima escolha.
4) "Juan dos Mortos" é um dos melhores filmes do século XXI. Pensa em fazer uma sequência, como George Romero fez com A Noite dos Mortos-Vivos?
A.B.: Obrigado pelo elogio, mas não há planos de uma sequência. Num certo ponto, todo mundo queria uma e até eu mesmo tentei bolar uma história, mas nunca se tornou real. Foi só uma resposta para me livrar da pergunta. A verdade é que me diverti muito fazendo o filme e quero trabalhar com os mesmos atores, mas em alguma outra coisa. Vamos deixar Juan sozinho e encontrar em outra aventura.
M.V.: Em meio a tantas continuações infelizes, de repente é melhor mesmo deixar Juan em paz. Veja Rec, que foi um grande sucesso. Fizeram mais três, com a mesma qualidade inclusive, porém pouco lembrados.
5) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes de sua vida? Um Top 10 ou mesmo, o filme mais importante?
A.B.: Eu nunca gostei muito de fazer listas, porque acho que elas mudam de acordo com o momento, com o estado de espírito em que você se encontra. Às vezes, um filme que parecia fundamental há alguns anos dá lugar a outro que fala mais com você no presente. Mas, apesar dessa oscilação, existem títulos que sempre permanecem comigo, quase como velhos amigos, como Tubarão, Os Caçadores da Arca Perdida, Operação Dragão, Três Homens em Conflito.
E mais recentemente acrescentei Mad Max: Estrada da Fúria. Para mim, ele foi uma prova de que o cinema ainda pode reinventar a ação de forma arrebatadora, criando uma experiência sensorial que parece, ao mesmo tempo, moderna e atemporal. Esses são alguns dos filmes que, não importa o que aconteça, sempre acabam voltando para a minha lista pessoal.
6) Agora vamos falar de futuro. Tem projetos engatilhados?
A.B.: Sim, tenho vários. Aliás, tenho tantas coisas acontecendo que não sei se vou encontrar tempo para realizar todas. E não... Não posso falar sobre eles... (risos). Mas posso adiantar que uma antologia de horror vem aí, com nomes como Mick Garris e Joe Dante.
M.V.: Uau! Adoro antologias. Inclusive fiz uma matéria sobre as melhores antologias do cinema de horror e O ABC da Morte 2 está entre elas.
A.B.: Obrigado. ABC foi com bem mais diretores...
7) Para finalizar, deixe uma lição ou dica para os que pretendem se tornar cineastas.
A.B.:Confie nos seus instintos. E sempre traga dois pares de sapatos durantes as filmagens. Mude a cada 6 horas no set. Seus pés irão agradecer.
M.V.: (risos). Obrigado e sucesso amigo...