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CLÁUDIA ALENCAR - RESPONDE ÀS 7 PERGUNTAS CAPITAIS

Cláudia Alencar é um rosto bem conhecido do brasileiro. Talentosa, simpática, tem uma extensa carreira ligada ao teatro, novelas, cinema, minisséries além de ter sido várias vezes reconhecida por seu talento com prêmios.

Além disto, Cláudia é escritora, designer de joias, faz palestras...Ela joga nas onze. E hoje é a nossa convidada para responder  às 7 perguntas capitais. 

Boa sessão:


1) Como começou a trabalhar na indústria do cinema? Quando surgiu a primeira oportunidade de atuar?

C.A.: Como paulistana eu tinha na década de 80 uma única opção para cinema: pornochanchada. Para fazer cinema tinha que tirar a roupa. Recusei-me. Enveredei para o teatro, televisão, projetos undergrounds pela cidade.

Meu primeiro filme protagonizei "Doce Delírio"  de Manuel Paiva ao lado de Eduardo Tornagh, o galã da época.  Teve uma cena erótica (jamais pornô) onde eu sozinha, deprimida, passava mel em minhas pernas e ia até a boca. A câmera de Carlão Reinchenbach me acompanhava. 

O filme trocou de nome por causa dessa cena. Depois fiz com Ozualdo Candeias que era um ser pensante, outro filme, a "Freira e a tortura", que co-protagonizava com Vera Gimenez e o galã das pornochanchadas na época, David Cardoso.

2) “Éramos musas do sexo em uma época reprimida, moralista e desinformada", disse Nicole Puzzi numa entrevista. Como foi ser uma musa?

C.A.: Musa? Nunca fui musa do cinema. fiz 11 filmes e não gosto de nenhum... Prefiro os filmes dos outros, os bons filmes. Tarantino, Lars Von Trier, David Lynch, etc... No Rio de Janeiro se fazia bons filmes, mas em São Paulo, não. Em minha opinião... Isso na década de 80 e inicio dos 90.

Sinto não ser “a” musa do cinema. Mas soya "musa" do novo cinema paulistano (risos).

3) Qual trabalho considera o melhor da sua carreira?

C.A.: O melhor trabalho foi em 2015 com "Réquiem para Laura Martin" de Paulo Duarte onde entrei como coadjuvante e sai como protagonista, com umas 6 ou 7 cenas. Ganhei o premio de melhor protagonista no festival Nacional de Petrópolis. Fui fazendo a cena, encarnando o personagem e o diretor com câmera na mão foi me seguindo, deixando rolar e o set todo chorando. Foi lindo. Mas é um filme que ainda não chegou lá... Sob o meu ponto de vista, claro, mas o diretor foi imbatível, genial.

4) Nem sempre que faz cinema, tem uma relação próxima com filmes. É uma apaixonada pelo cinema?

C.A.: Adorooooooooooooooooooooooo cinema. Pena que nunca fiz um filme que gostasse. Laura Martim, sim..  todas as cenas que fiz adoreiiii, mas o filme em si..... nem tanto.

M.V.: E qual sua experiência no mundo artístico que mais te marcou?

C.A.: Qual experiência que mais me marcou? Foi essa do Laura Martim. Em TV foi em "Porto dos milagres", em que entrei para fazer 30 capítulos e morrer, mas não conseguindo me matar, morri no capitulo 100, terminando protagonista e matando todos os vilões  - Cassia Kiss e Zé de Abreu. Impressiona-me que sempre encarno as personagens e os papéis crescem e tomam conta da trama.

E o que mais me marcou foi no teatro, nas oficinas de Ariane Mnouchkine, com máscaras. Fiz um velho japonês que ensinava a outro japonês como fazer harakiri. Toda paramentada, depois de  6 dias de ensaios com outros personagens com mascaras, fui fazer esse. Ariane é muito exigente e queria que a máscara falasse... - Como?? Me perguntava... pois o velho japonês começou a falar em japonês e a ensinar 5 maneiras de se fazer harakiri. Eu me via atrás da máscara, a mascara falava em japonês e via o publico rir até não poder mais!!

Fiquei 2 dias em pleno êxtase vendo tudo brilhar, a aura das pessoas. Passei a outra dimensão. Isso é atuação Isso é verdade da arte. Nos meus workshops com meus alunos e há alguns que mudam de dimensão.....muito forte!

5) Quem curte cinema costuma fazer listas de preferências. Quais são os "filmes da sua vida"? Um TOP 10 ou algo assim...

C.A.: Oito e meio de Fellini e O Piano mudaram o rumo de minha vida. Amo Ettore Scola, David Lynch, Lars Von Trier, Tarantino, Roberto Rossellini, enfim.. Todos que me fazem pensar.

M.V.: Inclusive, coincidentemente, assisti a uma belíssima cópia em Bluray recentemente do filme "O piano".  

6) Fale um pouco dos seus próximos projetos.

C.A.: Acabei de fazer um filme em Sampa, Com Andradina e Diego dirigindo, chamado "30 anos blues" e  faço Claudia Alencar, a MUSA dos personagens/diretores que usam o próprio nome . Eles se encantaram com minha atuação no teatro em Sampa  com "Vestir o pai" de Mario Viana  e se encantaram ainda mais com minha personalidade e conhecimento depois que fomos jantar na casa de Andradina. 

Quiseram-me no filme de qualquer maneira. Inventaram essa cena em que dou uma festa em casa e falo o que quero como quero com quem quero, com toda a fauna intelectual paulistana. A câmera me seguia, nunca o contrário. Arrebentamos. Acho que vai ser o primeiro filme de que vou gostar. Nunca aconteceu algo assim no cinema... Pelo menos no cinema Nacional

7) Para finalizar, se pudesse deixar uma lição destes anos dedicados a arte, qual seria?

C.A.: A Fundação do ator é a cultura! Ter disciplina, o esforço diário da criação literária, plástica, vocal e corporal. Impossível não ler todos os dias, não assistir um seriado, um filme um teatro pelo menos 3 vezes por semana. Impossível não ver museus, viajar, ver gente, conversar, se expor e colocar suas ideias.

Prefiro falar o que acho e provocar reações do que calar e engolir, me entupir de lixo anímico. Pago um bom preço por ser o que sou. E cada vez mais sou uma mulher que como Isadora Duncan tem como lema:  "Sans Limits".

Se vou morrer plenamente, viverei plenamente!

M.V.: Obrigado e sucesso

C.A.: Adorei suas perguntas.

M.V.: Obrigado pelo elogio e por sua atenção. Grande beijo. 


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