MORTE SÚBITA (1995) - FILM REVIEW
Não faz muito tempo, escrevi sobre o clássico Duro de matar, talvez o mais inspirado filme de ação do cinema. Menos tempo ainda, escrevi sobre produções que capitalizaram em cima do sucesso do filme de 88, porém por serem tão bons, ficaram conhecidos como uma variação autêntica do filme de John McTiernan.
Morte súbita é o "Duro de matar num estádio" (Die Hard in an ice hockey stadium, como dizem lá fora). Na história, o inspetor de incêndios Darren McCord (Jean-Claude Van Damme) vai a um jogo de hockey com seus dois filhos. No jogo, o vice-presidente dos EUA é vítima de terroristas comandados pelo ex-agente da CIA Joshua Foss (Powers Boothe), que idealizou um esquema para fazer o presidente de refém e exigir dinheiro. Além disso, existem bombas escondidas no estádio prontas para serem detonadas no final do jogo. Darren descobre o plano quando sua filha é sequestrada pelos terroristas. Usando suas habilidades marciais ele precisa lidar com as bombas, com os terroristas, com o sequestro da filha e com o tempo.
Para começar, Morte súbita tem pedigree. E não estou falando do astro belga ainda vivendo seu auge. Mas na direção esta Peter Hyams, o cara que teve a coragem e competência de realizar um remake de "Matar ou morrer" e uma continuação de 2001, uma odisseia no espaço, e ainda ser aplaudido. Falo de "Outland: Comando Titânio", com o monstro sagrado do cinema Sean Connery e 2010: O Ano em que Faremos Contato, estrelado por Roy Scheider, John Lithgow e Helen Mirren.
O nova-iorquino estudou arte e música no Hunter College e na Syracuse University, antes de trabalhar como produtor e apresentador da WHDH-TV . Em 1966, enquanto trabalhava para uma emissora da CBS em Nova York, ele foi durante três meses correspondente de notícias no Vietnã. Trabalhou em Boston e, em janeiro de 1968, ingressou na WBBM-TV como apresentador e repórter para substituir Fahey Flynn .Durante seu tempo na CBS (onde trabalhou de 1964 a 1970), ele começou a filmar documentários .
Em 1970, Hyams foi para Los Angeles, onde vendeu seu primeiro roteiro, "O mundo foi minha ilusão", para a Paramount Pictures, que Herbert Ross dirigiu. Hyams fez sua estreia na direção com um filme para a TV chamado Rolling Man (1972). Assim começou uma carreira com nível bastante alto e ousada, além de ter realizado 3 dos melhores filmes com o ator Jean Claude Van Damme, inclusive na fase ruim do ator, nos anos 2000, chamado "Aliança Mortal".
O astro ainda fazendo a diferença
Jean Claude Camille François Van Narenberg nasceu em 18 de outubro de 1960 na Bélgica. Por ser uma criança muito magra, o pai o colocou numa escola de karatê para ele se desenvolver. Aos 16 anos ele tornou-se campeão europeu de karatê, na categoria meio pesado. Muitos outros prêmios foram conquistados como o Campeonato Mundial que ocorreu na Flórida em 1979.
Depois de conhecer os EUA, apaixonou-se pelo fisiculturismo e ao voltar a Bruxelas, montou uma academia chamada de “The California Gym”. A academia foi um sucesso, mas ele queria mesmo era atuar em filmes hollywoodianos. Após participar como figurante em vários filmes conseguiu seu primeiro papel de destaque no filme “Retroceder nunca, render-se jamais”. Dois anos após atuou como protagonista em “O Grande Dragão Branco” e desde então ficou conhecido do público.
Enfrentou durante anos o seu vício com drogas o que acarretou consequências nos últimos anos tanto físicas quanto em seus pais. Hoje em dia, é raro ver um filme bom com ele. Na série genial Jean Claude Van Johnson ele zoa sua própria decadência. Mas em Morte súbita, Van Dame ainda vivia seus bons momentos (o seu filme anterior foi Timecop, outro filme essencial do ator, também dirigido por Hyams).
Arnold Schwarzenegger, Sylvester Stallone e Bruce Willis foram considerados para o papel de Darren McCord, mas os três recusaram o papel antes que Jean-Claude Van Damme conseguisse o papel. Schwarzenegger recusou o papel porque já havia filmado True Lies (1994) e Júnior (1994) consecutivamente. Stallone recusou o papel porque não gostou da qualidade do roteiro (algo risível já que em 1994 lançou "O Especialista" e no ano seguinte, O Juiz) e Willis recusou porque já estava trabalhando em Duro de Matar 3: A Vingança (1995).
Curiosamente, Morte subida e Duro de Matar 3: A Vingança foram lançados bem próximos, mas na época, o público preferiu dar uma chance a continuação, deixando um pouco de lado Morte súbita. De acordo com o escritor Randy Feldman, ele escreveu o primeiro rascunho do roteiro do filme para ser uma comédia de ação. A única cena que permaneceu no filme finalizado foi a cena em que Van Damme luta contra o mascote pinguim. A visão original para este filme se tornaria a base para o remake chamado "Bem-Vindo à Morte Súbita (2020)", com Michael Jai White, mas que devido à Pandemia de COVID 19, passou em branco.
De toda forma, o tempo mostrou que Morte súbita era mesmo, um dos melhores filmes de ação dos anos 90.
