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O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA - SAGA REVIEW

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O massacre da serra elétrica no Texas


Texto: M.V.Pacheco

Revisão: Thais A.F. Mel


Lá vamos nós para mais um “saga review”. A maratona de hoje é O Massacre da Serra Elétrica, saga que iniciou nos anos 70 e mesmo com pouco dinheiro, ganhou o mundo. Para ter uma ideia de quão independente foi a produção, o ator John Larroquette, disse numa entrevista que seu pagamento por fazer a narração na abertura foi um baseado de maconha. Eram outros tempos, em que as pessoas trabalhavam por amor a arte. 

Lembrando que assisto aos filmes em sequência, até para ter uma percepção melhor da continuidade (ou não), da história e evolução dos personagens.


O Massacre da Serra Elétrica (1974)

Com direção de Tobe Hooper, o filme mostra um fato que hoje é tradição: crimes são cometidos em algum local (como Crystal Lake, Elm Street) e são negligenciados pela polícia. E este mesmo local recebe a visita de um grupo que se tornarão vítimas. Este roteiro se tornou clichê de filmes slasher. Mas mesmo sendo tão parecidos em sua forma e conteúdo, estas obras faziam um enorme sucesso com o público, que cultuava este tipo de horror, principalmente pela simpatia com os vilões. 

No caso de O Massacre da Serra Elétrica, Leatherface era esta figura. Surpreendentemente, este é um dos filmes de terror menos sangrentos de todos os tempos. Isso porque Tobe Hooper pretendia fazer o filme para uma classificação "PG", mantendo a violência moderada, a linguagem branda e tendo a maior parte do horror implícito fora da tela, em vez de mostrado em grande detalhe na tela. No entanto, o tiro saiu pela culatra e tornou o filme ainda mais sinistro. O filme acabou recebendo a classificação "R" quando Hooper desistiu de brigar por uma classificação mais branda e o lançou. Hooper teve um problema de classificação semelhante com a sequência.


A trilha sonora não contém sons de instrumentos musicais (com exceção de algumas músicas protegidas por direitos autorais sobre as quais eles tinham os direitos), em vez disso, eles usavam sons que um animal ouviria dentro de um matadouro. 

Como uma produção independente que se preze tudo era muito arcaico. Tobe Hooper permitiu que Gunnar Hansen desenvolvesse o Leatherface como quisesse, sob sua supervisão. Hansen decidiu que Leatherface era deficiente mental e nunca aprendeu a falar direito, então ele foi a uma escola para deficientes mentais e observou como eles se moviam e os ouvia falar para sentir o personagem. Ele também tentou o seu melhor para fazer seu retrato o menos ofensivo que pôde. Muitos fãs, incluindo aqueles com deficiência mental, dizem que ele conseguiu.


Eu bati um papo com a  atriz Teri Mcminn, que faz a Pam, aquela que é pendurada no gancho por Leatherface. Ela deu vários detalhes do processo de filmagem:

"Filmar 'O Massacre da Serra Elétrica' foi uma experiência interessante e, finalmente, uma mudança de vida surpreendente para mim. Quem poderia imaginar? Certamente, não eu. 'A vida é o que acontece enquanto você está ocupado fazendo outros planos.' disse John Lennon. Foi minha primeira experiência cinematográfica depois de estudar e me apresentar no palco por muitos anos. Comecei a estudar aos treze anos. Na época em que fui escalada, eu tinha 21 anos, na escola da St. Edward's University, em Austin, depois de me transferir para o The Dallas Theatre Center em Dallas, Texas (pelo programa de estágio), que era afiliado à Trinity University, em San Antonio, também no Texas. 


Ambos tinham programas maravilhosos de teatro e tive a sorte de estudar todos os aspectos da produção teatral, iluminação, som, adereços, montagem de cenários, figurinos, movimento, atuação e direção. Felizmente, acabei desempenhando papéis principais em todas as suas produções...

Filmar o 'Massacre' foi um golpe de sorte, algo no começo quando recebi a ligação, eu não fiquei empolgada e  não pretendia aceitar porque era não sindical (SAG, Screen Actor's Guild nos EUA), além de ser de muito baixo orçamento (também conhecido como filme de 'sarna' no ramo cinematográfico) e porque era horror. O público mais jovem pode não ter ideia de que os filmes de terror da época em 1973 eram considerados um passo acima dos filmes pornôs ‘B’, e não o gênero incrível que se tornou quinze anos depois! 


