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RETROSPECTIVA 2021 - 10 MOMENTOS MEMORÁVEIS DA MÌDIA FÍSICA

2020 e 2021 foram anos atípicos para a mídia física. A Pandemia provocou um boom do E-Commerce, e algumas empresas souberam lidar muito bem com as mudanças. Estas mesmas se aproximaram dos colecionadores, tornando possível direcionar os lançamentos. A pré-venda ganhou contornos de "financiamento antecipado", já que elas passaram a ser anunciadas em até seis meses antes em vários casos. Tudo isso para manter a mídia física viva.

O maior vilão neste 2021 foi a economia, com a volta da inflação, e aumentos sucessivos dos preços. A minha previsão é que em curto prazo, a hora de escolher entre as necessidades prioritárias e os hobbies, cause novamente, a queda das vendas, e consequentemente, a diminuição de grandes edições lançadas. Acredito que entre 2023 e 2024, novos planos devem ser traçados para manter a mídia física. Caso contrário, veremos lojas tomando igual dominó (algo que vem acontecendo gradativamente, com o fim de várias lojas físicas e virtuais).

Mas hoje vamos falar do presente. Se você pertence ao mundo digital e é colecionador de mídia física, provavelmente escutou nomes como o do "Seu" Alexandre e apelidos como Valmir "localizado". O post de hoje é para celebrar. Até ano passado, eu fazia anualmente, uma lista com as melhores edições lançadas no mercado. 

Porém, por conta de diversos problemas que tive com uma empresa em particular, resolvi fazer algo democrático: Colocar 10 edições que foram representativas de cada empresa, por motivos que serão citados adiante. Como são 8 empresas, duas delas tiveram um reconhecido (merecido) maior, ficando assim dividido:

Primeiro 4K do Brasil, Fábio Martins, Edição do ano em bluray pela OP, Edição do ano em bluray pela Versátil Home Vídeo, Edição do ano em bluray pela Classicline, O caso Liga da Justiça, O caso Sangue negro, Sexo explícito finalmente liberado, Edição do ano em bluray pela CPC Umes, Lançamento do ano pela 1 films.

Parabéns a todos e boa sessão:

(UM DETALHE IMPORTANTÍSSIMO: A matéria foi concebida pelo que foi anunciado como lançamento até dezembro. Alguns poucos anúncios de "última hora" não entraram assim como eventuais atrasos, não modificaram a lista, já que é uma homenagem aos lançamentos, e não uma necessidade imperativa de ser justo com todos.)

👉Primeiro 4K do Brasil

O primeiro lugar, claro, é o 4K lançado pela Obras primas do cinema. Poderíamos afirmar que foi uma loucura do CEO da empresa, Valmir Fernandes, devido aos altíssimos custos, mas ele realizou o sonho de muitos em ter um 4K nacional. Dificilmente será o primeiro de muitos, afinal, uma das observações mais frequentes dadas pelos colecionadores é necessidade de adequação (poucos tem leitores 4K e ainda necessitam de adquirir uma boa TV compatível) aliada ao fato de que o salto em qualidade do BD para o 4K é menos notável que foi o VHS para o DVD, ou mesmo este último para o BD. 

De toda forma, o 4K veio numa edição mais encorpada que a grande maioria dos 4Ks lançados mundialmente. O Valmir e a Obras primas fizeram história...novamente.

Cabe ainda ressaltar a popularidade do Valmir nas redes sociais. Uma pessoa extremamente educada, simples, gente boa e disposto a fazer loucuras pelos colecionadores. Um exemplo disso é que ele foi pessoalmente entregar a edição 001 do Quinto elemento para o primeiro comprador. O registro de sua viagem pode ser encontrado nas redes sociais da empresa.

👉Fábio Martins, o Relevante

Ano passado, Fábio Martins, da loja FamDVD, foi um elemento fundamental para o renascimento da mídia física nacional. Já seria ótimo se ele mantivesse o ritmo se neste 2021, já que ele havia disponibilizado obras como A bruxa e o primeiro gift set brasileiro, a maravilhosa e insuperável edição em bluray do documentário Cinemagia. Mas o Fábio é uma fábrica de ideias, um cinéfilo inquieto, disposto a romper barreiras para trazer o mesmo cinema, porém de forma diferenciada. 

