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O MASSACRE - SAGA REVIEW

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O massacre da festa do pijama.

Texto: M.V.Pacheco

Revisão: Thais A.F. Melo


Nostalgia é uma das marcas de quem ama cinema. Décadas após a paixão se instalar, começamos a lembrar de situações que nos remetem ao cinema de outrora, seja por fotos, revistas, pôsteres de filmes ou mesmo, o próprio filme revisto. Nos anos 80, as revistas que eu consumia eram basicamente, a SET-Cinema e Vídeo, Ver Vídeo, Jornal do Vídeo e Cinemin e eventualmente nos deparamos com propagandas de filmes que seriam lançados. E quando o merchan aparecia em uma, aparecia em todas. E como era comum ler a revista várias vezes, os pôsteres dos filmes entravam na nossa mente de forma tão permanente, que você chega a ficar na dúvida se assistiu a tal filme. 

Se você nasceu nos anos 70 e se apaixonou pelo cinema dos anos 80, saberá do que eu estou falando. Neste contexto, Slumber Party Massacre foi um filme que eu sempre achei que tivesse assistido por confundi-lo com Baile de Formatura e Acampamento Sinistro, que são todos Slashers dos anos 80. Para minha surpresa, eu nunca havia visto. 

Assim começa mais um “Saga Review”, com minha maratona com todos os Slumber Party Massacre. 

No primeiro filme, um grupo de estudantes colegiais de Venice, Califórnia vão dar uma festa de pijama (daí o título) no fim-de-semana. A festa será na casa de uma das garotas que os pais saíram para viajar. Porém, o rádio, tevê e jornais locais informam que Russ Thorn, um maníaco matador em série fugiu do hospício e circula pelas vizinhanças. O lunático usa uma furadeira como arma em suas vítimas e mata qualquer um que cruzar seu caminho. O filme começa com um garoto distribuindo jornais em sua bicicleta com a manchete alertando da fuga do psicopata do hospício.

O filme me lembrou bastante o filme de 1979 dirigido por Abel Ferrara chamado Assassino da Furadeira.  Rita Mae Brown escreveu o roteiro como uma paródia de filmes adolescentes de terror e intitulou-o "Noites sem dormir". No entanto, quando ela o enviou aos produtores, eles o filmaram como se não fosse uma paródia, e renomearam como "Slumber Party Massacre". Como resultado, o filme exibe muito mais humor, intencional e não intencional, do que outros do gênero.

Amy Holden Jones, que é roteirista de cinema, queria dirigir e pediu conselhos a Frances Doel, uma roteirista e editora de histórias associada a Roger Corman. Doel deu a Jones vários scripts. Jones escolheu o roteiro que se tornaria The Slumber Party Massacre, então conhecido pelo título de "Don't Open the Door", e decidiu filmar as três primeiras cenas. Seu marido, o cineasta Michael Chapman, adquiriu equipamento e filme e contratou atores da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, e eles filmaram as cenas em sua casa durante um fim de semana por mil dólares. Ela mostrou o resultado a Roger Corman, que concordou em financiar o filme.

Uma cena em particular me chamou atenção, que foi a do chuveiro. Não só pela nudez gratuita, mas por focar nas partes íntimas sem o menor pudor. Sobre isto, a atriz Brinke Stevens falou em uma entrevista: "No início da minha carreira, a nudez era simplesmente a regra ... Já era esperado de nós. Simplesmente aceitamos porque queríamos trabalhar. Nunca tive vergonha de nudez''. (Brinke trabalhava como modelo nua antes de começar a atuar). 

E ela continuou: "Minha vontade de me despir me rendeu muitos papéis bons e ajudou a fazer com que eu fosse mais notado pelos fãs. No entanto, eu nunca ficava confortável fazendo "cenas de amor" explícitas com um cara, então eu tendia a recusar esse tipo de papel. Em quase todos os casos, os diretores foram muito bons em pedir que pessoas não essenciais saíssem do set e fomos tratados com respeito. Mas então, aí está você totalmente nua na tela grande sendo assistido por centenas de pessoas! Estou bastante aliviada que eu cheguei a uma idade em que não sou mais solicitada a fazer isso e isso fica por conta das estrelas mais jovens." 

