NICOLE PUZZI - RESPONDE ÀS 7 PERGUNTAS CAPITAIS
Tereza Nicole Puzzi Ferreira, nascida em 17 de maio de 1958, é uma atriz, modelo, apresentadora e escritora brasileira. Filha de fazendeiros do Paraná, mudou-se para São Paulo em 1970, onde iniciou sua carreira artística. Após tentativas na TV Tupi, foi descoberta pelo cineasta Jean Garret, que a levou para a cena cinematográfica da "Boca do Lixo".
Estreou no cinema em 1975 tornando-se um dos grandes símbolos sexuais do Brasil nas décadas de 1970 e 1980, e uma das figuras mais marcantes da pornochanchada. Na televisão, destacou-se como a médica Luísa na novela Barriga de Aluguel, de Glória Perez. É autora do livro A Boca de São Paulo, que revela os bastidores da pornochanchada, e da peça A Pornochanchada que Nos Pariu (2014). Também apresenta o programa Pornolândia, no Canal Brasil.
E hoje, com vocês, Nicole Puzzi.
Boa sessão:
1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Você é uma apaixonada por cinema? Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte.
N.P.: Assisto, pelo menos, um filme por semana, de Quentin Tarantino, Eli Roth, Almodóvar, italianos, em geral. Em relação ao cinema nacional, vejo muitos curtas. Sou apaixonada por curtas brasileiros, refletem um pouco do cinema feito na raça, na atitude de liberdade criativa de novos cineastas.
2) "Nossas vidas são definidas por oportunidades, mesmo as que perdemos.", diria Benjamin Button em seu filme. O caminho até o eventual sucesso não é fácil, principalmente na concorrida Indústria Cinematográfica. Conte como foi seu início de carreira.
N.P.: Em 1975, aos 17 anos, fui convidada para atuar no filme "Possuídas pelo pecado" pelo David Cardoso. Um ótimo filme, ao estilo Buñuel, sob a direção do excelente diretor Jean Garrett.
3) "Éramos musas do sexo em uma época reprimida, moralista e desinformada", disse você numa entrevista. Como foi ser uma musa? No que isto impactou sua vida?
N.P.: É difícil ser à frente de seu tempo e nós éramos. Impactava fortemente a cabeça despreparada de um povo machista e reprimido e, por isso, sofríamos as consequências, sendo alvos de preconceito e inveja.
Eu sofri um pouco, na época, pois sempre fui uma pessoa amorosa e de mente aberta. Hoje, por mais que eu tenha sofrido, percebo, com alegria, que eu estava do lado certo da História.
4) Escreveu um livro chamado "A Boca de São Paulo". Nele, conta os bastidores das pornochanchadas. Há alguma história interessante que poderia nos contar desta época?
N.P.: O mais interessante a ser contado sobre os bastidores da pornochanchada é o fato de ter feito parte da cambada da Rua do Triumpho. Eu me surpreendo todas as vezes em que me lembro do fato de ter sido personagem vivo desse mundo singular e impressionante dos anos 70.
5) Fazer cinema envolve muitas variáveis. Esforço, investimento, paixão, talento... E a sinergia destes elementos faz o resultado. Qual trabalho em sua carreira considera o melhor?
N.P.: Amei ter feito Ariella, Prisioneiro do sexo, "Eu" e todos os outros. Amo tudo que fiz em meu passado.
6) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes de sua vida? Um Top 10 ou mesmo o filme mais importante?
N.P.: O filme que mais marcou minha vida foi “O picolino” com Fred Astaire. Mais especificamente a cena em que ele canta "Cheek to Cheek" com a Ginger Rogers.
Gosto também de “Torrentes de paixão” de Henry Hathaway, com Marilyn Monroe e Joseph Cotten, “O Ladrão Apaixonado”, de Mário Monicelli, com Anna Magnani e Totó, “Belíssima” de Luchino Visconti, com Anna Magnani, “A doce vida”, de Frederico Fellini, com Anita Eckberg e Marcello Mastroianni, “A noite vazia”, de Walter Hugo Khoury, com Norma Benguel e Odete Lara, “Filme demência”, de Carlos Riechenbach, com Ênio Gonçalves e Imara Reis, “Sin city” de Frank Miller, Robert Rodriguez e Quentin Tarantino, com Mickey Rourke, “Pulp fiction”, de Quentin Tarantino, com Samuel L. Jackson e John Travolta, “Os oito odiados”, de Quentin Tarantino, com Samuel L. Jackson e Jennifer Jason Leigh.
7) Ao olhar para sua trajetória, qual aprendizado considera mais valioso e gostaria de compartilhar?
N.P.: Não sei. Não sou exemplo de nada. A vida foi boa comigo e eu amei tudo que fiz, amei todas as alegrias e respeitei os sofrimentos pelos quais passei.
M.V.: Fale um pouco dos seus próximos projetos.
N.P.: Atualmente, apresento o programa Pornolândia, toda quarta-feira, meia-noite, no Canal Brasil. Faço shows de stand-up. Não comento sobre projetos que ainda não estão prontos.
M.V.: Obrigado e sucesso.