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IVANN WILLIG - RESPONDE ÀS 7 PERGUNTAS CAPITAIS

Ivann, nascido em 27 de junho de 1970, é gaúcho de Cachoeira do Sul. Mora no Rio de Janeiro há mais de 30 anos. É formado em duas faculdades: Artes Cênicas (UNI-RIO) e Cinema (UNESA). É também formado como Comissário de Bordo, mas exerce a profissão de caracterizador assistente em novelas da Globo. 

Dirigiu os curtas "Elas Preferem Jiló", "Na Hora de Dizer Sim...", "A Idade da Inocência" (com Marcos Caruso e Roberto Bomfim) e "Escolhas". Escreveu o livro "Grades do Preconceito" e trabalha como jurado em alguns festivais de cinema do nordeste. 

Vamos às 7 perguntas capitais:


1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte. Quando nasceu sua paixão pelo cinema? 

I.W.: O cinema "nasceu em mim" quando eu tinha exatos 5 anos, em 1975. Meu pai me levou, junto com meu irmão de 9 anos, e nos largou sozinhos na sessão. A cidade, Santiago do Sul (RS), era pequena, só tinha dois cinemas na cidade e os dois eram pulguentos...(risos). Seria o primeiro filme da minha vida. O impacto foi gigantesco. Na tela, passou, diante dos meus olhos estupefatos, "Tubarão", de Steven Spielberg.  Fiquei tão chocado, maravilhado, apavorado... acabei sonhando que tinha um tubarão embaixo da minha cama.  Acordei toda a casa aos gritos. Desde então, ir ao cinema passou a ser o que acontecia de mais intenso na minha infância.  

M.V.: E, curiosamente, foi "Tubarão" o filme que mais revi na vida. São 247 vezes até aqui.

2) Tyler Durden disse em Clube da Luta: "As coisas que você possui acabam possuindo você". Ser colecionador é algo que se encaixa neste conceito, já que você se torna escravo do colecionismo. Coleciona filmes, CDs ou algo relacionado à 7ª arte? 

I.W.: Mesmo eu sendo um cinéfilo inveterado, não coleciono nada. Tenho apenas dois DVDs em casa. Justamente os dois que mais assisti na vida: Titanic (34 vezes) e Thelma & Louise (84 vezes). Em contrapartida, desde 1985, anoto em fichários todos os filmes que vejo. Faço críticas e anotações variadas de cada um. Já são mais de 4 mil filmes.

Uma média de 100 por ano no cinema e 150 em casa. Nessas anotações, acabei criando um prêmio onde eu elejo os melhores e piores do ano em 20 categorias. Adoro fazer esse tipo de lista. Eleger os melhores é comigo mesmo.

M.V.: Acho o máximo esta obsessão que os cinéfilos desenvolvem por certos filmes.

3) É diretor de cinema, assistente de direção, roteirista, produtor, faz caracterização de elenco, é critico de cinema, escreve para blog... Quais elementos do seu percurso profissional te motivam a permanecer engajado com o cinema?

I.W.: Realmente já tive um blog de cinema onde eu fazia críticas do filme favorito de cada amigo meu e ainda entrevistava alguns famosos em relação às preferências cinematográficas de cada um.  Já escrevi críticas por um ano, num site de Portugal, e mais um ano num site de Los Angeles. 

Atualmente estou escrevendo para outro site de Portugal. Paralelo a isso, dirijo meus curtas. Que máximo que você tenha gostado do meu filme "Escolhas". Realmente, as atuações estão incríveis. Carolina Kasting e Tuna Dwek dão um show. Realizar a filmagem deste curta me realizou profundamente e sinto que muitas alegrias virão através deste filme.

Mas o que mais me emociona em fazer cinema é perceber que o cinema só é feito por meio da coletividade. E eu fui muito ajudado por todos os profissionais envolvidos. Fizemos juntos um trabalho que precisou de muito esforço de todos. Foram 3 dias de filmagem, imersos numa fazenda imperial, sem internet, onde filmamos um total de 37 horas. Ficamos todos cansados, mas ninguém se queixava. 

