Mick Garris é um diretor, roteirista, produtor e escritor renomado na indústria do cinema e da televisão, especialmente no gênero de terror. Nascido em Santa Monica, Califórnia, em 4 de dezembro de 1951, ele construiu uma carreira sólida ao longo das décadas.
Garris é conhecido por sua colaboração frequente com o autor Stephen King, adaptando várias de suas obras para a tela. Além de dirigir e escrever, Garris também é reconhecido por criar a série antológica de terror "Masters of Horror" (2005-2007), que reuniu renomados diretores do gênero e da série Fear Itself (2008-2009) da NBC. Ele também foi o apresentador do podcast "Post Mortem with Mick Garris" (2010-2016), onde entrevistou diversas personalidades do cinema de terror.
A paixão de Garris pelo gênero de terror é evidente em sua extensa filmografia, que inclui uma série de adaptações bem-sucedidas, produções originais e colaborações com diversos talentos do setor.
E hoje, com vocês, Mick Garris.
Boa sessão:
1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Você é um apaixonado por cinema? Conte um pouco de como é sua relação com a 7ª arte.
M.G.: É minha paixão, meu hobby, minha vocação. Eu me apaixonei por filmes desde muito cedo, e eles têm sido uma parte importante da minha vida desde então. Tudo começou com os filmes de terror da Universal e a série Além da Imaginação, além dos livros de Ray Bradbury e Richard Matheson.
2) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes de sua vida? Um Top 10 ou mesmo, o filme mais importante?
M.G.: Eu realmente não faço listas; assim como eu não acredito em prêmios como competições. Cinema e arte não são esportes competitivos. Mas como eu disse, os primeiros filmes da Universal foram uma grande influência. Hitchcock e Cronenberg significam muito para mim. Mas Preston Sturges e Guillermo del Toro também. E meus interesses vão muito além do gênero de terror, pode acreditar.

3) Como jornalista e crítico de cinema, fiz análises sobre alguns filmes que tiveram sua assinatura: Amazing stories, Criaturas 2, Sonâmbulos, O Iluminado e Dança da Morte. Você esteve envolvido no roteiro, produção e direção com diversos filmes de terror e ficção científica, incluindo muitas adaptações de Stephen King. Por que esse gênero é tão importante para você?
M.G.: Eu acho que você é mais capaz de expressar imaginação em gêneros baseados na realidade, mas também pode passar para o mundo dos sonhos, para o surreal, abraçando nossos medos e tornando-os vivos sem que eles sejam ameaçadores. Eu gosto de poder brincar de forma segura com a morte. E é importante poder compartilhar histórias com pessoas que não se sentem parte da sociedade, para abraçar o outro lado.

4) Algumas profissões rendem histórias interessantes, curiosas e às vezes engraçadas. E certamente, quem trabalha com cinema, tem suas pérolas. Se lembra de alguma história divertida que tenha acontecido durante a execução de algum trabalho seu e que possa compartilhar?
M.G.: Uau! Essa é uma pergunta muito geral. É tão ampla que não sei como responder.
M.V.: Como foi, por exemplo, trabalhar com Stephen King?
M.G.: Ele é o homem mais generosamente criativo que eu já conheci, e tenho muita sorte não apenas de ter trabalhado com ele, mas também de me tornar seu amigo. Não há experiência como essa.
5) Imagine o cenário: você é um diretor de cinema (de qualquer país) enquanto ele realiza um filme memorável. Qual seria o diretor, o filme e claro…, por quê?
M.G.: Hmmm... Também é uma pergunta difícil. Mas seria incrível estar envolvido no Psicose original. Embora eu tenha tido a sorte de dirigir o Psicose IV e trabalhar com Anthony Perkins e o diretor assistente de Hitchcock, Hilton Green, teria sido notável ter visto tudo isso como aconteceu.
E talvez, o filme tenha sido tão importante porque eu o vi Psicose em um cinema drive-in em Los Angeles quando eu tinha apenas sete ou oito anos de idade.
6) Fazer cinema envolve muitas variáveis. Esforço, investimento, paixão, talento... E a sinergia destes elementos faz o resultado. Qual trabalho em sua carreira considera o melhor? E há algum que se arrependeu? Ou mesmo faria diferente...
M.G.: Não há nada que me arrependa de ter feito. Não gosto de olhar para trás. Claro, tudo poderia ter sido melhor do que era; não existe perfeição nas artes, no que me diz respeito. Você faz o melhor trabalho possível nas circunstâncias oferecidas a você.
Mas meu filme "Montado na Bala", que escrevi, produzi e dirigi de forma independente, com base em um conto de Stephen King, é o mais pessoal. Acrescentei muito a ele da minha própria vida e tentei fazer algo emocional e evocativo sobre a perda de entes queridos, e o filme não teve sucesso. Não foi amplamente visto. Provavelmente não é o melhor filme que já fiz, mas é o que me sinto mais próximo.
M.V.: Curioso. De todos os filmes que fez, é o único que revi pouco.
7) Para finalizar, deixe uma frase ou pensamento envolvendo o cinema que representa você.
M.G.: Você gosta de fazer perguntas difíceis, hein? Mas, para mim, fazer filmes é cercar-se de pessoas ansiosas e talentosas, trabalhando juntas para contar uma história que envolverá o público, lhes trará sentimento, além de uma experiência memorável da qual farão parte.
M.V.: Obrigado amigo. Foi uma honra.