COLUMBIA PICTURES - A HISTÓRIA DO ESTÚDIO
Columbia Pictures: Um Gigante de Hollywood
A Columbia Pictures Industries, Inc. faz parte do Columbia TriStar Motion Picture Group, pertencente à Sony Pictures Entertainment, que por sua vez é controlada pelo conglomerado japonês Sony. Hoje, a Columbia está entre os maiores estúdios do mundo e integra o seleto grupo conhecido como Big Six. Durante a era de ouro de Hollywood, figurava entre os oito grandes estúdios que moldaram a indústria cinematográfica.
O estúdio foi criado em 1918 com o nome Cohn-Brandt-Cohn Film Sales, fundado pelos irmãos Jack e Harry Cohn e por Joe Brandt. Seu primeiro longa estreou em agosto de 1922. Dois anos depois, adotou o nome Columbia Pictures, inspirado em “Columbia”, símbolo americano de liberdade. É essa figura que estampa o icônico logotipo da empresa.
Nos primeiros anos, a Columbia tinha pouca relevância em Hollywood, mas a parceria com o diretor Frank Capra no final dos anos 1920 mudou sua trajetória, consolidando o estúdio como uma força entre os maiores nomes da indústria.
Comédia e Estrelas
Com Capra, a Columbia se tornou referência na comédia screwball. Na década de 1930, atores como Jean Arthur e Cary Grant (que também trabalhava para a RKO Pictures) se destacaram no estúdio. Já nos anos 1940, foi Rita Hayworth quem brilhou e ajudou a fortalecer o nome da Columbia. Outros nomes de peso que passaram por lá incluem Rosalind Russell, Glenn Ford e William Holden.
Primeiros Anos
A empresa que antecedeu a Columbia Pictures, a CBC Film Sales Corporation, foi fundada em 1918, conforme citado, pelos irmãos Cohn e por Joe Brandt. Brandt ficou responsável pelas vendas, marketing e distribuição em Nova York, enquanto Jack Cohn também atuava nessa parte e Harry Cohn gerenciava a produção em Hollywood. As primeiras produções eram de baixo orçamento, como Screen Snapshots, Hall Room Boys (dupla de vaudeville formada por Edward Flanagan e Neely Edwards) e filmes estrelados pelo imitador de Chaplin, Billy West.
No início, a CBC alugava um pequeno espaço na área mais barata de Hollywood, na Gower Street. Entre a elite da indústria, a reputação do estúdio era motivo de piada: CBC era apelidada de “Corned Beef and Cabbage” (Carne enlatada com repolho).
Reestruturação e Nome Consagrado
Cansado de lidar com os irmãos Cohn, Brandt vendeu sua parte para Harry Cohn, que assumiu a presidência. Para melhorar a imagem da empresa, os irmãos mudaram o nome para Columbia Pictures Corporation em 10 de janeiro de 1924. Harry Cohn se manteve no comando da produção por mais de três décadas, ficando atrás apenas de Jack Warner, da Warner Bros., como o mais longevo chefe de estúdio. Em uma Hollywood marcada pelo nepotismo, a Columbia tinha fama de exagerar: o humorista Robert Benchley chegou a chamá-la de Pine Tree Studio, dizendo que “tinha Cohns como um pinheiro tem pinhas”.
Na época, a Columbia trabalhava principalmente com produções de orçamento modesto e curtas-metragens, incluindo comédias, filmes esportivos, seriados e animações. Aos poucos, o estúdio investiu em filmes maiores, entrando no grupo intermediário de Hollywood, ao lado da United Artists e da Universal. Assim como elas, a Columbia controlava produção e distribuição, mas não possuía suas próprias salas de exibição.
Anos 20 e 30
Nos anos 1930, buscando manter seus lucros no mercado alemão, a Columbia, como outros estúdios, demitiu funcionários judeus, como aponta o livro A Colaboração: O Pacto de Hollywood com Hitler, do jornalista australiano Ben Urwand.