No começo, eu não estava interessada e não iria fazer até que um amigo me incentivou a ligar de volta e dizer que eu estava realmente interessada. Kim Henkle, a escritora e produtora assistente, disse-me para passar o texto naquela noite e usar shorts curtos. 

Coloquei meu short branco com flores rosa e lavanda, bordadas nas laterais, minha blusa rosa, sandálias, peguei a bicicleta, andei 12 quarteirões até o apartamento que estavam usando para audições e fiz a passagem do texto. John Dugan, "vovô" e Lou Perryman (que era nosso Assistente de Câmera, além de ser um grande cara) estavam dividindo o apartamento durante esse período. 


Na semana seguinte, começamos a filmar. Estava muito quente, eles ficaram sem dinheiro depois de duas semanas, as filmagens foram encerradas e depois voltamos, filmamos por dinheiro 'prometido', que se tornou um desastre depois de finalmente encontrar a fama como um clássico cult, basicamente um inovador para o novo gênero de terror. Eu não tenho certeza se você sabe, isso levou 10 a 15 longos anos!!!

Como mencionei, também foi quente, muy caliente. O clima estava entre 32 e 37 graus Celsius todos os dias, longas horas, um roteiro incompleto e estranho, havia muito caos entre a equipe e o diretor, e muita confusão. A equipe trabalhou super longas horas. Como eles estavam filmando um filme real (nada era digital naquela época!), tivemos que filmar e refazer, dos muitos e muitos ângulos que o diretor queria, para garantir que ele tivesse o que precisava. Não houve reprodução instantânea em 1973. 


Passamos longas horas todos os dias esperando que as nuvens passassem, que a equipe fizesse as montagens e tudo sem trailers com ar condicionado para descansar. Encontrávamos sombra, mas estávamos sentados no calor. Não havia nada como ar condicionado naquele tempo. Éramos todos basicamente estudantes famintos.

Nos primeiros dias, nem tínhamos cadeiras para o elenco! Revezamo-nos em uma rede e no balanço que estava na varanda (depois mudamos para o quintal onde Pam fica sentada), ou ficávamos sentados nos degraus da varanda mesmo. Então finalmente, alguém trouxe algumas cadeiras de jardim. Uau, isso foi divino! Foi um desafio para dizer o mínimo. Filmamos as cenas na van por 4 dias, 5-6 membros do elenco, além do som,  assistente e diretor! 


Então 8-9  humanos suando dentro de uma van sufocante com as janelas fechadas. Não foi possível abri-las por causa do ruído da estrada e, mesmo se tivéssemos ar condicionado, não poderíamos ativá-lo por causa do barulho. Eu mencionei que estava quente né? (riso). Mas fiquei tão feliz por ser jovem e ter uma roupa muito pequena! Eu era a inveja de todo o elenco e equipe a esse respeito.

A parte boa foi que o elenco era talentoso, todos bons atores, e todos nos demos bem, apoiando um ao outro, criando as origens, relacionamentos e intenções de nossos personagens para as cenas. Estávamos fazendo o que amamos, atuando. Atuar foi a nossa paixão mútua e cada um de nós colocou nosso melhor na produção, incluindo a equipe. Todos foram dedicados ao projeto. Honestamente, no final das filmagens, nenhum de nós realmente pensou que sairia do 'pode', ser lançado. Os filmes eram armazenados em latas de metal na época e pensamos que ficaria lá. 😎😁


Quando saiu, 'O Massacre da Serra Elétrica' foi altamente controverso, proibido em todo o mundo, em toda a Europa, em todos os países proibidos por 10 a 20 anos. Isso é um fato, procure. Até o momento em que começou a ser reconhecido como um clássico cult, por volta de 1984, eu tinha 30 e poucos anos, não mais uma 'novinha'. Nos anos 70 e 80, uma atriz de trinta e poucos anos era uma sentença de morte.  

O preconceito contra a idade e as mulheres na indústria cinematográfica (e em qualquer outro lugar) era simplesmente a terrível, na verdade. Como uma mulher independente e aventureira, era muito frustrante e frequentemente deprimente. Eu estava nas primeiras trincheiras do movimento de libertação das mulheres. até hoje, continuo sendo uma mulher forte, independente e franca e tenho muito orgulho disso."


