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ERNESTO GASTALDI - RESPONDE ÀS 7 PERGUNTAS CAPITAIS

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Ernesto Gastaldi nasceu em 10 de setembro de 1934 em Graglia, na província de Biella, Piemonte. Gastaldi deixou seu emprego como escriturário no banco Sella em Biella para se mudar para Roma, onde foi admitido no Centro Sperimentale di Cinematografia.  Após se formar, Gastaldi teve problemas para encontrar trabalho. 

Em 1957, Gastaldi escreveu seu primeiro romance de ficção científica. A estreia de Gastaldi como roteirista e assistente de direção foi com o filme O Vampiro e a Bailarina de Renato Polselli.

Ele roteirizou a obra-prima Era uma Vez na América (1984), um Mario Bava (O Chicote e o Corpo de 1963), os giallos: O Estranho Vício da Sra. Wardh (1971) e Torso (1973), dentre muitos outros filmes importantes.

E hoje, com vocês, Ernesto Gastaldi.

Boa sessão:


1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Você é um apaixonado por cinema? Conte um pouco de como é sua relação com a 7ª arte.

E.G.: Quando eu tinha 6 ou 7 anos, costumava ir sozinho ao cinema porque morava em uma pequena cidade em Piemonte e meu pai era um guarda de trânsito, então eles me deixaram entrar de graça. Naquele momento, você entrava quando queria e podia ver o filme quantas vezes quisesse. Era tempo de guerra e, portanto, apenas filmes italianos eram exibidos: eu vi os filmes do grande Alessandro Blasetti por muitas vezes e sem imaginar que um dia nos tornaríamos amigos.

Lembro-me de que um de seus filmes me deixou perplexo. Foi "O Coração Manda". No começo do filme, havia um vendedor ambulante que tinha uma caixa de amostras de chocolates que foram comidas durante o filme, mas quando o filme começou de novo, a caixa estava cheia de novo (!!!)... Para minha cabeça infantil parecia algo impossível.


2) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes de sua vida? Um Top 10 ou mesmo, o filme mais importante?

E.G.: Escolho dois da minha filmografia: "A estrada que leva para longe" e Libido. O primeiro foi um filme amador que fiz com Peppo Sacchi (então Peppo abandonou o monopólio da televisão na Itália) e que escandalizou tanto o Festival Montecatini de 1955, que Alessandro Blasetti, presidente da Cinecittà e Ministro do Entretenimento, veio de Roma para rever o filme e foi minha chave para o Centro Sperimentale di Cinematografia em Roma; o segundo, "Libido", foi minha estreia na direção com minha esposa Mara Maryl e o até então desconhecido Giancarlo Giannini.

Mara Maryl , Giancarlo Giannini, Dominique Boschero, Alan Collins, Ernesto Gastaldi, Vittorio Salerno, Romolo Garrone e trabalhadores. Neno Brescini, eletricista chefe, foi quem tirou a foto.


3) Você escreveu os roteiros por anos. Adoro filmes como Keruak, O Exterminador de Aço (1986), Era uma Vez na América (1984), Trinity e Seus Companheiros (1975), Torso (1973), O Estranho Vício da Sra. Wardh (1971), O chicote e o Corpo (1963). Como foi trabalhar em filmes tão icônicos?

E.G.: Além de Sergio Leone, Tonino Valerii e às vezes Sergio Martino, eu geralmente não trabalhava com os diretores. Os roteiros eram escritos e pagos pelos produtores antes da escolha do diretor. A colaboração com Sergio Leone foi instrutiva: Sergio era obcecado por cinema, nunca pensou em mais nada, as sessões de roteiro começaram de manhã e terminavam à noite, por meses e meses.

Sergio nunca inventou nada, discutia o que eu havia inventado. Muitas vezes o convidei a ouvir o roteiro, e viver os vários estágios do seu progresso. Atores e diretores juntos, e eu espionando no rosto deles sinais de interesse ou tédio.
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4) Algumas profissões rendem histórias interessantes, curiosas e às vezes engraçadas. E certamente, quem trabalha com cinema, tem suas pérolas. Se lembra de alguma história divertida que tenha acontecido durante a execução de algum trabalho seu e que possa compartilhar?

E.G.: Com exceção de "A Garota do Chefe", a pedido de Sofia Loren, eu não estava acostumado a acompanhar os filmes nos sets: quando meu roteiro estava pronto, pois eu estava escrevendo outros e não tinha tempo. Existem várias histórias (que talvez nem me lembre mais) que estão contadas no livro "Voglio entrare nel cinema: storia di uno che ce l'ha fatta". Se puder, adquira. Vai responder a esta pergunta com mais propriedade.

Mas se eu puder dar um único exemplo, cito este da Loren, que aceitei o pedido para estar presente num ambiente que raras vezes eu estava.


5) Roteiristas costumam dedicar horas e horas dos seus dias para dar vida à história. Criar vidas, panos de fundo, personagens, personalidades, lares, relacionamentos. Enfim, dar vida a uma criação, a um mundo. Há algum trabalho que fez que não viu a luz do dia?

E.G.: Eu escrevi um roteiro para o Carlo Pont chamado: "O Terremoto em Messina" com a dupla Sofia Loren e Marcello Mastroianni. Por várias razões, o filme não foi feito, o projeto se arrastou por anos, envolveu a URSS, fui pago várias vezes e, no final, fiz um apenas um romance. É uma história trágica, quem sabe o que Luchino Visconti poderia ter feito, ou melhor ainda, minha amiga Gigi Magni!


6) Há uma frase do filme Na natureza Selvagem que é muito citada: “A felicidade só é verdadeira quando compartilhada.” Fazer cinema é uma profissão, mas é também uma forma de compartilhar o amor pela arte e até um pouco de si. Qual trabalho em sua carreira considera o melhor?

E.G.: No cinema tenho orgulho de tudo. Mas não vou falar da minha vida cinematográfica nesta pergunta, mas de uma história que tenho orgulho em particular. Aos 10 anos meu pai foi morto, minha mãe teve que ir trabalhar numa fábrica e estávamos com fome e pobres.

Fiz as tarefas domésticas e um dia vi minha mãe chorar, prometi a ela que compraria uma casa para ela com piscina. Ela riu chorando. Em 1970 inaugurei VILLA FORTUNINA no Circeo com parque e piscina (Fortunina era o nome dela) e gostei do espanto e do orgulho que ela sentiu de mim.

M.V.: Que bela história.


7) Para finalizar, deixe uma lição ou dica para os que pretendem se tornar roteiristas.

E.G.: Se você quiser enviar uma mensagem, não faça um filme, envie um telegrama.

M.V.: (Risos). Obrigado. Foi uma grande honra. 


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