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MARCOS DEBRITO - RESPONDE ÀS 7 PERGUNTAS CAPITAIS



Marcos DeBrito, nascido em 18 de setembro de 1979, em Florianópolis, mudou-se para São Paulo em 1998 para estudar Cinema na FAAP, faculdade que cursou entre 1999 e 2003. Ele é cineasta, escritor best-seller e professor de direção e roteiro. Já produziu curtas e longas-metragens pelos quais foi premiado diversas vezes. Ficou conhecido do grande público com o lançamento, em 2015, do premiado longa de terror Condado Macabro, que ficou durante anos na programação da rede Telecine e no catálogo da Amazon Prime em diversos países. 

Seu último filme, As Almas que Dançam no Escuro, lançado em 2022, está sendo exibido em quase toda a América Latina. Na literatura, já vendeu mais de 100 mil exemplares só no Brasil, e seu livro Apocalipse Segundo Fausto foi finalista na premiação mais importante do país em 2021: o Prêmio Jabuti. 

Vamos às 7 perguntas capitais:


1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte. Quando nasceu sua paixão pelo cinema? 

M.deB.: Sou um apaixonado, tanto que nunca pensei em fazer outra coisa da vida além de escrever e dirigir filmes. Desde pequeno, eu soube o que iria cursar na faculdade e trabalhar quando adulto. Sempre frequentei o cinema, inclusive assistia a filmes que não eram para minha idade. Também vivi uma época de ouro dos filmes dos Trapalhões. Não acredito que eles tenham moldado minha forma de pensar cinema, mas serviram para mostrar que era possível viver disso no Brasil.


2) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes de sua vida? Um Top 10 ou mesmo, o filme mais importante? 

M.deB.: Não sei se conseguiria dizer apenas um. Tenho uma lista de favoritos, que sofre mudanças constantemente, na qual o primeiro lugar hoje é ocupado pelo Enter the Void, do Gaspar Noé. No entanto, não o considero o filme mais importante da minha vida. 

Os longas que me fizeram, de fato, querer ser um profissional da área foram Pulp Fiction, do Quentin Tarantino, e Estrada Perdida, do David Lynch. Ambos ocuparam o posto de primeiro por muito tempo, até perderem o lugar para Clube da Luta, do David Fincher.


3) "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.". Considerando a reflexão, há alguma experiência em sua vida dedicada à arte que foi especialmente marcante?

M.deB.: Todo set tem. No universo, que construímos cenários de ponta cabeça, tivemos gente quase despencando de cima, computador caindo na cabeça do diretor de fotografia... Mas no do Condado Macabro foi o que teve mais, por estarmos todos lá filmando por pouco mais de um mês: ator que pegou insolação, atriz que foi parar no hospital por ser alérgica a pimenta, dor de barriga fatal que não poupou nem as paredes de um dos quartos... Teve um caso que eu adoraria contar, mas ficará restrito às mentes de quem estava no set na hora de filmarmos a cena do strip. Sempre gargalho quando lembro.

M.V.: Aliás, sobre o ótimo Condado macabro, que venceu o concorrido festival de Fantaspoa em 2015, o que te levou ao projeto?

M.deB.: Obrigado! Condado Macabro foi um grito de desespero para o mercado, que não enxerga o terror com o mesmo cuidado que tem com as comédias ou filmes românticos. Fizemos sem grana, mas felizmente ganhamos o Proac de finalização depois e conseguimos a façanha de estrear comercialmente nos cinemas em 2015 e fazer parte da grade da rede Telecine. 

M.V.: Um feito, de fato.


4) Imagine o cenário: você é um diretor (de qualquer país) enquanto ele dirige um filme memorável. Qual realizador seria, o filme e claro… por quê?

M.deB.: Puxa... é difícil. Talvez Magnólia, do Paul Thomas Anderson. Acho a chuva de sapos uma das cenas mais belas da história do cinema. Mas tem um filme nacional que considero o melhor da nossa cinematografia. Lavoura Arcaica, do Luiz Fernando Carvalho. Gostaria de ter feito parte desse set para entender a mente do diretor na hora de algumas passagens. Acho este o filme mais bonito que o Brasil já fez.


5) Qual conselho deixaria para a geração que está começando na área? Quais são os erros mais comuns que um diretor iniciante deveria evitar?

M.deB.: Minha dica para os iniciantes é investir na carreira o máximo que puderem enquanto ainda são jovens. Ser um diretor velho sem currículo irá dificultar o acesso às verbas. Façam curtas-metragens, formem uma equipe de gente que quer crescer junto, participem de festivais, estudem bastante o tema que forem abordar e gastem dinheiro na sua formação como cineasta. 

Dificilmente alguém investirá em você e na sua ideia enquanto iniciante. É preciso mostrar suas qualidades para o mercado, e isso só irá acontecer com muita dedicação e filmes prontos. Pegue o equipamento que tiver à mão, chame os amigos e faça seu filme como der.


A vantagem do início é se permitir errar. É um estágio em que se pode arriscar mais e quebrar a cara, tornando tudo em aprendizado. Seria bom evitar erros técnicos, porque isso resulta em aumento de custo da produção ou em críticas ferrenhas ao trabalho pronto, mas acredito que faça parte de todo cineasta passar por isso. 

Agora, um comportamento muito comum aos iniciantes é achar que seu primeiro curta é uma obra-prima. Se ele ganha festival, ainda por cima, existe uma tendência de o diretor se tornar arrogante. Evite isso, pois será cobrado lá na frente. O mercado é pequeno e todos se conhecem de algum modo. Continue trabalhando, com humildade, porque ser cineasta é uma profissão como qualquer outra. Talvez até mais sofrida.


6) Fazer cinema envolve muitas variáveis. Esforço, investimento, paixão, talento... E a sinergia destes elementos faz o resultado. Qual trabalho em sua carreira considera o melhor?

M.deB.: O melhor? Não sei... Todos tiveram sua importância. Tenho um apego maior ao Universo, O.D. Overdose Digital e aos Apóstolos. Vejo muito de mim e do meu jeito de pensar nesses filmes. O vídeo sobre tela foi meu primeiro que ganhou Kikito em Gramado e foi meu primeiro curta em festivais, por isso minha dica de “não fique prepotente” (risos), portanto guardo um lugar especial para ele no coração. 

M.V.: Em contrapartida, tem algum arrependimento? Ou mesmo algum trabalho que faria diferente...

M.deB.: Não tenho arrependimento com nenhum. Gosto de todos os meus filmes. Condado Macabro, apesar de ser meu primeiro longa e o que mais atingiu pessoas mundo afora, é o que mais difere do meu verdadeiro estilo. Mas também já tenho outros projetos da mesma natureza pensados para o futuro.


7) Para finalizar, deixe uma frase ou pensamento envolvendo o cinema que representa você.

M.deB.: “I’ll be back.” Arnold Schwarzenegger

M.V.: Obrigado, amigo. Sucesso para você. 

 

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