O crescimento do estúdio ganhou força com a chegada do ambicioso Frank Capra. Entre 1927 e 1939, Capra apresentou roteiros cada vez mais ousados, garantindo à Columbia uma sequência de sucessos. O grande marco foi Aconteceu Naquela Noite (It Happened One Night), de 1934, que conquistou vários Oscars e deu notoriedade internacional à Columbia. Outros sucessos dirigidos por Capra vieram logo depois, como Horizonte Perdido (1937) e A Mulher Faz o Homem (1939), que consolidou James Stewart como astro.
Em 1938, BB Kahane assumiu como vice-presidente e ajudou a impulsionar o estúdio com produções como Médico e Prisioneiro (1939), de Charles Vidor, e Protegida de Papai (1940), primeiro filme que uniu Rita Hayworth e Glenn Ford. Kahane presidiu a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas até sua morte, em 1960.
A Columbia, diferente de outros grandes estúdios, não tinha uma grande lista fixa de estrelas. Por isso, alugava talentos de outros estúdios. A MGM, por exemplo, chamava a Columbia de “Sibéria”, já que Louis B. Mayer usava transferências para lá como castigo para atores indisciplinados. Ainda assim, Jean Arthur assinou contrato de longo prazo em 1935, tornando-se uma estrela com O Homem que Nunca Pecou. Ann Sothern também se destacou depois de assinar com o estúdio em 1936. Cary Grant fechou contrato em 1937, mas logo passou a trabalhar de forma não exclusiva, dividindo-se com a RKO.
Por insistência de Harry Cohn, a Columbia contratou Os Três Patetas em 1934, depois que a MGM dispensou o trio. Na Columbia, eles produziram 190 curtas entre 1934 e 1957. O estúdio também trabalhou com comediantes como Buster Keaton, Charley Chase, Harry Langdon, Andy Clyde e Hugh Herbert. Na década de 1950, cerca de 400 das 529 comédias do estúdio foram para a televisão, mas apenas os trabalhos dos Patetas, Keaton e alguns outros foram lançados em home vídeo.
Animação e Séries
No início dos anos 1930, a Columbia distribuía os desenhos do Mickey Mouse, da Walt Disney. Em 1934, criou seu próprio estúdio de animação, o Screen Gems, que produziu séries como Krazy Kat, Scrappy, The Fox and the Crow e Li’l Abner. No final dos anos 1940, a Columbia passou a lançar animações mais sofisticadas produzidas pela United Productions of America, que conquistaram prêmios e reconhecimento.
Segundo o livro King Cohn, de Bob Thomas, Harry Cohn sempre deu grande importância aos seriados. A partir de 1937, a Columbia investiu pesado nesse formato, explorando histórias em capítulos até 1956. Seus seriados mais famosos adaptavam quadrinhos e programas de rádio, como Mandrake, O Mágico, O Sombra, Terry e os Piratas, Capitão Meia-Noite, O Fantasma, Batman e Superman, entre outros. A Columbia também produziu westerns de baixo orçamento, curtas musicais, filmes de esportes narrados por Bill Stern e travelogues, que antecederam os documentários. A série Screen Snapshots, que mostrava os bastidores de Hollywood, foi comandada por Ralph Staub até 1958.
Anos 1940
Durante a década de 1940, a Columbia viu sua popularidade crescer, impulsionada principalmente pelo público ampliado durante a Segunda Guerra Mundial e pelo estrelato de Rita Hayworth, que se tornou o principal rosto do estúdio. Na década seguinte, a lista de talentos da Columbia se expandiu e contou com nomes como Glenn Ford, Penny Singleton, William Holden, Judy Holliday, os Três Patetas, Ann Miller, Evelyn Keyes, Ann Doran, Jack Lemmon, Cleo Moore, Barbara Hale, Adele Jergens, Larry Parks, Arthur Lake, Lucille Ball, Kerwin Mathews e Kim Novak.
Sob a rígida supervisão de Harry Cohn, os orçamentos eram controlados com mão de ferro. O estúdio tinha o hábito de reaproveitar figurinos e cenários, o que ajudava a dar uma aparência luxuosa até mesmo a produções mais modestas. Tanto era assim que a Columbia foi o último grande estúdio de Hollywood a aderir ao Technicolor, decisão tomada apenas em 1943.
