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ALEMANHA, ANO ZERO (1948) - FILM REVIEW

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Alemanha, ano zero é um dos filmes essenciais do neorrealismo, que tem como pai, seu diretor Roberto Rossellini. Na história, acompanhamos Edmund Köhler, um jovem  de doze anos que vive numa Berlim devastada e ocupada pelos Aliados com seu pai doente e acamado e seus irmãos já adultos, Eva e Karl-Heinz. O garoto trabalha para buscar sustento para sua família. Em um dia, ao conversar com um antigo mestre (Erich Gühne),ele fala do seu pai enfermo e entende ter recebido um conselho para matar seu pai. Ele começa a pensar na ideia, e isto lhe trará consequências trágicas. 

Seguindo os ideais neorrealistas, Rossellini lançou o filme com atores não profissionais que ele conheceu nas ruas. Rossellini encontrou Ernst Pittschau sentado nos degraus da frente de uma casa de repouso e descobriu que ele tinha sido um ator de cinema mudo quarenta anos antes. Ele viu a ex-dançarina de balé Ingetraud Hinze em pé em uma fila de comida e ficou impressionada com o olhar de desespero em seu rosto. Franz-Otto Krüger veio de uma família de acadêmicos e foi preso pela Gestapo durante a guerra. 

Para o papel principal de Edmund, Rossellini queria encontrar um jovem alemão que se assemelhasse fisicamente ao seu filho prematuramente  falecido Romano Rossellini. Após a audição de vários garotos, Rossellini foi a uma apresentação do circo Barlay uma noite para ver os elefantes. Lá ele viu um acrobata de onze anos chamado Edmund Meschke e imediatamente pediu a Meschke que fizesse um teste para ele. Rossellini penteou o cabelo de Meschke para se assemelhar ao filho e, impressionado com a semelhança física, imediatamente o colocou no papel principal. 

Este filme é dedicado à memória do meu filho Romano.
 Roberto Rossellini

De acordo com sua autobiografia, Klaus Kinski fez uma audição para uma papel não especificado no filme de Roberto Rossellini quando ele foi Berlim. Ele afirma que depois de horas de espera enquanto Rossellini estava ao telefone com Anna Magnani em outro quarto, Kinski caracteristicamente explodiu de raiva e amaldiçoou Rossellini. 

As tomadas exteriores foram filmadas na Alemanha, enquanto todos os interiores foram filmados  em Roma. As filmagens começaram em 15 de agosto de 1947, sem roteiro formal e Rossellini instruindo os atores a improvisarem os diálogos. Enquanto filmava em locações nas ruas de Berlim, Rossellini ficou impressionado com a indiferença das pessoas nas ruas com a equipe de filmagem, porque estavam muito mais preocupadas em tentar conseguir comida e sobreviver.

Quando Rossellini foi para Roma por uma semana no meio das filmagens para passar o tempo com sua então amante Anna Magnani, Carlo Lizzani dirigiu algumas cenas em sua ausência. Em meados de setembro, filmagens em Berlim ocorreram após 40 dias e a produção mudou-se para Roma em 26 de setembro de 1947 para filmar as cenas internas. 

Ao chegarem em Roma, os atores alemães tiveram que esperar até novembro para retomar as filmagens porque os sets do filme não haviam sido construídos. Em novembro, os alemães, anteriormente desnutridos, haviam ganhado uma quantidade considerável de peso, enquanto em Roma, e tiveram que ser submetidos a dietas radicais, a fim de manter a continuidade com suas cenas anteriores. Depois de filmar em Roma, a maioria dos atores alemães não queria voltar para Berlim e alguns fugiram para o interior da Itália.

A produção mostra que sobreviver pode ser amoral em certos momentos, mas o próprio ato é algo necessário em face da situação, o que torna as atitudes dos personagens bastante verdadeiras naquele contexto caótico, não abrindo espaço para julgamentos morais. A visão realista de Rossellini foi confundida (e criticada) como sendo pessimista, porém isto foi uma observação claramente alemã, que não queria olhar no espelho e eventualmente enxergar os verdadeiros culpados daquelas ruínas.

Formou-se uma geração de derrotados, não só dos Alemães, mas dos Aliados também, com o sem número de perdas, ocasionando a destruição de inúmeras famílias além daqueles que ficaram vivos, fisicamente, mas mortos, moralmente e mentalmente. Neste sentido, o neorrealismo é uma maneira de dizer que as pessoas eram importantes, mesmo em meio a um conflito que lhes roubava a voz, identidade ou reconhecimento.   

O título do filme, obviamente sugere recomeço. Só que é ambíguo, gerando polêmica na época inclusive. Mas assim como as ruínas da cidade, estão as famílias, em migalhas com os efeitos devastadores da guerra. As características neorrealistas acentuam a humanidade das pessoas, ressaltando os dramas sofridos, que naquele momento, parecem irreversíveis. Os cidadãos perambulam perdidos no meio da dor e a da fome, tentando compreender seus destinos. 

Neste meio, a produção traça um paralelo interessante entre a criança e sua atitude, mostrando como a guerra parece não fazer sentido algum quando deixamos de focar no conflito em si para olharmos o ser humano. Rossellini desfigura seu personagem principal assim como a batalha fez com a cidade. A privação do pós-guerra é desoladora. 

O final do filme, neste cenário, não soa trágico, mas libertador.


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A Versátil lançou TRILOGIA DA GUERRA, caixa em luva reforçada com 3 DVDs que reúne as inéditas versões recentemente restauradas de três obras-primas do neorrealismo italiano dirigidas pelo mestre Roberto Rossellini, além de quase seis horas de vídeos extras, incluindo documentários e especiais sobre cada filme e sobre o diretor. Edição Limitada com 6 cards.
  
Disco 1:

ROMA, CIDADE ABERTA (Roma città aperta, 1945, 103 min.)
De Roberto Rossellini. Com Anna Magnani, Aldo Fabrizi, Marcello Pagliero.

Disco 2:

PAISÀ (Idem, 1946, 126 min.)
De Roberto Rossellini. Com Carmela Sazio, Joseph Garland Moore Jr.

Disco 3:

ALEMANHA, ANO ZERO (Germania anno zero, 1948, 73 min.)
De Roberto Rossellini. Com Edmund Moeschke, Ernst Pittschau, Ingetraud Hinze.

EXTRAS: Documentários e especiais sobre “Roma, Cidade Aberta” (132 min.), Especiais de “Paisà” (49 min.), Especiais de “Alemanha, Ano Zero” (54 min.), Especiais sobre Rossellini e a Trilogia da Guerra (119 min.).
Informações técnicas da edição:

Títulos em português: Roma, Cidade Aberta, Paisà, Alemanha, Ano Zero
Títulos originais: Roma città aperta, Paisà, Germania anno zero
País de produção: Itália, Alemanha
Ano de produção: 1945-1948
Gênero: Drama
Direção: Roberto Rossellini
Elenco: Anna Magnani, Aldo Fabrizi, Marcello Pagliero, Carmela Sazio, Joseph Garland Moore Jr., Edmund Moeschke, Ernst Pittschau, Ingetraud Hinze
Idioma: Italiano, Alemão
Áudio: Dolby Digital 2.0
Legenda: Português
Formato de tela: Fullscreen 1.33:1
Tempo de duração: 302 min.
Região: 4
Preto & Branco
Faixa etária: 14 anos

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