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NARCISO NEGRO (1947) - FILM REVIEW

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A famosa canção cantada por Rita Lee "- Se a Deborah Kerr que o Gregory Peck...", nada mais é que um trocadilho com os nomes dos famosos atores norte-americanos. Lembrei-me da música na hora que comecei a assistir Narciso negro pelas razões mais óbvias possíveis: filmes de freiras geralmente são sobre pecado e a produção tem como atriz principal... Deborah Kerr.

No filme ela é a  jovem e inexperiente Irmã Clodagh que lidera um grupo de freiras com a missão de estabelecer um novo convento no alto do Himalaia. Em meio a um povo majoritariamente não cristão, as freiras dão aulas e oferecem atendimento médico, mas a presença constante de um homem (David Farrar) começa a tirá-las do sério, provocando sérios tormentos, sentimentos incontroláveis e ações inesperadas, ou seja, Deborah não "Kerr" pecar porque sabemos que no meio há uma insana (e hipócrita) repressão do desejo sexual.


A produção trata do erotismo velado de forma soberba. Tudo é levado para o plano psicológico aonde vamos sentindo que uma bomba está por implodir as freiras. A direção fica a cargo da dupla Michael Powell e Emeric Pressburger. Esta parceria (britânica) ficou conhecida como The Archers (nome da produtora) e fez uma série de filmes influentes nas décadas de 40 e 50. A parceria rendeu 24 filmes entre 1939 e 1972, e os filmes tinham, basicamente, histórias originais de  Emeric mas com o roteiro trabalhado pelos dois, sendo que Powell dirigiu a maior parte das obras. Emeric  era o produtor, ajudava na edição e na colocação da trilha.  Dentre as obras mais importantes estão Coronel Blimp: Vida e Morte, E... um avião não regressou,  Os sapatinhos vermelhos, Neste mundo e no outro e Narciso negro.

No início dos anos 1950, Powell e Pressburger começaram a produzir menos filmes, com notavelmente menos sucesso. As produções da Archers terminou oficialmente em 1957, e os dois se separaram para seguir suas carreiras individuais. A separação foi muito amigável e eles permaneceram amigos dedicados pelo resto de suas vidas, além de eventualmente, fazer filmes juntos até 1972 como dito anteriormente.


Mas ainda que seja um grande filme com ótimas atuações e diretores excelentes, um nome ficou marcado pela produção: Jack Cardiff.

Cardiff foi um diretor de fotografia britânico, diretor e fotógrafo. Como diretor, teve uma carreira discreta, sem nenhuma obra memorável. Mas foi como diretor de fotografia que marcou o cinema, principalmente depois das colaborações com a dupla de diretores Powell e Emeric.

Seu trabalho no filme Narciso negro é de uma beleza única. A iluminação e palheta de cores foram inspiradas na obra do pintor Johannes Vermeer, pintor holandês (um dos expoentes do Barroco da “era de ouro da pintura holandesa”), cuja  tela mais famosa foi Garota com brinco de pérolas (1665). Todas as tomadas do Himalaia foram feitas em estúdio (com fotos em vidro e miniaturas suspensas), o que para muitos na equipe foi uma surpresa, já que esperavam realizá-las no próprio local. Curiosamente, os cenários foram fotografias em preto e branco ampliadas. O departamento de arte, em seguida, deu-lhes as suas cores de tirar o fôlego usando giz pastel em cima delas.


Cardiff também se inspirou em telas de outros grandes pintores. Ele experimentou os tons de Van Gogh, por exemplo, ou os vermelhos e verdes de Rembrandt, além das sombras usadas por  Caravaggio. A iluminação resultante foi incomum para os filmes Technicolor da época, e inicialmente causou preocupação para a consultora em Technicolor, Natalie Kalmus".

Um executivo da corporação  afirmou que este filme foi o melhor exemplo do processo Technicolor já feito até então.. As pinturas  eram tão realistas que enganaram os espectadores nativos do Himalaia que realmente viviam lá.

