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ACAMPAMENTO SINISTRO - SAGA REVIEW

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🔷Acampamento sinistro (1983).

De uma maneira geral, quando filmes ou gêneros (e subgêneros) fazem sucesso, os estúdios entendem que têm um nicho para explorar. Basicamente, se existe um Coringa (2019), é porque Homem de Ferro (2008) abriu o caminho para os filmes de heróis bem-sucedidos.

A partir de Halloween - A Noite do Terror (1978), os slashers se mostraram como um subgênero a ser explorado. E com Sexta-feira 13 (1980), ganhou corpo. Acampamento Sinistro chegou 3 anos depois, mostrando, em teoria, mais do mesmo (acampamento, assassino, nudez, morte), mas se valeu de um final tão memorável e chocante, que tornou o filme cult.

Na trama, após um trágico acidente de barco que mata seu pai e irmão, Angela (Felissa Rose), uma menina tímida e introspectiva, vai viver com sua tia excêntrica e o primo Ricky. Quando chega o verão, os dois são enviados ao Camp Arawak, um típico acampamento americano para adolescentes. Mas logo, coisas sinistras começam a acontecer...

O filme aborda temas como bullying, trauma infantil, identidade e repressão de uma maneira inédita na época, principalmente, sexualidade e papéis de gênero (o filme toca neste ponto de maneira muito polêmica para os padrões atuais).

Dando vida ao acampamento.

As filmagens ocorreram em Argyle, Nova York, nas proximidades do Summit Lake, em um local que anteriormente funcionava como o Camp Algonquin. O próprio criador do filme, Robert Hiltzik, que escreveu e dirigiu a produção, revelou em entrevistas que havia frequentado esse mesmo acampamento quando era criança.

A produção começou em setembro de 1982 e durou cerca de cinco semanas, encerrando-se em outubro. O orçamento total foi de aproximadamente 350 mil dólares. Embora o filme tivesse sido inicialmente planejado com storyboards, o cronograma logo saiu dos trilhos já no primeiro dia de filmagens, tornando inviável seu uso, e todo o material visual de pré-produção foi descartado.

Um detalhe curioso é que, embora o enredo se passe no verão, a mudança da estação já era evidente durante as filmagens: as folhas das árvores começavam a mudar de cor, entregando o clima de outono e contrastando com a ambientação proposta no roteiro.

Diferente de muitos filmes slasher da época, que escalavam atores adultos interpretando adolescentes, "Acampamento Sinistro" destacou-se por seu elenco composto majoritariamente por jovens realmente na faixa etária dos personagens, o que trouxe um realismo atípico ao gênero.

Felissa Rose tinha apenas 13 anos de idade quando filmou, o que é bastante incomum para uma protagonista de longa-metragem. Em produções cinematográficas, é prática comum que os estúdios escolham atores maiores de 18 anos com aparência mais jovem, justamente para driblar as restrições legais relacionadas ao trabalho com menores, como limites de horas de gravação e exigência de acompanhamento dos responsáveis.

Por este motivo, alguns dos campistas que descem dos ônibus no começo do filme são parentes do elenco e da equipe. Além disso, por conta da classificação indicativa para maiores de idade, Felissa era jovem demais para assistir ao próprio filme nos cinemas quando ele estreou, o que reforça o caráter atípico de sua escalação no papel principal.

Felissa Rose disse em uma entrevista que usava um sutiã projetado para manter seus seios "lisos como uma tábua", embora ela tenha brincado que tinha apenas 13 anos, então não havia muito para achatar.

Ao selecionar o elenco para o papel de Angela, Robert Hiltzik fazia as atrizes olharem fixamente para a frente com os olhos arregalados, enquanto também fingiam comer uma barra de chocolate.

