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O REGRESSO - CRÍTICA POR RUBENS EWALD FILHO


O Regresso (The Revenant)

EUA, 15. Fox. 156 min. Direção de Alejandro Gonzales Iñarritu. Roteiro de Iñarritu e Mark L. Smith. Com Leonardo Di Caprio, Tom Hardy, Domhnall Gleeson, Lukas Haas, Will Poulter, Forrest Goodluck, Paul Anderson, Brendan Fletcher.


De todos os filmes do Oscar, tem dois que são meus favoritos, a comédia satírica A Grande Aposta (The Big Short) e esta espetacular aventura com o nome singelo e não muito atraente de O Regresso. Com um orçamento enorme de 135 milhões de dólares, rodado no Canadá (British Columbia, Alberta) e depois, por causa de atrasos e o fim do gelo, foram obrigados a terminar na Argentina, na Terra do Fogo. Foram 80 dias de filmagem, espalhados por um período de 8 meses. Foi inteiramente rodado com luz natural (ou seja durava na paisagem gelada apenas algumas horas por dia!). Não seria incrível se o mexicano Inãrritu ganhasse dois anos seguidos o Oscar de filme e diretor? E mais notável ainda o fotógrafo também mexicano Emmanuel Lubezki ser premiado pela terceira vez consecutiva (depois de Gravidade e Birdman)? Isso pode acontecer e seria mesmo justo, porque o trabalho de ambos é absolutamente incrível, já que O Regresso captou a natureza selvagem de uma maneira majestosa.

É bem curioso que a história seja inspirada em fato real, um homem da fronteira chamado Hugo Glass, que passou por todas as situações descritas no filme e foi morrer apenas no final do século 19. Pouca gente se lembra de um filme Fúria Selvagem (Man ln the Wilderness, 71) do competente Richard Sarafian, que contava a mesma história (na verdade, ele foi produzido para aproveitar o sucesso pouco antes de O Homem Chamado Cavalo, com o mesmo ator Richard Harris). O ator e diretor John Huston fazia o vilão e as cenas foram rodadas na Espanha e eram bem convincentes para a época. Logicamente os recursos técnicos da época eram diferentes.

Esta também é a interpretação mais completa e dominante da carreira de Leonardo Di Caprio (que usa barba, tem muito pouco texto e quase todo em linguagem indígena) que é acompanhado pelo filho mestiço de índio. Já estava em tempo dele também levar o Oscar e nada melhor do que este super esforço (faz quase todas as cenas sem dublê, só percebi uma única cena com CGI (também não tinha outro jeito, o cavalo pula num abismo e cai num pinheiro! Logo depois o herói para não morrer congelado se esconde dentro do corpo do bicho! Aliás, apesar de ser vegetariano, Di Caprio devora em nome da arte as vísceras de animais. Único outro recurso que dá para perceber é Leo quanto o que faz o bandido, Tom Hardy - famoso agora por Mad Max - ao nadarem na água gélida carregam dentro da roupa boias que os ajudam a flutuar).

O filme já começa com ação, numa cena de batalha, mostrando Hugh Glass como o chefe dos caçadores de peles que irão vender, mas também são perseguidos por nativos que trabalham para os rivais franceses. Hugh tem um filho adolescente (e de vez em quando tem flashes da esposa índia que morreu). Mas a situação fica grave quando ele vai sozinho na floresta procurar comida quando é inadvertidamente atacado por um enorme urso, que o ataca violentamente (não descobri ainda como a cena foi feita, mas não há duvida que é totalmente convincente e Leo não teria se machucado). Mas na história sim, fica entre a vida e a morte e os colegas seguem na frente, enquanto dois deles ficam para tratar do ferido. Um deles, desde o começo ficou claro é o vilão, John Fitzgerald (Hardy), que sem escrúpulos ataca o filho do herói e mente para o jovem colega (o inglês Will Poulter,que começou fazendo O Filho de Rambow). Prefere fugir e mentir para o chefe (Domhnall Gleeson muito melhor em papel dramático do que nas comédias românticas que tem participado). E Hugh fica no meio do nada, enterrado num túmulo mal arranjado.

O resto do filme é sua extraordinária aventura através de perigos e belezas (há já no final uma cena de luta, lá no fundo se vez os raios do sol penetrando a montanha gelada, apenas um detalhe, mas que mostra o cuidado e talento do projeto. Outro momento é quando duas pessoas conversam e faz tanto frio que sai a fumaça da boca chegando mesmo a embaçar a lente da câmera). Enfim, não é só ação, há momentos poéticos (outro que fixei foi a chegada a uma igreja quase toda destruída e abraça o filho). Achei também uma falha grave a sequência final, matando quem não precisava e terminando meio triste e melancólico (isto não é spoiler!).Funcionaria melhor caso fosse mais épico.

Mas claro que isso não invalida o resultado que me pareceu excepcional. O roteirista é escritor de filmes menores de terror (O Buraco, Temos Vagas) baseado parcialmente no livro de Michael Punke. E o resultado não é experimental e de arte como o anterior Birdman. O Regresso foi indicado 4 Globos de Ouro (ganhou Melhor Filme de Drama, Diretor e Ator, Di Caprio), SAG para Leonardo. Vale a pena assistir o filme numa boa sala com boa projeção.


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