HOMEM DO FUNDO DO MAR (1977) - SÉRIE REVIEW
Sempre houve um interesse acima do normal do ser humano pelo desconhecido. E ainda que 3/4 do Globo terrestre seja formado pela água, a humanidade não domina os oceanos. Isto faz dele objeto de estudos constantes e lendas, como monstros e seres inimagináveis, que podem viver nas profundezas.
Neste contexto, a exploração do mar já foi feita em algumas séries de TV bastante conhecidas do público, como Viagem ao Fundo do Mar, de Irwin Allen, que durou de 1964 a 1968, Aventura Submarina, que foi de 1958 a 1961 e Seaquest (1993–1996).
Entre uma e outra, veio O Homem do Fundo do Mar. Na série, um misterioso homem é encontrado nas praias com amnésia. Chamado de Mark Harris, cientistas descobrem ser ele uma espécie de anfíbio e acreditam que seja o último sobrevivente da cidade perdida de Atlântida. Dotado de extraordinárias habilidades tais como respirar debaixo d'água e resistir a extrema pressão, além de possuir super força, Harris tinha guelras próximas às orelhas e membranas entre os dedos das mãos e dos pés, além de olhos especiais que o permitiam enxergar nas profundezas do oceano.
Harris entra para a equipe da Fundação de Pesquisas Oceânicas, uma agência do governo americano que explora as profundezas dos oceanos em um sofisticado submarino chamado Cetacean. (Em algumas viagens, foi exibida uma miniatura criada pela equipe de Gene Warren). Harris tinha um interesse romântico, a Dra. Elizabeth Merrill (que o ajudara a se recuperar). Outro companheiro era CW Crawford. Os dois trabalhavam na Fundação. O vilão era o Senhor Schubert, que aparece no filme piloto e em vários episódios da série.
A série foi produzida pelo estúdio de Herbert Franklin Solow, o Solow Production Company, uma empresa apartada da Hanna-Barbera Productions. No total foram 13 episódios e 4 longas-metragens. O piloto foi dirigido pelo famoso diretor Lee H. Katzin, que teve uma carreira marcante na TV, mas no cinema fez obras conhecidas do público como As 24 horas de Le Mans, com Steve Mcqueen e O Céu à Mão Armada, com Glenn Ford.
Um conceito que surgiu na época foi justamente o do episódio piloto, que era um filme que serviria de prévia para a série. Através dele, a série poderia (ou não) ser colocada na grade da TV.
Em 1978, a Marvel Comics publicou sete revistas em quadrinhos do Man from Atlantis, escritas por Bill Mantlo com desenhos de Frank Robbins e Frank Springer. As revistas foram lançadas no Brasil pela RGE. Aliás, o personagem foi inicialmente planejado para ser Namor, um personagem de quadrinhos da Marvel Comics. Estreando no início de 1939, ele foi criado pelo escritor e desenhista Bill Everett para a Funnies Inc., uma dos primeiros estúdios a produzir quadrinhos por demanda. Inicialmente criado para a revista Motion Picture Funnies Weekly, o personagem foi publicado pela primeira vez na revista Marvel Comics # 1 em outubro de 1939.
Mas a ideia do príncipe Namor foi abandonada devido à semelhança do personagem com Spock, que fazia sucesso na época.
Quando a série foi ao ar, ninguém sabia como, onde e por que da vida de Mark Harris. Com o tempo, o astro do programa Patrick Duffy formulou sua própria versão da história de Mark e seu povo. Em 2016, ele lançou um livro contando em detalhes, como seria a vida de Harris em Atlântida. O seriado passou na TV Globo entre 1977 e 1978 e mais tarde voltou a ser reprisado pela Rede Record, nos anos 80. O sucesso foi tanto que chegou a ser lançado um álbum de figurinhas (além dos quadrinhos, dito acima). O interessante é que este mesmo sucesso não aconteceu nos Estados Unidos e a série acabou sendo cancelada pela rede NBC em junho de 1978.
Seguindo o tradicional esquema de "cada episódio, um caso diferente", um dos mais diferenciais na série é a impressionante caracterização de Patrick no fundo do mar. Ele constantemente inalava água pelo nariz e boca enquanto estava debaixo d'água para evitar que bolhas de ar escapassem enquanto ele nadava ou "falava".
Patrick Duffy foi escalado como Bobby Ewing em Dallas (1978), que estreou com Dallas: Digger's Daughter (1978) em 2 de abril de 1978. O episódio final da série, intitulado "Carnaval Mortal", só foi transmitido em 6 de junho de 1978. O filho de Patrick Duffy, Padraic Duffy, mais tarde interpretou um personagem chamado Mark Harris em Dallas: Charade (1990), Dallas: One Last Kiss (1990) e Dallas: Win Some, Lose Some (1991). O nome, evidentemente, era uma homenagem ao pai.
Em tempos de Aquaman batendo 1 bilhão nas bilheterias, é no mínimo curioso como um personagem semelhante era tratado pela TV nos anos 70.
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