Voltando ao filme...

Gunnar Hansen originalmente recusou o papel de Leatherface devido à brutalidade da trama. Ele foi então persuadido por Marilyn Burns, que era sua amiga na época. Algumas lendas urbanas dizem que o "real" massacre da serra elétrica do Texas aconteceu perto de Poth (uma pequena cidade a cerca de 58 quilômetros a sudeste de San Antonio). Isto é falso. O filme é fictício e vagamente baseado na vida do serial killer de Wisconsin, Ed Gein.

Foi filmado de 15 de julho de 1973 a 14 de agosto de 1973, enquanto a narrativa de abertura afirma que os eventos reais ocorreram em 18 de agosto de 1973, ou seja, 4 dias depois do término das filmagens. 

E para fechar: No filme (e no título), é usado uma motosserra ( funciona com motor de combustão a dois tempos com um cilindro) enquanto que na tradução, dublagem e no título nacional, colocaram "serra elétrica" (aquela tradicional usada para cortar árvores). O que difere as duas é a forma de energia. 


O Massacre da Serra Elétrica 2 (1986)

Caminhos tortuosos estes que Leatherface passa até o honroso remake que falarei mais adiante. Da produção independente e cultuada para a Cannon, que era o estúdio mais picareta da época, O Massacre da Serra Elétrica 2 continua a história do filme anterior. Com um orçamento 10 vezes maior e Tobe Hooper ainda na direção, a obra se passa 13 anos depois. E a trama já inicia com um ataque sangrento numa estrada e logo somos apresentados ao estranho personagem de Dennis Hopper. Seu comportamento demonstra que há mais por trás deste personagem que poderíamos supor.

O diretor Tobe Hooper e co-roteirista do original O Massacre da Serra Elétrica, Kim Henkel originalmente tiveram a ideia de uma sequência em que mostraria uma cidade inteira de canibais, o que seria também uma sátira do filme Motel Hell, que por sua vez foi uma sátira do O Massacre da Serra Elétrica. O título da sequência seria "Beyond The Valley of The Texas Chainsaw Massacre", mas os estúdios forçaram diversas modificações no roteiro, e o resultado foi o o filme O Massacre da Serra Elétrica - Parte 2. Mas o tom de sátira é mantido em diversas cenas.


De todas as sequências e refilmagens, esse é o único filme que segue a mesma linha do tempo do filme original. Todos os outros não fazem nenhuma referência no enredo aos eventos acontecidos no filme original O Massacre da Serra Elétrica. A "tomada de grupo familiar", presente nos anúncios, cartazes e capas de vídeo, utiliza o mesmo posicionamento da tomada coletiva promocional do filme Clube dos Cinco (1985). Dennis Hopper achou que este foi o pior filme em que já havia feito. Mais tarde, ele disse a mesma coisa sobre Super Mario Bros. (1993).

Tom Savini (que também entrevistei) afirmou certa vez que os efeitos de maquiagem que criou para o vovô eram sua melhor realização que ele compara à maquiagem do idoso Dustin Hoffman em O Pequeno Grande Homem (1970). O trabalho pode ser admirado mais ainda pelo fantástico close, quase no final do filme.

A Cannon se preocupou com o atraso da produção e contratou Newt Arnold, que mais tarde iria dirigir seu filme de ação "O Grande Dragão Branco", para assistir às filmagens e garantir que as coisas fossem feitas mais rápido e com menos tomadas.

Curiosamente, depois do sucesso com Van Damme, Arnold não dirigiu mais nenhum filme, vindo a falecer em 12 de fevereiro de 2000. E um detalhe final: nem a Cannon gostou do resultado final, que se distanciou bastante da intenção original do estúdio, que queria um Splatter movie (também chamado de Gore e que se concentra em representações gráficas de sangue e violência).

Esteticamente, são filmes bem diferentes, e o orçamento maior é nítido, principalmente nos cenários e maquiagem. No caso específico destes dois filmes, muitos preferem a originalidade do primeiro ao passo que outros dão atenção à produção do segundo, que é melhor e com mais sangue. É uma visão pessoal, pois todo filme merece ser visto e se possível revisto anos depois. É bem possível que haja uma mudança na percepção da obra.