Felissa Rose e Jonathan Tiersten ficaram juntos durante as filmagens, mas terminaram logo depois. Ele tinha 17 anos (ela, 13, como já dito). Rose (Angela), Karen Fields (Judy) e Katherine Kamhi (Meg) eram bem próximas durante as filmagens. Katherine Kamhi disse que a cena em que jogam Angela na água foi difícil de filmar por esse motivo.

É raro o slasher cujas vítimas têm quase todas entre 12 e 15 anos. Além disso, algumas pessoas são atacadas, mas não morrem, o que também é raro para um slasher.

A polêmica cena final foi realizada com um homem nu usando uma máscara moldada do rosto de Felissa Rose. O homem que substituiu Angela era um estudante universitário que precisou ficar bêbado antes de poder fazer a cena. Embora originalmente não creditado, foi revelado posteriormente que a identidade do dublê de Angela era Archie Liberace. É seu único crédito na tela.

A mãe de Felissa Rose não queria que ela fosse a assassina por ser muito jovem. Jonathan Tiersten foi o dublê e dublê de todas as ações de Angela durante os assassinatos. Suas mãos mais masculinas e com veias poderiam confundir melhor o público. Ele até usou uma peruca para a cena em contraluz em que Angela encontra Judy no escuro.

Ao longo da história, o roteiro espalha pistas sutis que antecipam a revelação final sobre Angela, embora só façam sentido com o retrospecto. Desde o início, o comportamento dela é marcado por um silêncio constante e um desconforto visível diante de situações sociais e físicas.

Entre os indícios mais claros está o fato de Angela recusar-se a nadar com os outros campistas, algo comum no ambiente de acampamento, mas que no caso dela parece estar ligado a um desconforto com o próprio corpo. Em outra cena, a personagem Judy, uma das meninas mais cruéis do acampamento, pergunta abertamente: "Por que ela sempre toma banho sozinha?", sugerindo que Angela evita a nudez em ambientes compartilhados, o que reforça o mistério.

Outro momento importante ocorre na cena de abertura, com a Tia Martha, uma figura excêntrica e desconcertante, que diz para Ricky: "Só tome cuidado para não contar a ninguém como você fez o exame físico." Essa frase, aparentemente sem sentido à primeira vista, torna-se muito significativa à luz da revelação final de que Angela, na verdade, é Peter, o irmão sobrevivente que Martha criou como menina após a tragédia.

Uma noite para relembrar.

Há vários atores estreantes no filme (Felissa Rose, Karen Fields, Katherine Kamhi), mas este é o último filme de Mike Kellin. Ele estava doente durante as filmagens, mas fez o possível para esconder. Ele morreu de câncer de pulmão em agosto de 1983, três meses antes do lançamento do filme. O filme se tornou um sucesso inesperado e arrecadou 30 vezes mais do que foi investido nele.

O diretor Robert Hiltzik dedicou o filme à sua mãe, que faleceu antes do início das produções. A herança financeira da morte dela foi a principal fonte de financiamento do filme.

E o retorno, como vimos, compensou.


🔷Acampamento Sinistro 2 (1988)

Em um acampamento de férias, Angela, uma monitora com um obscuro segredo no passado, mata todos os jovens que não são "bonzinhos", ou seja, os que fazem sexo, usam drogas ou têm qualquer atitude contrária à da psicopata. Quando vários adolescentes somem sem explicações, o proprietário do acampamento despede Angela, que descarrega sua fúria nos sobreviventes.

Agora com direção de Michael A. Simpson, que também faria a parte 3, o filme é uma sequência imediata do filme anterior. Filmado de 20 de setembro de 1987 a 9 de outubro de 1987, consecutivamente com sua sequência, Acampamento Sinistro 3 (1989), filmado de 12 de outubro de 1987 a 31 de outubro de 1987. Ambos foram filmados em seis semanas.

Felissa Rose foi convidada para voltar como Angela Baker, mas ao ler o roteiro, não sentiu conexão com o humor dado à personagem na sequência. Ela também estava se preparando para frequentar a faculdade na época, o que a motivou ainda mais a pular fora.

