ALCIONE MAZZEO - RESPONDE ÀS 7 PERGUNTAS CAPITAIS
Alcione Mazzeo, santista nascida em 27 de maio de 1951, é uma ex-modelo e atriz brasileira, com destaque nas décadas de 1970 e 1980. Mudou-se para o Rio de Janeiro aos 15 anos, onde iniciou sua carreira como modelo e atriz, após cursos com nomes como Rubens Corrêa e Cláudio Cavalcanti.
Começou como modelo em 1969, estrelando comerciais, fotonovelas, editoriais de moda e desfiles no Brasil e no exterior. No cinema, estreou em Amante Muito Louca (1973) e participou de mais de dez filmes. Na TV, começou no Fantástico e ganhou projeção no humorístico Satiricom.
No teatro, atuou em diversas peças, como Camas Redondas Para Casais Quadrados (1977) e Grande Motel. Também estampou capas de revistas, incluindo um ensaio nu para a Playboy em 1980. Formada em turismo desde 2000, chegou a trabalhar como guia no Rio de Janeiro e atua como voluntária na gravação de material para deficientes visuais. É mãe do ator e humorista Bruno Mazzeo, filho de sua união com Chico Anysio.
E hoje, com vocês, a atriz Alcione Mazzeo.
Boa sessão:
1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Você é uma apaixonada por cinema? Conte um pouco de como é sua relação com a 7ª arte.
A.M.: Guardo com o maior carinho, sim, o início da minha relação com o cinema. Eu morava em Santos, tinha uns 7 anos e, quando ficava sozinha em casa, eu me vestia com as roupas da minha mãe, calçava seus sapatos de salto e, com uma cestinha de flores, ia cantando pela casa “La Violetera”.
Certamente, inventava uma letra diferente da cantada pela Sarita Montiel, já que era muito criança. Nem me recordo como assisti ao filme, mas me lembro que, mais tarde, já adolescente, eu falsificava documento para entrar em filmes de adultos. Morava numa rua que ficava entre 2 cinemas e era para lá que eu ia nas tardes de domingo.
Tinha álbum de figurinhas de artistas de cinema, admirava Cláudia Cardinale, Gina Lollobrigida, Marilyn, entre outras, mas minha predileta era a Brigitte Bardot; talvez porque todos me achavam parecida com ela. Mais tarde, após assistir Can Can, me tornei fã da Shirley MacLaine, que atriz fantástica! Vai do humor para o drama com a maior credibilidade. Canta, dança, é genial. Quando comecei a me interessar pela espiritualidade, li todos os seus livros.
Já os filmes ruins eu preferi apagar da memória. É muito triste não termos mais os cinemas de rua: RIEN, o PAISSANDU (onde assistia aos festivais), BRUNI COPACABANA, CINEMA 1, na Prado Júnior e o SÃO LUIZ, no Largo do Machado, eram os que eu frequentava.
2) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes de sua vida? Um Top 10 ou mesmo, o filme mais importante?
A.M.: Não tem o mais importante, gostei de vários, como: Taxi Driver (Martin Scorsese, 1976), A noite americana (François Truffaut), Beleza Americana (Sam Mendes), O fabuloso destino de Amélie Poulain, Era uma vez no oeste (Sergio Leone), La La Land.
Praticamente todos do Almodóvar, pela sensibilidade melodramática, e do Woody Allen. Fellini é maravilhoso! Flerta com a fantasia, o sonho, sem perder a mão das crônicas sociais; mostra a miserabilidade humana. Adoro A doce vida e 8 e meio!
3) Sua carreira começou com editoriais de moda. Depois fez vários filmes, trabalhou na TV em alguns dos mais importantes programas da época, seriados, novelas, peças de teatro. Baseado em suas experiências, qual o conselho deixaria para quem está começando na área? Quais são os erros mais comuns que um ator ou atriz iniciante deveria evitar?
A.M.: Estudar, estudar, estudar! Assistir peças de teatro e ler! Ter garra, acreditar em si mesmo e não desistir! Evitar: não se preocupar com fama, com o estrelato! Sucesso é consequência!
4) Algumas profissões rendem histórias interessantes, curiosas e às vezes engraçadas. E certamente, quem trabalha com cinema, tem suas pérolas. Se lembra de alguma história que tenha acontecido durante a execução de algum trabalho seu e que possa compartilhar?
A.M.: Início da carreira na TV, no programa Satiricom, não me davam falas, eu era só uma modelo bonita, ilustrando os quadros, geralmente muda. Reclamei tanto com o diretor que ele resolveu me dar uma oportunidade, o desfecho da piada de 2 atores; então um fala, outro responde, o primeiro fala, o segundo responde etc. até que a câmera fecha em mim para eu dizer o final da piada. Acredita que esqueci? Deu branco!
M.V.: A mentira.
A.M.: Sério.
M.V.: Acho que teve problemas com fã, não foi?
A.M.: Tive problemas com um fã mesmo. Ele vivia me seguindo e depois deixava bilhetes em minha portaria contando todos os meus passos, o que eu tinha feito e como estava vestida... Era assustador!
5) Imagine o cenário: você é uma atriz (de qualquer país) enquanto ela atua em um filme memorável. Qual seria a atriz, o filme e claro… por quê?
A.M.: Gostaria de ter interpretado muitos dos filmes da Meryl Streep, tão brilhante e versátil! Certamente, Manhattan do Allen, que é maravilhoso! E os da Susan Sarandon, como Thelma e Louise.
6) Fazer arte envolve muitas variáveis. Esforço, investimento, paixão, talento... E a sinergia destes elementos faz o resultado. Qual trabalho em sua carreira considera o melhor?
A.M.: Tenho muito orgulho de ter criado com Chico Anysio a Maria Angélica, namorada do Bozó, pois até então só me davam papéis de mulher bonita, sexy. Foi a oportunidade de sair daquele estereótipo. Também tenho orgulho da minha participação num “Caso verdade” sobre a Irmã Dulce, pois foi um dos meus primeiros papéis que não era voltado para o humor.
M.V.: Algum arrependimento?
A.M.: Não me arrependo de nada que fiz, pois o que não fez sucesso, certamente acrescentou em meu crescimento como atriz e como pessoa.
7) Para finalizar, deixe uma frase ou pensamento envolvendo o cinema que representa você.
A.M.: A da Bette Davis é uma das que me representam: “Eu amo minha profissão.” Eu nunca pararia. Relaxar? Eu relaxo enquanto trabalho. Essa é minha vida.“
M.V.: Obrigado. Sucesso para você.
