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MARCOS DE CASTRO E ANDRÉ DE CASTRO - RESPONDEM ÀS 7 PERGUNTAS CAPITAIS

Diretores, atores e críticos de cinema, conhecidos como Gêmeos do Cinema, os irmãos Marcos de Castro e André de Castro atuam na área cultural desde 2010. Paulistas, de Ribeirão Preto, fundaram a The Look Filmes – Gêmeos do Cinema, produtora registrada na ANCINE sob o nº 25979, que iniciou suas atividades em 2011.

Em 2011, assumiram também a direção operacional da São Paulo Film Commission em Ribeirão Preto, mais conhecida como Estúdios Kaiser de Cinema, onde permaneceram até 2014.  Em 2015, dirigiram o curta-metragem de terror “Mortos Vivos Vivos Mortos”, com 13 minutos de duração. A história é contada através das lentes de um cinegrafista amador que registra o cortejo fúnebre de um pai zumbi que carrega o caixão de sua filha viva pelas ruas da cidade. O roteiro é assinado por ambos; Marcos atuou como produtor e André como diretor.

Desde então, mantêm uma trajetória ativa no cinema independente, trocando experiências com outros profissionais e ampliando suas contribuições à crítica e à realização cinematográfica. A minha amizade com a dupla, iniciada nesse período, rendeu ainda uma colaboração no novo Dicionário de Cineastas do crítico Rubens Ewald Filho.

Vamos às 7 perguntas capitais:


1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte. Quando nasceu a paixão de vocês pelo cinema? 

M.C.: Meu interesse pelo cinema surgiu em 1984, quando meu irmão e eu assistimos, pela primeira vez, à cerimônia do Oscar e Laços de Ternura foi eleito o melhor filme do ano. Em 1988, chegou o primeiro videocassete (um Toshiba X-40, de 4 cabeças) e a primeira fita virgem (da marca Leader). Foi aí que tudo começou.

Em 1985, vimos nosso primeiro filme completo da vida: Terror em Amityville 2. Imagine o trauma... porém, com o gênero terror, foi amor à primeira vista. Em 1986, fomos ao cinema pela primeira vez: Os Goonies, na versão dublada. Já o primeiro filme legendado que vimos no cinema foi em 1989: Uma Secretária de Futuro.

Nosso contato com filmes não norte-americanos começou com a trilogia Sissi e os clássicos estrelados por Tyrone Power (nosso ídolo). Entre 1984 e 1990, tudo contribuiu para alimentar nossa paixão por cinema, e, a partir daí, vivemos inúmeras situações inusitadas e engraçadas para conseguir ver certos filmes. Claro que o terror é nosso gênero favorito, mas nossa cinefilia vai muito além.

Somos cinéfilos? Sim, talvez... Afinal, E o Vento Levou nos levou a Braddock, A Marca do Zorro (de 1940) aos Vingadores, Psicose a O Vingador Tóxico, Picnic, Férias de Amor a Persona... Para nós, um bom filme não tem gênero, ano ou país.

Nossa musa eterna? Jamie Lee Curtis, desde 1990 até hoje.

Nosso mestre dos filmes de terror? Jason Voorhees. Sempre!

A.C.: Além da Jamie Lee Curtis, nossa segunda musa é Sigourney Weaver. Imagina a alegria quando ambas atuaram juntas em 2010 no filme Você de Novo, e a decepção quando subiram os créditos!

M.V.: De fato, é um filme esquecível.

2) Tyler Durden disse em Clube da Luta: “As coisas que você possui acabam possuindo você”. Ser colecionador se encaixa nesse conceito, já que você se torna escravo do colecionismo. Vocês colecionam filmes, CDs ou algo relacionado à sétima arte?

M.C.: Nossa, temos DVDs, Blu-rays e muuuuuuuuuuuuuitos VHS! Quando as locadoras fecharam, compramos tudo. Temos dois aparelhos de vídeo, dois de Blu-ray, trilhas sonoras em CD e LP (temos duas sonatas), livros sobre cinema, bonecos, quadros... tudo o que se possa imaginar.

A.C.: Mas não compramos qualquer coisa. Não vamos a uma loja com uma cesta e saímos enchendo com qualquer filme. Só temos os títulos certos na nossa coleção — filmes que sabemos, com absoluta certeza, que precisamos ter!

M.V.: Só compram os filmes certos... ou seja, todos! Exatamente como eu!

3) Como foi o processo de indicação do curta de vocês para concorrer no Festival de Cannes?

M.C.: Na verdade, não foi uma indicação. Realizamos a inscrição do curta no Short Film Corner e ele foi aceito na plataforma digital. O desafio maior, e isso muita gente não sabe, é que, se você estiver presente no evento, pode agendar a exibição do curta em uma pequena sala de cinema, determinando os próprios convidados. A grande batalha foi conseguir patrocínio para custear a viagem. E, no nosso caso, o custo foi duplo. Conseguimos apoio para apenas um de nós, e assim fomos a Cannes.

