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KERUAK: O EXTERMINADOR DE AÇO (1986) - FILM REVIEW

 

Não sou capaz de falar de Paco Keruak sem colocar toda minha paixão pelo cinema no meio. Ao final do texto, talvez lhe pareça uma obra-prima, comparável a um O Exterminador do Futuro. Mas falar de Keruak é falar de cinema raiz dos anos 80, com todos os defeitos e qualidades que faziam diferença naqueles anos. O charme oitentista tornava um Steven Seagal ou Chuck Norris... bons. E minha paixão cinéfila nasceu naqueles anos, quando eu ganhei meu JVC (que ainda tenho) e gravava e revia os filmes incessantemente. 

Keruak, O Exterminador de Aço foi um destes. Quem me conhece sabe que anoto os filmes que assisto, mas parei de anotar às vezes em que eu repetia porque estava rasgando meus cadernos. Só continuei com Tubarão, que passou de 250 vezes. Keruak, um dos meus Guilty Pleasures favoritos, revi mais de 100. Sei o filme de trás para frente, mas mesmo assim, foi um prazer imenso revê-lo para escrever este texto. 

E já de início, descobri algo que não tinha notado. Eu assisti ao filme legendado na maioria absoluta das vezes. Eu tenho o VHS do filme até hoje. Nas poucas vezes que assisti no SBT, não reparei que a maravilhosa trilha sonora de Claudio Simonetti, uma das mais magistrais do cinema, é várias vezes apagadas na dublagem, sendo trocada por faixas de Os Intocáveis e até Flashdance. Uma picaretagem criminosa. Certamente estragou a memória afetiva de muitos. 

Mas voltando ao melhor. 

Para quem não conhece, o filme conta a história de um ciborgue criado para matar, Paco Queruak (Daniel Greene), a arma secreta do cientista mau-caráter Francis Turner (John Saxon). O robô foi programado para assassinar sem deixar nenhuma pista e muito menos sentir coisas como remorso ou tristeza. Porém, Queruak não consegue eliminar um ativista ecológico com deficiências físicas. Agora, além de estar sendo procurado pela polícia e pelo FBI, Queruak terá de enfrentar a ira de Turner, que enviou mercenários como Peter Hallo (Claudio Cassinelli) para destruí-lo.

O filme é uma daquelas obras que prefiro me recusar a ver os defeitos. Como um filho. Tive o prazer em entrevistar, ninguém menos que o diretor Sergio Martino. E aguardo neste momento, as respostas da entrevista enviada a Claudio Simonetti. A obra foi, obviamente, influenciada por O Exterminador do Futuro, lançado em 1984. Mas o título picareta nacional foi apenas uma tentativa de forçar a barra com o público.

Uma tragédia marcou a produção. O ator Claudio Cassinelli morreu em um acidente de helicóptero no dia 12 de julho de 1985, durante as filmagens no Arizona. Conforme o relatório do National Transportation Safety Board, as pás do rotor do Bell 206-B bateram na parte inferior de uma ponte de aço e quebraram, fazendo com que a aeronave despencasse no cânion abaixo, matando Cassinelli e o piloto. 

A cena pedia que o personagem de Cassinelli usasse uma metralhadora para tirar o personagem de Greene. O helicóptero deveria voar sob a ponte Navajo cruzando o rio Colorado. O ensaio da acrobacia foi um sucesso. Ao passar por baixo da ponte para a filmagem real, o helicóptero estava perto demais e as pás do rotor atingiram a estrutura, fazendo com que o helicóptero se partisse em vários pedaços, despencando cerca de 150 metros no rio Colorado abaixo. O corpo de Cassinelli foi recuperado três horas depois por mergulhadores, ainda amarrado ao assento. 

A queda foi oficialmente atribuída à desatenção e mau julgamento do piloto; o relatório do NTSB observa que um frasco da pílula dietética Ionamin (fentermina) foi encontrado no quarto de hotel do piloto, e que este medicamento pode causar erros de julgamento, mas seu uso real do medicamento não pôde ser verificado porque seu corpo nunca foi recuperado.

Cassinelli não precisava estar no helicóptero para essas cenas, mas histórias conflitantes afirmam que ele queria fazer isso por seu filho e outros dizem que ele estava nervoso em fazer a sequência. Ele tinha 46 anos na época e era casado com a jornalista Irene Bignardi e deixou 3 filhos. No filme, ele faz o assassino contratado para caçar Paco, Peter Howell. De qualquer forma, a viúva de Cassinelli abriu um processo milionário por negligência contra a viúva de Nasca e três empresas no final daquele ano.

John Saxon, seguindo estritamente as regras do Screen Actors Guild, recusou-se a atuar em qualquer cena filmada na América (todas as suas cenas foram filmadas na Itália) porque este não era um filme sindicalizado. Ele credita a SAG por ter salvado sua vida, já que ele provavelmente estaria no helicóptero que caiu, tirando a vida de Claudio. Ele não violou nenhuma diretriz SAG desde então. Dois helicópteros Bell diferentes, mas com cores idênticas, foram usados ​​para as filmagens; a aeronave vista em close-up com o Saxon tem registro italiano, enquanto o que foi visto voando, o helicóptero envolvido no acidente fatal, tem registro americano.

Paco

Mas voltando ao filme. Ainda que seja uma óbvia colagem de ideias que vão da cena do Exterminador dando uma calibrada no braço até as quedas de braço vindas do futuro em Falcão - O Campeão dos Campeões, lançado no ano seguinte (não se esqueçam de que o nome do filme é Vendetta dal futuro), o filme tem identidade, sendo um dos mais marcantes filmes "Tipo O Exterminador do Futuro". De influenciado passou a ser influenciador, já que no filme, eles introduzem uma robô para matar Paco, ideia introduzida justamente em O Exterminador do Futuro 3. Irônico, não? Mesmo o que levou Paco a se tornar um ciborgue tem ligação direta com Robocop, lançado também no ano seguinte.

E como eu digo em todo post em que falo sobre filmes dos anos 80, o cinema da época tinha sempre algo a dizer, mesmo com as limitações orçamentárias. Paco sofre uma crise de consciência, mostrando como nosso lado humano deveria prevalecer. E ainda mais forte fica a mensagem com o final, após Paco descobrir que o lado ciborgue dele envolve também a mente. Ou seja, a consciência foi algo passado do humano para o robô. 

Lembrando que o "futuro" do filme foi projetado para 1997. Ou seja, os caras eram muito otimistas. Estamos em plenos 2024, e continuamos com práticas Neandertais, sendo que a maior evolução de hoje parece ser o "celular", pois lançam um modelo mais evoluído ano a ano. Acho que podemos afirmar que o ser humano parou no tempo e em muitos casos regrediu. Talvez devessem ver mais filmes dos anos 80...

Leia a minha entrevista com o diretor no link: Sergio-Martino


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