EMBASSY PICTURES - A HISTÓRIA
A Embassy Pictures Corporation, que mais tarde ficou conhecida como Avco Embassy Pictures e, posteriormente, Embassy Films Associates, foi um estúdio independente que se destacou pela produção e distribuição de títulos marcantes como A Primeira Noite de um Homem, O Leão no Inverno, Ânsia de Amar, This Is Spinal Tap e Fuga de Nova York.
Como tudo começou
Fundada em 1942 por Joseph E. Levine, a empresa surgiu com o objetivo de levar produções estrangeiras ao público norte-americano.
Nos primeiros anos, Levine conquistou espaço ao distribuir filmes como as produções italianas de Hércules estreladas por Steve Reeves, o Godzilla, o Rei dos Monstros de Ishiro Honda, e ainda a versão de O Ladrão de Bagdá lançada em 1961, que pouco lembrava o clássico de 1940. Também vieram para o catálogo obras como 8½, de Federico Fellini, e Estranhos na Cidade (1962), de Rick Carrier.
Parceria com a Paramount
Em 1963, Levine fechou um contrato milionário com a Paramount Pictures para produzir novos filmes. Pelo acordo, a Paramount ficava responsável pelo financiamento e a Embassy garantia uma fatia dos lucros. Dessa parceria saíram produções de destaque como Os Insaciáveis (1964) e sua pré-sequência Nevada Smith (1966), ambos sucessos de público. Também vieram Harlow: A Vênus Platinada (1965), estrelado por Carroll Baker, e Confidências de Hollywood (1966).
Durante os anos 1960, Levine transformou a Embassy em uma produtora independente de fato, indo além da simples distribuição. O estúdio passou a lançar seus próprios projetos, incluindo animações como A Festa do Monstro Maluco e No Mundo Encantado dos Sonhos, além de grandes bilheterias como A Primeira Noite de um Homem, O Leão no Inverno e Primavera para Hitler.
Entre altos e baixos
Em 1967, a Embassy conquistou seu maior sucesso com A Primeira Noite de um Homem. O bom desempenho abriu caminho para Joseph E. Levine vender a companhia para o grupo Avco, em um negócio avaliado em 40 milhões de dólares. Levine permaneceu como principal executivo da empresa. Para se ter uma ideia de proporção, décadas depois, apenas as refilmagens de Liga da Justiça: Snyder Cut custaram quase o dobro.
No ano seguinte, a Avco Embassy criou a Avco Embassy Television, divisão voltada para o mercado televisivo. Essa área foi vendida em 1976 para a Multimedia, Inc., tornando-se a Multimedia Entertainment, que mais tarde se transformaria na NBCUniversal Television Distribution.
Crise na década de 1970
Em 1969, a empresa fechou um acordo com a produtora de Mike Nichols para realizar dois filmes. Apesar das apostas, a década de 1970 foi marcada por resultados decepcionantes. Em 1973, a companhia registrou prejuízo de mais de 8 milhões de dólares. Dois anos antes, a Embassy já havia começado a reduzir sua produção e, em 1975, interrompeu totalmente as atividades de cinema. Levine deixou o comando em meados de 1974 para voltar à produção independente.
A retomada com Robert Rehme
No fim de 1977, a Avco Embassy anunciou planos para reativar o estúdio. No ano seguinte, Robert Rehme assumiu a presidência e conseguiu aprovar um fundo de 5 milhões de dólares para investir em novas produções. A estratégia foi apostar em filmes de baixo orçamento, decisão que rendeu bons frutos. Títulos como Manitou (1978), Fantasma (1979), O Nevoeiro (1980), Scanners (1981), Bandidos do Tempo (1981) e Grito de Terror (1981) tornaram-se sucessos cult.