O Massacre da Serra Elétrica 3 (1990)

Um  casal de estudantes está viajando pelos Estados Unidos de costa em costa, mas acaba saindo da rodovia principal e cai direto em uma estrada deserta justamente no estado do Texas. Apanhados na armadilha, eles começam a ser caçados pelo ameaçador Leatherface e sua família psicótica, um bizarro clã com sangue nas mãos e um estranho gosto por carne humana na hora do jantar. Sua única chance de escapar está no imenso arsenal de um caçador com poder de fogo pra explodir o serial killer de uma vez por todas de volta para o inferno.

Incrível como o cinema é retrato da época. Este tem exatamente a "cara" de um filme de horror dos anos 90. Para o bem e para o mal. O diretor Jeff Burr foi demitido no início da produção. Quando ninguém mais aceitou o trabalho, ele foi recontratado. O roteiro original era muito mais brutal com sequências de sangue explícitas. Os produtores se opuseram a muitas das cenas (uma das quais tinha um homem nu sendo dividido ao meio enquanto estava pendurado de cabeça para baixo) e exigiram mudanças extensas no roteiro para reduzir sangue e violência. Outros cortes tiveram que ser feitos para evitar uma classificação X depois que o filme fosse finalizado.


Mesmo assim, várias sequências foram mantidas e apenas 10 minutos deste faz os dois primeiros parecerem bem mais leves. O trailer do filme foi feito antes mesmo de eles terem um diretor e antes de a produção começar. Kane Hodder, cujo papel mais conhecido é o de outro ícone do terror, Jason Voorhees, foi o coordenador de dublês desse filme. Ele também foi dublê do ator RA Mihailoff e interpretou Leatherface no trailer.

Caroline Williams repete seu papel como Stretch de O Massacre da Serra Elétrica 2 (1986) em uma participação especial como repórter de notícias. O diretor Jeff Burr disse que imaginou Stretch se tornando uma repórter após o trauma que ela experimentou no segundo filme em uma tentativa de caçar Leatherface.


Saiu de cena a Cannon, entrou a  New Line e com grande interesse em tornar a série sua nova "fonte de renda". Tobe Hooper, diretor do original, estaria originalmente envolvido no filme, mas desistiu do projeto devido a conflitos de agenda em relação ao filme  Conspiração Atômica (1990). A decepção de bilheteria deste filme fez com que a New Line deixasse a ideia de lado.

O diretor Jeff Burr queria que Gunnar Hansen voltasse ao papel de Leatherface, mas nenhuma das partes chegou a um acordo sobre remuneração financeira. Burr acabou optando por RA Mihailoff. Aliás, o mesmo problema teve Hooper no filme anterior. Aparentemente, Gunnar se tornou estrelinha com o primeiro filme.


Bom, ele não aceitou nenhuma continuação e muito menos fez algum trabalho vagamente memorável em sua carreira a seguir. Inclusive, foi convidado a repetir o papel de Leatherface em O Massacre da Serra Elétrica (2003), mas recusou, alegando que se sentia ofendido com a ideia do filme original de 1974 ser refeito.

Houve uma série de incêndios florestais em Valência, Califórnia, durante as filmagens. Isso levou a equipe a lutar e trabalhar duro para tirar a floresta queimada das tomadas durante as filmagens. Chegaram ao extremo de não iluminar o fundo para que as árvores queimadas não fossem visíveis. O diretor Jeff Burr queria rodar o filme no Texas usando filme de 16 mm como o original, mas a New Line rejeitou a ideia porque já havia construído a casa na Califórnia.


Horrorverse

William Butler fez o remake de A Noite dos Mortos-Vivos (1990), Ken Foree estava na sequência do clássico original de 1968,  O Despertar dos Mortos (1878). Tom Savini foi considerado para dirigir (ele fez  A Noite dos Mortos-Vivos, como realizador e Despertar dos Mortos, como ator). Ele também fez a maquiagem de O Massacre da Serra Elétrica 2. Ken Foree esteve no Halloween (2007) enquanto Duane Whitaker e Caroline Williams estiveram na continuação Halloween 2 (2009).

