PREMONIÇÃO - SAGA REVIEW
Texto: M.V.Pacheco
Revisão: Thais A.F. Melo
Há um aspecto em comum na maioria dos filmes slasher: senso de justiça. Na maioria, o assassino mata suas vítimas por vingança de algo que o perturbou. Mas e quando o assassino é a própria morte, buscando corrigir um erro? Matando, sem dar opções? É bem mais perturbador, já que o senso de justiça da morte, leva em conta habilidades que as pobres vítimas não têm qualquer chance.
O que nos leva a Premonição, uma odisseia por fantásticas mortes, muita diversão e poucos equívocos, tornando essa saga uma das mais interessantes de rever. Principalmente por suas conexões.
Aperte os cintos e boa sessão:
🔷Premonição (2000)
Na trama, quando um adolescente tem uma premonição de que o avião em que está vai explodir, ele causa um tumulo no avião e ele, alguns amigos e outras pessoas são colocadas para fora do avião. Para surpresa de todos, o avião realmente explode na decolagem. Mas os integrantes do grupo começam a morrer misteriosamente, um a um, até os sobreviventes resolvem se unir para tentar entender o que está acontecendo, antes que eles mesmos se tornem as próximas vítimas.
Um dos aspectos de destaque da saga é sua capacidade de criar sequências de morte elaboradas e imaginativas. Essas cenas costumam ser cheias de tensão, coreografadas de maneira inteligente e empregam efeitos práticos para criar momentos chocantes e memoráveis.
O conceito central de personagens que tentam enganar a morte e a exploração do destino e da mortalidade é premissa intrigante, muitas vezes apresentando mortes de maneiras inesperadas e irônicas.
A história era originalmente o conceito de um episódio do Arquivo X (1993), que foi inspirado em O Único Sobrevivente (1984). Neste filme, uma mulher que foi a única sobrevivente de um acidente de avião passa a ser assombrada por mortos que a Morte usa como avatares tentando matá-la para corrigir seu plano.
O enredo também pega elementos do episódio Twenty Two (1961), de Além da Imaginação, envolvendo uma mulher, com um sonho que acredita ser real e mais tarde testemunha as coisas que aconteceram em seu sonho acontecerem na realidade, incluindo um avião explodindo na decolagem.
Muitas das notícias mostradas são imagens reais da explosão e queda do voo 800 da TWA em julho de 1996, em East Moriches, Long Island, Nova York. Este filme não apenas empresta imagens da queda, como também outras particularidades.
O voo de 17 de julho de 1996 transportava um clube francês de uma escola secundária, e explodiu repentinamente. Foi investigado por um possível ato terrorista, depois um míssil e foi finalmente decidido que o acidente foi resultado de uma falha mecânica (explosão no tanque central de combustível).
A música tocada ao longo do filme foi de John Denver, um músico que morreu em um acidente de avião alguns anos antes deste filme ser feito.
O filme é o primeiro caso que conheço de ser recheado com easter eggs errados. As numerosas aparições de "180" no filme referem-se ao título original do filme, "Flight 180". Porém, New Line decidiu renomear o filme para “Final Destination” por medo de confusão de outros filmes como Força Aérea Um (1997) ou Con Air: Rota de Fuga (1997). Ou seja, o filme é cheio de referências ao título, que foi trocado após o filme pronto...
A maioria dos personagens do filme tem nomes de cineastas ou estrelas de filmes de terror clássico: Terry Chaney recebeu o nome de Lon Chaney; Tod Waggner, em homenagem ao diretor George Waggner; Alex Browning, foi batizado com o nome do diretor Tod Browning; Larry Murnau, uma referência ao diretor FW Murnau que dirigiu Nosferatu (1922);
Agente Schreck, em homenagem a Max Schreck, que estrelou Nosferatu (1922); Blake Dreyer a Carl Theodor Dreyer, que dirigiu O Vampiro (1932); Howard Siegel ao diretor Don Siegel, que dirigiu Vampiros de Almas (1956) ; Billy Hitchcock a Alfred Hitchcock; e Valerie Lewton ao produtor de filmes de terror Val Lewton.
Em cada filme, há pistas visuais sutis e momentos premonitórios que sugerem as várias mortes que ocorrerão. Isso pode incluir reflexos, sombras ou objetos que lembram instrumentos de morte. Embora cada filme da série funcione como uma história independente, existem conexões e referências que criam uma continuidade abrangente.
