MARCO DUTRA - RESPONDE ÀS 7 PERGUNTAS CAPITAIS
Marco Dutra, nascido em 17 de março de 1980, é um cineasta e compositor. Seu primeiro longa, Trabalhar Cansa, parte da parceria com Juliana Rojas, estreou na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes em 2011. “Quando eu era vivo (2014)” estreou no Festival de Roma e ”O Silêncio do Céu (2016)” estreou mundialmente na Netflix após passar por festivais como Tóquio, Huelva e Gramado. O “Hipnotizador (2017)”, da HBO, foi sua primeira série de TV como diretor. ”As Boas Maneiras", novo longa da parceria com Juliana, estreou em 2017 e arrebatou a crítica especializada.
Vamos às 7 perguntas capitais.
1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Você é um apaixonado por cinema? Conte um pouco de como é sua relação com a 7ª arte.
M.D.: Sim, sou apaixonado por cinema desde criança. Meus pais me levavam bastante ao cinema, e eu e meus irmãos não demoramos muito para virar ratos de videolocadora também (no início dos anos 80). Hoje, tenho uma coleção grande de Blu-Rays e vou ao cinema muitas vezes por mês.
2) "Nossas vidas são definidas por oportunidades, mesmo as que perdemos", diria Benjamin Button. Pensando nesta reflexão, quais caminhos te levaram a ser diretor?
M.D.: Eu fazia vídeos curtos em VHS desde criança junto com meus irmãos e primos, mas meu primeiro trabalho mais profissional aconteceu na faculdade, ao lado da Juliana Rojas - foi "O Lençol Branco", nosso curta de graduação.
3) "As Boas Maneiras" está na lista dos melhores filmes de horror da década. Como foi realizar um trabalho tão singular na história do cinema nacional?
M.D.: Eu e Juliana sabíamos desde cedo, desde a ideia, que este filme seria uma fantasia. Deixamos nossa imaginação correr solta durante a escrita, e somos muito gratos por termos conquistado parceiros tão importantes nessa empreitada. É o caso do diretor de fotografia Rui Poças, do diretor de arte Fernando Zuccolotto, dos músicos Guilherme e Gustavo Garbato, do montador Caetano Gotardo, das atrizes Isabél Zuaa e Marjorie Estiano, do pequeno Miguel Lobo... Sem a confiança de todos os envolvidos, o projeto nunca teria saído do papel.
As nossas produtoras Sara Silveira e Maria Ionescu acreditaram muito na ideia, aceitando todas as suas loucuras e surpresas. Sobre o set, lembro-me muito do dia em que filmamos o nascimento de Joel. O bebê animatrônico feito pela empresa francesa Atelier 69 parecia uma criatura de verdade. Foi lindo ver Isabél Zuaa atuando com o bebê Joel.
4) Quem trabalha no meio artístico costuma acumular histórias curiosas e inusitadas. Qual foi a experiência mais marcante que viveu nesse universo?
M.D.: Todos os filmes que fiz me marcaram profundamente. Tenho lembranças fortes de todos os processos. Cito uma delas: o dia em que filmamos a cena final de "Quando eu era vivo" foi um dos momentos mais emotivos da minha vida.
5) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes de sua vida? Um Top 10 ou mesmo o filme mais importante?
M.D.: São muitos, é claro. Mas vou citar aqui alguns filmes que são talvez a faísca do meu amor por cinema - as animações da Disney dos anos 30 e 40. Falo especialmente de "Branca de Neve", "Dumbo", "Fantasia", "Pinóquio", "Bambi" e "A Bela Adormecida". Eu via estes filmes repetidas vezes, até decorá-los, e na verdade ainda volto a eles quase todo ano por algum motivo. Eles abriram uma porta para sempre, e hoje meu gosto é variado eu realmente vejo de tudo. Mas claro que tenho atração especial por filmes fantásticos e de horror.
7) Ao olhar para sua trajetória, qual aprendizado considera mais valioso e gostaria de compartilhar?
M.D.: O cinema é uma arte coletiva, e estamos todos aprendendo, o tempo todo. Filmar é aprender.
M.V.: Obrigado, amigo. A gente se vê nos filmes.