Com ele, grandes filmes vieram neste ano, como Vidas em jogo, Príncipe em Nova York e até o impensável Sangue negro, uma grande obra prima tida como impossível de ser lançada. Além dos filmes, a loja procura trazer itens de uma qualidade incrível, como luvas, cards, revistas e cartões. Até você adquirir uma edição da FamDVD, uma luva é só uma luva. Depois de ter uma em mãos, percebemos como era algo que desejávamos sem saber. 

A edição mais "fora da curva" foi o giftset Scream, Queen! A Hora do Meu Pesadelo. Ainda que o Fábio tenha lançado grandes produtos neste ano, este documentário, numa edição fantástica, foi sua aposta mais arriscada.

👉Edição do ano em bluray pela OP

Saindo do 4K, mas voltando para a Obras primas do cinema, a empresa fez história em 2020 com edições como Um lobisomem americano em Londres, Halloween, King Kong e O pianista. 2021 era um ano muito esperado, já começando com a completíssima edição do Massacre da serra elétrica em bluray. Foi um ano com grandes edições anunciadas, tanto em DVD quanto BD, mas a cereja do bolo veio com a trilogia Evil Dead em bluray numa edição espetacular (contando inclusive com uma entrevista que fiz com uma das atrizes principais do filme, Betsy Baker). Além disto, a OP mudou seu padrão, evoluindo diversos elementos, tornando a empresa e as edições mais sofisticadas.

👉Edição do ano em bluray pela Classicline

A Classicline é uma empresa antiga e que conseguiu uma base fiel de colecionadores de seus produtos, em sua maioria DVDs, com aqueles "Dublado e Legendado" na capa. Muitos Faroestes (principalmente Audie Murphy e Randolph Scott), musicais, aventuras, séries dos anos 40 e 50, enfim, cinema clássico. Mas sem deixar sua origem de lado, a empresa ensaiou um salto maior com a belíssima edição do diretor Christopher Nolan em 2020, no formato Bluray. Mas em 2021 eles vieram com os dois pés na porta, lançando diversos boxes temáticos, com diretores como Hitchcock, Tony Scott e Peter Weir, coleções muito pedidas, como o digipack Piranha e diversos BDs de filmes importantes, alguns dos quais eu colaborei com textos como Terceiro Homem, Suspeita, Interlúdio e A testemunha. 2021 foi um ano em que a Classicline, definitivamente, diversificou seu mix. A edição com mais atrativos foi, sem dúvidas, Elvira.

👉O caso Liga da Justiça

Se existe uma edição lançada em 2021 que mostra o poder de um fã, ela se chama Liga da Justiça - Snyder Cut. Para quem não sabe da história, o pouco sucesso dos filmes do Universo Compartilhado DC, se comparado com o a fórmula da Marvel, ligou o sinal de alerta do produtor dos filmes. Além disto, houve uma polarização de fãs, dividindo-se em DCnautas e Marvetes. Não cabe aqui dizer como isto é um erro terrível para o cinema, mas o fato é que a energia causada, boa e ruim, move peças. O questionado Zack Snyder, principalmente por seu estilo, digamos, inadequado, sofreu uma perda terrível durante as filmagens do Liga da Justiça. Sua filha havia tirado a própria vida. Toda pressão da produção foi demais para Snyder e ele largou (ou foi largado) o projeto depois que as exibições-teste foram mal vistas. 

E em mais uma bola fora da DC, evidenciando que a Marvel era um case de sucesso a ser emulado,  contratou o diretor de Vingadores, Joss Whedon, para dar uma "acabada" Marvel no projeto. O resultado foi constrangedor. Uma petição foi criada pelos fãs para que o Snyder Cut viesse ao mundo, algo que era aparentemente impossível. 4 anos depois, e muita lenha queimada, renascia o filme, que originalmente seria lançado nos cinemas como Parte 1 e 2. O filme chegou ao HBOmax e com a promessa de, quem sabe, em algum tempo no futuro, chegue no Brasil. O milagre aconteceu bem antes.