O que nos leva a...
🔷Premonição 2 (2003)
Na trama, Kimberly Corman (A.J. Cook) é uma jovem que está viajando pela estrada 23 para passar um final de semana com seus amigos, até que vê diante de si um caminhão com peso excessivo de madeira tombar e se desgovernar, causando um grande acidente que resulta em uma abundância de metal retorcido e corpos, incluindo o dela. Porém, nada disso aconteceu.
Kimberly continua na estrada 23, totalmente ilesa, mas acredita que a visão que teve foi um aviso. Ela para seu carro na estrada e provoca um grande congestionamento, ainda temerosa se o que viu realmente irá acontecer. O caminhão vem, tomba diante dela e dos motoristas atrás de seu carro e mata inúmeras pessoas, fazendo com que Kimberly e estes motoristas saiam ilesos por pouco.
Com uma forte sensação de que tudo não acabou naquele acidente e que a morte está atrás dela, Kimberly decide procurar por Clear Rivers (Ali Larter), única sobrevivente do voo 180, que está agora internada, por vontade própria, em um hospital psiquiátrico. Clear acredita que está segura no hospital e não terá o mesmo destino que seus amigos, que morreram um a um, mas a chegada de Kimberly irá modificar esta falsa sensação de segurança.
Tal qual o primeiro filme, o acidente na rodovia foi baseado no engavetamento de 125 carros na Interstate 75 em Ringgold, Geórgia, em 14 de março de 2002. Já a morte de Nora é baseada em um incidente da realidade: o Dr. Hitoshi Nikaidoh, um residente cirúrgico em um hospital de Houston, foi decapitado por um elevador com defeito em 2002. Os ombros do médico foram presos pelas portas, o que permitiu que o teto cortasse a maioria de sua cabeça enquanto o elevador continuava a subir.
O filme começa com uma sequência de desastre memorável e intensa envolvendo um enorme engavetamento de carros em uma rodovia. Esta cena é frequentemente considerada um dos momentos mais bem executados de toda a série.
A sequência expande a mitologia estabelecida no primeiro filme, aprofundando-se no conceito de enganar a morte e nos meandros do universo da série. Explora a ideia de que os sobreviventes do desastre estão ligados e devem trabalhar juntos para descobrir os padrões e pistas que rodeiam as suas mortes iminentes.
O conceito de culpa do sobrevivente é explorado mais detalhadamente no filme. Os personagens enfrentam o trauma psicológico e emocional de serem os únicos sobreviventes de uma catástrofe, lutando com o peso de saber que estavam destinados a morrer.
Devon Sawa iria reprisar seu papel de Alex Browning neste filme, mas uma disputa relativa ao seu contrato com a New Line Cinema não pôde ser resolvida. A solução encontrada foi matá-lo: um recorte de jornal revela que seu personagem foi morto por um tijolo que caiu na cabeça. Clear Rivers também menciona isso a Kimberly na visita de asilo, embora omitindo os detalhes.
E se este "Premonição" mostra o efeito colateral das não mortes dos personagens no primeiro filme, no terceiro, leva a ação para um lugar novo, que veremos a seguir...
🔷Premonição 3 (2006)
O conceito do filme Premonição é bastante abrangente. O segundo filme, mostra a morte dando fim ao "efeito colateral" dos eventos causados no primeiro. Já o terceiro, vai por um novo caminho, com eventos não relacionados aos anteriores (ainda que o evento do primeiro seja citado em um diálogo). Nele, Wendy (Mary Elizabeth Winstead) decide comemorar sua formatura com os amigos, em um parque de diversões.
Quando eles estão prestes a embarcar numa montanha-russa, Wendy tem uma súbita visão, de que um acidente no brinquedo a mataria e também a seus amigos. Wendy entra em pânico e consegue deixar o carro da montanha-russa, recebendo a ajuda de Kevin (Ryan Merriman). Uma confusão no local faz com que outras pessoas desembarquem, sendo que logo depois a previsão de Wendy se confirma.
Pouco depois, Wendy encontra pistas de que os sobreviventes do acidente estão com os dias contados, por meio de fotos que tirou no dia em que tudo aconteceu. Ela e Kevin passam então a tentar desvendar as pistas o mais rapidamente possível, já que suas vidas e as de seus amigos correm risco.
