MARCELO CARRARD - RESPONDE ÁS 7 PERGUNTAS CAPITAIS
Marcelo é um jornalista, nascido em 28 de fevereiro de 1966. Carrard é graduado pela PUC-RS com Mestrado em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Pesquisador e crítico de cinema, atualmente é apresentador e redator do canal CINEMA FEROX do YouTube, onde analisa cinema de gênero e independente, cultura geek com espaço para abordagens da diversidade e do queer cinema.
É também especialista em Cinema Italiano de Gênero, com destaque no trabalho de Dario Argento e Mario Bava, além de colecionador de filmes em DVD e Blu Ray. Também exerce atividades como curador, jurado em festivais de cinema e palestrante.
1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte. Quando nasceu sua paixão pelo cinema?
M.C.: O cinema e a TV sempre fizeram parte da minha vida desde muito cedo. Eram as únicas mídias disponíveis na época, que formaram meu imaginário, minha curiosidade sobre aquelas imagens. Felizmente tive pais que desde cedo me levaram ao cinema, onde conheci os clássicos da Disney. Lembro-me de uma sessão em que reprisaram O Mágico de Oz, e meus padrinhos me levaram, à noite, para ver... Foi inesquecível.
Depois fui ver, com nove anos de idade: "Tubarão", do Spielberg, um fenômeno absurdo de bilheteria em 1975. Depois de ver Tubarão, tudo mudou para mim, um caminho sem volta. Daí vieram os cinemas do Centro da cidade e o início da longa jornada cinéfila, os programas duplos, os Cineclubes... Tornei-me cinéfilo no cinema e não nas locadoras de VHS... E existia o Cine Bristol em Porto Alegre, que foi a "Escola de Cinema" de toda uma geração que hoje está na faixa dos 45, 50 anos... Foi assim.
M.V.: "Tubarão" também foi importante para mim. Assisti até agora 246 vezes, e muitos me conhecem por ter assistido ao filme 196 vezes em um único ano.
2) Tyler Durden disse em Clube da Luta: "As coisas que você possui acabam possuindo você". Ser colecionador é algo que se encaixa neste conceito, já que você se torna escravo do colecionismo. Coleciona filmes, CDs ou algo relacionado à 7ª arte?
M.C.: Sim. Coleciono filmes em DVD e Blu-ray até hoje com muito entusiasmo e curiosidade. Já colecionei fitas VHS, mas me desfiz da coleção anos atrás. Tinha muitos discos de vinil que nunca trouxe para São Paulo, mas é algo que pretendo voltar a colecionar. CDs tenho muitos, mas não coleciono mais. Com o Spotify e similares, o consumo de música mudou radicalmente aqui em casa. Tenho alguns cartazes de filmes também, mas ainda é uma coleção pequena.
4) "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios." Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos." Considerando a reflexão, há alguma experiência em sua vida dedicada à arte que foi especialmente marcante?
M.C.: Com 50 anos de vida, tenho muitas recordações, boas e ruins. Destaco três: O dia em que conheci pessoalmente o lendário diretor de Cannibal Holocaust, Ruggero Deodato, quando ele esteve pela primeira vez em São Paulo, na Cinemateca Brasileira, na abertura do Cinefantasy. A noite em que vimos a cópia restaurada em 3D de Battle Royale no Cinesesc e a noite em que me emocionei muito ao ver a versão restaurada de Cabíria (1914), de Giovanni Pastrone, também no Cinesesc, durante uma Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
5) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes de sua vida? Um Top 10 ou mesmo o filme mais importante?
M.C.: Existem muitas listas. Listas por gênero, por subgênero, por década, por diretor... Centenas e centenas de filmes passaram por minha vida, mas os do Kubrick, do Bergman, do Fulci, do Argento, do Fellini, do Pasolini, entre outros, até hoje revisito como grandes livros que merecem uma releitura de tempos em tempos.
Em um TOP 10 estariam filmes desses diretores com certeza... 2001, Gritos e Sussurros, Terror nas Trevas, Suspiria, Satyricon, Saló... Possessão do Zulawski, O Bebê de Rosemary de Polanski, Onibaba do Shindo, tudo do Kurosawa e do Mizoguchi... Nossa, são muitos filmes, um oceano de filmes...
6) Fale um pouco sobre os seus próximos projetos.
M.C.: Queremos continuar evoluindo com o Cinema Ferox, tendo como prioridade a qualidade dos vídeos e o conteúdo, que é um compromisso com nossos seguidores/inscritos. Queremos fazer novos quadros e postar mais vídeos durante a semana, além de um projeto secreto que poderá surgir em 2017.
7) Ao olhar para sua trajetória, qual aprendizado considera mais valioso e gostaria de compartilhar?
M.C.: Como sempre dizia o Carlão Reichenbach: precisamos ter os olhos livres. Livres de preconceitos, de intolerâncias. Existe um número descomunal de filmes para serem descobertos. Pesquisem, se entreguem de verdade nessa jornada de descobertas. Com as possibilidades de acesso aos filmes que a atual tecnologia permite, é muito mais fácil. Aproveitem, abram suas cabeças para a diversidade audiovisual, adoraria ter essa tecnologia 35 anos atrás... Não deixem a cinefilia acabar.
M.V.: Obrigado, amigo. Ótimo conselho. Sucesso com seu canal.