CRIS LOPES - RESPONDE ÀS 7 PERGUNTAS CAPITAIS
Cris Lopes (Cristiane Silveira Lopes) é produtora de conteúdo, diretora executiva, apresentadora, atriz e empresária. Ganhou destaque nacional como a personagem Xuxu no seriado Vila Maluca (2005–2006), exibido na RedeTV!, com 150 episódios e altos índices de audiência. Atuou também na TV Bandeirantes como repórter em um programa de entretenimento, entrevistando personalidades como Ratinho, Zezé Di Camargo e Leão Lobo.
Como locutora, trabalhou para rádios no Brasil e América Latina, sendo correspondente bilíngue em espanhol para rádios da Argentina e da Espanha durante a pandemia (2020–2022). Apresentadora multilingue (português, inglês e espanhol), com experiência nacional e internacional, atuou em eventos corporativos e em emissoras como SBT, Band, Record, RedeTV! e canais a cabo.
É idealizadora, diretora e apresentadora de diversos programas autorais, como Domingo com Cris Lopes (2023–2025), Talentos do Brasil (2020) e #novonormal (2020–2021).
1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte. Quando nasceu sua paixão pelo cinema?
C.L.: A primeira vez que meu pai me levou ao cinema junto com meus irmãos e a mamãe, fiquei encantada! Deslumbrada! Tinha 09 anos de idade e acabado de mudar para a Consolação, na Praça Roosevelt, onde morei até os 19 anos. Fomos ao Cine Olido no centro de São Paulo ver “A história sem fim”, clássico infanto-juvenil dos anos 80 que marcou minha vida com o cachorrão Atreio e a trilha sonora que ficou na minha mente até hoje, "The NeverEnding Story". Quando toca essa música, volto para aquele dia no cinema lotado em dia de estreia e sentei no chão para esperar começar a próxima sessão na sala para assistir de novo! (risos).
Meu pai sempre foi moderninho e curtia as novidades tecnológicas, então fomos os primeiros a ter aparelho VHS na família e era filme alugado toda semana nas locadoras. Cresci nesse universo e assisti a mais de 1.000 filmes em 10 anos, que constavam na última ficha da locadora VHS que fechou há alguns anos no meu bairro assim que começou a nova moda das locadoras online, Netflix e outras mais das tevês a cabo.
Confesso que sinto falta dos momentos que passava escolhendo filmes diversos para ver nos finais de semana, ir comprar petiscos e “refris” só para ver o filme (risos). Tinha prazer em fazer isso. Minha conexão com o cinema é de alma e de longa data, uma paixão de muitos anos que só aumentou, levando a sério minha carreira de atriz pelo mundo.
2) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes de sua vida? Um Top 10 ou mesmo o filme mais importante?
C.L.: Vários filmes são importantes na minha vida e me marcaram, despertando sentimentos e reflexões diversas conforme a temática do filme. Para mim, essa é uma das grandes magias do cinema. Levar você para diversos mundos e te desconectar do momento presente enquanto você está assistindo a um filme. Você está lá, atento e envolvido com a história!
Posso citar alguns. Um deles, o clássico antigo “Em algum lugar do passado”, com nosso querido Superman como protagonista: Christopher Reeve. Trata-se de uma atriz que se divide entre escolher viver o amor de sua vida e sua carreira. O que também me toca é a viagem no tempo que ele faz para reencontrá-la no passado. Uma conexão de alma que possibilitou o reencontro através de um tipo de auto-hipnose. Muito curioso o roteiro, figurinos e trilha incríveis.
Gosto de produções de época. Também amo as obras do Chaplin e do nosso inovador ator e produtor brasileiro de cinema Mazzaropi, levando simplicidade e carisma na telona para nosso povo brasileiro. Amo o trabalho dessas duas feras do cinema. E muitos outros filmes clássicos como “Metrópolis”, muito futurista para sua época, e o visionário George Méliès, rei dos efeitos especiais com “Viagem à Lua”, que idealizou e produziu um foguete no filme indo para o espaço antes mesmo de ele existir, em 1902! Há também filmes modernos que são muitos para descrever...
3) Sua carreira começou muito cedo. Fez teatro. Trabalhou em produções de sucesso no Brasil, como o sitcom Vida Maluca, na Rede TV, que foi na época considerado o Chaves brasileiro. Foi apresentadora. Fez documentários no Egito e em Marrocos. Atuou no Canadá. Estudou na Actors Studio de Londres. Fez trabalhos bastante diversificados, o que não é comum, já que muitos atores tendem a seguir uma mesma linha. Qual conselho deixaria para a geração que está começando na área? Quais são os erros mais comuns que um diretor iniciante deveria evitar?
C.L.: Para quem está começando: NÃO DESISTA DE SEUS SONHOS! A oportunidade é sua se você estiver preparado e pronto para agarrá-la! Sempre pensei assim e trabalho com este foco, sem comodismo e lamentações. Os “nãos” te fortalecem para você aprimorar na atuação o que precisa evoluir e os “sins” são a resposta de que você se preparou adequadamente para o trabalho.
Idiomas fizeram parte da minha vida desde criança, como inglês e espanhol fluente, e o francês que aprendi mais tarde vivendo na Europa, quando fui buscar uma especialização de alto nível para cair de cabeça no cinema quando saí da TV e funcionou. Passei por testes e fui representar meu país na Actors Studio em Londres, nos estúdios onde filmaram 007. Star Wars estava sendo rodado quando eu estava lá com os coaches e diretores que estudei e que também preparam atores americanos para filmes ingleses como Angelina Jolie, Nicole Kidman, Daniel Craig e muitas feras que filmam lá.
