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CARL GOTTLIEB - RESPONDE ÀS 7 PERGUNTAS CAPITAIS

Carl Gottlieb é um roteirista americano, ator, comediante e executivo nascido em 18 de março de 1938. Ele é provavelmente mais conhecido por roteirizar junto com Peter Benchley o filme "Tubarão" e suas duas primeiras sequências, além de dirigir o cult de 1981, de baixo orçamento "Homem das Cavernas" com o beatle Ringo Starr.

Gottlieb estudou teatro na Universidade de Syracuse, onde fez amizade com o ator Larry Hankin. Depois de se formar, ele foi convocado para o Exército, servindo como enterteiner na divisão de Serviços Especiais de 1961 a 1963. Ele começou a escrever comédia para a TV, contribuindo para The Smothers Brothers Comedy Hour, pelo qual ganhou um Emmy Award em 1969.

Tubarão é um daqueles filmes que moldaram a história. Custou 9 milhões, rendeu quase 500 (em 1975 !!!) e acumula recordes até hoje. Foi o filme que catapultou Spielberg e é o filme que mais assisti na vida (mais de 250 vezes até aqui). Então esta talvez seja minha entrevista mais pessoal.


E hoje com vocês, Carl Gottlieb.

Boa sessão:

1) "A vida é como uma caixa de chocolates, você nunca sabe o que vai encontrar..." diria Forrest Gump. Quais caminhos te levaram a ser roteirista?

C.G.: Como muitas pessoas, eu mergulhei nisso como resultado de outros textos que estava fazendo na época. Eu estava em Hollywood, escrevendo e atuando em televisão com variedades. Eu tinha amigos no ramo do cinema, e um deles (Steven Spielberg) me pediu para olhar para um roteiro que ele estava preparando.

Eu tinha sido pago para escrever vários roteiros na época, então o modelo não era novo para mim. "Tubarão" era interessante, havia uma ponta para eu atuar, então aceitei o trabalho a curto prazo, e o resto apenas fluiu. Eu não tive uma "luz" sobre o filme e como seria um sucesso, apenas uma coisa levou a outra, e eu era sabia o que estava fazendo.

2) Conte, com mais detalhes, como você se envolveu no roteiro de “Tubarão”.

C.G.: Steven me enviou o roteiro de Howard Sackler para ler. Ele também me queria no filme como Meadows. Steven me queria para improvisar um pouco de humor, fornecer algum naturalismo e ajudar as pessoas da cidade que ele estava lançando no filme. Quando eu soube que iria me envolver no filme, li o livro e achei que era uma boa leitura para entreter num dia na praia.

Achei que roteiro de Sackler melhorou o livro em algumas áreas, mas foi deficiente em outras. Eu tive muitos pensamentos sobre como consertar o roteiro e os coloquei em um memorando que Steven deu aos produtores. Todos nos sentamos e conversamos. Eu recebi o mínimo do escritor com uma garantia de uma semana. Transformou-se em doze semanas!

3) Eu assisti "Tubarão" mais de 250 vezes, (acredito que é um recorde). É um dos filmes da minha vida e por isto, nossa entrevista é tão pessoal. Qual foi a cena que mais gostou de escrever?

C.G.: Eu costumo favorecer cenas que são longas no diálogo: aquela Sra. Kintner na praia, ou depois de matarem o tubarão errado, aquela do confronto entre Hooper e o Prefeito Vaughn no local do outdoor, e claro, a cena abaixo no convés da Orca na qual os homens comparam cicatrizes e na sequência, Quint fala o memorável monólogo “Indianópolis”.

Mas cara, 250 vezes? Você gostou mesmo do filme...

M.V.: Demais...


4) Ficou impressionado com o magnetismo entre Richard Dreyfuss, Roy Scheider e Robert Shaw? Eu acho que é um dos melhores elencos de todos os tempos.

C.G.: Um dos milagres do filme é que a química entre os atores principais se adequava à química entre os personagens fictícios. Eles tinham algumas das mesmas peculiaridades e desde que eu estava escrevendo para esses atores específicos eu estava escrevendo atitudes que já estavam meio no lugar.

Eu poderia amplificá-las e escrever para os pontos fortes dos atores. A grande química dos atores é um daqueles acidentes inefáveis ​​que você realmente não pode controlar. Você espera e reza para que isso aconteça e no "Tubarão" tivemos esta sorte.

5) Como foi a experiência de fazer o Tubarão 2? Foi o mesmo entusiasmo?

C.G.: Eles se meteram em problemas para escrever as sequências e me ligaram. Eu estava feliz em fazê-las e me pagaram bastante. Eu acho que fiz um trabalho muito profissional, dado o que eu tinha para trabalhar. O Tubarão 2 foi em seu tempo uma das sequências de maior sucesso do cinema e eu estou muito orgulhoso disso.

O truque de ter as crianças em veleiros foi uma ótima ideia e fiquei muito feliz porque eu tive esta luz! Lembro-me de Scheider odiar ter que fazer o filme, mas ele era o único ator que tinha uma cláusula de sequência em seu contrato.

M.V.: Bom, acho que o filme foi, de fato, um acerto. E bem distante das continuações que viriam...

6) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes de sua vida? Um Top 10 ou mesmo, o filme mais importante?

C.G.: Bom, eu não assisto a muitos filmes, mas certamente, não colocaria nenhum filme meu numa lista. Soaria tendencioso. De qualquer forma, não sou adepto a listas.

7) Para finalizar, deixe uma lição ou dica para os que pretendem se tornar roteiristas.

C.G.: Atenção caros roteiristas: você ficará desapontado, desencantado e frustrado por toda a sua carreira, mesmo que tenha a sorte de realmente ter um roteiro produzido. Suas chances de ter mais de um filme são pequenas, apesar de seus talentos e habilidades.

E provavelmente, você estará simplesmente desempregado como escritor muito mais do que trabalhará, a menos que encontre o caminho para uma série televisiva de sucesso, que é onde o melhor trabalho está sendo feito atualmente.

Há menos de 650 escritores em toda a América do Norte que realmente ganham dinheiro escrevendo roteiros, produzidos ou não. A melhor escrita dramática e cômica que está sendo feita hoje é na televisão, não na telona. Pode-se supor que seja porque na televisão, o escritor é rei.

Nos filmes, por razões históricas que nada têm a ver com talento, o diretor é Deus-Rei, e isso pode ter alguma relação com a falta de reconhecimento. Diretores não são autores, Autores são Auteurs (procure em seu dicionário). Os diretores são os artistas indispensáveis ​​que dão vida ao roteiro, são os colaboradores mais importantes no processo de criação de filmes e são “artistas de interpretação”, como maestros de orquestra.

Os escritores são "artistas da criação original", sem eles não há nada. Alguns dos melhores filmes foram feitos por escritores e diretores trabalhando juntos para realizar uma visão comum.

M.V.: Obrigado. Foi uma honra. 



 

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