PURY - RESPONDE ÀS 7 PERGUNTAS CAPITAIS
Sebastião Rocha Reis, mais conhecido como Pury, nasceu em Cataguases no dia 10 de janeiro de 1944. Desde 1986, reside em Juiz de Fora, onde consolidou uma carreira marcada pela atuação na fotografia de estúdio e industrial, além de uma produção artística que começou com desenhos e se expandiu para pinturas, esculturas e assemblagens. Ao longo de sua vida profissional, trabalhou na Marinha do Brasil, em montadoras de automóveis e em agências de publicidade.
Em Juiz de Fora, teve um papel de destaque na área da saúde mental, coordenando por quase 25 anos a Oficina Terapêutica de Artes no Centro de Atenção Psicossocial da Secretaria de Saúde. Sua obra já foi exibida em diversas partes do Brasil e também em países como Portugal, Chile, Estados Unidos e Uruguai.
1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema: os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Conte-nos um pouco sobre como é sua relação com a 7ª arte. Quando nasceu sua paixão pelo cinema?
P.: Quando eu tinha seis anos, num cinema de "taboa", um barracão em Cataguases, comecei a assistir seriados do Capitão Marvel, Super Homem, Rock Lane e os grandes filmes da Metro e Fox. Naquela época, já pegava pontas de filmes para colecionar; talvez por isso eu seja fotógrafo.
2) Tyler Durden disse em Clube da Luta: "As coisas que você possui acabam possuindo você". Ser colecionador é algo que se encaixa neste conceito, já que você se torna escravo do colecionismo. Você coleciona filmes, CDs ou algo relacionado à 7ª arte?
P.: Sim, tenho algumas relíquias; infelizmente, são poucas. Tive muito material em VHS e ainda possuo alguns em Laser Disc.
3) Sendo um fã declarado do gênio Buster Keaton (tendo inclusive a filmografia completa dele em Laser Disc), o que exatamente te levou a mergulhar tão profundamente na obra dele?
P.: O que me atrai no Buster é sua capacidade de inovar e criar seus personagens e roteiros. Ele é muito atual. Vários grandes nomes do cinema seguiram as ideias dele para fazer filmes que foram grandes sucessos. E mais: nunca riu em nenhum filme. Não usava dublês e utilizava alternativas incríveis para criar as cenas mais difíceis numa época em que os recursos eram muito limitados. Ele era “pt e saudação”.
Para onde eu olhasse, eu via arte... por isso sempre fui respeitado e incentivado. Há inúmeros escritores nos mais diversos estilos, como Ronaldo Werneck e Luiz Ruffato; além da Revista Verde, que está comemorando 90 anos, teve como seus criadores Ascânio Lopes e Rosário Fusco, com quem tive o prazer de conviver. Talvez seja difícil destacar uma experiência apenas, já que convivi com a arte de forma intensa.
5) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes da sua vida? Um Top 10 ou mesmo o filme mais importante?
P.: Sim! Vamos lá: Encouraçado Potemkin, O Grande Ditador, Morte em Veneza, O Incidente, O Anjo Exterminador, Teorema, Evangelho Segundo São Mateus, Fanny e Alexander, Cantando na Chuva; além de todos os filmes do expressionismo alemão e todos os filmes do Humberto Mauro e Fernando Peixoto...
6) Fale um pouco sobre os seus próximos projetos. Você nunca pensou em fazer alguma exposição relacionada ao cinema?
P.: Como disse antes, sempre estive envolvido com arte, ora através da fotografia, ora através do teatro ou cinema, mas principalmente pelas artes plásticas. Sempre pintei; ultimamente venho me dedicando mais às esculturas: objetos, oratórios e assemblagens. Meu trabalho tem muito a ver com cinema; para executar as esculturas a partir da primeira ideia, sigo um roteiro como se fosse um verdadeiro storyboard.
Durante cerca de 30 anos, fui também responsável pela oficina terapêutica de arte no CAPS CASAVIVA – Centro de Atenção Psicossocial pela Secretaria Municipal de Saúde em Juiz de Fora; esse trabalho promove a reinserção social de pessoas com sofrimento mental severo.
Desde a década de 70 (século passado...), venho fazendo exposições coletivas e individuais por várias regiões do país, tanto com fotografia quanto com pinturas e esculturas, mais recentemente estive expondo no Centro Cultural do SESI em Mariana/MG. Em novembro/17, estarei expondo em Tiradentes, no Centro Cultural Yves Alves.
7) Ao olhar para sua trajetória, qual aprendizado considera mais valioso e gostaria de compartilhar?
P.: A arte, seja ela qual for, deve ser respeitada. Ela é sempre fruto de muito suor, persistência e empenho.
Dê sua opinião, mas sempre com respeito.
E sempre leia, se informe, busque conhecimento, não só sobre a arte, mas em geral. A informação, o conhecimento e a busca de novos conteúdos são os eternos alimentos para qualquer produção artística.
M.V.: Obrigado amigo. Sucesso para você.