O filme foi concluído em 2004, mas o diretor James Wong não ficou satisfeito com o resultado. Desta forma, convenceu os produtores a contratar novos atores e a rodar a cena do acidente na montanha-russa, o que fez com que Premonição 3 estivesse finalizado somente no outono de 2005; O final também foi rodado novamente, devido à má recepção que teve em exibições-teste.
O filme segue a tradição de iniciar coma Premonição e nomear personagem com nomes de famosos no mundo do horror: Lewis Romero é uma homenagem aos diretores Herschell Gordon Lewis e George Romero. Carrie Dreyer, por conta de Carl T. Dreyer. Já o personagem Jason Robert Wise recebeu este nome por conta do diretor Robert Wise; Wendy e Julie Christensen homenageiam Benjamin Christensen , diretor de Häxan - A Feitiçaria Através dos Tempos (1922);
Erin Ulmer ao diretor Edgar G. Ulmer; Ashley Freund presta homenagem ao diretor de fotografia e diretor de filmes de terror Karl Freund; e por fim Ashlyn Halperin ao o diretor Victor Halperin, de Zumbi, A Legião dos Mortos (1932).
A entrada da montanha-russa tem uma imagem do diabo e uma placa que diz "Não há saída depois das catracas. Vejo vocês em breve". A frase "Te vejo em breve" é um slogan dito por William Bludworth (Tony Todd) em Premonição (2000) e Premonição 2 (2003). Ele também fornece a voz do locutor dizendo: "Este é o fim da linha" no metrô no final do filme.
Neste filme, as mortes seguem o esquema do clássico A Profecia (1976), com a protagonista conseguindo antever a maneira que os sobreviventes morrerão pelas fotos tiradas no dia do acidente. É comum que os espectadores acreditem que a câmera de vídeo de Frankie é a principal fonte da queda da montanha-russa. A principal causa é um vazamento no sistema hidráulico, que começou antes de sua câmera de vídeo envolver parte da pista da montanha-russa.
Portanto, sua câmera de vídeo apenas ajudou a romper ainda mais o sistema hidráulico, o que, em consequência, apenas contribuiu para a morte de Lewis, Ian, Erin, Perry e Julie porque suas travas do acento abriram. Eles não estavam no passeio quando o acidente aconteceu, tornando a presença de Frankie insignificante em relação ao acidente e às mortes.
Aos 16 minutos, é mostrado que os trilhos estão realmente quebrados, como afirmou Wendy. Além disso, ouve-se um som de “estalo”, indicando que uma parte da pista foi quebrada, o que fez com que as rodas do lado esquerdo descarrilassem. Isso acabou matando Jason, Carrie e as outras cinco vítimas, que eram as únicas no passeio.
Suas mortes são mostradas quando a montanha-russa atingiu uma curva acentuada, jogando-a para fora dos trilhos, assim como na premonição de Wendy. Portanto, a câmera de vídeo de Frankie não teve efeito no tempo que a montanha-russa levaria para cair. Os trilhos ainda teriam quebrado no mesmo lugar e ainda seriam a causa do descarrilamento real, não a câmera de vídeo.
Premonição 3 é, portanto, além de entretenimento garantido, um filme que uma simples câmera gera discussões intermináveis. E isso é mais do que a maioria dos filmes de horror proporciona.
🔷Premonição 4 (2009)
Os amigos Nick O'Bannon (Bobby Campo), Hunt Wynorski (Nick Zano), Janet Cunningham (Haley Webb) e Lori Milligan (Shantel VanSanten) vão ao McKinley Speedway, uma corrida de carros. Um acidente faz com que um dos carros, que estava a 300 km/h, derrape na pista.
Isto faz com que exploda na platéia, causando a morte de dezenas de pessoas. Entretanto, antes que isto ocorresse, Nick teve uma premonição, que fez com que ele e seus amigos deixassem o local. De início, eles acreditam que escaparam da morte, mas logo ela parte em seu encalço.
A abertura do filme traz a recriação de cenas de morte dos filmes anteriores da série. É o 1º filme da série a usar a tecnologia 3D, e há muitas cenas que forçadamente remetem ao efeito, tornando ele uma distração ao invés de agregar valor ao filme. É o 2º filme da série dirigido por David R. Ellis. O anterior foi Premonição 2 (2003)
O acidente do filme no McKinley Speedway é semelhante a um desastre da vida real: o desastre do Circuit du Mans (Le Mans, França) de 1955, conhecido por suas corridas de resistência de 24 horas, nas quais uma colisão de vários carros lançou um bloco de motor, capô e outros destroços em uma arquibancada lotada, matando 84 pessoas no total.