O primeiro longa em Technicolor da Columbia foi Império da Desordem (1943), com Randolph Scott e Glenn Ford. Logo depois, Cohn liberou o uso da tecnologia para Modelos (1944), estrelado por Rita Hayworth, que se tornou um grande sucesso, e para a cinebiografia À Noite Sonhamos (1945), sobre Frédéric Chopin, com Cornel Wilde. Em Sonhos Dourados (1946), inicialmente filmado em preto e branco, Cohn decidiu trocar para Technicolor depois de perceber o potencial do projeto.
Com a decisão judicial no caso Estados Unidos vs. Paramount Pictures Inc., em 1948, os estúdios de Hollywood foram obrigados a abrir mão das suas redes de cinemas. A Columbia, que nunca teve salas próprias, não sofreu impacto e passou a competir de igual para igual com os grandes, ocupando o lugar da RKO no grupo dos Big Five.
Screen Gems e a Era da TV
Em 1946, a Columbia encerrou a marca Screen Gems para animações, mas manteve o nome para outras áreas, como aluguel de filmes em 16 mm e produção de comerciais para TV. Dois anos depois, em novembro de 1948, o nome Screen Gems foi adotado pela nova divisão de produção televisiva do estúdio, após a aquisição da Pioneer Telefilms, fundada por Ralph Cohn, sobrinho de Harry Cohn.
A Pioneer foi reorganizada como Screen Gems, que abriu suas portas em Nova York em abril de 1949. Já em 1951, a empresa se tornou um dos principais estúdios de TV, produzindo séries como Papai Sabe Tudo, The Donna Reed Show, A Família Dó-Ré-Mi, A Feiticeira, Jeannie é um Gênio e The Monkees.
Em 1956, Irving Briskin deixou a gestão da Columbia e criou sua própria produtora, a Briskin Productions, para lançar séries através da Screen Gems. Ainda naquele ano, a Screen Gems ampliou sua atuação adquirindo a Hygo Television Films e suas afiliadas, United Television Films. Fundada por Jerome Hyams em 1951, a Hygo havia comprado a United Television Films de Archie Mayers em 1955.
Ainda nos anos 1950, a Columbia encerrou boa parte de seus seriados tradicionais, como Boston Blackie, Blondie e The Lone Wolf. A exceção foi Jungle Jim, produzido por Sam Katzman, que durou até 1955. Katzman teve um papel importante para o estúdio, criando filmes de baixo custo que iam de dramas policiais a ficção científica e musicais de rock. A Columbia seguiu produzindo seriados até 1956 e curtas de comédia até 1957, mesmo quando outros estúdios já haviam abandonado esse formato.
Enquanto outros grandes estúdios perderam força na década de 1950, a Columbia manteve sua posição graças ao fato de nunca ter dependido de suas próprias salas de cinema. O estúdio continuou produzindo cerca de 40 filmes por ano, entre eles sucessos como A Um Passo da Eternidade (1953), Sindicato de Ladrões (1954) e A Ponte do Rio Kwai (1957), todos vencedores do Oscar de Melhor Filme.
A Columbia também distribuiu filmes da Warwick Films, de Irving Allen e Albert R. Broccoli, além de produções de Carl Foreman na Inglaterra e de alguns filmes da Hammer.
Em 1960, a Columbia abriu parte de seu capital na bolsa sob o nome Screen Gems, Inc., ao desmembrar 18% de suas ações.
Logo após fechar o departamento de curtas, Harry Cohn faleceu em 1958, vítima de um ataque cardíaco.
No fim dos anos 1960, a Columbia apresentava uma programação contraditória, misturando filmes mais conservadores, como Oliver!, com produções modernas como Sem Destino e filmes da banda The Monkees. Após recusar os filmes de James Bond de Albert R. Broccoli, o estúdio contratou Irving Allen, ex-parceiro de Broccoli, para produzir a série Matt Helm, estrelada por Dean Martin. Também participou da sátira Cassino Royale (1967), em parceria com Charles K. Feldman.
Em 1966, o estúdio enfrentava dificuldades financeiras e rumores de compra começaram a circular. A Columbia resistia graças aos lucros da Screen Gems, que além da TV, também controlava estações de rádio. Em 1968, a Screen Gems se fundiu com a Columbia Pictures Corporation, formando a Columbia Pictures Industries, Inc.