Um detalhe técnico curioso: de todas as edições citadas aqui, esta é a única pobre de material extra, envolta de uma luva bem aquém do material utilizado pelas demais empresas e com erros grosseiros de digitação nas informações da edição, como o nome do diretor grafado de forma incorreta.

Mas o lançamento do filme envolveu uma aclamação mundial, ao contrário da próxima edição, que veio numa edição maravilhosa, mas era um pedido dos colecionadores do nosso país apenas, já que lá fora, já havia sido lançada. 

👉Edição do ano em bluray pela Versátil Home Vídeo

Quem acompanhou as lives dos grupos de cinema em 2020, principalmente do Fora de Catálogo e BJC, percebeu que o filme mais pedido do ano foi Midsommar. Igualmente citado, mas pelos defeitos, foi Parasita, que entre inúmeros atrasos, a edição veio em um BD questionadíssimo, principalmente por se tratar de uma obra vendedora do Oscar. Muitos concordaram, muitos discordaram, mas não houve indiferença. 

E dentre todas as belas edições lançadas em 2021 pela Versátil Home Vídeo, sob a curadoria de Fernando Brito, eis que anunciaram edições caprichadas justamente do Midsommar e Parasita, corrigindo os erros da edição anterior e ainda dando um upgrade gigante. Timing perfeito. Prova é que Midsommar quase se esgotou na pré-venda. 

Estes casos ilustraram o timing da Versátil, que ainda disponibilizou dezenas de grandes títulos em BD como Roma, Gritos do silêncio, Carol, Lamento, A doce vida, Babenco...(lista ad infinitum).

Vale ressaltar que a Versátil mudou o padrão das edições por conta do pedido dos colecionadores. Ela passou a disponibilizar suas edições lançadas em BD, com um estojo leitoso, alterou a forma de envio dos pôsteres (agora numa embalagem parecida com a da Obras Primas) e mudou também a identidade visual da capa do BD, que antes eram imagens e passou a ser o modelo tradicional, com um pôster do filme.

👉Edição do ano em bluray pela CPC Umes

A CPC Umes filmes é uma empresa a ser valorizada. Ela me mostrou como eu conhecia muito menos o cinema soviético que eu deveria. Lançando grandes obras de um cinema que não tem grande visibilidade no nosso país, a CPC preencheu lacunas como disponibilizar em BD obras de Andrei Tarkovsky, mesmo em um ano de empobrecimento do povo brasileiro, ela se mantém firme, lançando obras em DVD e BD que todo cinéfilo deveria ter.

Não houve em 2021 uma edição como Guerra e Paz, uma das Top 10 lançadas ano passado. Mas mesmo com os altos custos para confecção de uma Bluray e a crise financeira atingindo a quase todos, a CPC continuou disponibilizando blurays como o Espelho, da imagem acima. 

👉Lançamento do ano pela 1 films

A identificação com uma empresa está muito relacionada com a ao cinema que ela lança. Quem é fã de Audie Murphy, por exemplo, ama a Classicline. Que curte edições caprichadas, além do próprio filme, admira a OP, Versátil... Eu amo cinema em geral, mas descobri que o cinema dos anos 80 é particularmente importante para mim. Quase todas as empresas lançam (a Versátil, por exemplo, nos Slashers, OP no Sessão anos 80...), mas a 1films me acerta no coração, lançando filmes considerados fracos pela crítica, como American ninja e Keruak. A veia retro da empresa é forte. Neste ano lançaram BDs sonhados de filmes como Força sinistra e a Trilogia Mortos vivos. 

Mas o troféu fica por conta das edições que emulam uma capinha de VHS, coroando a coleção com um box em formato de um aparelho VHS, para fazer qualquer colecionador saudosista chorar.


