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VINGADOR DO FUTURO (1990) - FILM REVIEW


Christophen Nolan é um dos diretores que melhor discute as nuances dos sonhos e percepções difusas da realidade. E muito do seu cinema vem da obra de Philip K. Dick, mais precisamente, Vingador do futuro.  E a grande sacada da adaptação cinematográfica é deixar o telespectador na dúvida até os momentos finais, da real linha temporal da história. Será que Douglas Quaid saiu de um transe ou entrou nele? 

Na trama, que se passa em 2084, Quaid (Arnold Schwarzenegger) é um construtor e tem pesadelos recorrentes envolvendo uma viagem a Marte. Ele vai até a Rekall Inc., uma empresa que realiza implantes de memória que dão a sensação aos clientes de terem um final de semana dos sonhos. A intenção de Douglas é que seja implantada a memória de uma viagem a Marte, mas durante o processo algo sai errado. Ele perde a memória e passa a ser perseguida por assassinos, entre eles sua esposa Lori (Sharon Stone). Desorientado, Douglas descobre que seu nome real pode ser outro e parte em busca de sua identidade, o que o leva para Marte.


O mais interessante da história é poder assista-la de dois pontos de vistas distintos: o primeiro, imaginando que todo o filme faça parte do implante de memória. O outro, ele já teria feito um implante, e passa todo o tempo tentando entender porque o fez e o que está fazendo-o acordar. O próprio diretor queria tornar o filme completamente ambíguo para que o público não soubesse, mesmo no final, se era tudo apenas um sonho. 

A argumentação usada pela empresa Rekall é bastante pertinente, afinal, o que torna seus momentos vividos reais? As lembranças. E muitas delas, após décadas, se apagam ou misturam com outras, fundindo às vezes, numa realidade quase alternativa, criando linhas temporais que não existiram. Isto acontece comigo, com você ou qualquer pessoa. E o que a empresa faz é implantar uma memória para sua mente acreditar que viveu aquela história.  No dia a dia, fazemos isto de graça. Quem nunca se enganou a ponto de acreditar na própria mentira e torná-la real? Eu já.


A pílula vermelha que o Dr. Edgemar tenta forçar Quaid a tomar e que ele afirma que lhe permitirá voltar à realidade foi posteriormente reutilizada em Matrix (1999), que Morpheus oferece a Neo duas pílulas de sua escolha, onde a pílula vermelha permite Neo deixe a Matrix.

Vingador do futuro foi dirigido pelo cineasta holandês Paul Verhoeven. Sua carreira foi dividida, basicamente, em 3 momentos, e esta obra faz parte da meia dúzia de sucessos comerciais que fizeram seu nome ganhar o mundo. 


Este filme não era destinado ao seu olhar, que é bastante característico, seja pela paleta de cores, seja pela constância de informes jornalísticos pontuando a história. Richard Rush foi contratado pelo produtor Dino De Laurentiis para ser o diretor de O Vingador do Futuro, mas desistiu do filme devido a discordâncias com o roteiro.

Bruce Beresford foi contratado para substituir Richard Rush, com Patrick Swayze sendo o protagonista. Entretanto logo no início da pré-produção a empresa do produtor Dino De Laurentiis faliu, o que cancelou o projeto. Foi quando Arnold Schwarzenegger convenceu a Carolco Pictures a adquirir os direitos, para que estrelasse o filme.


Quando Ronald Shusett e Dan O'Bannon começaram a trabalhar no roteiro deste filme na década de 1970, eles perceberam que o filme provavelmente seria muito caro e difícil de fazer (pelos padrões de efeitos especiais e orçamento da época). Eles atrasaram o trabalho na história e, em vez disso, trabalharam na ideia de O'Bannon sobre um monstro espacial aterrorizando a tripulação de uma nave espacial. Tornou-se Alien - O 8º Passageiro (1979).

O escritor Dan O'Bannon também teve um desentendimento com o diretor Verhoeven quando ele substituiu o humor satírico por violência extrema. No roteiro original, o humor negro era muito mais prevalente, mas quando Arnold Schwarzenegger subiu a bordo, Verhoeven reconheceu a necessidade de adaptar o roteiro aos talentos de Schwarzenegger.


Depois de adorar a interpretação de Sharon Stone como Lori neste filme, o diretor Paul Verhoeven a escalou-a para o filme Instinto Selvagem (1992) devido à sua habilidade de interpretar uma personagem que poderia mudar de uma tímida namorada encantadora para uma pessoa diabólica em instantes. Ele também afirmou na época que é assim que Sharon Stone é na vida real.