A Década de 1970
No início dos anos 1970, a Columbia quase faliu, mas sobreviveu após vender o histórico Gower Street Studios (hoje Sunset Gower Studios) e reestruturar sua gestão. Em 1972, formou com a Warner Bros. a parceria The Burbank Studios, dividindo o lote em Burbank. Apesar de ter retomado o fôlego, o estúdio foi abalado pelo escândalo de David Begelman, que envolveu fraude financeira. Begelman foi afastado e mais tarde acabou na MGM, onde sua trajetória terminou tragicamente.
De 1971 a 1987, a distribuição internacional da Columbia era feita em parceria com a Warner Bros., que também cuidava de filmes de outras produtoras, como EMI Films e Cannon Films, no Reino Unido. Em 1988, a Warner saiu da sociedade para se juntar à Walt Disney Pictures.
Em 1974, a divisão de TV trocou o nome Screen Gems por Columbia Pictures Television, por sugestão de David Gerber, então presidente da área. No mesmo ano, a Columbia comprou a Rastar Pictures e, em 1980, adquiriu a nova Rastar Films criada por Ray Stark.
Em 1976, a Columbia diversificou seus negócios ao comprar a fabricante de jogos D. Gottlieb & Co. por 50 milhões de dólares. Dois anos depois, o magnata Kirk Kerkorian, dono da MGM, adquiriu parte da Columbia e tentou expandir sua participação, mas enfrentou restrições legais. Em 1979, o Departamento de Justiça interveio, mas Kerkorian manteve sua fatia após decisão judicial.
Em dezembro de 1976, a Columbia Pictures adquiriu a empresa de jogo arcade, D. Gottlieb & Co. por US$ 50 milhões.
No outono de 1978, Kirk Kerkorian, um magnata dos cassinos em Vegas que também controlava Metro-Goldwyn-Mayer, adquiriu uma participação de 5,5% na Columbia Pictures. Em seguida, ele anunciou em 20 de novembro, o lançamento de uma oferta pública para adquirir mais 20% do estúdio. Em 14 de dezembro, foi alcançado um acordo de status quo com a Columbia, prometendo não ir além de 25% ou buscando o controle por pelo menos três anos.
Anos 1980: Coca-Cola, Tri-Star e Expansão
Em 1980, Kerkorian processou a Columbia por quebra de acordo, mas acabou vendendo sua parte de volta em 1981. No mesmo período, a Columbia adquiriu a The Walter Reade Organization, dona de 11 cinemas, consolidando 100% do controle em 1985.
Em 1982, a Coca-Cola comprou a Columbia por 750 milhões de dólares, superando o interesse da Walt Disney. O estúdio, sob Frank Price, misturou sucessos como Tootsie, Karatê Kid, O Reencontro e Os Caça-Fantasmas com fracassos retumbantes. Para dividir os custos crescentes, a Coca-Cola formou a Tri-Star Pictures em sociedade com a Time Inc., a HBO e a CBS. Em 1983, Price deixou a Columbia após conflitos com a Coca-Cola, retornando à Universal.
Em 1985, a Columbia comprou a Embassy Communications, que incluía All in the Family e The Jeffersons, por 485 milhões de dólares. No mesmo ano, a CBS deixou a Tri-Star. A expansão continuou com a compra da Merv Griffin Enterprises, que produzia Wheel of Fortune e Jeopardy!, e a aquisição da Danny Arnold Productions, dona dos direitos do sitcom Barney Miller.
A Embassy Pictures foi vendida para Dino De Laurentiis, enquanto a Embassy Home Entertainment ficou com a Nelson Entertainment, mas a Coca-Cola reteve o nome e a marca Embassy. A HBO foi o último sócio externo a deixar a Tri-Star, que lançou sua própria divisão de TV. Em seguida, a Columbia trouxe o produtor britânico David Puttnam para comandar o estúdio, mas sua visão de filmes menores não agradou e ele foi afastado em apenas um ano.
Em 1987, a Coca-Cola vendeu a The Walter Reade Organization para o Cineplex Odeon e investiu na Castle Rock Entertainment, ficando com 40% da nova empresa.
Cinco anos depois, a Coca-Cola decidiu desmembrar a Columbia, que acabou sendo vendida para a Tri-Star, dando origem à Columbia Pictures Entertainment.