👉Lançamento do ano pela Imovision

Vivemos um tempo perigoso, de involução, onde conquistas estão sofrendo com retrocesso. Neste cenário, seria impossível trazer para a mídia física filmes do diretor Gaspar Noe, como Azul é a cor mais quente e Love. E mais complicado ainda pelo fato das replicadoras não aceitarem fazer cópias de filmes com cenas de sexo explícito.

Portanto, quando a Imovision anunciou Azul é a cor mais quente em bluray foi uma total surpresa. Mas surpreendente mesmo foi o anúncio de Love, filme com diversas cenas de sexo explícito. A Imovision simplesmente foi buscar uma replicadora fora do Brasil. Pensa em um filme que vale cada centavo: Love é ele. Uma das grandes surpresas do ano.


Por anos, Sangue negro era tido como a obra prima que nunca veríamos em Bluray no nosso país. O colecionador desavisado, pode comprá-lo hoje na loja FamDVD, lançado com exclusividade sem imaginar que houve uma força tarefa para tentar lançar o filme. Sem algumas pessoas, não seria possível. 

O caso Sangue negro é o mesmo de muitas produções. Uma empresa, que compra outra, que divide os direitos com outra, num emaranhado sem fim, de direitos espalhados por países. Um caso bastante conhecido foi o do Homem aranha, que pertence à Sony. O personagem foi criado pela Marvel em 1962, mas desde 1967 a empresa licencia os direitos sobre essa propriedade intelectual para outras companhias. Nos últimos tempos, ele estava com a Columbia, que foi comprada pela Sony. Com o boom do Universo Compartilhado Marvel, levar o Homem aranha aos Vingadores era um sonho distante. Entre acordos aqui e ali (é muito complexo, garanto), uma janela para a Marvel explorar o personagem foi combinada. 


Outro exemplo conhecido é que, devido a compra da Marvel pela Disney, esta decidiu que não lançará mídia física no Brasil. Consequentemente, não teremos obras como Viúva negra, Eternos e um distante Vingadores 5. Para adquirir algum destes filmes, um abençoado precisa lançar estes filmes, com legendas em português, em algum País. Chance de isso acontecer? Zero.

Exemplos que nos levam a Sangue negro. Foi descoberto que havia uma edição lançada na Austrália, com legendas em português. O Oscar, do grupo Fora de Catálogo, sugeriu o filme à Paloma Muneratto, da Cinecolor, que conseguiu localizar a edição, mas ela precisava de um código que fica no centro da mídia. O Oscar conseguiu achar uma pessoa vendendo a edição e ele perguntou se a pessoa poderia tirar uma foto, explicando a situação e o porquê da necessidade do código, que era essencial para a Cinecolor localizar a master e pedir a transferência para o Brasil. O vendedor se negou a tirar a foto e a Paloma comprou o filme, só pelo código.

Depois de tudo, a FamDVD lançou-o com exclusividade, tornando "Sangue negro" um case de sucesso para mostrar que a união faz a força. 

👉Filmes recomendados:

Como foi um ano simplesmente insano para os amantes da mídia física, vou deixar uma lista de filmes recomendados (pelo filme em si ou pela edição lindíssima). 






Faltou algum? Claroooo....Mas fica a homenagem a estas empresas que realizaram sonhos neste ano. Este post também marca o fim de uma era. Quase 10 anos fazendo os melhores do ano, mas como no ótimo, tive uma problema com uma empresa em particular que me custou muito, prefiro sair deste ramo de indicar lançamentos da mídia física.

O Cinema é minha paixão. Falar dele é uma honra. Mas quando emito opiniões, são embasadas. E se uma empresa não concorda, agredir nunca será o caminho. Nem debate cabe, já que minha opinião é...minha.

Este desgaste me levou a colocar um fim nesse post anual. Se você, leitor ou leitora tentar compartilhar no Facebook esse post, aparecerá a mensagem Spam.Culpa da empresa que não aceitou minha opinião e denunciou o site.

Vida que segue.
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