FERNANDA NOVAES - RESPONDE ÀS 7 PERGUNTAS CAPITAIS
Fernanda Novaes, nascida em 17 de janeiro de 1995, é uma publicitária, trabalha com fotografia e vídeo, além de escrever para um site de entretenimento e produzir conteúdo sobre cinema para seu canal “Moça, você é cinéfila?” que criou em 2016. Atuou em um curta-metragem chamado Cão Maior, que está em processo de finalização na cidade de Poços de Caldas, Minas Gerais, e também filmou um documentário sobre a região da Pedra Branca em Pocinhos do Rio Verde.
F.N.: Meu amor pelo cinema surgiu na infância. Enquanto outras crianças passavam suas tardes brincando de bola na rua do meu bairro, um bairro bem pacato em Minas Gerais, eu estava geralmente em frente à TV assistindo algum filme do Steven Spielberg (sem nem saber quem ele era ainda).
Não recordo bem quantos anos eu tinha ou quando isso começou, mas lembro de que meu pai gostava muito de alugar e comprar filmes de ação, principalmente filmes que tinham como protagonista Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Steven Seagal, Jean Claude Van Damme, Bruce Willis, Tom Cruise, e por aí vai. Meu pai não se importava em me deixar assistir todos aqueles filmes violentos e sangrentos, eu era uma boa companhia para ele, acredito.
Depois dos filmes, ele sempre me falava alguma curiosidade sobre o ator ou sobre o filme. Mesmo eu ainda sendo tão pequena e não entendendo muito bem o que ele queria me falar, ele nunca deixava de comentar algo comigo. Mais tarde eu entenderia que, assim como ele, eu também nunca conseguiria não discutir sobre um filme que eu visse.
Passei minha infância toda querendo chegar logo da escola para poder assistir ao próximo filme que meu pai tinha comprado para a gente ver juntos. Na adolescência, eu já sabia que era aquilo que eu queria fazer, ainda não sabendo bem o que eu poderia fazer dentro do universo cinematográfico, mas queria algo que tinha relação com o cinema.
Não houve um momento em que pensei que eu era cinéfila, nunca tinha pensado sobre isso, aliás. Eu assistia exageradamente a muitos filmes e, por isso, acabei ficando conhecida na escola, e posteriormente na faculdade, como uma pessoa para outras pessoas pedirem sugestões de filmes. Ouvi (e ainda ouço muito) a frase “Fer, me indica um filme para ver hoje?”
2) Tyler Durden disse em Clube da Luta: "As coisas que você possui acabam possuindo você". Ser colecionador é algo que se encaixa neste conceito, já que você se torna escravo do colecionismo. Coleciona filmes, CDs ou algo relacionado à 7ª arte?
F.N.: Sim, costuma, mas acredito que não seja uma regra. Eu amo cinema assim como vários colecionadores de filmes, mas nunca pensei em colecionar filmes físicos ou livros físicos; até tenho alguns, mas não tenho com a intenção de colecionar. O que eu posso dizer sobre a coleção que eu tenho (ou que pode ser considerada uma) são ingressos de cinema.
Tenho duas caixas médias completas com muitos ingressos dos mais variados cinemas, das mais diferentes cidades que já fui. Até meus amigos sabem que eu guardo, e quando vou com algum para o cinema, ele já separa para eu guardar.
M.V.: Também guardo os meus há umas duas décadas.
3) A criação do seu canal "Moça, você é cinéfila?" veio de uma necessidade pessoal de se comunicar sobre cinema? E em que momento essa ideia tomou forma?
F.N.: Eu sempre gostei muito do YouTube por ter um vasto acervo de conteúdos dos mais diferentes temas que são totalmente disponibilizados de forma gratuita, e que pode, muitas vezes, ajudar estudantes ou até mesmo, apenas livrar alguém de alguma dúvida. Para mim, o YouTube sempre serviu como inspiração.
Sempre gostei muito de audiovisual, então a plataforma me servia para eu ficar admirando e me inspirando nos videoclipes musicais de que eu tanto gostava (uma segunda paixão depois do cinema, inclusive). Não acompanhava muitos desenvolvedores de conteúdos, ficava apenas nos videoclipes. Uma vez me deparei com a Lully, uma desenvolvedora que também fala sobre cinema.
