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PAULO SANTOS LIMA - RESPONDE ÀS 7 PERGUNTAS CAPITAIS

Paulo Santos Lima é crítico de cinema e jornalista. Escreve na Revista Cinética, é colaborador no Valor Econômico e trabalhou na Folha de S. Paulo, Revista Bravo e Revista Monet. Assinou a curadoria de mostras no CCBB (O Cinema Paulista da Retomada, Jerry Lewis, O Cinema da Nova Hollywood) e ministra cursos livres no Espaço Itaú e Sesc e Caixa Cultural (John Cassavetes, Werner Herzog, Martin Scorsese, Clint Eastwood, Brian De Palma).

E hoje, é nossa vítima das 7 perguntas capitais. 

Confira:


1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Você é um apaixonado por cinema? Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte.

P.S.L.: Meu primeiro contato mais forte com o cinema se deu aos 5 ou 6 anos de idade, e curiosamente pela TV. O telejornal falava sobre o lançamento do "King Kong" de 1976, e mostrou a a imagem do primata do "King Kong" de 1933, aquele close no rosto dele, os olhos transtornados. Fiquei extasiado, mobilizado, e aquilo ficou muito impresso na minha memória. Nos anos seguintes, tive uma frequência em cinemas, de Trapalhões a filmes de Joe Dante, Spielberg, John McTiernan e Stallone, além da TV, que me apresentou os grandes clássicos do cinema americano, além de Jerry Lewis, filmes Noir na Sessão Classe A, nas noites de quarta na Globo, westerns etc. 

O VHS, contudo, talvez tenha sido o melhor instrumento dessa minha alfabetização cinematográfica, que me permitiu ver de "Mad Max" e "O Desprezo" do Godard (numa cópia dublada em inglês) a "Laranja Mecânica", Coppola (meu primeiro contato com o Brando se deu com "O Poderoso Chefão", assim como Humphrey Bogart se apresentou pelo "Uma Aventura na Martinica" e "À Beira do Abismo"), Paul Schrader ("Gigolô Americano"), Polanski ("Chinatown", filme que vi muitas vezes), filmes sci-fi B anos 1980, filmes mais sérios europeus e até uns pornôs que as locadoras não tinham vergonha de ostentar nas prateleiras.


Mas eu posso dizer que o nascimento da minha cinefilia veio com meu pai. Eu percebi um interesse e amor pelo cinema na minha adolescência, mas eu nunca me intitulei "cinéfilo", pelo menos não antes de já estar escrevendo há alguns anos sobre cinema. O termo sempre me pareceu específico demais. Eu diria que tenho cinefilia, mas não sou cinéfilo... (risos)

2) Coleciona filmes, CDs ou algo relacionado à 7ª arte ? Quem curte cinema costuma ter suas pérolas em casa...

P.S.L.: Sim, coleciono. Ou colecionava, pois o acesso à mídia física hoje é mais restrito. Nunca contei quantos eu tenho.

3) Qual a sua experiência, relacionada ao cinema, que foi mais marcante?

P.S.L.: Foi com Hélio, meu pai, com o qual eu tive toda uma experiência de contato e descoberta do cinema. Assisti ao seu lado a vários filmes que me marcaram muito nos anos 1980, em sala de cinema e no VHS. Lembro-me de ver junto com ele "O Exterminador do Futuro" quando estreou e "Apocalypse Now" (este, reexibido em 1987, no Belas Artes, eu com 16 anos). Idem o "Metrópolis" do Lang, naquela versão colorizada com trilha do Queen, eu vi no finado cinema do Calcenter. 

Já sozinho na sala de cinema, tenho ótima lembrança do "Robocop" do Verhoeven meu primeiro Godard em cinema, "Nouvelle Vague" (1990), obra-prima. Mas "O Ano do Dragão" talvez seja a grande experiência: filme que vi na estreia, em 1985, com meu pai, e que revi inúmeras vezes em vídeo e em DVD. Aí, no final de 2014, com meu pai já falecido, eu tive a chance de rever em película, no Cinesesc. A experiência me emocionou muito, pois me transportou para aquela sessão que vi com ele em 1985. Algo que só os 35 mm conseguem fazer. 

4) E quais caminhos te levaram a se tornar crítico de cinema?

P.S.L.: Eu já lia e procurava saber mais sobre cinema quando decidi fazer faculdade de Jornalismo. A prática veio a partir de um contato mais profundo com o cinema, sobretudo o brasileiro, nas aulas de cinema na ECA, a partir de 1993, e a começar a escrever a partir de 1995 num jornal do DCE da USP e, em 1998, na Folha de S. Paulo.


5) Agora sobre cinema em geral. Quais filmes marcaram sua vida? Existe alguma lista especial? Tipo um Top 10, ou algo assim...

P.S.L.: Difícil, porque, a cada instante, alguns me falam mais forte. Eu diria que alguns cineastas  são fundamentais: Orson Welles, Rogério Sganzerla, Jean-Luc Godard, Glauber Rocha, Jerry Lewis, Abel Ferrara, Werner Herzog, Nicholas Ray, Howard Hawks, Michelangelo Antonioni, Mizoguchi, Oshima, Fritz Lang, Rossellini, Samuel Fuller, Brian De Palma.

M.V.: E quanto aos filmes?

P.S.L.: Filmes? Cidadão Kane, Profissão repórter (a trilogia colorida do MA, incluindo assim Blow Up e Zabriskie Point), A Mulher de Todos, Paisà, A Idade da Terra, São Bernardo, Forte Apache (John Ford), No silêncio da noite, Aurora, Othello (Orson Welles), Apocalypse Now, Viver e Morrer em Los Angeles, Cassino, Dillinger Está Morto, Fogo Contra Fogo, A Morte num Beijo, JLG por JLG e Amantes são alguns.

6) Fale um pouco sobre seus próximos projetos.

P.S.L.: Tenho dado cursos livres de cinema e, no momento, meu único projeto e manter escrita mais permanente na Revista Cinética e dar o passo de fazer mestrado, que eu acho fundamental como modo de sistematizar melhor a pesquisa sobre cinema.

7) Para finalizar, se pudesse deixar uma lição do tempo que se dedicou ao cinema, qual seria?

P.S.L.: Estudar (pra conhecer melhor) a história do cinema, ler muito, escrever e ter muito claro o que de fato é um trabalho crítico e o que se pretende fazer com esse trabalho em relação a uma ideia de crítica de arte. Quando falo escrever, incluo também dar aulas, debater, fazer curadorias etc.

M.V.: Obrigado amigo. Sucesso. A gente se vê nos textos.


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