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CYBORG - O DRAGÃO DO FUTURO (1989) - FILM REVIEW

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Cyborg

Texto: M.V.Pacheco

Revisão: Thais A.F. Melo


Van Damme era um astro e precisava mostrar ao mundo seu carisma. Não adiantou ser coadjuvante de figurante em Braddock ou o alienígena de Predador por algumas horas. Sua estrela precisava brilhar e assim foi com "O Grande Dragão Branco". A partir de 1988, com a história (real?) de Frank Dux, vieram esforços para mostrar que existia talento além do carisma e da memorável abertura das pernas, que depois virou marca registrada do ator. 

Um ano antes, a Cannon Films planejava os passos para se estabelecer como maior que sua fama. E os títulos seriam Mestres do Universo 2 e Homem-Aranha. E o filme do teioso foi um emaranhado de problemas e frustrações. Mas o fato é que filmes de heróis como Supergirl ligaram um sinal de alerta e a Cannon queria fazer algo grandioso. Então, pensou em lucrar com um tiro certo nas bilheterias para bancar o Aranha. Só que o filme foi "Superman IV - Em Busca da Paz"! 

A Cannon torrou 17 milhões, um valor expressivo na época, para colocar Christopher Reeve em sua quarta aventura como Super-Homem. Mas o resultado foi um fracasso: o filme arrecadou pouco mais de 15 milhões nas bilheterias, colocando a saúde financeira da produtora praticamente em coma. 

E o lance é que, no mesmo ano, a Cannon investiu US$ 22 milhões em "Mestres do Universo", versão live-action do desenho animado do He-Man, estrelada por Dolph Lundgren. Tinha tudo para ser um sucesso, mas os fãs do desenho não engoliram a produção barateira, que, entre outras mudanças, transferia os personagens para o planeta Terra, para economizar em cenários e figurinos. A resposta nas bilheterias ficou em 17 milhões, bem abaixo do custo do filme. 

Naufragava aé Mestres do Universo 2 e Homem-Aranha. Há pormenores nesta história, mas Cannon já havia iniciado a pré-produção dos filmes, que seriam rodados simultaneamente. E o diretor Albert Pyun, que já havia gasto bastante dinheiro na pré-produção dos dois filmes, foi contratado para dirigir "Cyborg - O Dragão do Futuro", com Van Damme, praticamente de graça, usando cenários, figurinos e objetos de cena produzidos originalmente para as aventuras do He-Man e do Homem-Aranha!  Esse acabou sendo o último filme da Cannon a chegar aos cinemas, já que a produtora pediu falência no final da década de 80.

Primeiro houve o colapso da civilização: anarquia, genocídio, fome. Então, quando parecia que as coisas não podiam piorar, pegamos a praga. Então, ouvimos os rumores: que os últimos cientistas estavam trabalhando em uma cura que acabaria com a praga e restauraria o mundo. Restaurar? Por que? Gosto da morte! Gosto da miséria! Gosto deste mundo!

Fender Tremolo  

Cyborg - O Dragão do Futuro

Na trama, uma praga atingiu os Estados Unidos e vários outros países, devastando boa parte do planeta. Gibson Rickenbacker (Jean-Claude Van Damme) é um guerreiro que, em plena Nova York, encontra Pearl Prophet (Dayle Haddon). Ela lhe diz ser um cyborg e que carrega consigo informações vitais para um grupo de cientistas de Atlanta, que trabalha na cura da praga. Pearl contrata Gibson para que possa levá-la em segurança até a cidade, mas ela é sequestrada por um grupo de piratas, liderados por Fender Tremolo (Vincent Klyn). Decidido a obter a cura para proveito próprio, Fender resolve levar Pearl até Atlanta. Gibson parte em sua cola, disposto a salvar Pearl e tendo Nady Simmons (Deborah Richter) como parceira.

O título brasileiro pega carona no sucesso anterior de Van Damme e na franquia de Arnold Schwarzenegger que nascia anos antes. O teste de exibição do filme foi um desastre. Apenas uma em cada 100 pessoas pesquisadas gostou do que viu. Menahem Golan e Yoram Globus tentaram convencer Jean-Claude Van Damme a permitir que eles lançassem o filme como estava. Em vez disso, Van Damme convenceu os dois produtores a deixá-lo editar o filme, como ele havia feito com O Grande Dragão Branco (1988), e pediu-lhes 2 meses. Cyborg foi finalmente lançado 2 meses depois.