O vídeo era algo sobre um curso que ela fez na NYFA, uma escola de cinema em Nova York. Vi mais tarde outros vídeos mais antigos dela. Os temas, os entrevistados... Tinha uma galera legal que gostava tanto de cinema quanto eu. Foi um bocado de coisas que me influenciaram a abrir o canal e ter coragem para falar diante da câmera para sei lá quantas pessoas que poderiam ver aquilo.
A minha paixão por cinema e a vontade de passar conhecimento e ao mesmo tempo adquirir ainda mais, conhecer pessoas que gostam tanto quanto eu, compartilhar e enaltecer algo que me influenciou a ser o que sou hoje, além de tantas outras coisas.
4) "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.". Considerando a reflexão, há alguma experiência em sua vida dedicada à arte que foi especialmente marcante?
F.N.: Quando comecei a faculdade de comunicação em Poços de Caldas, conheci muitas pessoas apaixonadas por cinema. Essas pessoas são meus amigos hoje em dia. Dentro da faculdade, já tinha participado e até mesmo feito alguns conteúdos audiovisuais. Mas foi fora dela que eu acabei participando de um curta-metragem de drama, com uma história muito pesada, triste e forte. Foi uma experiência incrível e ao mesmo tempo muito difícil. Foi a primeira vez que atuei em um papel muito complicado, até mesmo porque em uma das cenas tive que ficar nua.
M.V.: Imagino que tenha sido uma experiência bem difícil mesmo.
F.N.: O curta foi roteirizado a partir de uma poesia de um escritor de Poços. E fala sobre abuso de uma criança que sofre até quando fica um pouco mais velha, adolescente... tem uma cena em que fico com a parte de cima nua, mas não aparece, porque abraço o personagem que é o meu “pai” no curta… mas foi bem estranho sim, mas encarei porque acreditei no curta e que ele poderia ficar bem bacana.
5) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes de sua vida? Um Top 10 ou mesmo, o filme mais importante?
F.N.: Listas! É quase impossível para eu fazer listas dos melhores filmes ou os que mais me marcaram, é quase uma tortura, mas vamos lá, farei uma lista, porém sem ordem:
Nosferatu (1922), O Encouraçado Potemkin (1925), Ladrões de Bicicleta (1948), Os Sete Samurais (1954), Psicose (1960), Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968), Frenesi (1972), Tubarão (1975), Alien, o Oitavo Passageiro (1979), O Iluminado (1980), O Império Contra-Ataca (1980), Cemitério Maldito (1989), Central do Brasil (1998), Seven – Sete Pecados Capitais (1995), Cidade de Deus (2002), Fale com Ela (2002), Trilogia O Senhor dos Anéis (2001–2003), Cidade dos Sonhos (2001), Carandiru (2003), Má Educação (2004), O Segredo dos Seus Olhos (2009), Medianeiras (2011), Melancolia (2011), Interestelar (2014).
M.V.: Listas costumam ser o terror dos entrevistados.
6) Fale um pouco sobre os seus próximos projetos.
F.N.: Um projeto de curto prazo é criar uma série de documentários e a abertura de uma produtora. Já trabalho com fotografia e vídeo, mas ainda não chega a ser uma produtora completa.
Essa produtora estará embutida em um projeto de longo prazo que tenho em parceria com meu namorado e alguns outros educadores, que é o desenvolvimento de uma escola infantil, com um ensino muito similar ao ensino Montessoriano e à pedagogia Waldorf. A pintura, a fotografia, a música, o teatro e todas as outras artes que compõem o cinema farão parte do ensino dos alunos.
7) Ao olhar para sua trajetória, qual aprendizado considera mais valioso e gostaria de compartilhar?
F.N.: Não faça absolutamente nada esperando primeiramente o reconhecimento. Faça primeiro por amor e pela experiência, principalmente. O reconhecimento é consequência, e ele pode vir cedo ou tarde, mas o mais importante é o que fica, que é a experiência, o conhecimento adquirido com o que você se propõe a fazer. Faça até o final! Termine algo!
M.V.: Obrigado e sucesso na sua caminhada.