Expansão para a TV
Em 18 de junho de 1985, a Columbia comprou a Embassy Communications, Inc., que incluía a Embassy Pictures, a Embassy Television, a Tandem Productions e a Embassy Home Entertainment. O grande interesse estava no acervo de séries populares, como Tudo em Família (All in the Family) e Os Jeffersons (The Jeffersons). Ainda em novembro daquele ano, a CBS decidiu se retirar da parceria com a Tri-Star.
Aquisições e disputas
O ano de 1986 foi marcado por grandes mudanças. No dia 5 de maio, buscando fortalecer sua presença na televisão, a Columbia adquiriu a Merv Griffin Enterprises, responsável por programas de sucesso como Roda da Fortuna (Wheel of Fortune), Jeopardy!, Dance Fever e The Merv Griffin Show. Meses depois, em agosto, o braço televisivo da Columbia comprou de Danny Arnold a produtora Danny Arnold Productions, Inc., assumindo os direitos sobre o popular Barney Miller e outras séries como Fish, AES Hudson Street e Joe Bash. Essa compra ocorreu depois que Arnold desistiu de processos contra o estúdio, nos quais acusava a empresa de práticas anticoncorrenciais, fraude e descumprimento de dever fiduciário.
No mesmo período, a Coca-Cola vendeu a Embassy Pictures para Dino De Laurentiis, que integrou o selo à sua própria produtora, formando o De Laurentiis Entertainment Group. Já a Embassy Home Entertainment foi repassada à Nelson Entertainment. Apesar das vendas, a Coca-Cola manteve os direitos sobre o nome, o logotipo e a marca Embassy Pictures.
Nova fase para a Tri-Star
A HBO foi a última parceira a se retirar do consórcio Tri-Star, vendendo sua participação para a Columbia. A Tri-Star, então, entrou também no mercado televisivo com a criação da Tri-Star Television. Nesse mesmo ano, a Columbia convidou o produtor britânico David Puttnam para assumir a liderança do estúdio. Puttnam tentou enfrentar o modelo tradicional de Hollywood, apostando em produções menores em vez dos grandes blockbusters.
No entanto, suas críticas à indústria cinematográfica dos Estados Unidos e a sequência de filmes que não alcançaram sucesso acabaram custando caro. Em pouco tempo, Puttnam foi afastado do cargo pela Coca-Cola e pela própria indústria.
Parcerias e novos negócios
No dia 26 de junho de 1987, a Coca-Cola vendeu a The Walter Reade Organization para a Cineplex Odeon Corporation. Poucos meses depois, em 14 de outubro, o braço de entretenimento da empresa investiu na Castle Rock Entertainment, junto a cinco executivos de Hollywood. A Coca-Cola ficou com 40% da nova produtora, enquanto os executivos detinham os 60% restantes.
A era Columbia Pictures Entertainment
O negócio do cinema sempre foi arriscado, e o desempenho instável nas bilheteiras fez a Coca-Cola rever seu investimento na indústria. Após o fracasso de Ishtar, a gigante de refrigerantes decidiu, em 21 de dezembro de 1987, desfazer-se de suas participações na Columbia. A venda para a Tri-Star Pictures foi fechada por 3,1 bilhões de dólares, criando a Columbia/Tri-Star, que uniu as duas marcas sob o novo nome Columbia Pictures Entertainment Inc. (CPE). A Coca-Cola manteve 49% das ações, enquanto os dois estúdios seguiram operando com nomes próprios.
Após a saída de David Puttnam, Dawn Steel assumiu como presidente da Columbia, tornando-se a primeira mulher a liderar um grande estúdio de Hollywood. O grupo também investiu em unidades menores e parcerias, como a Nelson Entertainment, a Triumph Films, em sociedade com o estúdio francês Gaumont, para lançamentos de baixo orçamento, e a Castle Rock Entertainment.
No início de 1988, a Columbia/Embassy Television e a Tri-Star Television se fundiram, formando a nova Columbia Pictures Television. A antiga Embassy Communications passou a se chamar ELP Communications. Em abril daquele ano, a CPE separou-se formalmente da Tri-Star Pictures Inc., dando sequência à reestruturação.
