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PRISIONEIRO DO PASSADO (1947) - FILM REVIEW


A passagem escura

Durante os primeiros quarenta minutos do filme (o chefe do estúdio da Warner Brothers, Jack L. Warner, não ficou satisfeito ao descobrir que o rosto de uma de suas maiores estrelas não é visto durante parte do filme), você vê tudo através dos olhos do personagem principal, um prisioneiro fugitivo de San Quentin que engana as autoridades enquanto se dirige a um cirurgião plástico que lhe dará um novo rosto. Quando as ataduras finalmente saem, o público vê pela primeira vez esse fugitivo procurado enquanto se estuda no espelho. E  não é que ele é a cara de Humphrey Bogart?

Ele quer provar sua inocência. Logo após a fuga ele tem que pegar uma carona, mas o motorista começa a fazer várias perguntas. Quando no rádio do carro informam a descrição de Parry este é obrigado a atacar o motorista, que fica desacordado. Vincent ainda não sabe o que fazer, até que surge Irene Jansen (Lauren Bacall), uma pintora amadora, que se oferece para levá-lo até São Francisco. Vincent fica no apartamento de Irene, que acompanhou o julgamento e nunca ficou convencida da sua culpa. Além disto o pai dela morreu na prisão sempre alegando inocência, tendo também acusado de matar a mulher. 

Após deixar o apartamento de Irene, pois acha arriscado ficar ali, Vincent pega um táxi. Sam (Tom D'Andrea), o motorista, lhe diz que sabe quem ele é, mas não o denuncia. Além disto lhe dá o endereço de Walter Coley (Houseley Stevenson), um cirurgião plástico, pois Vicente precisa mudar seu rosto, que está estampado em todos os jornais. Vincent vai até a casa de George Fellsinger (Rory Mallinson), seu melhor amigo, e lhe pede para ficar ali por uma semana. George concorda e naquela noite mesmo Vincent faz a cirurgia. Mas, ao voltar para a casa de Fellsinger, Vincent descobre que ele foi assassinado. 


Ele então faz uma caminhada de mais de 8 quilômetros pelas ladeiras de São Francisco, até chegar totalmente esgotado ao apartamento de Irene, que o acolhe e mostra o jornal que diz que ele é o único suspeito da morte de George. Durante uma semana Irene cuida de Vincent e, quando as bandagens são retiradas, ele é outro homem, pois a cirurgia foi muito bem feita. Mas isto não basta para ele, pois quer descobrir quem o incriminou.

Este foi o terceiro filme de Bacall e Bogart juntos, e eles ainda estavam na fase de lua de mel de seu casamento, aproveitando suas acomodações no Mark Hopkins Hotel com refeições no Top of the Mark durante as filmagens . Bogie também era o ator mais bem pago de Hollywood (em média US$ 450 mil por ano) na época, o que não o deprimiu nem um pouco. 

A música-tema usada por Franz Waxman é exatamente a mesma de Uma Aventura na Martinica, em que o próprio Waxman trabalhou mas não foi creditado.

Peruca

Bogart bebia e fumava muito e teve câncer no esôfago. Em 1956, fez uma cirurgia para retirar o esôfago e dois linfonodos, porém o câncer continuou se espalhando, fato que o levou à morte no dia 14 de janeiro de 1957.  Mas além do problema que o ceifou, ele tinha um problema chamado de alopecia areata,  que é uma condição caracterizada pela perda de cabelos ou de pelos em áreas arredondadas ou ovais do couro cabeludo ou de outras partes do corpo, comumente chamada de “peladeira”. Em alguns casos, pode haver perda total de todos os pelos do corpo, inclusive cílios.

Como dito acima, Bogart era extremamente valorizado. Mas durante as filmagens, seu cabelo começou a cair exponencialmente, levando o ator ao pânico. E por conta da vaidade (e mesmo do personagem), ele teve que usar...peruca.


Câmera Subjetiva

Existem duas formas básicas de apresentação do filme ao telespectador: a câmera objetiva e subjetiva.  A objetiva é a comum. A subjetiva, acontece nesta produção durante quase 40 minutos, numa tacada genial do seu diretor. Vemos o filme através dos olhos do protagonista. Você pode combinar (ou até confundir intencionalmente) os dois níveis de linguagem numa cena.

Este tempo de tela é o suficiente para adentrarmos na história e no personagem,  e de certa forma, nos faz interessar pela solução do mistério, como se protagonizássemos a história.  O recurso tinha sido usado pouco antes em outro noir, A dama do lago, dirigido e estrelado por Robert Montgomery, que curiosamente interpreta Philip Marlowe, personagem feito por Bogart no clássico de Hawks, À beira do abismo, um ano antes.

Escrito e dirigido pelo grande cineasta Delmer Daves, é um filme que precisa estar na sua coleção. 

Ahhh e um último detalhe. Quando Vincent Parry olha para o caderno de recortes de Irene Jansen, ele vê um jornal sobre a morte de seu pai na prisão, depois de ter sido condenado por matar sua esposa, a mãe de Irene. A foto no recorte é de Delmer Daves, o diretor do filme. Isto bem cara do mestre Hitchcock não? Aliás, como boa parte da narrativa...


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