O filme foi uma adaptação do livro homônimo de Rumer Godden, publicado na Inglaterra em 1939. Margaret Rumer Godden foi uma autora de mais de 60 livros de ficção e não ficção, porém apenas alguns deles foram adaptados para os cinemas, sendo Narciso negro o mais conhecido. Embora grande parte dos diálogos do filme seja tirada de forma literal do romance, o filme não o segue exatamente. Em particular, o filme não inclui a rejeição de Mr. Dean do projeto da irmã Clodagh para a capela em favor de seu próprio projeto de uma construção sem portas localizadas no topo da cordilheira, acima do Santo Homem.



A obra foi filmada no Pinewood Studios, com algumas cenas foram filmadas em Leonardslee Gardens, West Sussex , na casa de um aposentado do exército indiano que tinha árvores e plantas adequadas para o cenário indiano. O filme faz uso extensivo de pinturas foscas e pinturas de paisagens em grande escala para sugerir o ambiente montanhoso do Himalaia, bem como alguns modelos em escala para imagens em movimento do convento. Powell disse mais tarde: 'Nossas montanhas foram pintadas em vidro. Decidimos fazer a coisa toda no estúdio e foi assim que conseguimos manter o controle de cores até o final. Às vezes, em um filme, seu tema ou sua cor são mais importantes que o enredo. 

Em meio a esta panela de pressão construída pela dupla  Powell e Pressburger com uma paisagem quase como uma protagonista consciente, a cereja do bolo pode ser observada pela imagem abaixo: o erotismo. Ele é um elemento fundamental na construção dos personagens já que ele nos leva para o interior dos personagens e através dele, seus gestos são exteriorizados. A cena mais marcante, que inclusive está no pôster principal da obra, reflete o abismo emocional que as freiras se encontram ao mesmo tempo em que confrontam o poder de sua magnitude. 




O posicionamento da câmera enfatiza a beleza do abismo, demonstrando que ele pode não ser a perdição, mas a saída. A beleza do lugar é um paralelo perfeito com a própria beleza feminina, inexplorada (tanto o lugar quanto as freiras), E ele provoca um colapso psicológico nas personagens, reprimidas por uma escolha e tentadas pela real beleza de seu ser.




Veja abaixo alguns Lobby Cards do filme.






Obras-Primas do Cinema lançou: NARCISO NEGRO. Clássico do cinema baseado no romance homônimo de Rumer Godden e até hoje saudado como um dos mais refinados e eróticos filmes já feitos. Com elementos de arte cinematográfica perfeitamente fundidos pelos diretores Michael Powell e Emeric Pressburger (Sapatinhos Vermelhos) e com a magistral fotografia colorida de Jack Cardiff, resume em um fascinante drama sobre o antigo conflito entre o espírito e a carne! Vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Fotografia e Melhor Direção de Arte, e venceu o Globo de Ouro: Melhor Fotografia. Versão remasterizada e com mais de 40 minutos de extras!

Disco 01:

Narciso Negro (Black Narcissus, 1947, 101 min)
Direção: Michael Powell, Emeric Pressburger
Elenco: Deborah Kerr, David Farrar, Flora Robson, Jenny Laird, Judith Furse, Kathleen Byron, Esmond Knight, Sabu, Jean Simmons, May Hallatt.


U+21F0.gif Extras:

Making of do filme (25 minutos)
Entrevista com Bertrand Tavernier (18min)

U+21F0.gif Informações Técnicas:

Título: Narciso Negro
Título Original: Black Narcissus
País de Produção: Inglaterra
Ano de Produção: 1947
Gênero: Drama
Direção: Michael Powell, Emeric Pressburger
Elenco: Deborah Kerr, David Farrar, Flora Robson, Jenny Laird, Judith Furse, Kathleen Byron, Esmond Knight, Sabu, Jean Simmons, May Hallatt.
Idioma: Inglês
Legendas: Português - Inglês
Duração Aproximada: 101 minutos.
Região: Aberto para todas as zonas (Livre)
Áudio: Dolby Digital 2.0
Vídeo: 1.33:1
Cor: Colorido
Faixa Etária: 12 Anos - Contém Conflitos Psicológicos, Violência moderada.


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