A fotografia do paraibano Kennel Rógis ficou um deslumbre. O som de Raphael Facundo é perfeito. Não posso deixar de mencionar a grande ajuda da produtora Janine Bastos que, desde o início, arregaçou as mangas e fez tudo funcionar. Até minha irmã Luana fez por onde. É o espírito de coletividade que tanto gosto de salientar.

4) "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.". Considerando a reflexão, há alguma experiência em sua vida dedicada à arte que foi especialmente marcante?

I.W.: Preciso falar de mais de um momento. No primeiro filme que trabalhei ("Cidade dos Homens"), meu chefe me mandou passar óleo no rosto e nos braços de uns 50 figurantes, o mais rápido possível. Enfileirei todos e lá fui às pressas, querendo mostrar competência. Depois do vigésimo, pedi para o figurante levantar o outro braço e ele disse que não iria fazer isso. 

Insisti e ele continuou se negando, até que eu fui enfático: "Anda logo, tenho pressa, me dá o outro braço", e ele deu um grito chamando a atenção de todos: "Eu não posso, eu não tenho". Só então percebi que ele só tinha um braço. Participar dos dois Tropa de Elite foi como pressentir a cada tomada que estávamos diante de obras-primas.

M.V.: Tropa de Elite 1 e 2 são filmes perfeitos. Capitão Nascimento é um dos grandes personagens do cinema mundial, ao lado de tantos outros icônicos.

I.W.: Verdade. E, por fim, com o meu terceiro curta, tive o privilégio de ser indicado num festival em Los Angeles. Acabei tendo uma experiência surreal, diferente de tudo que presenciara no mundo cinematográfico: participar de tapete vermelho e dar entrevistas, tendo um filme sendo exibido em Hollywood, tornou a experiência muito inusitada e grandiosa, pois lá, eles valorizam demais cada realizador.

5) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes de sua vida? Um Top 10 ou mesmo, o filme mais importante? 

I.W.: Adoro essa pergunta. Adoro fazer listas... então lá vai, em ordem de preferência, os 10 melhores filmes da minha vida: Thelma & Louise (1991), Titanic (1997) — eu sei que muita gente faz cara feia quando falo deste filme, mas eu assumo, é o meu número 2 mesmo, A Lista de Schindler (1993), Tomates Verdes Fritos (1991), A Casa dos Espíritos (1993), O Nome da Rosa (1986), O Piano (1993), O Segredo de Brokeback Mountain (2005), Em Algum Lugar do Passado (1980), As Pontes de Madison (1995).

M.V.: Existe certo preconceito com o filme, que é a segunda produção mais vista na história, o que já representa uma incoerência. Muitos, inclusive eu, assistiram no mínimo 5 vezes nos cinemas. Ônibus eram fretados para que pessoas de cidades sem cinema pudessem assistir nas cidades mais próximas. Enfim, é uma idiotice ter preconceito com o filme. Ele está na lista dos filmes da minha vida. Assisti inúmeras vezes, e tenho inclusive uma réplica do colar...

6) Fale um pouco sobre os seus próximos projetos. 

I.W.: Estou desenvolvendo o roteiro de um longa, baseado no livro que escrevi "Grades do Preconceito", mas é bem provável que eu faça mais alguns curtas antes disso. Tenho mais 4 roteiros prontos.

7) Ao olhar para sua trajetória, qual aprendizado considera mais valioso e gostaria de compartilhar?

I.W.: A mensagem que eu gostaria de deixar através da arte é sobre o perdão. Sempre acredito que o perdão fortalece o amor, mas em relação a projetos e sonhos, sempre reforço minha crença: "eu deixo os sonhos para a hora de dormir." Acordado... eu realizo.

M.V.: Abração, amigo. Sucesso.

I.W.: Grande abraço, meu querido. Saiba que foi muito prazeroso responder tudo.

M.V.: Obrigado.



 

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