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UNA (2016) - FILM REVIEW


A insustentável vontade do ser....

Do ponto de vista amoroso, não há nada mais dramático para o indivíduo, que a paixão não correspondida.  É uma via de mão única, onde você se doa, mas não recebe nada em troca. Nada que gostaria, pelo menos.

Agora, imagine se a paixão for correspondida, mas a pessoa desaparece, no meio do feito? O horror se instala. A agonia da incerteza, de não saber o que ocorreu... Agora jogue nesta tempestade, um tsunami: é uma relação de uma pessoa mais velha com uma criança.

Assim é Una....que conta a história de Ray (Ben Mendelsohn) e Una (Rooney Mara), que tiveram um complicado relacionamento quando ela tinha apenas 12 anos. Quinze anos depois eles se reencontram. Ray é confrontado com o passado quando Una chega sem avisar em seu escritório buscando respostas . Ray fez uma nova vida para ele, mas os dois vão precisar revisitar sua relação para que ela busque as respostas que precisava.


Mara, mais uma vez, num papel forte (Millenium, Carol, Terapia de risco) entregando uma interpretação soberba. Há uma cena em particular, que ela descobre a verdade sobre o sumiço do amado, que em seu olhar somos capazes de ver absolutamente tudo o que passa em sua mente, sem que ela diga uma única palavra.

A história de Una nos mostra que é importante entender que não são os traumas que nos tornam doentes, mas sim a incapacidade de expressá-los. E por isso se torna tão importante identificarmos nossos sentimentos e conseguirmos expressá-los, ao menos para nós mesmos. Porém, como nem sempre identificamos ou expressamos nossos sentimentos quando ocorrem, sendo muitas vezes originados durante nossa infância, a doença surge para nos mostrar que é preciso identificar algum conflito que ficou do passado. 

E Una se tornou uma pessoa doente, parecendo obcecada, quando na verdade, sofria de um amor que não tinha maturidade de entender seus desígnios. Principalmente por ser um amor proibido. E que destruiu em parte, a vida do amado por sentir o mesmo. Um caso de amor, que virou pedofilia por julgamento prévio da sociedade, destruindo o que poderia ser. Seu amor veio de pequena, calcado na inocência de uma criança, ao passo que Ray enxerga esta inocência e de certa forma, a admira por isto, apaixonado-se por esta inocência.


A situação esbarra no bizarro quando, por motivos óbvios, Una simula que Ray seja seu pai para entrar numa festa em sua casa. Por um momento, achamos que o buraco seria mais embaixo, e que seria uma história incestuosa. Mas a nuvem se dissipa momentos depois, para entendermos que tudo, no fim, era apenas o amor entre duas pessoas, que momentaneamente estavam dispostas a enfrentar tudo, mas que a realidade foi mais cruel com aquele sentimento.

Numa cena pontual, depois do reencontro, quando há uma oportunidade de sexo entre os dois, ele não consegue consumar o ator, provando que a relação era mais sentimento que carnal. 

Socialmente, culturalmente e judicialmente, este amor tem um nome: pedofilia. O termo "pedófilo" se refere à pessoa que sente atração sexual por crianças. Isso não significa que todo pedófilo seja um abusador ou consuma conteúdo pornográfico infantil, nem que todo ato de violência sexual praticado contra uma criança  seja cometido por um pedófilo. De fato, há, na literatura científica, registro de pedófilos que buscaram tratamento para conter sua libido sem terem praticado nenhum crime. Por outro lado, há muitas ocorrências de estupro de crianças perpetradas por homens que não possuem fixação sexual por menores de idade, principalmente nos casos de incesto, em que há laços familiares entre os envolvidos.


A pedofilia é uma condição psicológica, provavelmente incurável, para a qual ainda há poucas alternativas de tratamento paliativo. É em resumo, uma espécie de orientação sexual com preferência etária, que possuí, claro, as mais severas implicações éticas.  

Fica fácil assim, deduzir que foi um erro...um crime...e mesmo que consentido...é amoral. Afinal...uma criança de 12 anos tem direito de escolha?

E um adulto, tem direito de escolhe-la?

Sabemos a resposta, pelo menos, que a sociedade nos ensinou.


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