De acordo com alguns membros do elenco e da equipe, durante a produção, Pamela Springsteen não contou a ninguém que era na verdade irmã de Bruce Springsteen. Vários descobriram isso anos depois. A modelo usada para retratar "Angela" para a arte da caixa VHS original é Connie Craig. Pamela não estava disponível para a sessão de fotos naquele dia.

No papel de Molly, um nome não tão conhecido do público, faz parte de um clã muito famoso: Renée Estevez, irmã de Charlie Sheen, Emílio Estevez e filha de Martin Sheen. Ramon Estevez, outro irmão, também é pouco conhecido como ela. Mesmo assim, ela atuou bastante, até mesmo em produções renomadas como West Wing, com o pai, e "O Caminho", também com o pai e com a direção do irmão.

Quando Angela e TC discutem sobre as fotos pornográficas, ela diz a ele: "Eles deveriam ser mandados para casa!" TC responde: "De jeito nenhum! O tio John jamais aceitaria isso. Charlie e Emilio vêm aqui há anos." Isso é uma referência a Renee Estevez (Molly), já que seus irmãos na vida real são Charlie Sheen e Emilio Estevez.

E não só os dois com referências. Os personagens têm o nome de atores associados à cultura dos anos 80. Molly (Molly Ringwald), Sean (Sean Penn), Ally (Ally Sheedy), TC (Tom Cruise), Tio John (John Hughes), Mare (Mare Winningham), Rob (Rob Lowe), Demi (Demi Moore), Lea (Lea Thompson), Brooke (Brooke Shields), Jodi (Jodie Foster), Anthony (Anthony Michael Hall), Judd (Judd Nelson), Charlie (Charlie Sheen), Phoebe (Phoebe Cates), Emilio (Emilio Estevez), Diane (Diane Lane).

Este filme foi filmado em Waco, Geórgia, em um campo anteriormente conhecido pelos moradores como Camp Waco. Agora é propriedade privada. A maioria dos edifícios usados ​​no filme já não existe mais. O banheiro, a cabana abandonada e a piscina são as únicas coisas restantes.

Para quem não se lembra, em Wako ocorreu o terrível "cerco de Wako", cujo confronto entre o FBI e a seita do Ramo Davidiano, que durou 51 dias, terminou em um incêndio iniciado dentro da sede, ocasionando a morte de 76 pessoas, entre elas 20 crianças, duas grávidas.

Michael A. Simpson disse em uma entrevista que, como alguns atores eram menores de idade (16 ou 17 anos), o Departamento do Trabalho da Geórgia tinha representantes no set o tempo todo, garantindo que esses atores não estivessem envolvidos em cenas de nudez ou proferissem qualquer diálogo com palavrões.

Durante a cena em que a personagem de Valerie Hartman sai de uma piscina sem sutiã, vestindo apenas uma camiseta molhada, seus mamilos ficam claramente visíveis sob a camiseta. No roteiro, havia uma fala que dizia: "Ei, Emilio, olha esses mamilos".

Mas os representantes da Geórgia disseram que não podiam deixar uma criança com menos de dezoito anos dizer isso, então mudaram para "Ei, Emilio, chapéus de festa às duas horas". Sullivan disse: "É sempre ótimo ver o dinheiro dos seus impostos em ação".

A cena de sexo entre Ally e Rob foi, na verdade, com Valerie Hartman e um figurante durante as filmagens, mostrando-a nua, já que o ator que interpreta Rob (Terry Hobbs) era menor de idade durante as filmagens. Elas mostram closes de Hobbs no filme, mas foram filmadas separadamente. Ele não estava presente enquanto Hartman estava nua. Ele brincou durante uma entrevista que gostaria muito de ter estado lá.

Jodi foi mostrada sem fazer sexo e vendo o corpo queimado de Brooke depois que ela desmaiou porque Amy Fields, que interpreta Jodi, era menor de idade na época e não tinha permissão para fazer cenas de sexo, além de ser impedida de estar no set quando Brooke é queimada até a morte por Angela.

