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O QUE É A NOUVELLE VAGUE COREANA

 

O auge do Cinema da Coreia do Sul dialoga com seu momento político. Basicamente, em qualquer busca básica, vai descobrir que o marco cinematográfico do cinema sul-coreano é A Empregada (1960), que iniciou um "breve momento" de filmes clássicos que merecem ser conhecidos.

Após isto, salto no tempo para meados dos anos 90, que seria a gênese do melhor momento do cinema do país na história: A nouvelle vague sul-coreana, que a partir dos anos 2000, gerando uma absurda sequência de filmes diversificados e emocionantes. Aliás, emocionantes é pouco. Os filmes são verdadeiros tour de força emocional, onde em cada filme (e sim, vi todos), há uma preparação para um fim que dificilmente você consegue se preparar. E do drama ao horror. Do filme de máfia ao suspense. Cada gênero é tratado da mesma forma e com o mesmo objetivo: evocar sentimentos.

Mas afinal, o que ocorreu nestes 30 anos?

Censura e propaganda: a política do caos que tende a limitar a arte, utilizando-a em seu favor. E não estamos falando de Hitler e Joseph Goebbels.

No dia 16 de maio de 1961, ocorreu um ato sombrio dos anos de ditadura ferrenha da Coreia do Sul. O ditador Park Chung Hee junto ao seu grupo de vende-pátria pró-EUA reduziu à impotência, o presidente eleito Yun Bo Seon, encerrando assim a Segunda República da Coreia do Sul e assim instalou o "Conselho Supremo para a Reconstrução Nacional", passando a governar o país por meio da autoridade,  massacrando e prendendo seus opositores políticos.

A ditadura que ali se iniciou é conhecida popularmente como "Ditadura Yusin (ou Yushin)" em referência à constituição de 1972 que "legitimou" Park e o seu partido, o "Partido Republicano Democrático" como poder monopolizado e estabeleceu leis severas complementares à "Lei de Segurança Nacional" promovendo o exército e agindo em todas as partes do país, juntamente à polícia fezendo um mar de sangue durante os anos sofridos em que esteve no poder.

KOFIC

A Korean Motion Picture Promotion Corporation (KOFIC) é uma organização afiliada ao governo da Coreia do Sul e responsável por promover e apoiar a indústria cinematográfica coreana. Foi criada em 1973, visando desenvolver e expandir o mercado cinematográfico nacional e aumentar a competitividade internacional dos filmes coreanos.

Na prática, seu objetivo principal era controlar a indústria cinematográfica e promover o "politicamente correto", apoio à censura e aos ideais do governo. Ela promove filmes coreanos tanto nacional quanto internacionalmente. Organiza vários festivais de cinema, eventos e exibições para mostrar o cinema coreano ao público em todo o mundo. 

A KOFIC também oferece suporte para que filmes coreanos participem de festivais e mercados internacionais de cinema, ajudando a aumentar sua exposição e oportunidades de distribuição. Ela também organiza workshops, seminários e programas de treinamento para aprimorar as habilidades e o conhecimento dos profissionais do setor.

Somente cineastas que já produziram filmes "ideologicamente sólidos" e eram considerados leais ao governo foram autorizados a lançar novos filmes. Membros da indústria cinematográfica que tentaram contornar as leis de censura foram colocados na lista negra e às vezes presos. Um desses cineastas na lista negra, o prolífico diretor Shin Sang-ok, foi sequestrado pelo governo norte-coreano em 1978, após o governo sul-coreano revogar sua licença de produção de filmes em 1975.

Os filmes carregados de propaganda (ou “filmes políticos”) produzidos na década de 1970 eram impopulares entre o público que se acostumara a ver questões sociais da realidade na tela durante as décadas de 1950 e 1960. Além da interferência do governo, os cineastas sul-coreanos começaram a perder audiência para a televisão, e a frequência aos cinemas caiu mais de 60% entre 1969 e 1979.

