ALLEN DANZIGER - RESPONDE ÀS 7 PERGUNTAS CAPITAIS
1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte. Quando nasceu sua paixão pelo cinema?
Desde então, desenvolvi um amor profundo por filmes. Não apenas pelas estrelas e pelo glamour, mas por tudo que envolve a experiência cinematográfica: as histórias que nos transportam, as imagens que ficam na memória, as emoções que só a tela grande consegue provocar.
2) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes de sua vida? Um Top 10 ou mesmo, o filme mais importante?
A.D.: Obviamente, O Massacre da Serra Elétrica é o filme da minha vida. Não apenas por eu ter feito parte dele, mas porque, por algum motivo, conseguiu capturar a parte mais assustadora da imaginação do público. A ideia de um grupo de jovens inocentes viajando pelo Texas nos anos 70 e se deparando com algo tão brutal era, ao mesmo tempo, simples e completamente aterrorizante.
O impacto do filme veio muito dessa sensação de realismo. Não havia nada de sobrenatural, apenas a possibilidade muito plausível de que aquilo pudesse acontecer de verdade em uma estrada isolada. O público acreditou e comprou a ideia imediatamente. Acho que foi isso que o tornou tão icônico: a crueza, a verossimilhança e o desconforto que ele provocou.
3) Há uma frase do filme Na Natureza Selvagem que é muito citada: “A felicidade só é verdadeira quando
compartilhada.” Fazer cinema não é somente
uma profissão, mas é também uma forma de compartilhar o amor pela arte e até um
pouco de si. Quais caminhos te levaram a atuar?
A.D.: Francamente, nunca me considerei um ator profissional. Sempre me vi mais como alguém de sorte que acabou estando no lugar certo, na hora certa. Minha entrada no cinema não foi planejada, mas fruto de circunstâncias e encontros. Antes de O Massacre da Serra Elétrica, participei apenas de um outro filme, Eggshells (1969), também dirigido por Tobe Hooper. Foi uma experiência muito diferente, mais experimental, que acabou me aproximando do Tobe e da equipe criativa com a qual, pouco tempo depois, eu faria parte de algo muito maior.
Não segui carreira como ator de forma tradicional, mas essas duas experiências, especialmente Massacre, acabaram marcando para sempre minha trajetória. Elas me deram uma conexão duradoura com o cinema e com os fãs do gênero, algo que jamais poderia ter previsto quando aceitei aqueles papéis.
4) Algumas profissões rendem histórias interessantes, curiosas e às vezes engraçadas. E certamente, quem trabalha com cinema, tem suas pérolas. Se lembra de alguma história divertida que tenha acontecido durante a execução de algum trabalho seu e que possa compartilhar?
A.D.: Minha grande alegria no meio artístico foi ter conhecido John Henry Faulk durante as filmagens de O Massacre da Serra Elétrica. Mais do que dividir o set, tive a oportunidade de passar tempo com ele, ouvir suas histórias e aprender com sua experiência de vida. Faulk não era apenas um ator, mas também um contador de histórias nato, alguém que carregava em si um pedaço importante da cultura e da memória americana.
Ele participou de poucos filmes, mas deixou sua marca, como em Vassalos da Ambição (The Best Man, 1964), dirigido por Franklin J. Schaffner, um dos trabalhos mais lembrados de sua carreira. Para mim, estar próximo de alguém como ele foi um privilégio. O cinema muitas vezes é lembrado pelos grandes papéis ou pelos sucessos de bilheteria, mas, pessoalmente, guardo como mais marcante essas conexões humanas, essas amizades e os momentos fora de cena que continuam vivos mesmo décadas depois.
5) Se você pudesse se colocar no lugar de um ator, de qualquer época ou país, durante a produção de um filme inesquecível, qual ator escolheria ser? E por qual motivo
A.D.: Se eu pudesse estar em qualquer set de filmagem memorável, escolheria ser Tim Robbins em Um Sonho de Liberdade (The Shawshank Redemption). Esse é, sem dúvida, um dos meus filmes favoritos de todos os tempos. Acredito que ele seja não apenas o mais memorável da minha vida como espectador, mas também uma das melhores adaptações de uma história de Stephen King para o cinema.
A experiência seria marcante porque, além de ter a chance de observar de perto o talento de Tim Robbins, eu poderia vivenciar a construção de uma narrativa tão poderosa sobre esperança, amizade e resiliência. Trabalhar ou simplesmente estar presente em um filme que consegue tocar milhões de pessoas e permanecer atemporal seria uma experiência inesquecível, algo que inspira qualquer artista a valorizar cada detalhe do processo criativo e cada momento diante da câmera.
6) Fazer cinema envolve muitas
variáveis. Esforço, investimento, paixão, talento... E a sinergia destes
elementos faz o resultado. Qual trabalho em sua carreira considera o melhor?
A.D.: Sou particularmente orgulhoso da minha cena de morte em O Massacre da Serra Elétrico. Na época, não tinha ideia do quanto aquela cena se tornaria icônica, mas olhar para trás hoje me faz perceber o impacto que teve no público e no gênero do terror. É curioso como um momento curto e intenso pode marcar a memória de tantos espectadores e se tornar parte da história do cinema.
M.V.: E quanto a arrependimentos?
Ou, caso não tenha, faria algo diferente?
A.D.: Quanto a arrependimentos, felizmente não tenho nenhum. Minha carreira na atuação foi breve, e desde então me dediquei a outros caminhos. Mas isso me permite olhar para aquele trabalho com orgulho e gratidão, sem sentir que deixei algo para trás. Foi um período intenso, significativo e inesquecível, um capítulo que definiu, de certa forma, minha relação com o cinema para sempre.
7) Para finalizar, deixe uma frase ou pensamento envolvendo o cinema que representa você.
A.D.: "Já chega caras., parem de brincar comigo, parem de me fazerem de idiota." de O Massacre da Serra Elétrica.
M.V.: Obrigado amigo. A gente se vê nos filmes.