No início do filme, o conselheiro-chefe TC conta uma história assustadora para um grupo de campistas sentados ao redor de uma fogueira. A história que ele conta é o início do filme de terror de 1981 "A Casa do Cemitério", obra-prima de Lucio Fulci.

Como o filme é cheio de referências aos próprios anos 80, você precisa assistir com atenção para não perder nenhuma. Durante uma festa no dormitório, há uma referência marcante a Footloose - Ritmo Louco (1984), quando um dos personagens entra no quarto e grita. A trilha tocada é também uma variação do tema de Footloose.

Há mortes que homenageiam diretamente "A hora do pesadelo", "Massacre da serra elétrica" e, na mesma sequência, um garoto usa uma máscara similar à de Jason em Sexta-Feira 13 - Parte 3. O ator Justin Nowell apareceu em Sexta-Feira 13 Parte 6: Jason Vive, inclusive...

Michael A. Simpson comentou que um dos maiores desafios durante as filmagens foi o fato de ser o único envolvido na produção que realmente tinha experiência prática na área. Embora Stan Wakefield e Jerry Silva fossem creditados como produtores e produtores executivos, seu envolvimento estava mais ligado à distribuição do filme pela empresa Double Helix do que à produção propriamente dita. Segundo Simpson, nenhum dos dois tinha conhecimento técnico ou experiência suficiente para colaborar de forma concreta com a realização do longa.

Como resultado, a responsabilidade pela produção de linha recaiu quase inteiramente sobre os ombros de Simpson, que teve que lidar com a logística, orçamento e cronograma praticamente sozinho. Ele destacou que esse tipo de carga de trabalho seria difícil em qualquer circunstância, mas se tornou ainda mais complicado diante de um orçamento extremamente limitado, como era o caso da produção.

Esse relato evidencia os bastidores de uma produção independente em que o acúmulo de funções e a falta de suporte especializado tornam o processo mais árduo, exigindo do diretor não apenas visão artística, mas também habilidade administrativa e resistência para manter tudo funcionando.

E vamos ser sinceros: Michael A. Simpson não tinha nenhuma das características citadas e muito necessárias. 


🔷Acampamento Sinistro 3 (1989) 

O produtor Jerry Silva ficou tão entusiasmado com o andamento de Acampamento Sinistro 2 (1988) que, ainda durante as gravações, já foi anunciado que uma continuação direta seria feita logo em seguida. O terceiro filme entrou em desenvolvimento imediato, com o roteiro sendo escrito paralelamente às filmagens do segundo. O cronograma apertado era tão extremo que a equipe teve apenas um fim de semana disponível para preparar a pré-produção da nova sequência.

O diretor Michael A. Simpson mais tarde confessou que, embora estivesse satisfeito por conseguir realizar os dois filmes de forma tão eficiente, ele considera que Acampamento Sinistro II acabou sendo o mais bem executado da dupla. Isso porque a terceira parte, apesar da continuidade direta, foi prejudicada pela pressa e falta de preparação, o que impactou a qualidade geral do resultado final.

Esse ritmo acelerado de produção é um reflexo típico de muitas sequências de terror dos anos 1980, em que o sucesso levava os estúdios a acelerar projetos, muitas vezes às custas da coerência narrativa e do acabamento técnico.

No filme, Angela, a monitora assassina do filme anterior, assume a identidade de uma jovem estudante que mata e parte para um novo acampamento de férias, com a proposta de reunir adolescentes de classe abastada e outros de nível econômico baixo.

Quando o filme recebeu inicialmente uma classificação X pela MPAA devido ao sangue e à violência, um representante ligou para o diretor Michael A. Simpson para lhe dizer que a mulher que exibiu o filme ficou fisicamente doente depois de assistir à cena da morte no mastro da bandeira.