Depois que o filme foi concluído, o estúdio fez uma exibição-teste em um cinema na Hollywood Boulevard e Amy Holden Jones ficou surpresa com a reação do público. Como ela lembra, "Eles ficaram loucos! Desde o início, eles gritavam e riam e havia pessoas atrás de mim fazendo barulho de furadeira e gritando!" Amy saiu do cinema, se aproximou do produtor Roger Corman, e disse: "Meu Deus, Roger. O que nós fizemos?" Ele respondeu: "Tivemos a melhor prévia da história".  Curiosamente, Jones dirigiu apenas quatro filmes na carreira e nenhum deles é um Slasher.

Massacre 2 (1987)

O filme já começa com uma curiosidade: é o segundo Slasher da série dirigido por uma mulher, no caso deste, Deborah Brock. Na trama, Courtney, a irmã mais nova de Vallerie no primeiro filme cresceu agora, mas sofre de pesadelos macabros sobre o massacre na casa dos Cravens. Ela e os outros membros de seu grupo de rock feminino vão para a mansão dos pais de sua amiga para curtir o fim de semana, ensaiar com a banda e se divertir com os namorados. Os sonhos de Courtney são de sua irmã, que está em uma instituição mental, Os pesadelos ficam mais reais, e os sonhos começam a se tornar realidade, atingindo Courtney e seus amigos.

A obra já começou na contramão do primeiro, no tocante ao contrato. A ex-coelhinha da Playboy Kimberly McArthur estipulou que ela não faria nenhuma cena de nudez porque, depois de tirar a roupa em seus três filmes anteriores, ela estava tentando se distanciar da nudez.

O filme homenageia sucessos da época. Dois policiais se chamam Voorhees e Kreuger; o sobrenome de Courtney é Bates. Os vizinhos são os Cravens. E um das personagens principais se chama Sally Burns: Marilyn Burns interpretou Sally Hardesty no "O Massacre da Serra Elétrica (1974)". A cena da banheira é uma referência explícita _A "Hora do Pesadelo", incluindo até uma risadinha bastante suspeita.

Além disso, as atrizes Juliette Cummins (Sheila) e Heidi Kozak Haddad (Sally) trabalharam na saga Sexta-feira 13. Juliette interpretou Robin em Sexta-Feira 13, Parte 5: Um Novo Começo (1985) e Heidi faria no ano seguinte Sandra em Sexta-Feira 13, Parte 7: A Matança Continua (1988).

E para fechar uma curiosidade sobre um filme que foi filmado no mesmo local deste Massacre 2.  Ninho do Terror (1987), dirigido por Terence H. Winkless, que tive o prazer de entrevistar, causou uma infestação de baratas na produção Slasher. As filmagens tiveram que ser interrompidas para dedetização. Em vão.

Massacre 3 (1990)

Para minha surpresa, o terceiro filme também foi dirigido por uma mulher, chamada Sally Mattison. Curioso não? O Slasher é um produto essencialmente machista, com o voyeurismo latente e piadas de cunho sexual e grosseiras. Mas de todo modo, quem dava as cartas eram os produtores. E outro aspecto que me surpreendeu: o roteiro dos três filmes são escritos por mulheres (no caso do segundo filme, a própria diretora).

Neste mesmo ano, veio ao mundo O Massacre da Serra Elétrica 3, para causar confusão nos que tentavam alugar um ou outro nas locadoras de VHS. Roger Corman continua na produção deste (provavelmente, ainda empolgado com o primeiro filme). Na história, depois de um dia de vôlei na praia, Jackie decide dar uma festa do pijama com as amigas, pois seus pais estão fora da cidade em busca de uma nova casa, mas um dos convidados desta festa surta e começa a matar todos.

As primeiras cenas na praia foram filmadas em Venice Beach, enquanto os interiores da casa foram filmados no estúdio de Roger Corman em Venice, Los Angeles, Califórnia. As garotas do pôster não aparecem no filme.

Numa entrevista, a diretora Sally Mattison admitiu que odiava filmes de terror e só aproveitou este quando oferecido por Roger Corman porque foi a primeira oportunidade para ela dirigir um longa-metragem. Muitos fãs e críticos sentem que sua falta de entusiasmo e comprometimento é o motivo pelo qual este é o mais fraco entre os três primeiros. Ironicamente, acabou sendo o único filme que ela dirigiu, embora ela tenha produzido vários thrillers de baixo orçamento.