William Butler (Ryan)  fez também Sexta-Feira 13 - Parte 7: A Matança Continua (1988) em que seu personagem é morto por Jason Voorhees, cujo ator, interpretado por Kane Hodder, que foi coordenador de dublês deste O Massacre da Serra Elétrica 3.  Joe Unger, o Tinker, fez A Hora do Pesadelo (1984). E para finalizar, a atriz Jennifer Banko também esteve em Sexta-Feira 13 - Parte 7: A Matança Continua (1988). 


Eu pago, eu mando

O poder dos estúdios geram discórdias infinitas e algumas famosas. No caso deste terceiro filme, foi decidido que o personagem de Ken Foree deveria viver depois das primeiras exibições de teste e o pessoal adorar o personagem. O novo final foi filmado posteriormente, em que de alguma forma Ken aparece na última cena, com um pequeno ferimento na cabeça (embora todos nós o tenhamos visto ser dilacerado).

Originalmente, Benny e Leatherface sucumbiram aos ferimentos no final do filme, mas a New Line decidiu filmar um novo final com o editor Michael N. Knue em que os dois personagens sobreviveriam. Jeff Burr ficou  estarrecido quando viu o filme no cinema pela primeira vez porque este novo final foi feito sem seu conhecimento. Este é um dos maiores motivos pelos quais cineastas desistem de fazer filmes em grandes estúdios. Muitos fundam suas próprias produtoras e fazem um cinema mais autoral, como a Malpaso de Clint Eastwood.


O Massacre da Serra Elétrica - O Retorno (1994)

Antes dar o restart na saga de Leatherface nos cinemas, precisaram sepultar de vez a ideia de realizar continuações. Imagine o quão bizarro é olharmos hoje o elenco com os talentosos Matthew McConaughey e Renée Zellweger e pensarmos que nem eles salvam? Na história, a jovem Jenny (Renée Zellweger) e seus amigos se divertem na estrada em plena noite de formatura. O grupo sofre um acidente e um deles se machuca, obrigando seus colegas a procurar a ajuda. Por azar, encontram uma família composta por diversos malucos dentre os quais o psicopata Vilmer (Matthew McConaughey) e seu irmão Leatherface (Robert Jacks).

A cena do hospital no fim exibe três atores do primeiro filme, mas em papéis diferentes... O ator John Dugan, que interpretou o Avô no outro filme, faz o papel de um policial neste. Paul A. Partain (Franklin Hardesty), agora interpreta um médico de plantão. Já a atriz Marilyn Burns (Sally Hardesty) atua como uma paciente na maca. O ator Bill Johnson, que interpretou Leatherface em O Massacre da Serra Elétrica Parte 2 (1986) foi convidado para fazer o mesmo papel, porém recusou.


Matthew McConaughey (Vilmer) e Renée Zellweger (Jenny) ganharam fama dois anos depois, com Tempo de Matar (1996) e Jerry Maguire - A Grande Virada (1996), respectivamente. Ambos compartilhavam a mesma agência de talentos. Quando a Sony, que detinha os direitos de distribuição deste filme, se preparava para relançá-lo, destacando a dupla, seu agente ameaçou com um processo contra o estúdio, alegando que seus clientes estavam sendo explorados injustamente. 

A agência também disse que se a Sony lançasse este filme no rastro do sucesso que a dupla alcançou, nenhum dos dois apareceria em futuros lançamentos da Sony. O filme acabou tendo um lançamento breve e limitado nos cinemas em setembro de 1997. No final das contas, o massacre da serra elétrica não acontece, já que ela não mata ninguém no filme. Só destroi portas, chaminés, janelas, antenas... 


O Massacre da Serra Elétrica (2003)

Remakes são incógnitas. Alguns são re-imaginações outros refazem cena a cena, mas o resultado é na maioria absoluta, mal visto. Mas como não existe conta exata, alguns remakes acertam na mosca, como é o caso deste. Em 5 de dezembro de 2001, foi anunciado que a Platinum Dunes, companhia voltada para a produção de filmes de baixo orçamento recém-fundada pelo diretor Michael Bay. E vários bons filmes vieram desta produtora, o que surpreende, já que Bay não é sinônimo de baixo orçamento ou de filmes de horror.