Havia uma dúvida sobre a morte de Molly no filme anterior. Mas quando a repórter diz que houve 19 mortes no último filme, sendo que eram 18 sem contar Molly, significou que Molly morreu no final.

A maioria dos personagens do filme têm o nome de personagens de Amor, Sublime Amor (1961), A Família Brady (1969) e Os Monstros (1964), preferências pessoais do diretor. O subtítulo do filme, "Teenage Wasteland", que lembra produções B apocalípticas oitentistas, vem de uma das canções favoritas do diretor, do grupo The Who, "Baba O'Reilly".

Aliás, ainda sobre "Amor, Sublime Amor", há várias similaridades, com pessoas parecidas com "gangues" no acampamento e um personagem muito parecido fisicamente com o ator do filme de Robert Wise.

O chalé das meninas é o mesmo usado em Acampamento Sinistro 2 (1988), apenas reformado. Esta é apenas uma das muitas situações que ocorrem quando filmam em sequência. Tracy Griffith fez o teste original para o papel de Angela em Acampamento Sinistro 2 (1988), mas o diretor Michael A. Simpson achou-a "fofa demais" para o papel. Mas ele gostou muito dela, então a escalou como Márcia para este filme.

O filme foi o primeiro trabalho de Kyle Holman em um longa-metragem e quase não aconteceu. Em uma entrevista concedida em 2002, o ator revelou que, ao ser informado por seu agente sobre a oportunidade de participar de Acampamento Sinistro II, decidiu assistir ao filme original de 1983 e detestou o que viu.

Chocado com o conteúdo, Holman chegou a ligar para o agente, afirmando que não queria se envolver de forma alguma com a sequência. No entanto, seu agente insistiu, explicando que o novo projeto estava sendo produzido por uma equipe completamente diferente da do primeiro filme, o que acabou convencendo Holman ao menos comparecer à audição.

Ele inicialmente fez teste para o papel de Tony, mas o diretor Michael A. Simpson pediu que ele também lesse para o personagem Snowboy. No fim, Holman foi escolhido para interpretar Snowboy, papel que ele próprio admitiu ter achado mais divertido e interessante do que o primeiro para o qual havia se candidatado.

Apesar da resistência inicial, Holman acabou se surpreendendo com a experiência. Ele descreveu a produção como agradável e bem conduzida, e disse que trabalhar no filme foi maravilhoso, elogiando o clima de colaboração e a boa relação entre elenco e equipe técnica.

Velhos problemas.

A nudez é estampada em cena desde o primeiro momento, com uma sequência de topless e um close sem qualquer sentido. Como alguns dos atores eram menores de idade, um representante do estado estava sempre no set para garantir que eles saíssem quando uma cena envolvendo palavrões ou nudez fosse filmada.

Kyle Holman disse em uma entrevista que isso realmente chateou Jarrett Ellis Beal, que tinha apenas 16 ou 17 anos, porque ele realmente queria ficar por perto quando as atrizes tiravam suas roupas. Holman brincou que todos os caras faziam isso, mas o diretor Michael A. Simpson limpou o set de qualquer pessoa que não estivesse envolvida nas cenas.

Ele contou que Stacie Lambert e Jill Terashita, ambas com cenas de nudez no filme, comentaram com ele que não se importavam com quem estivesse presente no set durante as gravações, pois não eram tímidas e estavam totalmente à vontade com a situação. Mas não adiantou, e eles não puderam estar presentes.

O roteiro originalmente continha mortes mais elaboradas para os personagens, que tiveram que ser alteradas por questões orçamentárias. Herman teria um atiçador em chamas enfiado na virilha, com Angela gritando: "Um assado de salsicha!". Além disso, Tawny e toda a sua equipe de reportagem deveriam morrer em uma explosão depois que Angela cortou os freios da van.