Arnold Schwarzenegger ficou tão impressionado com quanta dedicação Sharon Stone teve no treinamento para seu papel de personagem que ele até se referiu a ela como a "Exterminadora Feminina". Ela foi introduzida na Stunt Woman Association como membro honorário. Curiosamente, Stone fez filmes com vários dos astros de ação oitentistas, como Stallone (O especialista), Steven Seagal (Nico, acima da lei), Carl Wheaters (Action Jackson), e o próprio Arnold novamente em O último grande herói.


Por trás das câmeras...

Durante a produção, Arnold Schwarzenegger notou que Michael Ironside estava constantemente ao telefone entre as tomadas. Quando ele abordou o assunto com Ironside, disseram-lhe que estava ligando para sua irmã e que ela estava sofrendo de câncer. Arnold imediatamente trouxe Michael para seu trailer e eles tiveram uma teleconferência com a irmã de Ironside sobre quais exercícios ela deveria fazer e que tipos de alimentos deveriam comer. Michael nunca esqueceu a bondade de Schwarzenegger e nem sua irmã (que venceu a doença). Ironside mesmo sobreviveu ao câncer de tireoide e de próstata. 

Toda a equipe adoeceu devido a intoxicação alimentar durante a produção, com exceção de Arnold Schwarzenegger e Ronald Shusett. Schwarzenegger escapou porque ele sempre teve sua comida fornecida dos Estados Unidos. Isso porque, três anos antes, ele adoecera por beber água da torneira no México durante a produção de O Predador (1987). Quanto a Shusett, ele tomou precauções extremas de saúde, como apenas escovar os dentes com água fervida ou engarrafada e insistir em tomar uma injeção semanal de vitamina B12. Shusett foi até ridicularizado pela equipe até que todos eles próprios adoeceram.


O conceito de Quaid como trabalhador da construção civil foi sugerido pelo próprio Arnold Schwarzenegger. Nos primeiros rascunhos do roteiro, Quaid (originalmente chamado de Quail) era descrito como um contador de aparência mediana. Por causa desse detalhe, o produtor pretendido original, Dino De Laurentiis, foi inflexível para que Schwarzenegger não fizesse o teste. 

Foi só depois que Schwarzenegger convenceu Mario Kassar a comprar os direitos do roteiro que os rascunhos posteriores transformaram o personagem de Quaid em um mais adequado para Schwarzenegger interpretar. O ator disse que sentiu que isso ajudou a história, dando um contraste muito mais forte a ela, tornando um personagem poderoso vulnerável por ter sua mente roubada.


Paul Verhoeven ficou tão doente de intoxicação alimentar que ele teria uma ambulância por perto no set o tempo todo. No intervalo, os paramédicos administravam fluidos e medicamentos para que ele pudesse continuar dirigindo.

Arnold Schwarzenegger iria originalmente fazer o papel-título em RoboCop: O Policial do Futuro (1987), mas problemas com o figurino levaram os produtores a desistir da ideia. O próprio Ironside, que é figura fácil nos filmes do diretor, foi cotado e cortado pelo mesmo motivo. Depois que Schwarzenegger viu "RoboCop", ele disse que amou o filme e queria trabalhar com o diretor Paul Verhoeven . Quando ele e Verhoeven ouviram sobre "Total Recall", eles decidiram trabalhar nele juntos.


Para coincidir com o lançamento do filme, Sharon Stone posou nua para a revista 'Playboy', mostrando o corpo musculoso que ela desenvolveu na preparação para o filme. O ator Robert Picardo foi a voz e o modelo facial do robô "Johnny cab".

A cena final desbotando em branco é feita intencionalmente por Paul Verhoeven para deixar alguns pontos de interrogação sobre se tudo foi um sonho e Quaid foi lobotomizado no final.


A realização deste filme inspirou outra parceria cinematográfica épica com Arnold Schwarzenegger e Paul Verhoeven, onde planejavam fazer um filme sobre as Cruzadas no Oriente Médio, já que os dois concordaram que um filme dessa escala seria um grandioso projeto para suceder á altura “Vingador do futuro”. O projeto chegou ao ponto de ter um roteiro, cenários, adereços e figurinos completos, e estava quase entrando em produção. 

Infelizmente, o produtor Mario Kassar e seu estúdio Carolco enfrentaram gigantescos problemas financeiros. Não podendo pagar dois grandes projetos ao mesmo tempo, Kassar mirou suas energias em A Ilha da Garganta Cortada (1995) e cancelou Crusade. O problema é que o filme de Renny Harlim foi um desastre catastrófico, levando o estúdio á falência. Talvez devesse ter seguido com Paul e Arnold, mas nunca saberemos.



 

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