As mortes incluíram espectadores sendo cortados ao meio pelo capô voador "como uma guilhotina", o bloco do motor esmagando a multidão; também ocorreu uma explosão e um incêndio, que aumentaram o número de mortos.
O filme dentro do filme, "Love Lays Dying", é, na verdade, Despertar de um Pesadelo (1996), de Renny Harlin. A explosão mostrada no filme é o clímax desse filme. A música repetidamente usada nesse filme é a deixa "The Strangers Are Tuning" de Trevor Jones, de Cidade das Sombras (1998), de Alex Proyas. Ambas são produções da New Line Cinema.
Considerações:
A premissa básica de escapar do desígnio da morte e a série subsequente de cenas de morte seguiram um padrão semelhante aos filmes anteriores, levando a uma sensação de déjà vu. As atuações são medíocres, sendo difícil se conectar ou ter empatia com os protagonistas.
O uso da tecnologia 3D ofuscou a narrativa e o desenvolvimento do personagem. O filme ficou mais focado em truques visuais e elaboradas cenas de morte projetadas para a experiência 3D, em vez de fornecer uma narrativa convincente.
A previsibilidade das mortes e a familiaridade com a fórmula da franquia diminuíram o impacto dos momentos de suspense.
O que resta é torcer para que o quinto filme resgate o melhor de Premonição.
🔷Premonição 5 (2011)
No filme, Sam (Nicholas D'Agosto) tem um estranho pressentimento que as pessoas com quem trabalha e viaja com ele irão morrer num grave acidente. A premonição acaba acontecendo, mas graças a ele algumas conseguem se salvar do episódio, inclusive a sua namorada (Emma Bell). O que eles não contavam era que o destino de todos já estava traçado e a morte irá "caçar" um por um até que estejam definitivamente liquidados.
Este filme não é uma sequência; é uma prequela do primeiro filme da série, Premonição (2000) . Isso é revelado no final do filme, quando Sam e Molly embarcam no voo 180; eles testemunham Alex Browning, com alguns de seus colegas, sendo retirados do avião. O celular de Isaac é um Motorola StarTAC. Eram celulares de última geração, disponibilizados pela primeira vez em 1996. Isso é uma pista de quando se passa o filme.
Perto do final do filme, quando Sam olha sua passagem de avião logo antes do acidente, a data é claramente exibida como 13 de maio de 2000. Também mostra que ele está no vôo 180 às 9 que leva aos acontecimentos da primeira Premonição (2000).
Na premonição de Sam sobre o desabamento da ponte, o ônibus é um dos primeiros veículos a cair da ponte. Depois que Sam acorda de sua visão e decide evacuar o ônibus e a ponte com alguns de seus colegas de trabalho, ele vê a ponte desabar. Quando isso acontece, o ônibus é um dos últimos veículos a cair da ponte, mostrando o quanto mudou a realidade ao enganar a morte.
Premonição 5 fecha o ciclo com chave de ouro, resgatando elementos dos demais filmes, amarrando a história e levando ao público o filme mais bem feito da série. E há diversas pequenas ligações com os demais filmes. A foto que Olivia derruba da mesa foi tirada na Devil's Flight, a montanha-russa de Premonição 3 (2006). Uma foto de Roy parado ao lado do carro de corrida nº 6, que causou o acidente no autódromo em Premonição 4 (2009) , é vista no bar.
O restaurante onde Sam trabalha se chama Le Cafe Miro 81. Esse café foi visto no final de Premonição (2000) em Paris. No trajeto do ônibus é possível avistar um caminhão carregando toras que causou o acidente de Premonição 2 (2003).
Vários dos personagens principais têm nomes de diretores de terror famosos: Peter Friedkin leva o nome do diretor de O Exorcista (1973), William Friedkin; Candice Hooper leva o nome de Tobe Hooper, que dirigiu tanto O Massacre da Serra Elétrica (1974) quanto Poltergeist: O Fenômeno (1982); e Olivia Castle leva o nome de William Castle, que dirigiu tanto Força Diabólica (1959) quanto A Casa dos Maus Espíritos (1959).
Até o ator Tony Todd, ausente do quarto filme, retoma seu personagem misterioso.