Os produtores estavam desesperados para recuperar o gasto nos dois filmes que não seriam nem feitos.  O orçamento, incluindo o salário de Jean-Claude Van Damme, era de 500 mil dólares. O estúdio já havia gasto US$ 2 milhões em design de produção, figurinos e diversos trabalhos de preparação nos projetos abortados  O ator belga sabia o que estava fazendo e o resultado foi 10 milhões de bilheteria somente nos EUA.

Pyun já disse que sua ideia original era fazer uma ópera-rock em preto-e-branco e sem diálogos. Não foi para frente, evidentemente. Principalmente porque Albert era um diretor bastante limitado. Inclusive os nomes dos personagens dialogavam com as intenções do diretor, já que foram batizados com o nome de empresas que produzem guitarras e outros instrumentos musicais: Gibson, Fender, Nady, Marshall, Pearl...

Nem tudo que reluz...

A produção era tão limitada em termos de orçamento, que quando algo dava errado, não tinha "tempo" para investir em outro take. Em uma cena, Van Dame acidentalmente feriu o olho de Jackson 'Rock' Pinckney durante uma luta de espadas, cegando-o permanentemente. Ele levou Van Damme ao tribunal e conseguiu um acordo. A sequência pode ser vista na versão final do filme, pouco antes de Van Damme enfrentar Fender. 

Vincent Klyn (Fender) disse que, devido ao baixo orçamento do filme, apenas dois pares de lentes de contato foram feitos para seu personagem. Só que ele acabou perdendo o primeiro par em uma cena inicial não especificada e, enquanto filmava a cena final da luta, ele pensou que havia perdido o outro. As filmagens tiveram que parar imediatamente enquanto a equipe tentava encontrá-los, o que permitiu que Klyn voltasse para seu trailer. Lá, ele descobriu que as lentes tinham entrado na órbita ocular com toda a fumaça, sujeira e ventos fortes da cena final sendo filmada, que o fazia piscar incontrolavelmente. Felizmente ele foi capaz de mover as lentes de volta para baixo e as filmagens recomeçaram.

Nos anos 90, outros produtores e diretor (Michael Schroeder) produziram duas sequências com pouca ou nenhuma relação com o original, "Cyborg 2" (1993) e "Cyborg 3 - A Criação" (1994). A única coisa realmente interessante em ambos é o elenco, trazendo nomes como Zach Galligan, Richard Lynch, Malcolm McDowell, William Katt (todos na Parte 3), Elias Koteas, Jack Palance e Billy Drago (na Parte 2). No segundo filme, também, a bela cyborg é interpretada por uma jovem chamada Angelina Jolie, em seu primeiro papel principal. 

Dança das cadeiras

Como citado acima, Cyborg entrou na brecha do fracasso de Mestres do Universo. Van Damme então, subiu alguns degraus acima de Dolph Lundgren. Curiosamente, os dois fizeram Soldado Universal e e claro, Os Mercenários 2 (2012).

E a Cannon queria que Norris fizesse Cyborg e Van Damme protagonizasse Comando Delta 2. Norris também fez Os Mercenários 2 (2012).  Albert Pyun citou O Exterminador do Futuro (1984) e Mad Max (1979) como influências diretas ao filme. Tanto Arnold quanto Gibson trabalharam na trilogia Os Mercenários.

Stallone foi um visionário: deu vida com louvor a Rocky e Rambo em plenos anos 2000 e ainda conseguiu convergir as carreiras de vários atores marcantes (e concorrentes) dos anos 80, para um café na trilogia Os Mercenários. Faltou somente algum deles ser dirigido por Albert Pyun. 

Mas ele estava ocupado demais, lutando com sua grave condição de saúde (ele tinha demência na época) e fazendo uma continuação de... Cyborg. E dizem as más línguas que até Vincent Klyn dará as caras como Fender. Será que veremos Gibson novamente? Considerando os últimos Soldado Universal e Kickboxer, prefiro acreditar que não...

E para complicar tudo, Albert faleceu em 26 de novembro de 2022, e Cyborg Nemesis: The Dark Rift ainda nem foi lançado. 

E sobrou para algum estúdio lançar a bomba. 

Considerando que vivemos em tempos de guerra, tudo é possível.



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