O início do fim

Em 1972, Park fez aprovar uma constituição que assegurava sua ditadura vitalícia através da abolição do voto direto para presidente. Em substituição, estabeleceu um sistema de voto indireto, que lhe concedia a prerrogativa de emitir decretos de emergência, suspender a constituição vigente e lhe fornecia a autoridade para nomear e destituir juízes e parlamentares.

Durante uma ceia no complexo residencial Casa Azul, Park Chung-hee, o presidente da Coreia do Sul, foi assassinado em 26 de outubro de 1979, após exercer um poder ditatorial por quase 18 anos. O crime foi articulado por Kim Jae-kyu, diretor da ACIC (Agência Central de Inteligência da Coreia) e chefe da segurança do presidente, que disparou no peito e na cabeça de Park. Além do presidente, que morreu quase que imediatamente, também faleceram quatro de seus guarda-costas e o motorista. 

Entreatos: dos anos 80 a meados dos anos 90. 

Na década de 1980, o governo sul-coreano começou a relaxar a censura e o controle da indústria cinematográfica. A Lei do Cinema de 1984 permitiu que cineastas independentes começassem a produzir filmes, e a revisão da lei em 1986 permitiu que mais filmes fossem importados para a Coreia do Sul.

Enquanto isso, os filmes sul-coreanos começaram a atingir o público internacional pela primeira vez de forma significativa. Mandala (1981), do diretor Im Kwon-taek ganhou o Grande Prêmio no Festival de Cinema do Havaí de 1981 e logo se tornou o primeiro diretor coreano em anos a ter seus filmes exibidos em festivais de cinema europeus.

Em 1988, o governo sul-coreano suspendeu todas as restrições aos filmes estrangeiros e as empresas cinematográficas americanas começaram a abrir escritórios na Coreia do Sul. Para que os filmes nacionais pudessem competir, o governo mais uma vez impôs uma cota de exibição que exigia que os cinemas exibissem filmes nacionais durante pelo menos 146 dias por ano. No entanto, a cota de mercado dos filmes nacionais era de apenas 16% em 1993. A indústria cinematográfica sul-coreana mudou mais uma vez em 1992 com o filme de sucesso de Kim Ui-seok, Marriage Story, lançado pela Samsung. 

Nova Onda.

A Nova Onda apresentou uma nova geração de cineastas talentosos que ultrapassaram limites e exploraram técnicas inovadoras de contar histórias. Os filmes investigavam frequentemente os aspectos mais sombrios da sociedade coreana, abordando temas como a corrupção, o conflito entre gerações, a divisão de classes e o impacto da rápida modernização nos valores tradicionais.

Uma das características proeminentes da Nova Onda Coreana foi a ênfase no realismo. Os cineastas procuraram retratar as duras realidades da sociedade coreana contemporânea com uma honestidade inabalável. Este realismo corajoso, combinado com um forte desenvolvimento de personagens e uma narrativa convincente, ressoou no público nacional e internacional.

Vários diretores emergiram como figuras-chave, ganhando aclamação da crítica e reconhecimento internacional. Park Chan-wook, conhecido por sua trilogia de vingança, apresentou seu estilo visual único e narrativas sombrias. Bong Joon-ho, que mais tarde alcançou fama mundial com “Parasita”, explorou questões sociais e narrativas inovadoras, além de outros diretores notáveis ​​como Kim Ki-duk, Hong Sang-soo e Lee Chang-dong.

Numa visão geral, esta Nouvelle Vague representa um período transformador no cinema coreano, caracterizado pela inovação artística, pela narrativa convincente e pela vontade de enfrentar questões sociais. Continua a ser um capítulo importante na história do cinema coreano e deixou um impacto duradouro na indústria.

Principais características (algumas já citadas acima):

Experimentação Estética: A Nova Onda foi marcada pela vontade de experimentar técnicas cinematográficas e estruturas narrativas. Os cineastas exploraram métodos de contar histórias não convencionais, narrativas não lineares, além de uma fotografia inovadora para criar filmes visualmente impressionantes e intelectualmente envolventes.