Premonição 5, como eu disse acima, é um fechamento com chave de ouro. O filme apresenta uma variedade de sequências de morte únicas e visualmente impressionantes que são, ao mesmo tempo, emocionantes e cheias de suspense. Ele cria tensão como nenhum outro, principalmente na cena do prego, criando uma atmosfera de constante desconforto e expectativa.
Além do fato de que a tradicional cena de abertura é fantástica. De longe, a melhor da série. E quando o filme se revela, fazendo elo com os filmes anteriores, fornecendo algumas respostas e acrescentando novas camadas à narrativa estabelecida, percebemos que Premonição encerrou seu ciclo de forma magistral.
Ou melhor, a morte encerrou...
🔷Premonição 6: Laços de Sangue (2025)
Não há limites para uma franquia slasher que faz sucesso. A maior estupidez de roteiristas é tentar inovar, tirando do foco o que faz cada franquia tão querida pelo público.
Basta lembrarmos do caso de Jason, que matou tranquilamente em Crystal Lake, do segundo ao sétimo filme, até que levaram ele para Nova York, depois para o inferno e até para o espaço, num futuro distante.
Outro caso marcante é o de Michael Meyers, que os produtores queriam dissociar a franquia Halloween do seu maior representante. O segundo filme já deveria ter sido sem o assassino, mas a terrível decisão ocorreu no terceiro. O público reclamou e ele voltou.
A franquia Premonição, aparentemente fechada em 5 filmes, abre o leque de uma maneira tão satisfatória, que você até esquece que ela está fazendo a mesma coisa: inovando.
Não sei, honestamente, se, acontecendo o sétimo filme, eles continuarão tentando inovar ou aproveitarão a ótima ideia deste 'Laços de Sangue'. Dessa vez, uma família será perseguida pela poderosa e inescapável força da Morte numa trama que atravessa gerações. O filme acompanha os pesadelos mortais da jovem universitária Stefanie (Kaitlyn Santa Juana).
Nesses sonhos macabros, ela testemunha constantemente a morte de pessoas em um evento que ela desconhece. Focada em entender o que significam essas visões, Stefanie volta para a cidade onde cresceu para tentar encontrar a resposta, que estará associada à única pessoa que foi capaz de quebrar o ciclo fatal: sua avó Iris (Gabrielle Rose/Brec Bassinger).
Aparentemente, Iris salvou a vida de dezenas de pessoas na década de 60, quando era jovem, após ter uma visão da tragédia que aguardava a todos. Assim, para salvar sua família de um destino brutal e definitivo, a neta precisará reunir as peças do quebra-cabeça e quebrar a maldição que, após anos de paz, parece estar pronta para fazer vítimas novamente.
Mortes criativas e sem dó de ser gore.
Já em sua sequência inicial, nos deparamos com a morte de uma criança de maneira absurdamente gráfica e brutal (um piano caindo em cima dela), um senhor destroçado pela porta do elevador, a protagonista, recém pedida em casamento, o noivo, uma outra criança... enfim, Premonição mata sem dó. Ou melhor, a morte.
E quando entendemos o caminho que a morte percorrerá (principalmente pelo conhecimento prévio dos demais filmes), sabemos que é só esperar pelas mortes mais absurdas dos personagens. E não importa quem sejam.
E o filme é tão bem pensado (para o fã, evidentemente) que utiliza Tony Todd, visivelmente com problemas de saúde, como ferramenta da história, indo além do tributo, mas justificando sua presença de cada filme de maneira absolutamente crível.
O produtor Craig Perry revelou que, durante as filmagens, todos no set tinham consciência de que aquele seria provavelmente o trabalho final de Tony Todd. “Era evidente que ele estava bastante debilitado, e ficou claro para todos nós que aquele seria seu último papel no cinema”, afirmou Perry. “O fato de ser justamente em um filme da franquia Premonição tornou tudo ainda mais significativo.”
OS diretores, Zach Lipovsky e Adam Stein, tomaram uma decisão muito sensível naquele momento. Eles disseram: ‘Tony, diga o que quiser dizer aos fãs. O que você sente que deve compartilhar com eles agora?”, relembra Perry. “Por isso, tudo que torna aquela cena tão poderosa vem de um lugar real: é Tony, de coração aberto, se dirigindo diretamente às pessoas que o acompanharam por toda a carreira. Foi algo muito especial de se testemunhar no set. Um instante profundamente tocante, que carregarei comigo pelo resto da vida.”
