A FILHA AMERICANA (1995) - FILM REVIEW
A difícil arte de amar.
O filme em questão de hoje se chama "A Filha Americana". A produção conta a história de um músico abandonado pela mulher, que vai viver nos EUA com um homem rico. A história começa quando ele decide ir para a América encontrar a filha e tentar estabelecer algum laço.
Com meia hora de filme, as peças estão estabelecidas no tabuleiro: pai (russo) quer ter mais contato com a filha que está sendo criada nos EUA pela ex, casada com um cara rico. Mas ao menor sinal de aproximação do pai, o casal tenta "comprar" o pai verdadeiro, pagando-lhe 3 mil dólares para ficar bem longe (mas com direito de ver a filha uma vez por ano).
Mas por que o pai resolveu procurar a filha somente agora, depois de vários anos? Por que a mãe disse à filha que ele estava morto?
Neste ponto do filme, ele vira uma espécie de Paris Texas. Enquanto pai e filha se descobrem, a produção vira um road movie, onde a dupla vai para o México com objetivo de voltar para a Rússia e a menina conhecer sua vó.
A menina (Allison Whitbeck) é uma graça. Ela foi posteriormente foi dirigida por Francis Ford Coppola em Jack (1996) ao lado de Robin Williams e só. Sua carreira foi até aí, com dois únicos filmes. Uma pena, pois demonstrou enorme talento.
A jornada passa por diversos percalços. Não só por se tornarem procurados pela polícia, como também pelo fato de não se compreenderem, afinal, ele só fala russo e ela, inglês. Difícil imaginar um caminho mais tortuoso. Porém, vamos descobrindo que o amor os une de uma forma tão pura, que estão dispostos a tudo, principalmente a menina. E o final, nos remete à magistral cena de Paris, Texas (enquanto os pais conversam por telefone por um vidro).
O diretor Karen Shakhnazarov, de O Tigre Branco faz um retrato sensível e sincero do súbito encontro, bem como as implicações e consequências dos atos tomados até que somos levados à emblemática cena final, do helicóptero, que mostra, de forma indireta, o porquê da menina aceitar tão facilmente ir embora com o pai. Sua vida infantil foi provavelmente ceifada, em prol de um amadurecimento precoce, talvez para estudar numa Harvard, com claro distanciamento de carinho (que viria do pai verdadeiro). O filme mostra isto em outros momentos, como na fuga, em que ela mesmo arquitetou, tomando total iniciativa e demonstrando percepção do que acontece ao redor.
Ela, possivelmente, era tratada como a princesa de um castelo ao qual não queria governar um dia. Sua intenção era apenas ser criança, queria ser amada pelo pai e respeitar as complexas fases da vida. E de certa forma, é o que a maioria de nós deseja.
https://www.pipoca3d.com.br/2017/09/a-filha-americana-1995-film-review.html