Acreditei que, com meu inglês fluente, eu conseguiria e, de fato, consegui. Aprendi técnicas de atuação para o cinema que abriram meus caminhos em vários países. Hoje atuo em longas em inglês, espanhol, português e francês e ganhei 5 prêmios na categoria Melhor Atriz.
4) "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos". Considerando a reflexão, há alguma experiência vivida no meio artístico que foi especialmente marcante?
C.L.: O cinema é bastante planejado cena a cena por equipes de profissionais muito aplicados, seja no Brasil ou no exterior, então é mais difícil ocorrerem erros. Na televisão tenho mais histórias engraçadas pela velocidade da produção, grande volume de cenas diárias para gravar e improvisos como no programa diário infanto-juvenil que atuei chamado “Vila Maluca” há quase 15 anos atrás (foi indicado a prêmio no Chile inclusive) quando eu era ainda bem mocinha (risos).
Fiz uma cena com a atriz Noemi Gerbelli que era um episódio especial de Carnaval para o seriado e estourávamos bexigas com água nos moradores da Vila da série e a bexiga que joguei nela não estourava de jeito nenhum e começamos a rir em cena e foi ao ar porque o diretor Claudio Callao (ex-SBT, hoje na NBC Universal USA & México) achou interessante ao público e verdadeiramente engraçado.
Também houve uma situação comigo no set de filmagem em que esse mesmo diretor falou na comunicação interna do estúdio: - Cris, corta! Não vamos gravar enquanto você não pedir para seu maquiador tirar essas taturanas da sua sobrancelha! O estúdio todo não parava de rir e eu nem percebi porque estava lendo 60 cenas do dia no camarim.
Ele me maquiava sempre e eu, com roteiro na mão, repassava o que tínhamos para filmar no dia. Vesti o figurino e não olhei para as benditas sobrancelhas (risos). Meu maquiador propôs algo mais ousado e minha personagem Xuxu era doce e delicada, não podia jamais ter make-up de mulher fatal.
5) Imagine o cenário: você é uma atriz (de qualquer país) no set de filmagem de um filme memorável. Qual seria a atriz, em qual filme, e por que essa experiência seria tão marcante para você?
C.L.: Amo a personagem Olivia Benson da série americana Lei & Ordem, interpretada pela atriz Mariska Hargitay, que já ganhou prêmio com seu papel. Quero interpretar investigadoras, detetives, advogadas, policiais que amo muito ao estilo das séries CSI, Lei & Ordem, Criminal Minds, além do estilo Sherlock Holmes investigativo antigo também.
Adoro esse tipo de filme e já estou começando a atuar nesse perfil, como no longa canadense “Freer”, lançado nos EUA e Canadá. Em breve, estará disponível na Netflix, em que atuei em inglês e fiz uma gerente que investiga e vai cobrar o casal protagonista na casa deles uma dívida milionária.
E no próximo filme, também com o ator Jackson Antunes, sou uma policial que atua com ele para desvendar um sequestro de uma família (mãe e filhos) no longa policial “Metrópole 153: Pela Garantia da Liberdade” do cineasta Valério Salazar.
Meu pai queria que eu fosse juíza ou advogada e acabei me sentindo atraída por histórias que envolvem o cumprimento da lei. Outro estilo que amo são personagens de época que posso explorar meu lado feminino. Adoro os figurinos e cenários antigos também. (Também sou diretora de arte premiada, seleciono e coleciono figurinos e objetos de cena). Quem sabe uma série de época...
6) Fazer cinema envolve muitas variáveis. Esforço, investimento, paixão, talento... E a sinergia destes elementos faz o resultado. Qual trabalho em sua carreira considera o melhor?
C.L.: Tenho orgulho de todos os meus trabalhos porque sou seletiva quando vou ler um roteiro e analiso o que vai somar na minha carreira. Vejo se passa uma mensagem construtiva ao público, se é um bom entretenimento e uma produção de qualidade. Meu maior orgulho no momento é o longa canadense “Freer”, que me abriu portas nos Estados Unidos e Canadá. A mídia de lá já me reconhece como atriz brasileira premiada e isso tem sido muito positivo para minha carreira.
Mensalmente, estou nos jornais populares de lá, voltado à comunidade brasileira que acompanha meu trabalho. Gosto de representar meu país em outros países. Na Argentina também tenho sido reconhecida e já estreei com 2 filmes nos cinemas importantes de Buenos Aires com filmes com temas atuais, como o drama “Miguel” sobre violência contra a mulher. Eu fiz a esposa agredida pelo marido.
Faço eventos e campanha internacional do tema. Fiz também AGS Agência Geral de Suicídio, onde atuo como madame francesa que quer morrer com luxo. É um filme de humor negro ao estilo inglês, obra do autor francês Jacques Rigaut e que recebeu diversas premiações como Melhor Atriz ou Menção Honrosa.
M.V.: E quanto a arrependimentos? Ou, caso não tenha, faria algo diferente?
C.L.: Como eu disse, tenho orgulho de todos os meus trabalhos, portanto, não tenho arrependimentos.
7) Para finalizar, deixe uma frase ou pensamento envolvendo o cinema que representa você.
C.L.: Com grandes metas, é preciso se manter firme e forte nos objetivos que desejamos alcançar. Assim, força para mim torna-se vital para superar qualquer obstáculo e persistir com otimismo e profissionalismo sempre.
M.V.: Sem dúvidas.
C.L.: "Que a força esteja com você", da saga Star Wars.
M.V.: Muito obrigado.