Comentário Social: abordando questões urgentes na sociedade coreana. Examinaram temas como a desigualdade econômica, a corrupção política, o conflito entre gerações e o impacto da globalização nos valores tradicionais. Esses filmes muitas vezes forneceram lentes críticas através das quais se podia ver e refletir sobre a sociedade coreana contemporânea.

Diversidade de gêneros: ela abrange uma ampla gama de gêneros. Enquanto alguns filmes se concentravam em dramas policiais e thrillers, outros exploravam dramas introspectivos, comédias românticas, épicos históricos e até elementos de terror. Essa diversidade de gêneros mostrou a versatilidade e a criatividade dos cineastas coreanos.

O cinema é tão fantástico que cada lista de melhores filmes ou referências já nasce datada. Mas hoje, eu indicaria estes 10 filmes e duas séries que ficaram populares e tem caráter cinematográfico:


➤Direção: Park Chan-wook

Oh Dae-su (Choi Min-sik) é um homem comum, bem casado e pai de uma garota de 3 anos, que é levado a uma delegacia por estar alcoolizado. Ao sair ele liga para casa de uma cabine telefônica, para logo em seguida desaparecer, deixando como pista apenas o presente de aniversário que havia comprado para a filha. 

Pouco depois ele percebe estar em uma estranha prisão, onde há apenas uma TV ligada, no qual ele recebe pouca comida e respira um gás que o faz dormir diariamente. Através do noticiário da TV ele descobre que é o principal suspeito do assassinato brutal de sua esposa e sem ter outra opção, ele passa a se adaptar à escuridão de seu quarto e a preparar seu corpo e sua mente para sobreviver à pena que está sendo obrigado a cumprir sem saber o porquê.


➤Direção: Bong Joon-ho

Em 1986, na Coreia do Sul, uma jovem mulher é encontrada morta, com marcas de tortura. Os detetives Park Doo-Man e Cho Yong-koo ficam responsáveis pelo caso, o segundo assassinato de uma mulher na cidade. Sem avançar na investigação, os dois não apresentam qualquer suspeita e terão de trabalhar com outro detetive, Seo Tae-Yoon, que está convencido de que é um caso de assassinatos em série. Quando uma terceira mulher é vítima do serial-killer, os detetives começam a encontrar pistas que os levarão até o assassino.

➤Direção: Bong Joon-ho

Na beira do rio Han moram Hie-bong (Byeon Hie-bong) e sua família, donos de uma barraca de comida no parque. Seu filho mais velho, Kang-du (Song Kang-ho), tem 40 anos, mas é um tanto imaturo. A filha do meio é arqueira do time olímpico coreano e o filho mais novo está desempregado. 

Todos cuidam da menina Hyun-seo (Ko Ah-sung), filha de Kang-du, cuja mãe saiu de casa há muito tempo. Um dia surge um monstro no rio, causando terror nas margens e levando com ele a neta de Hie-bong. É quando, em busca da menina, os membros da família decidem enfrentar o monstro.


➤Direção: Park Chan-wook

Sang-hyun é um padre que acredita que a vida é preciosa, torna-se voluntário de um projeto secreto de desenvolvimento de vacinas para ajudar a salvar vidas a partir de um vírus mortal. Mas, durante o experimento, ele é infectado com o vírus e morre. Quando recebe uma transfusão de sangue de paradeiro desconhecido, ele volta à vida mas se torna um vampiro. Sang-hyun está agora dividido, entre o desejo carnal por sangue e sua fé, que o impede de matar.


➤Direção: Jee-Woon Kim

Existe um psicopata sanguinário à solta na Coreia do Sul. Jang Kyung-chul (Choi Min-sik) mata qualquer pessoa para obter carne humana, sem piedade por mulheres grávidas ou bebês recém-nascidos. A polícia tenta capturá-lo há décadas, sem sucesso. 

