O PRÍNCIPE E O MENDIGO (1937) - FILM REVIEW
This is not a history, but a tale of once upon a time. It may have happened. It may not have happened. But it could have happened
Não
poderia haver um filme mais atual que o Príncipe e o mendigo. Principalmente se
levarmos em conta o ponto de vista político brasileiro.
Nesse clássico de aventura baseado na obra de Mark Twain, o jovem
mendigo Tom Canty (Billy Mauch), que se encontra com o jovem príncipe Edward
(Robert J. Mauch) nos jardins do palácio e é por este convidado para brincarem
no castelo. Como eles são incrivelmente parecidos, enquanto se divertem decidem
trocar suas vestimentas e inverter seus papéis. Mas a brincadeira não dá certa
quando os guardas confundem o príncipe com um plebeu e acabam proibindo de
entrar novamente no castelo.
Ninguém acredita quando eles tentam esclarecer o ocorrido. Apenas o
malvado conde de Hertford (Claude Rains), que procura tirar proveito da
situação e o soldado Miles Hendon (Errol Flynn) que faz amizade com os garotos
e resolve protegê-los e ajudá-los a desfazer a troca.
Mas você pode perguntar: como assim política brasileira?
A gente não se liberta de um hábito atirando-o pela janela: é preciso fazê-lo descer a escada, degrau por degrau.
Mark Twain
Primeiro há a troca de presidentes (no caso, príncipes): sai o arrogante
e entra o que não sabe fazer nada. Segundo, as constantes tentativas de
manipulação perante os que os cercam com finalidade de tomar o poder a qualquer
custo. Inclusive por pessoas próximas. Há
situações que são até constrangedoras, se você tiver uma melhor noção do que os
políticos fazem. Por exemplo: eles precisam de dinheiro, e vão discutir com o
príncipe qual imposto vão criar. E chegam ao ridículo de pensarem no imposto de
janela, que nada mais seria que cobrar impostos dos pobres que ficam na janela.
Isto mesmo.
O filme é permeado por diversas situações assim, que mostram a corrupção
rolando solta no castelo, e o que aquele monte de inúteis deputados (err...súditos)
fazem para perpetuar o poder, manipulando , inventando, se aproveitando,
enfim...fazendo da corrupção um meio de atingir os resultados.
O autor
Registrado com o nome de
Samuel Langhorne Clemens, mais tarde, ficou conhecido com o nome de Mark Twain.
Ele foi um escritor norte-americano, autor de livros como: "Aventuras de
Tom Sayer", "As Aventuras de Huckleberry Finn", “Um Ianque na
Corte do Rei Artur” e "O príncipe e
o mendigo. Este último, que é o objeto do post, foi publicado em 1880, e se
tornou uma das obras mais populares do escritor, que foi um dos grandes
críticos da sociedade, utilizando uma refinada ironia para desvelar a
hipocrisia de sua época. O romance apresenta dois meninos muito parecidos, que
resolvem trocar de roupa e de vida na Inglaterra do rei Henrique VII.
O autor nasceu em 1835 em
uma pequena vila de Florida, no Estado de Missouri, nos Estados Unidos, no dia
30 de novembro. Em 1839, sua família
mudou-se para a cidade portuária de Hannibal (sim, ela existe e não come gente !),
às margens do rio Mississipi. Desde criança teve experiências perturbadoras.
Viu escravos açoitados e homens baleados, em plena rua.
Algumas pessoas nunca cometem os mesmos erros duas vezes. Descobrem sempre novos erros para cometer.
Mark Twain
Aos 12 anos ficou órfão
de pai e 13 anos deixou a escola para se tornar aprendiz de tipógrafo. Em 1850,
começou a trabalhar no jornal de seu irmão, Orion, como impressor e assistente
editorial. Foi então que o jovem descobriu que gostava de escrever. Herdou do
pai o espírito aventureiro. Dois anos depois, deixou sua cidade para trabalhar
em uma tipografia na cidade de St. Louis. Em 1856 tornou-se piloto fluvial.
Nessa época começou a escrever textos de humor e adotou o pseudônimo de
"Mark Twain", expressão usada pelos barqueiros que significava “marca
segura para se navegar”.
Aos 23 anos, mais
traumas: viu um irmão morrer na explosão de um navio, no Mississipi. Também viu
outros dois irmãos morrerem. Aos trinta anos, quase se suicidou, em depressão.
Superou e começou a buscar material para seu primeiro livro, que foi publicado
em 1869.
A década de 1890 foi marcada por dificuldades financeiras e desgraças
pessoais, como o falecimento de sua esposa e duas de suas filhas. Mark Twain
faleceu em Redding, em Connecticut, Estados Unidos, no dia 21 de abril de 1910.
É melhor merecer honrarias e não recebê-las do que recebê-las sem merecer.
Mark Twain
O filme
Como crítico social, Twain enxergava coisas que todos viam, mas com uma
diferença: ele expunha, através da escrita. A troca de gêmeos no poder é
essencial para entendermos nossa responsabilidade enquanto eleitores, pois o
filme mostra que somos espelhos de quem está no poder, e devemos ter certas
responsabilidades que julgamos precisar apenas de cobrar dos governantes.
E ainda que a troca
mostre dois lados (ou duas formas) de se lidar com problemas, são dois lados da
mesma moeda. Na trama, os gêmeos são os atores Billy Mauch e Robert J. Mauch. A direção ficou a cargo de William Dieterle (de
A História de Louis Pasteur - 1936,
vencedor de 3 Oscars , tendo perdido apenas o de melhor filme), A vida de Emile
Zola - 1937, vencedor do Oscar de melhor filme, O Corcunda de Notre Dame - 1939), que assumiu o filme depois que o
diretor William Keighley (que fez As Aventuras de Robin Hood em 1938, com Errol
Flynn) ficou fortemente gripado. Curiosamente, o diretor de fotografia Sol
Polito também adoeceu, e George Barnes.
Nunca confie tanto, ame tanto, ou precise tanto de qualquer um, que você não possa traí-los com um sorriso.
Henry VIII (Montagu Love), aconselhando seu filho Edward
Billy Mauch faleceu aos 85 anos, em 29 de setembro de 2006. Robert J. Mauch partiu um ano depois, em 15 de outubro.
Errol Flynn (ou Kevin Kline caso prefiram, já que a semelhança dos dois é absurda), faz seu habitual personagem farsesco, quase caricatural, de um mezzo bandido mezzo bon vivant, que parece ao mesmo tempo pronto para lutar pelos direitos de todos e conformado com sua situação, que não é das melhores.
Um filme para ver, se divertir, rever, e perceber como Mark Twain tinha uma visão clara da corrupção que assola nosso país. A única diferença é a escala.
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