MATHEUS TRUNK - RESPONDE ÁS 7 PERGUNTAS CAPITAIS
Matheus Trunk é jornalista, escritor, pesquisador e mestrando em comunicação audiovisual. Autor dos livros "O Coringa do Cinema" (Giostri, 2013), biografia do diretor de fotografia Virgílio Roveda e "Dossiê Boca: personagens e histórias do cinema paulista" (Giostri, 2014). Fundador e colaborador da revista eletrônica Zingu!. Diretor de comunicação do Memorial do Cinema Paulista. Idealizador, produtor e diretor da minissérie de entrevistas Papo de Boqueiro. É filiado a UBE (União Brasileira de Escritores) e sócio da Sociedade Esportiva Palmeiras.
Vamos às 7 perguntas capitais:
1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte. Quando nasceu sua paixão pelo cinema?
M.T.: Meu interesse por cinema surgiu quando eu fazia colegial. Comecei a entrar em contato com o cinema brasileiro pela televisão a cabo e também frequentando salas de cinema. Comecei a comprar livros e conheci pessoas que trabalharam no cinema da Boca paulista.
Naquela época, o cineasta Rodrigo Montana mantinha um escritório na Rua dos Andradas, na Luz. Eu ia quase toda semana lá. Além disso, os cineastas antigos encontravam-se quase diariamente num bar localizado na galeria em frente à galeria Boulevard no centro de São Paulo. Eu ia lá e convivi bastante com eles.
2) Tyler Durden disse em Clube da Luta: "As coisas que você possui acabam possuindo você". Ser colecionador é algo que se encaixa neste conceito, já que você se torna escravo do colecionismo. Coleciona filmes, CDs ou algo relacionado à 7ª arte?
M.T.: Sim. Filmes, cartazes e livros principalmente. Sou um rato de sebo, sempre compro mais coisas do que consigo ler. Principalmente biografias. Minha casa está lotada delas.
3) De onde veio a inspiração para criar livros que se tornaram referência por sua originalidade no cenário brasileiro?
M.T.: Sou autor dos livros sobre o cinema da Boca e cinema brasileiro chamados “O coringa do cinema” (publicado em 2013) e “Dossiê Boca: personagens e histórias do cinema paulista” (publicado no ano seguinte). O primeiro livro é um livro-reportagem, uma biografia do diretor de fotografia Virgílio Roveda, o Gaúcho que trabalhou em mais de 60 longas-metragens nacionais nas mais diferentes funções.
Esse primeiro livro surgiu de uma tese de conclusão que fiz sobre o Gaúcho para um curso de pós-graduação. Ele quis que esse trabalho virasse algo maior, um livro. Já o “Dossiê Boca” é uma reunião de diversas matérias que fiz sobre personagens da Rua do Triunfo e não ganharam espaço na grande imprensa.
4) "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.". Considerando a reflexão, há alguma experiência em sua vida dedicada à arte que foi especialmente marcante?
M.T.: Acredito que o me marcou muito foi ter sido fundador e editor da revista online Zingu!. Todo mês a publicação dedicava-se a algum personagem do cinema paulista. Isso fez ficar próximo de diversos veteranos da cinematografia brasileira. Convivi com essas pessoas e os livros acabaram sendo um prolongamento dessas amizades.
Tive o privilégio de bem novo conviver com homens que infelizmente já morreram como Carlos Reichenbach, Francisco Cavalcanti, Pio Zamuner, Rodrigo Montana e Cláudio Cunha. A Boca foi uma espécie de faculdade e os velhos, professores.
5) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes de sua vida? Um Top 10 ou mesmo, o filme mais importante?
M.T.: Prefiro não falar em filmes e sim em realizadores. Existem cineastas que marcam a gente. Dos realizadores contemporâneos admiro gente como Martin Scorsese, Brian de Palma, Clint Eastwood, Coppola, Roman Polanski e Woody Allen. Dos brasileiros continuo acompanhando certos realizadores como Ugo Giorgetti, Kléber Mendonça Filho, Carlos Gerbase, Edgard Navarro e Carlos Diegues.
6) Fale um pouco sobre os seus próximos projetos.
M.T.: Vários. Tantos que fariam esse espaço pequeno.
7) Ao olhar para sua trajetória, qual aprendizado considera mais valioso e gostaria de compartilhar?
M.T.: Não me acho melhor que ninguém. Não deixo uma lição, mas sim um recado. Gostaria que todos tivessem um olhar mais carinhoso com o cinema brasileiro. Quando você publica uma opinião sobre um determinado filme estrangeiro, o realizador gringo dificilmente vai entrar em contato com você. Mas quando você publica algo sobre um filme nacional é completamente diferente.
M.V.: Recado dado. Obrigado amigo. Sucesso.