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KEOMA (1976) - FILM REVIEW

Anti-herói, mal humorado, assassino, sujo... Não há como ter simpatia por um personagem tão vil. Como ele mesmo afirma, faz para sobreviver. Porém Keoma está cansado de fazer da morte um meio de vida e retorna para seu lar. Mas sua cidade está totalmente destruída pela peste e sob o comando de um homem chamado Capitão Caldwell. Seus meios-irmãos Butch, Sam e Lenny trabalham para o Capitão e Keoma se vê sozinho contra todos eles. Agora ele está preso no meio de uma batalha selvagem entre inocentes colonos, bandidos sádicos e seus meios-irmãos.

Visto de hoje, é fácil mapear os acontecimentos de sua vida. Desde criança sofria preconceito e bullying pela sua própria família. Isto formou uma personalidade amargurada, triste e revoltada norteada pelo tratamento incompreensível recebido de quem deveria amá-lo. O filme propõe questionamentos incomuns para o gênero. Curiosamente, o enredo do filme foi improvisado ao mesmo tempo em que o filme era feito. O roteiro original da história foi escrito por Luigi Montefiori (também conhecido como George Eastman) e transformado em roteiro de Mino Roli e Nico Ducci , mas o diretor Enzo G. Castellari não gostou do que foi escrito pelos dois últimos. 

Castellari passou a reescrever o roteiro diariamente ao longo das filmagens, recebendo sugestões de membros do elenco e da equipe, além de ser influenciado pelas obras de Shakespeare e Sam Peckinpah, entre outras fontes. A maior parte do diálogo como aparece no filme foi escrito pelo ator John Loffredo , embora Nero também tenha contribuído com uma quantidade substancial de suas próprias falas, incluindo seu diálogo final. 

O resultado foi magistral.  O diretor Enzo G. Castellari afirmou que de todos os filmes que dirigiu, este é o seu favorito. Filmado em oito semanas e com Franco Nero usando peruca, Keoma tem uma trilha belíssima de Guido De Angelis e Maurizio De Angelis e voz de Sibyl Amarilli Mostert' e Cesare De Natale (e letras escritas por De Natale e Susan Duncan Smith).

Como podemos observar, Keoma é um lembrete de que o western italiano sempre foi formalmente mais intrigante do que seus críticos gostariam. Não que seja um erro endeusar os ângulos do Monument Valley extraídos das obras primas de John Ford. O erro foi desacreditar na vida fora daquele cinema. E o Western Spaghetti está ai para ser explorado, admirado e quem sabe conquistar um lugar ao Sol diante de obras americanas. Afinal, popular, sempre foi.

Yellowstone 

Lembrando um pouco a dinâmica da brilhante série da Paramount, Yellowstone,  Keoma foi pensado inicialmente como uma sequência de Django, de Sergio Corbucci, que Bolognini co-produziu. Nero foi chamado enquanto filmava "Pânico em Munique" por seu amigo de 

longa data Enzo G. Castellari e pelo produtor Manolo Bolognini sobre o filme, mesmo com o gênero em queda de popularidade. O nome Keoma vem de um índio nativo americano que, segundo Bolognini, significava 'liberdade' mas depois foi descoberto que não era este o significado.

A filmagem principal foi feita no Elios Studios em Roma, onde Corbucci já havia filmado Django. O set do estúdio precisava de reparos urgentes, o que tornou mais fácil para Castellari filmar, já que eles não precisavam consertar os sets, pois a cidade precisava daquele aspecto caótico. O filme também foi rodado em locações no Lago di Camposecco.

Ao final, entendemos como Keoma é um personagem trágico, crucificado por ser mestiço, com um mentor  (vivido por Woody Strode) que o ensinou que a cor não importa. Crucificado por ser vítima, mas que numa terra sem lei, puniu o mundo pelo seu sofrimento. E seu fim não poderia ter redenção. Neste contexto Keoma representa (erroneamente) liberdade, pois o melhor de sua vida viria só após a sua morte. 

E de fato, Keoma é crucificado no final da história. E como Jesus, pelo pecado dos outros. Seria o fim perfeito, mas por uma escolha criativa, Keoma "desce" da cruz, protagoniza uma cena apoteótica, e termina dizendo uma frase do livro The Cowboy and the Cossack, da amiga de Nero, Claire Huffaker: "um homem livre não morre jamais".

No caso de Keoma, apesar da frase de efeito, é apenas um longo caminho para perpetuar seu sofrimento, ódio e desamor, pois nem um filho lhe proporcionaria redenção.


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👉Informações:

Elenco: Franco Nero, Woody Strode, William Berger, Donald O'Brian, Olga Karlatos
Direção: Enzo G. Castellari
Produtor: Manolo Bolognini
Roteiro: Mino Roli, Nico Ducci, Luigi Montefiori
Fotografia: Aiace Parolin
Direção de Arte: Carlo Simi
Ano de produção: 1976
Pais de Produção: Itália
Cor: Colorido
Duração Aprox.: 100 min. aprox.
Idioma: Inglês, Português
Legendas: Português
Extras: Galeria de Fotos e Cartazes originais

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