Na trama do remake, sem novidades: no caminho de uma viagem pelo Texas, um grupo de jovens é forçado a parar no meio da estrada por falta de gasolina. Em busca de um telefone, eles acabam encontrando uma casa caindo aos pedaços, sem saber do perigo que correm. Os jovens começam a ser perseguidos e caçados por um assassino com uma serra elétrica.


Nada é verdade. Tudo é permitido.

Seguindo a tradição de encaixar alguém dos filmes clássicos nos filmes sequentes, John Larroquette concordou alegremente em reprisar seu papel para o remake como narrador. Na época ele não era famoso e hoje já é consagrado.

Daniel Pearl, diretor de fotografia do original, reprisou a sua função neste filme. Ele conseguiu convencer Marcus Nispel, seu colaborador frequente em muitos videoclipes, a dirigir. O filme foi oferecido a Nispel, mas queria fazer sua estreia (americana) em um filme original, dizendo a Pearl que refazer o clássico era "blasfêmia" e um fracasso certo. 


Pearl então disse a Nispel que esse era o motivo pelo qual ele deveria aceitar a oferta, e contratá-lo como diretor de fotografia, para que Pearl pudesse "fazer o mesmo filme duas vezes, uma no início da carreira e outra no final". Nispel então concordou. Bom, a carreira de Daniel Pearl continua bem. 

Na minha opinião, Leatherface é como um cão espancado, ele foi condenado ao ostracismo, ridicularizado e tratado com dureza por seus amigos. O dano psicológico que eles infligiram a ele foi imenso. Não houve chance para ele. 
Andrew Bryniarski, ator que faz Leatherface


O Massacre da Serra Elétrica: O Início (2006)

Quando se esgotam as ideias, os "criativos" roteiristas seguem a tendência de contar os eventos ocorridos antes da história conhecida por todos. A famosa "resposta" da pergunta que você não fez ou seja, prelúdio (ou prequel).

Na trama, Thomas Lewitt (Andrew Bryniarski) nasceu em um parto complicado, no chão de um abatedouro no Texas. Ele é salvo por Luda Mae Hewitt (Marietta Marich) e passa a ser criado também pelo xerife Hoyt (R. Lee Ermey), Montgomery (Terrence Evans) e Henrietta. Thomas tem uma vida violenta, repleta de abusos físicos e emocionais, o que o faz se tornar o assassino Leatherface ao crescer. Quando dois jovens a passeio com suas namoradas se perdem, ele se tornam suas primeiras vítimas.

A New Line Cinema (aquela mesmo que desdenhou o resultado do terceiro filme) teve que pagar mais de R$ 3 milhões para continuar com a franquia da série, já que a Dimension Films havia feito uma grande oferta aos detentores originais dos direitos para comprá-la.


Jordana Brewster e o produtor Andrew Form se conheceram neste filme, eles começaram a namorar e ficaram noivos em 2006, se casaram em 2007 e tiveram seu primeiro filho, um filho chamado Julian, em 2013. O filme acontece em julho de 1969, Andrew Bryniarski (Leatherface) nasceu no mesmo ano, mas em fevereiro.

Diora Baird, que interpreta a vítima de Leatherface chamada Bailey,  mais tarde estrelaria a paródia de Stan Helsing (2009), onde sua personagem, entre outras, deve escapar de um coletivo de assassinos baseados em ícones do terror, um deles, com uma máscara de pele, se chama Pleatherface, uma paródia de Leatherface.


O Massacre da Serra Elétrica 3D - A Lenda Continua (2013)

Com o lançamento de Avatar em 2009, e com a bilheteria astronômica alcançada, uma febre 3D evoluiu rapidamente. Mudaram os cinemas, projetores e até as TVs sofreram upgrade. Mas com isto, vieram os ingressos mais caros, filmes para home vídeo mais caros e aparentemente, maiores lucros. 

Com isto, filmes que não foram gravados em 3D, sofreram esta transformação para tentar algumas cifras a mais. Nesta onda entrou este novo O Massacre da Serra Elétrica. Foi a estreia da franquia no universo 3D. Aderiu o formato também para buscar repetir o sucesso de longas como Dia dos Namorados Macabro e Premonição 4, que faturaram mais de US$ 100 milhões nas bilheterias mundiais em razão da utilização do 3D. Não conseguiu. Mundialmente, rendeu apenas 12.