O bom momento foi impulsionado pela redução de concorrência, já que a American International Pictures recuou nesse segmento. Durante a gestão de Rehme, o faturamento saltou de 20 milhões para 90 milhões de dólares. Ainda assim, em 1981, o executivo deixou a empresa. No mesmo ano, Tom Laughlin, famoso por Billy Jack, chegou a oferecer 24 milhões de dólares para comprar a companhia, mas acabou desistindo da ideia.
Nova fase com Norman Lear
Em janeiro de 1982, o produtor de TV Norman Lear, em parceria com Jerry Perenchio, comprou a Avco Embassy por 25 milhões de dólares, retirou o nome “Avco” e rebatizou sua própria empresa TAT Communications como Embassy Television e Embassy Communications, Inc.
No final do mesmo ano, foi criada a Embassy Home Entertainment, voltada para o promissor mercado de home vídeo. Antes disso, parte do acervo da companhia era licenciada pela Magnetic Video. Em 1984, a Embassy Pictures mudou o nome para Embassy Films Associates.
A era Coca-Cola
Em 1985, Lear e Perenchio venderam a Embassy Communications, incluindo a Tandem Productions, para a Coca-Cola Company por 485 milhões de dólares, uma transação que rendeu bons lucros aos sócios. A divisão de TV permaneceu ativa e trouxe sucessos como 227 e Um Amor de Família. A marca Embassy Television foi renomeada para Embassy Communications em 1986 e, depois, para ELP Communications em 1988.
Enquanto isso, a divisão de cinema foi vendida para Dino De Laurentiis, que dividiu os negócios entre o De Laurentiis Entertainment Group e a divisão de home vídeo, que virou a Nelson Entertainment em agosto de 1987, administrada por Barry Spikings ao lado de executivos vindos da falida DGE.
Mudanças e parcerias
A Nelson Entertainment operava como braço americano da Nelson Holdings International, com sede no Canadá. Apesar de De Laurentiis ter adquirido a marca Embassy, alguns projetos como Chorus Line, Dois Heróis Bem Trapalhões, Saving Grace (com Fernando Rey) e Conta Comigo, adaptação de Stephen King, permaneceram sob controle de Lear e Perenchio.
A Nelson Entertainment também cofinanciou produções para o cinema em parceria com a Columbia Pictures. Uma dessas iniciativas foi a formação da Castle Rock Entertainment, cofundada por Rob Reiner, que ganhou destaque no mercado de home vídeo. Em 1988, a Nelson transferiu os direitos de fabricação e distribuição de sua linha de vídeo para a Orion Pictures, que também adquiriu alguns de seus filmes.
No início dos anos 1990, o acervo da Embassy foi repassado de empresa em empresa, em meio a falências de quem detinha os direitos. Os ativos da De Laurentiis foram absorvidos pela Parafrance International e pela Village Roadshow. Já os da Nelson Entertainment foram parar no Credit Lyonnais, banco francês que mais tarde vendeu o catálogo para a PolyGram.
A Nelson Holdings International ainda sobreviveu até meados dos anos 1990. Em 1991, a Nelson Entertainment foi adquirida pela New Line Cinema, que mudou o nome de sua divisão de vídeo para New Line Home Video e assumiu a parte da empresa na Castle Rock.
Fragmentação dos direitos
Hoje, os direitos da Embassy são divididos entre várias empresas. A maior parte do acervo pertence à produtora francesa StudioCanal, com licenças específicas para diferentes mídias. Os direitos para cinema são administrados por empresas como Stuart Lisell Films e Rialto Pictures, dependendo do filme.
Já os direitos de home vídeo, incluindo DVDs e Blu-rays, estão principalmente com a Metro-Goldwyn-Mayer, enquanto a 20th Century Fox cuida da distribuição. Em alguns casos, outras empresas, como Image Entertainment (via Criterion Collection), Lionsgate Home Entertainment e Anchor Bay Entertainment, também detêm licenças de parte do catálogo. Por fim, a Sony Pictures Entertainment controla a maior parte dos direitos de televisão, bem como o logotipo, nomes e marcas da Embassy, por meio da ELP Communications.