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SERGIO MARTINO - RESPONDE ÀS 7 PERGUNTAS CAPITAIS

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Sergio Martino nasceu em 19 de julho de 1938 em Roma na Itália. É diretor e autor, notável por suas contribuições ao gênero giallo. Martino ajudou a moldar o cinema de gênero italiano, e seus filmes continuam cultuados internacionalmente, especialmente entre fãs de horror, exploitation e cinema B.

Ele é reconhecido por filmes como A Cauda do Escorpião (1971), O Estranho Vício da Senhora Wardh (1971),Torso (1973), A Ilha dos Homens-Peixe (1979), Crocodilo, A Fera Assassina (1979), 2019 - Depois da Queda de Nova York (1983) e Keruak, O Exterminador de Aço (1986).

E hoje, com vocês, Sergio Martino.

Boa sessão:


1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Você é um apaixonado por cinema? Conte um pouco de como é sua relação com a 7ª arte.

S.M.: Faço parte de uma geração que tinha a sala de cinema como ponto de referência. Ainda não havia TV e, portanto, também era um entretenimento à tarde para ir ao cinema. A disseminação da TV e a pirataria (e a incapacidade de combatê-la) levaram ao fim do charme do cinema como um ponto de encontro.

Durante a minha juventude, o cinema era entretenimento de verdade, o lugar para levar a garota para um primeiro encontro e começar a primeira aproximação do amor, mesmo na escuridão da sala.

M.V.: Verdade, era super charmoso, não? Um verdadeiro evento.

S.M.: Completamente.


2) Existem filmes que influenciam a nossa vida como um todo. "Keruak,  O Exterminador de Aço", por exemplo, foi um dos filmes que me fez amar o cinema de androides. Revi mais de 100 vezes e ainda tenho o VHS. Quais foram os realizadores que mais te influenciaram? E há um filme preferido?

S.M.: Definitivamente, sempre tive uma admiração imensa pelos filmes de Charlie Chaplin. Para mim, eles representavam a verdadeira essência do cinema, a capacidade de emocionar, fazer rir e refletir sem depender de palavras. Também me marcaram profundamente as obras de Orson Welles, com sua ousadia narrativa e visual; de Sam Peckinpah, pela intensidade crua de sua violência e poesia; de Sergio Leone, com sua reinvenção do western em imagens épicas; e de Luis Buñuel, cuja visão surrealista ampliava as fronteiras da linguagem cinematográfica.

Se tiver que escolher um filme favorito, diria que é Oito e Meio, de Federico Fellini. Ele representa para mim a mistura perfeita de imaginação, introspecção e liberdade artística. Curiosamente, também devo citar Z, de Costa-Gavras, que me motivou muito na criação de A Cauda do Escorpião. Esse filme mostrou como o cinema podia ser político, dinâmico e ao mesmo tempo extremamente envolvente, algo que me inspirou a experimentar dentro do giallo e a dar às minhas histórias uma força dramática maior.


3) Em sua carreira, trabalhou como assistente do grande Mario Bava. Qual recordação tem dele e quais os maiores aprendizados levou para sua filmografia?

S.M.: No meu livro Mille peccati... nessuna virtù? eu conto em detalhes um episódio que me marcou muito: uma cena em que um ator precisava recitar uma longa piada em inglês. Era uma situação complicada, que poderia atrasar o cronograma, mas Mario Bava resolveu tudo em cerca de meia hora, com criatividade e simplicidade. Esse tipo de solução era muito típico dele: rápido, eficaz e sempre com respeito ao tempo e ao orçamento.

O que aprendi observando-o foi justamente isso, a importância de equilibrar a visão artística com a responsabilidade prática. Ele lia atentamente as atas de produção e, se percebia que uma cena não era realmente necessária, cortava antes mesmo de filmar. Graças a essa objetividade, a maioria de seus filmes não ultrapassava uma hora e meia.

Bava me mostrou que o diretor não é apenas um criador de imagens, mas também um gestor, alguém que precisa tomar decisões difíceis em nome do filme. Trabalhar ao lado dele foi um verdadeiro curso prático de cinema, e levo comigo essas lições até hoje.

Leia meu livro e conhecerá a história detalhadamente. 


4) "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos". Considerando a reflexão, há alguma experiência vivida no meio artístico que foi especialmente marcante?

S.M.: Ah, eu teria muitas para contar (risos). O cinema, por trás da câmera, é cheio de momentos curiosos e engraçados, principalmente quando há harmonia entre a equipe. Essa cumplicidade faz parte da magia e, muitas vezes, os bastidores se tornam até mais memoráveis que o próprio resultado final. 

No meu livro compartilho várias dessas histórias, porque acredito que o público também gosta de conhecer esse lado humano e divertido da produção. É justamente isso que torna o cinema um trabalho tão apaixonante: não apenas o que se vê na tela, mas também as pequenas pérolas que acontecem durante a filmagem.


5) Imagine o cenário: você é um diretor (de qualquer país) no set de filmagem de um filme memorável. Quem seria, em qual filme, e por que essa experiência seria tão marcante para você?

S.M.: Não consigo responder a essa pergunta. Há muitos filmes que amei num momento em que os vi e talvez se revistos depois de anos que achei menos belos. Portanto, se eu disser um filme hoje, pode ser que amanhã eu não quisesse mais o ver sendo feito.

M.V.: Verdade. Isto aconteceu comigo recentemente. Revi Dr. Jivago desde meus 15 anos até 2019. Nestes 30 anos, ele sempre esteve entre os 20 filmes da minha vida. A última vez que assisti, achei-o totalmente desinteressante. Louco não? Amanhã, posso amá-lo novamente...

S.M.: Não é? Mas um me vem à mente: "Nós que Nos Amávamos Tanto" do Ettore Scola. É um filme que ainda gosto de ver novamente, também porque conta um momento histórico da minha vida como adulto e uma atividade profissional que faz parte da minha vida. Então, é um filme que gostaria de enxergar pelos olhos de Scola.


6) Fazer cinema envolve muitas variáveis. Esforço, investimento, paixão, talento... E a sinergia destes elementos faz o resultado. Qual trabalho em sua carreira considera o melhor?

S.M.: Não posso avaliar todos os meus filmes porque quase sempre tive que aceitar compromissos, esvaindo-se o trabalho autoral. Gosto muito da segunda metade de Torso, que ainda me parece eficaz hoje. Os títulos de abertura do filme "Mannaja - Um Homem Chamado Blade (1977)", o encontro inicial de Barbara Bach com "A ilha dos Homens-Peixe (1979)", algumas cenas de ação (reais) de "Profissionais Violentos (1973)" e a atuação de Claudio Cassinelli em "Morte Suspeita de uma Adolescente (1975)".

Talvez "La bellissima estate (1974)" seja um filme mais sentimental com Senta Berger, parece-me que é um filme que não cai no lugar-comum. E também o estilo barroco de algumas sequências de Cugini carnali (1974).

Você ficou certamente surpreso com estas indicações, não é?! São filmes além daqueles mais conhecidos (ou reconhecidos) na imaginação dos amantes de filmes de gênero atualmente.

M.V.: Verdade; Confesso que esperava filmes como O Estranho Vício da Senhora Wardh (que amo) ou Todas as Cores do Medo.


7) Para finalizar, deixe uma frase ou pensamento envolvendo o cinema que representa você.

S.M.: Boa pergunta. No meu livro abordo o assunto. O cinema de gênero traz as melhores e mais emblemáticas frases: "O cinema é uma arte simples, difícil apenas pelas pessoas que o fazem''.

M.V.: Obrigado amigo. Foi uma honra.

S.M.: Saudações.


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