ALBERT PYUN - RESPONDE ÀS 7 PERGUNTAS CAPITAIS
Albert Pyun nasceu em 19 de maio de 1953 em San Diego, Califórnia, EUA. Ele foi para a escola em Kailua, uma pequena cidade localizada no lado de barlavento de Oahu. Os primeiros filmes de 8 mm e 16 mm de Pyun foram feitos em Kailua e ele acredita que viver em países estrangeiros e crescer no Havaí como fortes influências em seu estilo de fazer filmes. Anos depois, convidado por um dos mais populares atores japoneses de todos os tempos, Toshiro Mifune, para estagiar no Japão. O resto é história...
No final de 2013, Pyun anunciou que tinha esclerose múltipla. Em março de 2014, sua saúde havia melhorado o suficiente para que ele filmasse The Interrogation of Cheryl Cooper. Em 2017, ele também tinha demência. No entanto, Albert buscou financiamento para projetos até 2018.
Ele continua sendo lembrado por filmes como Cyborg: O Dragão do Futuro (1989) e Capitão América (1990).
E hoje, com vocês, Albert Pyun
Boa sessão:
1) “Ninguém vai bater mais forte do que a vida. Não importa como você bate e sim o quanto aguenta apanhar e continuar lutando; o quanto pode suportar e seguir em frente. Assim é a vida.” disse Rocky Balboa. O caminho até o eventual sucesso não é fácil, principalmente na concorrida Indústria Cinematográfica. Conte como foi seu início de carreira.
A.P.: Eu comecei a trabalhar em empresas de comerciais em Honolulu quando eu ainda estava na faculdade. Mas fiz filmes caseiros com apenas 10 anos. Eu tinha certeza que seria capaz de dirigir um filme. E se eu conseguisse, e ele passasse no meu cinema favorito no Havaí, eu estaria realizado. Não pensei que iria além disto.
E como cinéfilo, eu tentava assistir a todo tipo de filme, principalmente produções asiáticas que eram populares no Havaí. Fui pegando gosto... Meu estilo foi influenciado por obras de Jean-Luc Godard, Buñuel, Leone, ainda que os filmes em si, nada tem a ver com estes diretores. Eles faziam um cinema fora do convencional e isto me inspirava.
2) Há alguma experiência em sua vida dedicada à arte que foi especialmente marcante?
A.P.: Ahh, há tantas experiências, mas provavelmente receber o financiamento para meu primeiro filme em Hollywood em 1981.
3) Fazer cinema envolve muitas variáveis. Esforço, investimento, paixão, talento... E a sinergia destes elementos faz o resultado. Qual trabalho em sua carreira considera o melhor?
A.P.: Eu acho que Jogo de Assassinos (1997) é o meu mais completo, mas Morte Anunciada (1998), Down Twisted (1987), Left for Dead (2007), Road to hell (2008) e o Interrogatório de Cheryl Cooper (2014) são os que mais me orgulho.
M.V.: Também gosto demais de Jogo de Assassinos (1997). Christopher Lambert era um dos meus atores preferidos na época. Mas confesso que Cyborg: O Dragão do Futuro é de longe, um dos filmes que mais revi na vida.
4) O filme "Cyborg: O Dragão do Futuro" se tornou um cult movie com o tempo. Ele foi um dos mais marcantes filmes do ator Jean-Claude Van Damme. Como foi dirigir uma produção tão icônica?
A.P.: Sobre Cyborg? Eu não consigo lembrar muito mais agora por conta da demência. Aliás, não lembro nada para ser sincero. Pode ser que amanhã eu lembre em detalhes. Sofre uma variância. Posso dizer apenas que trabalhar na Cannon foi louco. Eles tinham cronogramas rígidos, filmes saindo com entusiasmo.
Foi uma grata experiência num estúdio com volume, mesmo que não possamos chamar de grande. E aí ele começou a quebrar e o entusiasmo acabou. Mas posso dizer que em Cyborg, sua mise-en-scène foi totalmente inspirado em Leone.
5) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes de sua vida? Um Top 10 ou mesmo, o filme mais importante?
A.P.: Por um Punhado de Dólares, Incompreendidos, 2001 - Uma Odisseia no Espaço, Os Três Mosqueteiros, Um Homem de Sorte, 007 Contra o Satânico Dr. No. Mas Jesus Cristo Superstar eu revia sem parar.
Gosto de Comboio do Medo, A Trama, A Morte de um Bookmaker Chinês e Tempestade (Mazursky). Recentemente eu assisti à versão RoadShow (tipo um drive-in itinerante) de A Cruzada de 2005. Foi um filme soberbo. E da mesma forma, Sucker Punch.
6) Agora vamos falar de futuro. Tem projetos engatilhados? Como está lidando com seu problema de saúde e dirigindo ao mesmo tempo?
A.P.: Eu tenho um grande: "Interstellar Civil War". Sairá em breve. Terminei os últimos ajustes recentemente. A minha demência realmente afetou o tom do filme e a edição. Esta doença tornou o pensamento linear impossível. Portanto, o filme possui uma qualidade artística muito mais simples.
Meu cérebro funciona agora com altos e baixos. Então, isso foi traduzido para o filme de forma honesta. Também teve uma grande influência no script. Alguns rascunhos eram muito obscuros e pessimistas. Mas a minha parceira e esposa, Cynthia, rejeitou algumas partes, sugerindo uma realidade mais esperançosa. Cada dia foi uma luta. Às vezes eu tinha ataques quando editava. Eu recuperava a consciência horas depois e não tinha ideia do que estava fazendo.
M.V.: As imagens são lindas. Quais foram as influências mais fortes na produção?
A.P.: Duna de David Lynch, Cruzada de Ridley Scott e talvez O Leão no Inverno de Anthony Harvey. Por incrível que pareça (isto pode irritar os fãs), mas vendo "Star Wars: O Despertar da Força" e "Rogue One: Uma História Star Wars", eu pensei que era exatamente este tipo de filme que eu não queria fazer.
7) Para finalizar, deixe uma lição ou dica para os que pretendem se tornar cineastas.
A.P.: Uma grande lição: nunca desista.
M.V.: Muito obrigado pela sua atenção, meu amigo. A gente se vê nos filmes.
A.P.: Obrigado, Marcus.