Um dos muitos elementos cortados devido a restrições orçamentárias foi o cachorro de Márcia. Inicialmente, Márcia levou seu cachorro de estimação para o acampamento. Foi o cachorro que escapou da cabana no final, não Márcia, e atacou Ângela. Mais tarde, no carro da polícia, quando Márcia confessa a Tony que tem um namorado em casa, mas que ele "pode ​​vir visitá-la", inicialmente, o consolo dele foi que poderia "ficar com o cachorro".

Velhas referências.

A máscara de hóquei usada no Acampamento Sinistro 2 (1988) é vista na cena de pesca. Ao ser retirado da água, outro campista comenta que a data é "sábado, 14". Acharam uma boa piada no filme anterior e continuaram ela aqui.

Aliás, os números da placa do caminhão, no início do filme, correspondem aos números da casa em A Hora do Pesadelo (1984).

Novos problemas...

O filme parece que custou 100 reais e que rendeu duzentos, e todos entenderam que é uma franquia de sucesso porque rendeu o dobro.

As próximas duas sequências tiveram diversos problemas na conclusão ou distribuição, causando uma grande confusão para quem pesquisa o nome dos filmes. Azar de quem procura, porque acaba encontrando...


🔷Acampamento sinistro IV:  A Sobrevivente (1992)

Imagine o cenário: Acampamento Sinistro 4 foi filmado boa parte em 1992. Mas, no meio do caminho, a produtora quebrou. Daí, vinte anos depois, juntaram os cacos e lançaram depois do quinto filme (que é de 2008), em 2012.

E o quinto filme é continuação do segundo, ignorando os demais.

Mais abaixo, eu explico melhor o que ocorreu...

A história.

O filme inicia com uma mensagem na tela informando que uma jovem chamada Allison, sobrevivente dos assassinatos cometidos por Angela, a assassina transgênero dos três primeiros longas, está sob os cuidados de um psiquiatra. Sofrendo de amnésia e pesadelos recorrentes, ela é incentivada pelo médico a retornar ao local onde os crimes aconteceram, como parte de um tratamento para enfrentar seus traumas.

Um guarda florestal é designado para acompanhá-la pela área, agora transformada em propriedade federal, onde ficavam os antigos acampamentos Arawak e Rolling Hills/New Horizons. Ao chegarem, as lembranças de Allison começam a emergir, apresentadas ao público por meio de extensos flashbacks, compostos principalmente de cenas reutilizadas dos três filmes anteriores da franquia.

Ponto de partida.

A produtora Double Helix Films, que esteve por trás das continuações Acampamento Sinistro II e III, decidiu dar sequência à franquia com um quarto capítulo, intitulado Sleepaway Camp IV: The Survivor. Para comandar o projeto, foi contratado Jim Markovic, um profissional cujo nome estava mais associado à edição de filmes de artes marciais de baixo orçamento, especialmente títulos do subgênero Bruceploitation, populares na década de 1970.

Markovic já havia trabalhado com a Double Helix anteriormente, prestando serviços nos efeitos sonoros e na edição dos trailers promocionais das duas produções anteriores da série. A escolha da protagonista recaiu sobre Carrie Chambers, que, na época, era playmate e também namorada do presidente da produtora.

Ela assumiria o papel de Allison, a personagem central da nova narrativa. De acordo com John Klyza, produtor envolvido na recuperação e finalização do filme anos depois, o projeto já havia sido concebido desde o princípio como uma produção de baixo custo.

A ideia era reutilizar cenas de arquivo dos três primeiros filmes como forma de baratear as filmagens, à semelhança de outras sequências de terror dos anos 1980, como Quadrilha de sádicos II (1984) e Natal sangrento 2 (1987), que também apostaram em flashbacks extensos para poupar recursos.

O roteiro do que era para ser.

O roteiro foi originalmente escrito por Tom Clohessy. Segundo o tratamento inicial do enredo, o filme seguiria Allison, uma das poucas sobreviventes dos massacres retratados nos três primeiros longas da franquia. Sofrendo de amnésia e pesadelos recorrentes, ela seria orientada por seu psiquiatra a retornar ao local dos crimes como parte de um tratamento terapêutico radical, na tentativa de enfrentar os traumas reprimidos.