Devido ao nosso currículo (e por um outro fator secreto também), conseguimos uma credencial de destaque, o que nos permitiu circular por cerca de 80% do festival logo na nossa primeira participação. Para quem está começando, foi simplesmente sensacional. Tudo ali parecia surreal: John C. Reilly, as festas, as sessões, os encontros, os resultados, os filmes... foi uma experiência 100% inenarrável.

Depois disso, o curta já foi exibido em Juiz de Fora, Campinas e no Caixa Belas Artes, em São Paulo. Nada mal para uma produção feita em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, com apenas R$ 800,00 do nosso bolso.

A.C.: Conseguimos vários contatos, e esses contatos evoluíram. A partir disso, novos projetos começaram a nascer. Tivemos um começo um pouco conturbado, mas com um desfecho extremamente feliz. O que conseguimos após Cannes, não trocaríamos por nada neste mundo.

4) "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos". Considerando a reflexão, há alguma experiência vivida no meio artístico que foi especialmente marcante?

M.C.: Houve centenas de histórias, mas separamos algumas das mais marcantes e ilógicas como:

Beijar o sofá na casa do Rubens Ewald Filho, ao saber que a Jodie Foster havia se sentado nele também;

Em 1992, descobrimos pelo Vídeo Show (não havia internet!) que o aniversário da Jamie Lee Curtis era no dia 22/11. Demos um grito tão forte que o vizinho saiu com um pedaço de pau, quase invadindo nossa casa, achando que estávamos sendo assaltados;

John C. Reilly nos abordando em Cannes, querendo tirar uma foto com a gente! Muito bizarro, era para ser o contrário!

Ver Jane Fonda no banco do passageiro passando por uma rua de Cannes;

A sessão do nosso curta no festival e os elogios das pessoas após a exibição;

Assistir O Exterminador do Futuro (1984) à noite, em uma sessão especial ao ar livre, na praia de Cannes, fazendo piquenique na areia.

Teve muitas, muitas outras... e agora nem conseguimos lembrar de todas!

Ah, sim! Conversar com a Nancy Allen por telefone! Estávamos elogiando a atriz para um rapaz, sem saber que ele era assessor dela. Em seguida, ele fez uma ligação e quando ouvimos um “Hello”, era ela! Nancy Allen ali: Carrie, a Estranha, Febre de Juventude, Vestida para Matar, RoboCop, Um Tiro na Noite, Poltergeist 3...

A.C.: Temos muitas histórias envolvendo filmes pouco conhecidos. Lutamos durante 15 anos para conseguir assistir ao terror B Numa Noite Escura, com a Meg Tilly, essa história daria um filme. Já arrancamos pedaços do outdoor de Twister quando ele foi lançado nas locadoras, imploramos por pôsteres de determinados filmes ou atrizes (foi uma guerra conseguir o pôster de Striptease, em 1996, mas nós dois vencemos). Existem várias histórias... algumas até embaraçosas demais para contar!

5) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes de suas vidas? Um Top 10 ou mesmo o filme mais importante? 

M.C.: Da minha vida e a do meu irmão: ...E o Vento Levou (1939), Do Mundo Nada se Leva (1938), Sexta-Feira 13 (1980), Blade Runner – O Caçador de Androides (1982), Carrie – A Estranha (1976), Interiores (1978), Volver (2006), O Exorcista (1973), O Massacre da Serra Elétrica (1974), Um Peixe Chamado Wanda (1988).

Esses são 10 entre os 50 principais, de um total de mais de 12.000 filmes que já vimos! 

A.C.: Idem (by Whoopi Goldberg)! Foi difícil tirar O Exterminador do Futuro (1984) da lista.

6) Fale um pouco sobre os seus próximos projetos. 

M.C.:Temos dois curtas e dois longas em ótima fase de produção! Todos são de terror, explorando diferentes subgêneros. É uma luta constante; nada no Brasil é uma ciência exata, mas temos fé e vontade de seguir em frente com honestidade.

A.C.: Temos um ótimo relacionamento com o SESC e estamos conseguindo avanços importantes na área de cinema graças a essa parceria.

7) Ao olhar para suas trajetórias, qual aprendizado considera mais valioso e gostariam de compartilhar?

M.C.: Mesmo lidando há seis anos com todas as formas de leis de incentivo, ainda nos sentimos como estreantes. Deixamos um aviso: cuidado com quem vocês vão confiar. Quando tudo parecer fácil, comecem imediatamente a pensar em um plano B! Fé, força e siga em frente. Não deixe ninguém domar o seu sonho — nem a sua raiva! Você vai precisar de ambos.

A.C.: Para que o vento não leve seus sonhos, esteja sempre a um passo da eternidade. Seu vale continuará verde se você acreditar que a luz e o sol são para todos. Pois assim caminha a humanidade e, sendo assim, todos devem viver felizes para sempre. Os melhores anos de nossas vidas são o tempo que passamos neste mundo!

M.V.: Obrigado, amigos. Foi uma dupla honra.

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