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STRANGER FANS: A DÉCADA DE 80 NO UNIVERSO DA SÉRIE STRANGER THINGS (2019) - BOOK REVIEW

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O hype em torno dos anos 80 é quase inexplicável. Não que a década não merece atenção, muito pelo contrário. Mas quem viveu naqueles dias, principalmente adolescência, e vive hoje o reconhecimento de coisas ditas como bregas, ruins, problemáticas é um susto. 

De repente, parece que o chocolate Surpresa é o melhor do planeta; que o ator Sylvester Stallone teria que ter vencido o Oscar por Creed por ser um grande ator; que o Batman de Tim Burton não tem defeitos; que os políticos daquela época eram melhores; que os brinquedos eram mais divertidos; que os filmes da Sessão da tarde eram os mais legais do mundo; enfim endeusando uma década de forma quase incompreensível. Até o Atari, que foi um dos primeiros degraus na evolução dos games, parece ter voltado à tona e trazido consigo megadrive, nintendo e outros mais.


Somos uma geração sem peso na história. Sem propósito ou lugar. Não temos uma Guerra Mundial. Não temos a Grande Depressão. Nossa Guerra é a espiritual. Nossa Depressão, são nossas vidas. Fomos criados através da TV para acreditar que um dia seríamos milionários e estrelas de cinema. Mas não somos ...
Tyler Durden

Mas se por um lado rola esta incompreensão, por outro, nós oitentistas, nos vivemos no meio de uma geração que parece não ter vindo para marcar  e que persiste em trazer de volta os ícones dos anos 80, e nós, certamente, agradecemos, afinal o saudosismo impera para qualquer geração.


Este hype é, digamos contagioso. Grandes distribuidoras de dvd já aderiram à reinserção daquelas filmes "icônicos" no mercado nacional de DVD. Numa de suas mais importantes coleções, a Obras primas do cinema lança com frequência um box chamado "Sessão anos 80", atualmente no volume 7. A Versátil criou uma coleção chamada Slashers, dedicada, basicamente, a filmes de serial killers dos anos 80. Até a Classicline, conhecida pelos sempre excelentes clássicos lançados mês a mês, também tem apostado em filmes dos anos 80 no seu repertório mensal.

Dito isto, um dos produtos de maior sucesso na atualidade é a série Stranger things. Eu mesmo sou um que devora a série assim que é lançada na Netflix, e inclusive, já revi. 


Coisas estranhas

A série, logicamente se passa nos anos 80 e sempre que pode, homenageia e faz referências a itens, músicas ou filmes da época. Nomes como Spielberg, Stephen King e John Carpenter pipocam nas telas. Algumas vezes explícitas outras só para fãs extremamente observadores, como a paleta de cores usadas na visão do céu do mundo invertido é a mesma de uma das principais aparições das naves alienígenas em "Contatos imediatos de terceiro grau".

A primeira temporada foi disponibilizada pela Netflix em 15 de julho de 2016 e contém oito episódios, sob roteiro e direção dos irmãos Matt e Ross Duffer e produção de Shawn Levy. A segunda foi lançada em 27 de outubro de 2017. A terceira veio em 4 de julho de 2019. A quarta será em algum lugar do futuro (ou passado, dependendo de quando ler este texto).


Ponto de partida da série

Quando Will (Noah Schnapp), um menino de doze anos, desaparece misteriosamente, o xerife Jim Hopper (David Harbour) inicia uma operação para encontrá-lo. Enquanto isso, Mike (Finn Wolfhard), Dustin (Gaten Matarazzo) e Lucas (Caleb McLaughlin), melhores amigos do garoto, decidem procurar Will por conta própria. Mas as investigações acabam os levando a experimentos secretos do governo e a uma peculiar menina perdida na floresta. 

As referências aos anos 80 começam na abertura, inspirada no trabalho de Richard Greenberg, criador de diversas aberturas icônicas como Alien, Superman, Os Goonies e Viagens Alucinantes. Todos os testes das crianças foram feitos com diálogos do filme Conta Comigo.


80's

Como era de se esperar, literaturas sobre a série iriam ficar de fora. Mas nada nos preparou para o lançamento da Darkside Books. Escrito por Joseph Vogel é uma belíssima homenagem à série e aos anos em que ela se situa. O livro nos mostra detalhes da década que se tornou um terreno a ser explorado pela cultura pop atual. O autor, que como nós, foi capturado pelo clima da série desde sua abertura, traçou um retrato detalhado das inspirações por traz das referências mostradas em Stranger things. Entre as muitas curiosidades desvendadas por Joseph Vogel estão os videogames na casa de fliperamas Palace Arcade e como eles transformaram a cultura jovem nos anos 1980, os paralelos com E.T.: O Extraterrestre, o contexto por trás de Dungeons & Dragons, como surgiram as caixinhas de leite com anúncios de crianças desaparecidas, os filmes e livros mais importantes para a série e muitas outras coisas que todo fã vai adorar saber.