Na trama, uma garota escapou de um massacre que matou cinco pessoas e é criada sem saber a verdade sobre seu passado. Já adulta, Heather Mills (Alexandra Daddario) é surpreendida ao ser informada que é a beneficiária da herança de uma avó que nem sabia existir. Ao lado dos amigos Nikki (Tania Raymonde), Ryan (Trey Songz) e Kenny (Kerum Milicki-Sanchez), Heather viaja ao Texas para conhecer a mansão que herdou. 

Entretanto, ela tem duas regras a seguir: não pode vender a mansão e precisa seguir à risca as instruções deixadas pela avó em uma carta. O problema é que, antes mesmo de abrir esta carta, Heather é surpreendida por outro parente que também sobreviveu ao massacre de décadas atrás.


Como eu disse que é tradição nos filmes, eles sempre convidam alguém das produções anteriores. Na cena de abertura, Bill Moseley, que interpretou Chop Top em O Massacre da Serra Elétrica 2 (1986), interpreta Drayton Sawyer.John Dugan, que interpretou o vovô no filme de 1974, repete seu papel na cena de abertura do filme. Gunnar Hansen (o Leatherface original), também aparece na cena como  chefe da família. 

Curiosamente, ele nunca havia aceitado repetir o papel principal e neste, fez um personagem diferente. Gunnar faleceu meses depois de o filme ser lançado (foi filmado de julho a agosto de 2011, mas o estúdio preferiu esperar por conta da concorrência). Quis o destino que ele começasse e encerrasse a carreira no mesmo universo criado por Hooper. Marilyn Burns,  que interpretou Sally Hardesty no filme original, interpreta Verna neste.

O roteiro de Adam Marcus (leia a entrevista com ele no link) examina o que aconteceu minutos depois do final do clássico de 1974.  A paleta de cores semelhante favorece a conexão com o filme de Hooper.  Originalmente, um plano para uma nova trilogia foi planejada. Os filmes seriam lançados fora da ordem cronológica, com o segundo filme saindo primeiro e sendo ambientado quase inteiramente em um hospital. 

O próximo filme seria um prelúdio explicando os eventos que levaram ao cenário do hospital. O terceiro filme completaria o enredo. Temendo que fosse muito ambicioso e arriscado, os produtores optaram por uma continuação do original.


O filme é cheio de referências, o que o torna bem mais interessante, quando vemos ele em sequência. Em uma cena, quando Heather está explorando a casa, ela olha através de um armário que tem o traje de Sally Hardesty-Enright de Marilyn Burns do filme original. A personagem de Tania Raymonde chega na casa com short vermelho e é filmada no mesmo ângulo da atriz Teri McMinn do primeiro filme. O xerife Hooper (Thom Barry) é um aceno óbvio para Tobe Hooper, que escreveu e dirigiu o original, O Massacre da Serra Elétrica (1974).

E uma última curiosidade antes de ir para o filme de 2018: Keram Malicki-Sánchez nasceu quando O Massacre da Serra Elétrica original (1974) foi lançado, Alexandra Daddario e Scott Eastwood nasceram quando O Massacre da Serra Elétrica 2 (1986) foi lançado. Curioso não? O destino estava traçado.


Massacre no Texas (2017)

Este é o último filme de Tobe Hooper como produtor antes de sua morte, de causas naturais, em 26 de agosto de 2017. E um dos mais fracos da série, possivelmente por já estar desgastada. A obra é outro prelúdio. Curiosamente, o filme anterior tem paralelos fortes com o Halloween, mostrando a relação da irmã com o psicopata mascarado. Já neste, várias semelhanças podem ser notadas com a origem de Michael Meyers no Halloween de Rob Zombie. A obra é tão "fora da curva", que foi o primeiro O Massacre da Serra Elétrica a não ser filmado nos Estados Unidos. Em vez disso, o filme foi rodado na Bulgária por razões orçamentárias.

A história funciona como uma crônica dos eventos que ocorreram com Jackson (Sam Strike) que aconteceu na sua adolescência, revelando como ele se tornou o Leatherface. Adolescente violento, Jackson escapa de um hospital psiquiátrico com seus colegas de cela Bud (Sam Coleman), Ike (James Bloor) e Clarice (Jessica Madsen). O grupo sequestra a enfermeira Lizzy (Vanessa Grasse) em sua fuga. Eles fogem e são perseguidos por Hal Hartman. 