Em fevereiro de 1989, a Columbia Pictures Television firmou uma parceria com a Act III Communications, de Norman Lear, criando a Act III Television para ampliar a produção de séries. Pouco tempo depois, a CPE encerrou sua breve fase sob o comando indireto da Coca-Cola quando foi adquirida pela Sony, em 1989.
Sony assume o comando
A venda oficial da Columbia para a Sony aconteceu em 28 de setembro de 1989, por 3,4 bilhões de dólares, parte de uma onda de investimentos japoneses em grandes empresas americanas. O negócio deu à Coca-Cola um lucro expressivo. Logo em seguida, a Sony contratou os produtores Peter Guber e Jon Peters para comandar a nova fase do estúdio e comprou a Guber-Peters Entertainment Company por 200 milhões de dólares.
A contratação gerou conflito: Guber e Peters tinham contrato com a Warner Bros. desde 1983, e Steve Ross, então presidente da Warner, entrou na Justiça contra a Sony, exigindo uma indenização de um bilhão de dólares. A Sony finalizou a compra da CPE em novembro, oficializando também a aquisição da Guber-Peters.
Em dezembro de 1989, Guber e Peters chamaram Alan J. Levine, advogado de longa data da GPEC, para presidir a Columbia Filmed Entertainment Group (FEG), que passou a reunir Columbia Pictures, Tri-Star Pictures, Triumph Films, Columbia Pictures Television, a Merv Griffin Enterprises, RCA/Columbia Pictures Home Video, Guber-Peters Entertainment e outros braços de distribuição.
Década de 1990: expansão, prejuízo e reestruturação
Em 1990, a Sony comprou da Time Warner os lendários estúdios da Metro-Goldwyn-Mayer em Culver City, investindo mais de 100 milhões de dólares em reformas. O espaço foi rebatizado como Sony Pictures Studios. Ainda em 1990, Frank Price, ex-presidente, voltou à Columbia. Sua empresa, a Price Entertainment, foi incorporada em março de 1991. No entanto, Price deixou o cargo no fim de 1991, retornando à Warner Bros., enquanto Jon Peters também foi afastado. Peter Guber deixou o estúdio em 1994 para criar a Mandalay Entertainment.
Nesse período, a operação passou a se chamar Sony Pictures Entertainment (SPE), a partir de agosto de 1991. No mesmo ano, a Tristar reviveu sua divisão de TV, e a Sony fundou a Sony Pictures Classics para distribuir filmes independentes e de arte, sob liderança de Michael Barker, Tom Bernard e Marcie Bloom.
Apesar de algumas vitórias nas bilheteiras, a Sony teve prejuízo pesado com a Columbia, um rombo de 2,7 bilhões de dólares em 1994. Em resposta, a empresa promoveu mudanças internas: John Calley assumiu como presidente da SPE em 1996, Amy Pascal ficou à frente da Columbia Pictures e Chris Lee assumiu a TriStar. A estratégia surtiu efeito e, em poucos anos, os estúdios voltaram a prosperar.
Em 1992, a Sony comprou o acervo de game shows da Barry & Enright. Dois anos depois, Columbia Pictures Television e TriStar Television se fundiram, formando a Columbia TriStar Television. Também em 1995, a Sony se associou à Jim Henson Productions, criando a Jim Henson Pictures.
Na segunda metade da década, a Columbia planejou lançar sua própria versão da franquia James Bond, já que detinha os direitos de Cassino Royale. Ao tentar produzir uma nova adaptação de Chantagem Atômica (Thunderball) com Kevin McClory, acabou enfrentando processos da MGM e da Danjaq, detentora oficial da série. O imbróglio foi resolvido fora dos tribunais em 1999, quando a Sony cedeu os direitos de Cassino Royale em troca de garantir a produção de Homem-Aranha, que se tornaria uma das franquias mais lucrativas da Columbia. O acordo também deu à Sony participação na compra da MGM, ampliando sua ligação com a saga Bond.
Em 1997, a Columbia liderou a bilheteira americana, arrecadando 1,25 bilhão de dólares. Em 1998, Columbia e TriStar se uniram sob o Columbia TriStar Motion Picture Group, mantendo suas marcas separadas. Amy Pascal seguiu como presidente da Columbia Pictures, e Chris Lee liderou o grupo unificado. Em 1999, a Sony reviveu a marca Screen Gems como selo para filmes de terror e produções independentes.