Quando a noiva de Soo-hyun, um agente secreto, é assassinada por este homem, o agente decide procurar sozinho pelo responsável. O encontro entre os dois homens ocorre rapidamente, mas Soo-hyun decide que a morte não é suficiente: será preciso torturá-lo, muitas vezes, para que o outro aprenda todo o mal que causou.


➤Direção: Park Chan-wook

Coreia do Sul, anos 1930. Durante a ocupação japonesa, a jovem Sookee (Kim Tae-ri) é contratada para trabalhar para uma herdeira nipônica, Hideko (Kim Min-Hee), que leva uma vida isolada ao lado do tio autoritário. Só que Sookee guarda um segredo: ela e um vigarista planejam desposar a herdeira, roubar sua fortuna e trancafiá-la em um sanatório. Tudo corre bem com o plano, até que Sookee aos poucos começa a compreender as motivações de Hideko.


➤Direção: Jee-Woon Kim

Década de 1920. Um grupo de agentes secretos pertencentes à resistência coreana embarca em uma missão sigilosa para tentar contrabandear explosivos com o objetivo de destruir parte do exército japonês. Um talentoso policial japonês que nasceu na Coréia está em um dilema entre as demandas da sua realidade e o desejo de ajudar uma causa maior.


➤Direção: Yeon Sang-ho

Em um trem de alta velocidade com destino à cidade de Busan, na Coréia do Sul, um vírus misterioso que transforma as pessoas em zumbis acaba se espalhando de maneira devastadora. A cidade de destino da locomotiva conseguiu com sucesso se defender da epidemia, mas até chegar lá eles deverão lutar pelas suas sobrevivências.


➤Direção: Na Hong-jin

Um vilarejo pacífico começa a testemunhar assassinatos cruéis cometidos pelos moradores. Os criminosos parecem estar fora de si, e as autoridades pensam que talvez tenham consumido cogumelos venenosos. No entanto, o inspetor de polícia Jong-Goo (Kwak Do-Won) suspeita que os casos tenham uma origem sobrenatural, ligada a um forasteiro que acaba de chegar ao local. Enquanto investiga o homem suspeito, percebe que sua filha pode ser vítima do ataque.


➤Direção: Bong Joon-ho

Toda a família de Ki-taek está desempregada, vivendo em um porão sujo e apertado, mas uma obra do acaso faz com que ele comece a dar aulas de inglês a uma garota de família rica. Fascinados com a vida luxuosa destas pessoas, pai, mãe e filhos bolam um plano para se infiltrarem também na família burguesa, um a um. No entanto, os segredos e mentiras necessários à ascensão social custam caro a todos.


➤Criação: Hwang Dong-hyuk

Round 6, série sul-coreana original da Netflix, acompanha um grupo de pessoas desesperadas por dinheiro que recebem um misterioso convite para participar de jogos competitivos inspirados em brincadeiras infantis. Sem saber qualquer coisa sobre o convite, centenas de pessoas comparecem ao local para participar do evento. Ao final do jogo, o vencedor poderá levar para casa um prêmio milionário e resolver todas as suas dívidas. Porém, o que eles não sabem é que os perdedores não saírão vivos desse jogo. Agora os competidores precisarão lutar para sobreviver a essa macabra disputa.


➤Criação: Lee Jae-Gyu, Cheon Sung-il

A série narra a história de um grupo de alunos do ensino médio que precisam encarar uma situação de perigo extremo. A rotina da escola Hyosan seguia normal quando um vírus zumbi começa a se espalhar rapidamente. Os sobreviventes agora se encontram fadados a ficarem presos no perímetro da escola. Conforme as horas passam, fica mais difícil o acesso a comunicação com o mundo exterior, e o estoque de comida e armas começam a diminuir, o que consequentemente eleva o risco de cada um dos alunos remanescentes permanecerem seguros. Presos, eles buscam alguma saída enquanto precisam sobreviver à versões zumbis de seus professores e amigos que perderam ao longo do caminho. 



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