Stephen Dorff interpreta o xerife Hal Hartman neste filme, que é o pai de Burt Hartman de O Massacre da Serra Elétrica 3D: A Lenda Continua (2013). O Presidente da Millennium Films Avi Lerner gostou do projeto que lhe foi apresentado. A Millennium assinou o contrato para produzir e Lionsgate concordou em distribuir o produto final.

O Massacre da Serra Elétrica (2022)

É inegável que uma (nova) continuação de um clássico muito querido pelos fãs gera desconfiança, irritação e até certo "hate", que pode ser traduzido como má vontade de julgar méritos do filme. O novo O Massacre da Serra Elétrica chega com a responsabilidade de ser uma continuação direta do clássico de Tobe Hooper. O Retorno de Leatherface  acompanha um grupo de jovens em uma cidade do Texas, cenário perfeito para mais um massacre a ser realizado por Leatherface. 


Depois de quase 50 anos escondido, o assassino volta a aterrorizar a todos, quando jovens empreendedores viajam a negócios para a cidade fantasma de Harlow, no Texas, com a finalidade de leiloar propriedades antigas e criar uma área moderna. Quando a iniciativa dos forasteiros não agrada, todos acabam envolvidos em um passado mal resolvido, não demorando muito para que estejam lutando por suas vidas.

O filme foi inicialmente programado para ser lançado nos cinemas em 2021, mas todos os planos foram descartados após uma série de exibições de teste desastrosas. Posteriormente, foi vendido para a Netflix, onde estreou em fevereiro de 2022. Injusto, para não dizer "absurdo", se pensarmos as "tranqueiras" que chegam aos nossos cinemas.


Este foi primeiro da saga a apresentar a personagem principal do original, Sally de forma a dar sequência naqueles eventos. No entanto, neste filme, ela é interpretada por Olwen Fouéré, já que a atriz original, Marilyn Burns, faleceu enquanto dormia aos 65 anos em 5 de agosto de 2014. Ela foi encontrada em sua casa em Houston por seu irmão Bill, de um aparente ataque cardíaco.

Marilyn teve uma participação não creditada como Sally Hardesty em O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno (1994), e fez uma aparição como Verna Carlson em O Massacre da Serra Elétrica 3D: A Lenda Continua (2013), mas como dito acima, sem importância na história. O ator John Larroquette narra a abertura do filme, assim como o original em 1974 e o remake em 2003.


Fede, mas não cheira bem...

Inicialmente durante o desenvolvimento de Massacre no Texas (2017), os produtores tinham os direitos do filme e a intenção de fazer mais cinco filmes O Massacre da Serra Elétrica. Em abril de 2015, a produtora Christa Campbell afirmou que o destino das possíveis sequências dependeria em grande parte da recepção financeira e crítica de Leatherface. Em dezembro de 2017, a Lionsgate e a Millennium Films perderam os direitos do filme, devido à quantidade de tempo que levou para lançar Leatherface e, em agosto de 2018, a Legendary Pictures havia entrado em negociações preliminares para comprar os direitos do filme para adaptar tanto para o cinema quanto TV.

Pouco antes desta história toda, o uruguaio Fede Alvarez mexia num vespeiro fazendo o remake de A Morte do Demônio. Era o início de uma trajetória que o levaria a O Massacre da Serra Elétrica. Fede, hora produzindo, hora dirigindo, fez filmes populares. Talvez o melhor seja a sensacional série Calls, disponível na AppleTV. O nome de Fede passou a ser associado a filmes tensos. Em O Massacre da Serra Elétrica, ele produz e roteiriza. 


Para muitos, Massacre no Texas (2017) é o pior da saga. O Massacre da Serra Elétrica não será uma macha na carreira de Fede, mas talvez seja mais complicado de ver seu nome envolvido em uma continuação já que a recepção deste foi ruim. Uma pena, pois ainda que haja falhas (como a forma que Sally entra e depois sai de cena),  há muitos méritos, alguns até incomuns em produções do gênero. 

Talvez, se o filme tivesse outro nome, sofresse menos hate. Infelizmente, seu destino é entrar para a fila de intermináveis sequências de um original irretocável.




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