MICHELLE PALMA - RESPONDE ÀS 7 PERGUNTAS CAPITAIS
1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte. Quando nasceu sua paixão pelo cinema?
M.P.: Desde pequena, gosto de filmes diversos. A primeira vez que fui ao cinema foi para assistir a um filme nacional, pois eu era muito fã de Xuxa Meneghel e por isso fui ao cinema levada pelo pai para assistir "Lua de Cristal", onde a Rainha Xuxa reinava como protagonista ao lado de Sergio Malandro. Desde pequena, olhei e sabia dentro do meu coração: "É isso que quero para minha vida!" Após este filme, fui assistir a muitos outros e um que me marcou bastante foi o aclamado: "Titanic". Ele, por sua vez, fui ver 3 vezes no cinema.
2) Com relação às suas preferências cinematográficas, há uma lista dos filmes de sua vida? Um Top 10 ou mesmo o filme mais importante?
M.P.: Foram muitos filmes que me marcaram, porém o "Drácula de Bram Stoker" foi crucial para minha grande paixão por filmes românticos vampirescos, pois nesta época foi quando escrevi um romance com um vampiro e a história circulou pelo colégio que eu estudava na época. Foi quando também descobri minha paixão pela escrita e por cartas de amor. Todas as vezes em que minhas amigas e também minha tia, irmã mais nova de minha mãe, se apaixonavam, era eu a pessoa que lhes fazia as cartas de amor para elas entregarem ao bem amado da época.
Freddy Krueger foi um assassino de quem eu era apaixonada. Mesmo criança, eu nutria por este personagem grande admiração e apreço. Assim, vieram paixões por filmes de terror e os clássicos da época neste gênero sempre me chamavam muito a atenção. Agora nunca vou esquecer quando assisti ao clássico: "E o vento levou", sim, neste filme eu saboreei a virtude de uma dama forte, me inspirou a bela Scarlett e vê-la me fez ter certeza que meu sonho sempre seria me ver na grande tela de cinema.
3) "Nossas vidas são definidas por oportunidades, mesmo as que perdemos.", diria Benjamin Button em seu filme. O caminho até o eventual sucesso não é fácil, principalmente na concorrida Indústria Cinematográfica. Conte como foi seu início de carreira.
M.P.: A minha primeira peça de teatro na escola no dia das mães foi o start para querer mesmo aprender a atuar profissionalmente, mas deixei essa vontade guardada dentro do meu coração. Essa peça foi um grande sucesso, fui protagonista em uma comédia que a escola inteira, desde as crianças e adolescentes, professores e mães de alunos, riram tanto, mas tanto, que me deixou até popular na escola. Minha personagem imitava o acento italiano no qual eu me inspirei numa personagem de uma novela da Globo da época.
A novela foi "Quatro por quatro" e a personagem foi vivida por Betty Lago, que na trama se passou por uma italiana irmã do ex dela. Era um acento muito engraçado que ela usou e eu fiz muito parecido na peça da escola. Minha irmã até hoje ri tanto só em lembrar-se deste dia. Mas, após sair desta escola, minha vida caminhou para a dança, como eu já fazia ballet e jazz aos finais de semana na academia e estúdio de dança de minha tia Euzi. Então, comecei jovem a fazer shows de dança em vários lugares, desde circo, showmícios, amostras, etc...
A dança sempre me inspirou bastante. Porém, quando me mudei para a Alemanha e me casei com meu ex-marido, que é o pai de meus dois únicos filhos, larguei o mundo artístico, morei cinco anos por lá. Ao voltar para o Brasil, voltei a fazer apresentações de dança em festas, porém eram festas infantis, pois eu fazia a personagem Gabriela do High School Musical. Assim, nessas festas, além de dançar, também dublava.
Conheci agências e comecei a fazer figuração em comerciais, filmes e novelas do SBT. Assim, a vontade de atuar voltou com tanta força que fiz um curso livre de teatro na Cia Extra do Teatro Emocional. Neste curso, minha paixão só expandiu e assim me matriculei meses depois no curso de teatro profissionalizante na Recriarte Actor School.
M.V.: Alguma atriz em particular te inspirou?
M.P.: Sempre me inspirei em diversas musas do cinema internacional e nacional, são tantas que não caberão aqui, ficaria o dia todo citando se falar nome por nome.
4) "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos". Considerando a reflexão, há alguma experiência vivida no meio artístico que foi especialmente marcante?
M.P.: Uma vez no circo onde eu dançava "can can" e "jazz" (um circo que a macaca Chita que ia no programa do Gugu se apresentava também, pois era o primo do Gugu que comandava este circo) ocorreram dois fatos em um único dia: em um número de jazz onde eu me apresentava ao lado de uma amiga chamada Kátia, super empolgada em uma parte da coreografia, Kátia caiu do palco, ficando pendurada com as longas pernas, foi um ato épico, mesmo assim ela não se deixou levar pelo momento e subiu ao palco novamente, finalizando a apresentação com grande maestria.
Aquilo foi uma grande lição para mim, me marcou bastante, e neste mesmo dia o rapaz atirador de facas estava desesperado, pois sua modelo tinha tido um imprevisto e não pôde comparecer. Sem ninguém saber, eu falei a ele que ficava no lugar da modelo para ele fazer o número, e assim fiz.
Eu no palco sendo modelo para o atirador de facas e minha tia na coxia à minha procura e então ela aparece na ponta do palco e assiste toda a cena, o rapaz lançando as facas e eu lá, parada sem medo algum, pois confiei naquele rapaz mesmo não o conhecendo. A cara da minha tia de espanto foi épica também. Ali notei que: "sim, adoro um palco” (risos).
Outra história maneira foi na gravação do filme "Pecado Vermelho", no qual faço duas personagens nele, quando gravamos em Barra do Piraí e era no cenário "Terreiro" e a minha personagem neste dia era a entidade Pombagira Maria Quitéria. Quando íamos entrar em cena, eu, Vanessa Fontana, que fazia a entidade Maria Padilha, e Luísa Lopes, que fazia a Cigana, aconteceu um grande estouro. A luz estourou de uma forma que parecia as próprias entidades atuando ali no momento.
5) Imagine o cenário: você é uma atriz (de qualquer país) no set de filmagem de um filme memorável. Qual seria a atriz, em qual filme, e por que essa experiência seria tão marcante para você?
M.P.: Escolheria fazer Scarlett do lindo clássico. "E o vento levou". Era apaixonada nesta personagem e também em toda a história do filme em geral.
6) Fazer cinema envolve muitas variáveis. Esforço, investimento, paixão, talento... E a sinergia destes elementos faz o resultado. Qual trabalho em sua carreira considera o melhor? E quanto a arrependimentos? Ou, caso não tenha, faria algo diferente?
M.P.: Não me arrependo de nenhum, eu amei todas as personagens que fiz durante minha trajetória, mas uma que me deixou marcada foi: "A dama das Camélias" na peça: "Camino Real" e também a personagem "Maria Quitéria", uma entidade no filme Pecado Vermelho. Antes de receber essa personagem, eu sonhei com as entidades me autorizando a fazer este trabalho e foi um sonho muito bonito e forte.
7) Para finalizar, deixe uma frase ou pensamento envolvendo o cinema que representa você.
M.P.: "Se as pessoas não sonharem mais, não criarem seu próprio mundo interior, em contraste com sua existência medíocre, não conseguirão sobreviver". De "Wolfgang Petersen", autor do filme: "Uma história sem fim". Essa frase me acompanha desde sempre.
M.V.: Obrigado. A gente se vê nos filmes.