Coincidentemente, Marta Kober, que interpretou a garota da pizza, também esteve na Sexta-feira 13ª parte 2 como Sandra. Citei acima, dois casos de atrizes do segundo filme, que também atuaram em algum Sexta Feira 13.

Quando as atrizes fizeram o teste, elas sabiam que seus papéis envolveriam nudez. Mas depois que foram escaladas, algumas se recusaram a ficar nuas, incluindo a playmate Hope Marie Carlton, que posou nua por anos e atuou nua em filmes anteriores. A diretora Sally Mattison concordou, logicamente. 

Esse é um dos motivos pelos quais o produtor Roger Corman  (que preferia muita nudez em seus filmes porque sabia que isso os ajudava a vendê-los) obrigou Mattison a refazer a cena em que a atriz Maria Ford foi atacada. Dessa vez, o assassino arrancou a lingerie, deixando-a de fio dental e top less. Sally Mattison foi veementemente contra porque sentiu que era gratuito e glorificou o abuso sexual de mulheres, algo que ela queria evitar.

Ficou como Corman quis...

Trilogia somente ou são 7 como dizem os Wikipédias da vida? 

Ou são mais ainda? 

A picaretagem não tem limites quando se trata de um filme de baixo orçamento querendo aproveitar o gancho do bom momento. A própria produtora escalou a diretora assistente de "O Massacre", Carol Frank,  para fazer Sorority House Massacre ou Mansão da Morte, lançado em 1986. 

Veja a história: Robert "Bobby" Henkel, quando adolescente, chacinou toda a sua família a golpes de punhal. Ele passou os anos seguintes internado num manicômio, em estado catatônico, até descobrir que uma das suas irmãs, Beth, escapou da chacina e já é uma adolescente. A jovem não se lembra de nada do seu passado, mas recebe flashes do massacre na forma de pesadelos. Mas a verdade vem à tona quando Bobby escapa do manicômio, pega um facão e vai até a fraternidade onde Beth está morando para completar a chacina total da família.

Meio Halloween meio Massacre 2, até a personagem chamada "Linda" tem na história. Seguiram Sorority House Massacre II (1990), mesmo ano do terceiro Massacre e que aqui foi chamado de Frenzy Night: Quando o Sonho Vira Pesadelo (Hã? Porque não "Mansão da Morte 2"?). Pior é a terceira parte, lançada no mesmo ano, com o nome de "Torre do Medo". E para a coisa toda ficar bastante confusa, em 1982 foi lançado "Assassinatos na Fraternidade Secreta", que não tem nada a ver com os filmes citados, mas seu nome original é The House on Sorority Row.

E para jogar tudo que falei no liquidificador, em 1988, entre o segundo Massacre e o terceiro, veio O Massacre Final (1988) ou "The Last Slumber Party", com Linda, Tracy e Cia. 

E acha que terminou a bagunça?

Em 2003 veio Cheerleader Massacre, também chamado de... "Slumber Party Massacre IV", do mesmo diretor da trilogia Sorority row (Jim Wynorski) e com Brinke Stevens interpretando Linda, da trilogia Massacre. Na história, cinco líderes de torcida saem em viagem para passar um final de semana numa cabana. Porém um assassino que se esconde na floresta tem outro plano para elas.

Em 2011, lançaram Cheerleader Massacre 2 (2011), que conta uma história similar ao filme anterior, mas que nada mais foi que um título caça-níquel.

Ufa. Acabou.
Só que não !!!


Um quarto filme começou a ser produzido em 2001. Em agosto de 2002, foi anunciado que o nome do filme havia mudado para Exame Final. Em abril de 2007, foi anunciado que o filme seria lançado sob outro novo título, O legado, mas a Concorde Pictures de Roger Corman fechou as portas e o filme foi engavetado. 

Em março de 2015, o diretor Jim Wynorski lançou um pôster do filme em sua página oficial do Facebook com o título Sorority House Massacre: The Final Exam. Ou seja, o filme existe. Tem pôster. Mas ninguém viu....Por enquanto.

E afinal, são ou não continuações?

Não. O site que disser isto está errado. A história foi que Roger Corman e sua esposa Julie iam passar uma semana na Europa. Jim Wynorski, que havia feito vários filmes para os dois, procurou Julie com a ideia de fazer um filme de terror nos sets de Slumber Party Massacre 2. Então por razões econômicas, emularam a série de filmes em cima da outra, por razões orçamentárias e logísticas.

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