No decorrer da história, Allison começaria a suspeitar que ela mesma pudesse ser Angela, a assassina responsável pelos crimes e que, de algum modo, havia perdido a memória de sua verdadeira identidade. À medida que o enredo avançava, dois personagens, o guarda florestal Jack e o caçador Eugenio, seriam encontrados mortos, o que levaria Allison a acreditar que ela os havia matado em estado dissociativo.

A tensão culminaria com a aparição de David e Annie, dois campistas que Allison encontraria enquanto vagava perturbada pela floresta. No clímax da trama, Annie mataria David diante de Allison, revelando-se como Angela, disfarçada desde o início.

Contudo, essa proposta dramática não se concretizou na versão final do filme. Durante a montagem dos fragmentos e cenas de arquivo, os personagens David e Annie foram completamente descartados, e a narrativa passou por alterações estruturais.

Na edição lançada em 2012, a identidade de Allison permanece ambígua, deixando o público sem uma resposta definitiva sobre sua ligação com Angela e reforçando a instabilidade psicológica que permeia o filme.

Franquia caindo de 4.

Em outubro de 1992, "Acampamento IV" começou a ser filmado no acampamento Tamarack, em Oakland, Nova Jersey, com a promessa de dar continuidade à controversa franquia de terror. No entanto, o projeto foi interrompido repentinamente quando a produtora Double Helix declarou falência, deixando apenas 34 minutos de filmagem e um teaser trailer como registro do que poderia ter sido.

Durante anos, o material permaneceu engavetado até que o webmaster John Klyza, fã dedicado da série e responsável pelo site SleepawayCampFilms.com, recuperou parte das gravações brutas, incluindo claquetes, tomadas alternativas e erros de gravação. O conteúdo foi lançado em 2002 como bônus de um quarto disco exclusivo da caixa Sleepaway Camp Survival Kit, vendida pela rede Best Buy.

O resgate do material reacendeu o interesse pelo filme. Klyza se uniu ao diretor original, Jim Markovic, e ao editor Dustin Ferguson para reconstruir o longa a partir dos fragmentos disponíveis. Como nenhuma cena de assassinato havia sido filmada, o trio precisou criar mortes por meio de efeitos digitais, narração em off e edição sonora. Cenas dos três primeiros filmes também foram incorporadas, ajudando a preencher as lacunas narrativas.

Após quatro anos de trabalho de restauração e montagem, o filme foi finalizado em 2010 com 70 minutos de duração. Em 2012, duas décadas após o início de sua produção, Acampamento Sinistro IV foi finalmente lançado em DVD e por vídeo sob demanda, um renascimento improvável para um projeto que parecia condenado ao esquecimento.

🔷Acampamento sinistro, o retorno (2008).

Produção enfrentou anos de atrasos, efeitos descartados e o retorno de nomes do elenco original para recuperar o espírito do cult slasher de 1983. Após o cenário confuso em que o filme anterior renasceu, "acreditaram" que trazer o diretor do primeiro filme, a atriz e fazer uma continuação ignorando os demais seria uma boa ideia.

Bom, não foi.

A ideia nasceu entre fãs.

O projeto começou em 1998 com Jeff Hayes e John Klyza, dois fãs da produção original que criaram um site em homenagem ao filme. O site se tornou o portal oficial da franquia, e a dupla logo começou a contatar antigos membros do elenco, como Jonathan Tiersten (Ricky) e Felissa Rose (Angela).

A reaproximação com o diretor Hiltzik, que havia se afastado da indústria e atuava como advogado em Nova York, levou a sessões de comentários em DVD e reuniões em eventos de terror. O movimento reacendeu o interesse na franquia e convenceu Hiltzik a escrever e dirigir uma nova sequência.