Anos 2000: novos recordes
Nos anos 2000, a Sony fortaleceu sua linha de produção apoiando a Revolution Studios. Em 2001, a Columbia TriStar Domestic Television foi criada pela fusão da CTT com a CTTD e, em 2002, foi rebatizada como Sony Pictures Television.
O sucesso foi estrondoso: em 2002, a Columbia bateu seu recorde doméstico de bilheteira nos EUA, arrecadando 1,57 bilhão de dólares, puxada por Homem-Aranha, Homens de Preto II e Triplo X. Em 2004, novamente liderou com 1,33 bilhão de dólares, com destaques como Homem-Aranha 2, Como se Fosse a Primeira Vez e O Grito. Em 2006, a lista incluiu O Código Da Vinci, À Procura da Felicidade, Cassino Royale e O Bicho Vai Pegar, encerrando o ano com seu maior faturamento até então: 1,71 bilhão de dólares.
Década de 2010 e o legado
Em outubro de 2010, Matt Tolmach deixou a copresidência da Columbia para produzir o novo Homem-Aranha. Doug Belgrad tornou-se o único presidente do estúdio, enquanto Hanna Minghella assumiu a presidência de produção. Em 2012, a Sony superou os 4 bilhões de dólares em bilheteiras mundiais com sucessos como 007 - Operação Skyfall, O Espetacular Homem-Aranha, Anjos da Lei, Homens de Preto 3 e Hotel Transilvânia. A Screen Gems também brilhou com títulos como Anjos da Noite: O Despertar, Para Sempre e Resident Evil 5: Retribuição. Em 2014, Belgrad passou a liderar o Sony Pictures Motion Picture Group.
A evolução do símbolo
O icônico logotipo da Columbia Pictures, que mostra uma mulher erguendo uma tocha e envolta pela bandeira americana. representação simbólica de Columbia, a personificação dos Estados Unidos, passou por diversas transformações ao longo do tempo.
Primeiras versões
Em 1924, o estúdio apresentava uma figura inspirada em uma soldada romana, segurando um escudo na mão esquerda e um feixe de trigo na direita. Já em 1928, o desenho foi reformulado: a mulher passou a vestir uma bandeira esvoaçante e carregar a tocha que se tornaria marca registrada. Ela usava uma estola e uma palla no estilo romano antigo, enquanto acima da imagem aparecia a inscrição “A Columbia Production” ou “Columbia Pictures Corporation” em arco. Reza a história que a atriz Evelyn Venable, conhecida por dar voz à Fada Azul na animação Pinóquio, da Disney, serviu de inspiração para essa versão.
Consolidação da imagem
Em 1936, o estúdio apresentou um novo design: a mulher foi colocada sobre um pedestal, perdeu a touca que usava antes e o nome “Columbia” passou a aparecer em letras talhadas logo atrás dela. Ao longo das décadas, o símbolo sofreu pequenas variações. Uma versão colorida, por exemplo, apareceu em Império da Desordem (1943), trocando a bandeira por uma cortina sem marcas. Mesmo assim, a essência do logotipo se manteve praticamente inalterada por quarenta anos. Um dos últimos filmes a usar essa versão clássica foi Taxi Driver, lançado em 1976.
Nova era de animação
Entre 1976 e 1993, a Columbia Pictures trabalhou com dois logotipos distintos. O primeiro foi usado até 1981 e o segundo permaneceu em vigor até 1993. A primeira vinheta contou com trilha sonora composta por Suzanne Ciani. Para dar vida à animação, o estúdio recorreu a Robert Abel, pioneiro em efeitos visuais.
A versão atual
O visual atual foi criado em 1992, quando a Sony encomendou ao artista de Nova Orleans Michael Deas uma nova pintura digital para resgatar o estilo clássico da figura. Para servir de modelo, Deas contratou Jenny Joseph, artista gráfica do jornal The Times-Picayune. A animação que trouxe o logotipo para o formato tridimensional ficou a cargo do Synthespian Studios, sob direção de Jeff Kleiser e Diana Walczak, que combinaram elementos em 2D com técnicas de conversão para 3D.