O livro

O universo oitentista vive. É fato. Até quando não sabemos. Grandes retomadas da época já dão sinais de esgotamento. Veja como foi o novo Rambo nas bilheterias ou a desconfiança em torno do novo Exterminador do futuro. A própria série Stranger things, que vai para a quarta temporada, caminha para o fim. Por isto precisamos aproveitar este momento ao máximo. E o livro de Vogel é uma nostálgica volta ao passado. No livro ele traça um paralelo entre o moderno e o nostálgico, mostrando como a série tenta capturar, usando a melhor tecnologia possível, a memória afetiva dos telespectadores. O objetivo é recriar as imperfeições da forma mais perfeita possível.

O autor dedica também capítulos às principais referências do filme. A primeira delas, evidentemente, Stephen King. Ele fala um pouco de filmes como Conta comigo, It- a coisa além de decorrer sobre a obra de King e os principais motivos para lê-lo. Da mesma forma, ele dedica uma parte ao grande narrador visual dos anos 80: Steven Spielberg, falando principalmente de filmes como E..T, Tubarão, Contatos imediatos de 3º grau, Indiana Jones e Jurassic Park, além de produções do midas como Poltergeist, Goonies e Gremlins, estabelecendo as referências usadas na série.



Vogel (e a série) explora também alguns dos filmes icônicos dos anos 80 como Star Wars, Caça-fantasmas, Clube dos cinco, Alien e  ... John Carpenter. O autor tem sacadas geniais como dedicar um capítulo às bicicletas, o cadillac das crianças dos anos 80. Eu inclusive fiz um post com filmes em que aconteciam cenas de jovens de bikes e como aquilo representava fortemente aqueles anos (clique aqui e confira). As bicicletas eram sinônimas de ser "descolado". Era como dar uma identidade à criança. Uma das cenas mais representativas do cinema as envolve, mostrando jovens em fuga e quando não há mais escapatória, um certo Extraterrestre as faz voar.

Mas claro, nada disto existe sem um cenário político acontecendo e determinando teorias conspiratórias. A Era Regan fez história na história e nos cinemas.

Não há problema em não ser normal, não ser como todo mundo. Pode ser solitário, mas também pode tornar a vida mais interessante
Jonathan (Charlie Heaton)

Uma característica bem peculiar dos jovens dos anos 80 é que eram bem esquisitos. Muito mesmo. Não combinavam roupas, não tinham estilo, não sabiam conversar direito sobre nada, mas estava tudo bem Existia bullying com isto? Sem dúvidas. Mas no geral, era bem ok. 


O livro também propõe uma lista com filmes que gravávamos na época e um item nostálgico fabuloso na página 214: uma foto com filmes gravados em VHS como fazíamos naquele tempo, gravando em na velocidade EP para "caber" mais filmes. Eu confesso que meus olhos brilharam ...

Outro tema explorado pelo autor é a simbologia da série, mostrando o significado de diversos elementos explorados na série. Vogel também nos leva à referências reais de Stranger things como os casos das caixinhas de leite (com as fotos de crianças desaparecidas) e o caso de Montauk, que foi uma espécie de cruzamento de E.T. de Varginha com Área 51, só que dos anos 80. 

Como no filme "De volta para o futuro", o livro nos leva à uma viagem nostálgica ao passado, mas com uma diferença crucial. Marty Mcfly desejava voltar ao futuro. Mas ao ler o livro, tive a sensação de que se eu fosse, jamais voltaria. 


Joseph Vogel é um autor americano, estudioso e crítico da cultura popular. Ele é autor de vários livros. Ele  escreve sobre música, literatura, cinema e cultura pop. Seu aclamado livro de 2011, Man in the Music: A vida criativa e obra de Michael Jackson , foi descrito pela Associated Press como "uma leitura fascinante e realmente um item obrigatório para qualquer fã de Jackson". Até mesmo o cineasta Spike Lee disse que o livro decifra brilhantemente o DNA da arte de Michael Joseph Jackson. Em 2013, ele apontado como um dos jornalistas de música mais influentes nas mídias sociais.

 Stranger Fans é seu tributo à série de sucesso dos Irmãos Duffer, e mais um exemplo de livro de fã para fã da DarkSide® Books


Ficha Técnica

Título: Stranger Fans
Autor: Joseph Vogel
Tradutora: Flávia Gasi
Editora: DarkSide®
Edição: 1ª
Idioma: Português
Especificações: 304 páginas, capa dura (Limited Edition)
Dimensões: 23 x 23 cm




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