Premonição tomando forma.
No dia 23 de setembro de 2022, Zach Lipovsky e Adam B. Stein foram confirmados oficialmente como diretores do novo filme. Fãs de longa data da franquia, os dois demonstraram seu entusiasmo de uma forma bastante inusitada: durante a reunião de apresentação com o estúdio, realizada por Zoom, eles encenaram uma sequência de morte típica da saga.
Utilizando uma combinação de cenas pré-gravadas e efeitos visuais, simularam um acidente envolvendo um incêndio e um ventilador de teto defeituoso, que se soltava e acabava decapitando um dos diretores. O resultado foi tão inesperado quanto divertido, levando tanto os executivos quanto os produtores a gargalhadas.
A filmagem principal estava programada para ocorrer em Vancouver, British Columbia, de julho a outubro de 2023, mas em meados de julho, a produção foi adiada devido à greve da SAG-AFTRA. As filmagens remarcadas ocorreram em Vancouver de 4 de março a 13 de maio de 2024. Todd faleceu em 6 de novembro de 2024.
Referências pipocam em cena.
Para ter uma precisa noção de tudo que é usado em cena de outros filmes da franquia, só mesmo o tempo e um observador muito curioso para perceber detalhes. O elemento mais memorável é o caminhão com as toras de madeira, que aparentemente se tornou o mais marcante elemento de cena desde o segundo filme.
Quando Iris e o namorado chegam ao local na cena de abertura, a placa do carro deles é "FL8 18E". Uma referência ao "Voo 180" do filme original. A cerveja que a família está bebendo durante o churrasco é Hice Pale Ale, uma marca fictícia que aparece na série desde o filme 2.
Quando Darlene lista os possíveis nomes do hospital, ela diz "Clear Rivers", que é o protagonista do primeiro Premonição.
O que faz sentido...
Iris morre de maneira semelhante devido à premonição que teve ao cair da torre em uma barra de ferro quebrada, que a empalou pela boca. Bludworth confirma que há duas maneiras de escapar da Morte: tirando a vida de outra pessoa, trocando o tempo sobrado da pessoa (ideia vinda do filme 5) e causando sua própria morte e, então, ressurreição (visto no filme 2).
O trailer oficial divulgado pela Warner Brothers contém alguns segundos de uma cena em que Darlene fica presa na porta giratória do hospital e será aparentemente esmagada por ela. Esta cena não está no filme lançado. Presumivelmente, foi removida para que Darlene morresse perto do final, como acontece.
O que não faz sentido...
A quase morte de Erik não faz qualquer sentido. A cena é montada, claramente, como uma artimanha da morte, mas ele não morre, e depois descobrimos que ele não está na lista, por isso foi poupado. Ora, se ele não está na lista, significa que o filme enganou até a morte?
Outra situação que não faz sentido é a casa em que Iris vive escondida. O local é o mais perigoso possível, e só faltava ser um campo minado. Se alguém vive neurótica com as milhões de possibilidades de ser morta pela morte, o local não é, certamente, o indicado.
O livro de Iris também não faz sentido, já que ela previu a morte daquele grupo específico, porém, no livro, vemos desenhos que indicam como todos irão morrer no filme, como se ela pudesse prever a morte de todos, o que não vemos em cena. O roteiro fez da personagem uma Jedi que vive reclusa e que domina a força. Não faz sentido algum...
Já as excessivas dicas visuais da morte não são tanto problema, porque, ainda que na trama não faça sentido, elas são uma brincadeira com o público, possibilitando, para nós, adivinharmos como a cena se desenrolará.
Uma teoria surgiu rapidamente de que o descarrilamento do trem foi, na verdade, uma premonição, com a evidência de que Stefani cortou o polegar em uma rosa pouco antes, o que também aconteceu com Iris. Isso ocorre principalmente entre aqueles que não ficaram para os créditos, onde um jornal é mostrado atribuindo a morte do casal.
O que faz menos sentido ainda...
Criticar o filme como se ele fosse feito para mudar a vida de alguém é estupidez. Vejo críticos famosos demonstrando cansaço do formato, sendo que há pessoas que nem eram nascidas quando o primeiro foi lançado. E, por vezes, a confiança em dicas publicadas ceifa experiências.
Cada filme pode ser amado ou odiado sem haver relação com conhecimento cinematográfico. O seu cinema é como sua vida: só pode ser vivido por você.