Esta é a primeira sequência a ser escrita, dirigida e produzida por Robert Hiltzik, que escreveu, dirigiu e criou o original Acampamento Sinistro (1983). Além de ser creditado pela criação de personagens específicos, Hiltzik não teve envolvimento com Acampamento Sinistro 2 (1988), Acampamento Sinistro 3 (1989) ou Acampamento Sinistro 4: A Sobrevivente (1992).

Fiel às origens, que nem eram tão boas...

Diferentemente das sequências anteriores, o filme foi concebido para seguir diretamente o enredo do primeiro filme, ignorando os eventos dos filmes 2 e 3. No novo roteiro, escrito a partir de um esboço antigo de 1986, um novo acampamento é aberto duas décadas após o massacre de Angela. Sob o comando de Ronnie, agora sócio do local, uma nova onda de assassinatos começa. O filme resgata o mistério do assassino oculto e o protagonismo adolescente como elementos centrais.

O longa marcou o retorno de rostos conhecidos, como Jonathan Tiersten, Felissa Rose e Paul DeAngelo. A produção manteve em segredo a participação de Rose para preservar a reviravolta final. O elenco contou ainda com o ator Vincent Pastore (Família Sopranos) e com o músico Isaac Hayes, em sua última aparição no cinema antes de falecer.

Entre os jovens, Michael Gibney vive Alan, um adolescente perseguido que se torna peça-chave da trama. A banda CKY também participa do filme, numa homenagem direta ao longa original, seu nome é a sigla de Camp Kill Yourself.

Baixo orçamento e baixo quase tudo...

Filmado entre setembro e novembro de 2003, com um orçamento estimado em apenas 50 mil dólares, o filme foi rodado no Camp Starlight, na Pensilvânia. A produção priorizou efeitos práticos nas cenas de morte, como próteses e manequins ensanguentados, buscando manter o estilo do original. No entanto, algumas cenas exigiram retoques digitais, como o momento em que os olhos de um personagem saltam da cabeça.

Pós-produção problemática.

Após o término das filmagens, a pós-produção se estendeu por cerca de cinco anos (é sério!). Hiltzik e o produtor executivo Thomas E. van Dell rejeitaram os efeitos digitais iniciais, reiniciando todo o processo. Uma nova equipe de efeitos foi contratada em 2006 para refazer do zero várias cenas, incluindo mortes que exigiam maquiagem elaborada e composição digital.

A trilha sonora, composta por Rodney Whittenberg, buscou ecoar o estilo dos filmes de terror dos anos 1970, utilizando instrumentos e objetos inusitados para criar sons distorcidos. A canção-tema foi executada pela banda Goat & Friends.

Distribuído pela Magnolia Pictures, o filme chegou direto ao mercado de vídeo em novembro de 2008, marcando os 25 anos do filme original. O DVD incluiu um documentário especial com bastidores, entrevistas e cenas inéditas, apresentado por Felissa Rose.

O filme não é tão ruim quanto poderíamos imaginar e nem tão bom quanto gostaríamos. Mas é uma mostra de que a nostalgia deve trazer revisões dos clássicos e não reinvenções dos mesmos.

Acampamento sinistro: A Reunião (???)

O filme, que não existe, foi chamado de "Sleepaway Camp Reunion", e anunciado como produção em andamento. A distribuição foi organizada pela Magnolia Pictures. O criador Robert Hiltzik, que recuperou os direitos da franquia, afirmou que faria o filme se seu orçamento fosse maior, para conseguir colocar em prática todas as mortes gráficas desejadas.

No entanto, Hiltzik e o produtor de "Acampamento Sinistro - O Retorno", Jeff Hayes, mais tarde anunciaram que haviam começado a trabalhar em uma reinicialização que manteria os principais personagens e elementos do filme original com elementos adicionais do enredo e uma dose de modernização. Para nossa sorte, nada aconteceu, ficando o projeto no limbo.


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